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KAIRÓS: O valor do momento propício na filosofia de Moutsopoulos
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sábado, 29 de maio de 2010
A VERDADE - SONHO
Sonhando pergunto,
o que é a verdade ?
- dá náusea o que vejo.
Mas o que de fato vi
pra me embrulhar o estômago?
- a verdade dá nojo...
HISTORINHAS DE VERDADE
Audio: 'Do Barroco à Broadway': Recital com tenor irlandês Morgan Crowley e pianista Alexander S. Bermange (mp3, 92:56)
O carnaval de 1981 resolvi passá-lo em um orfanato, na M.Ramacrisna , cuidando das crianças e meditando.No sábado,após a meditação no templo peguei um raminho murcho,cinzento do grande vaso de hortências,coloquei na casa da minha blusa e desci para meu quarto,antes de todos, pois eu queria acordar bem cedinho pra fazer o café das crianças.
Instintivamente coloquei o raminho de hortência num copo d'agua e fui dormir.Geralmente apago nos primeiros minutos e naquele dia toda hora eu me virava e olhava na direção do copo.Já eram duas da madrugada e meu pescoço doía de tanto torcê-lo para olhar o galhinho a uns três metros da cama.
Decidida a dormir,levantei-me,peguei o copo com o galhinho para colocá-lo num tamborete junto a minha cama,quando me dei conta de que o galhinho de hortência estava naquela hora todo florido,como se tivesse acabado de ser colhido. Fiquei emocionada com aquilo,peguei meu caderno e escrevi um versinho,para segurar aquele momento.
Já ia virar-me pra parede quando quis dar a última olhada de boa noite e vi em toda a flor uma enorme sorriso iluminado e dentro do sorriso entendi algo como: "Obrigado"
E porque tudo que eu queria era dormir para levantar cedo, enquanto me virava de novo para a parede eu disse: Ah,agradece a água! Falei depressa e cobri minha cabeça .Nisto, algo me bateu no ombro e de novo instintivamente me virei e juro,ela respondeu: "mas foi você quem me colocou na água!"
Depois dessa,aí mesmo que não dormi mais e por mais incrível que pareça,passei todo o carnaval sem dormir,sem aguentar levantar e envergonhada ,pois eu não conseguia me arredar do quarto e ir cuidar das crianças.
Terminado o carnaval eu não tinha cara para olhar as pessoas, então fui para um antigo pomar,deitei-me na grama e só me perguntava,por quê,por quê não fui capaz de fazer o que planejara.
Era tardinha,depois das quatro e olhando para o sol eu repetia,por quê,por quê...
E foi aí que aconteceu a coisa mais fantástica.
Fitando o Sol, eu vi uma imensa espiral de agulhas de luz ,vinda na minha direção e quanto mais se aproximava dos meus olhos menor eu me sentia e uma paz extraordinária foi se apoderando de mim e,ali no pomar onde eu estava deitada,tinha uma geografia interessate,um platô arredondado e lá em baixo corria um riachinho.A medida que a paz me dominava e eu diminuía, senti que todo o planeta se aconchegava,e diminuía até se tornar uma única célula.
Eu,naquela hora não via mais o meu corpo,eu só sabia que existia porque a paz se transformou num estado de felicidade e a felicidade me revelava ser uma enzima feliz, integrada,acorrentada a uma multidão de outras,deslizando no labirinto de uma mitocôndria. O Sol era o ponto de ligação da célula a outras células do universo.
Nunca em toda a minha vida senti tanta felicidade como naquela hora.
Terminado o carnaval voltei pra cidade e aos meus afazeres normais.Ao varrer a casa cheia de brinquedos espalhados,peguei uma bolinha de gude que estava debaixo da cama.Ainda ajoelhada,deixei a bolinha rolar na minha mão e de repente aproximei-a dos olhos e de novo algo extraordinário aconteceu.
Ao mirar bem a bolinha de gude azul claro,observei centenas de pontinhos luminosos dispersos dentro dela e a medida que eu encantada olhava, sentia que cada pontinho de luz dentro da bolinha era uma galáxia .
Quanto mais olhava mais crescia e mais triste eu ficava.
O universo estava na minha mão.
Cresci tanto que me senti deus.Um deus terrivelmente infeliz.
Eu deus,não estava dentro do mundo! O mundo rolava alheio a mim em minha mão. E deus,que varria a casa. ia jogar o universo numa caixa de brinquedos...
Nunca fui tão infeliz como naquele dia que fui deus
Se você puder encontrar algo nestas historinhas,eu adoraria saber o que elas escondem. Um grande abraço . Adeir
FELICIDADE
O carnaval de 1981 resolvi passá-lo em um orfanato, na M.Ramacrisna , cuidando das crianças e meditando.No sábado,após a meditação no templo peguei um raminho murcho,cinzento do grande vaso de hortências,coloquei na casa da minha blusa e desci para meu quarto,antes de todos, pois eu queria acordar bem cedinho pra fazer o café das crianças.
Instintivamente coloquei o raminho de hortência num copo d'agua e fui dormir.Geralmente apago nos primeiros minutos e naquele dia toda hora eu me virava e olhava na direção do copo.Já eram duas da madrugada e meu pescoço doía de tanto torcê-lo para olhar o galhinho a uns três metros da cama.
Decidida a dormir,levantei-me,peguei o copo com o galhinho para colocá-lo num tamborete junto a minha cama,quando me dei conta de que o galhinho de hortência estava naquela hora todo florido,como se tivesse acabado de ser colhido. Fiquei emocionada com aquilo,peguei meu caderno e escrevi um versinho,para segurar aquele momento.
Já ia virar-me pra parede quando quis dar a última olhada de boa noite e vi em toda a flor uma enorme sorriso iluminado e dentro do sorriso entendi algo como: "Obrigado"
E porque tudo que eu queria era dormir para levantar cedo, enquanto me virava de novo para a parede eu disse: Ah,agradece a água! Falei depressa e cobri minha cabeça .Nisto, algo me bateu no ombro e de novo instintivamente me virei e juro,ela respondeu: "mas foi você quem me colocou na água!"
Depois dessa,aí mesmo que não dormi mais e por mais incrível que pareça,passei todo o carnaval sem dormir,sem aguentar levantar e envergonhada ,pois eu não conseguia me arredar do quarto e ir cuidar das crianças.
Terminado o carnaval eu não tinha cara para olhar as pessoas, então fui para um antigo pomar,deitei-me na grama e só me perguntava,por quê,por quê não fui capaz de fazer o que planejara.
Era tardinha,depois das quatro e olhando para o sol eu repetia,por quê,por quê...
E foi aí que aconteceu a coisa mais fantástica.
Fitando o Sol, eu vi uma imensa espiral de agulhas de luz ,vinda na minha direção e quanto mais se aproximava dos meus olhos menor eu me sentia e uma paz extraordinária foi se apoderando de mim e,ali no pomar onde eu estava deitada,tinha uma geografia interessate,um platô arredondado e lá em baixo corria um riachinho.A medida que a paz me dominava e eu diminuía, senti que todo o planeta se aconchegava,e diminuía até se tornar uma única célula.
Eu,naquela hora não via mais o meu corpo,eu só sabia que existia porque a paz se transformou num estado de felicidade e a felicidade me revelava ser uma enzima feliz, integrada,acorrentada a uma multidão de outras,deslizando no labirinto de uma mitocôndria. O Sol era o ponto de ligação da célula a outras células do universo.
Nunca em toda a minha vida senti tanta felicidade como naquela hora.
SOFRIMENTO
Terminado o carnaval voltei pra cidade e aos meus afazeres normais.Ao varrer a casa cheia de brinquedos espalhados,peguei uma bolinha de gude que estava debaixo da cama.Ainda ajoelhada,deixei a bolinha rolar na minha mão e de repente aproximei-a dos olhos e de novo algo extraordinário aconteceu.
Ao mirar bem a bolinha de gude azul claro,observei centenas de pontinhos luminosos dispersos dentro dela e a medida que eu encantada olhava, sentia que cada pontinho de luz dentro da bolinha era uma galáxia .
Quanto mais olhava mais crescia e mais triste eu ficava.
O universo estava na minha mão.
Cresci tanto que me senti deus.Um deus terrivelmente infeliz.
Eu deus,não estava dentro do mundo! O mundo rolava alheio a mim em minha mão. E deus,que varria a casa. ia jogar o universo numa caixa de brinquedos...
Nunca fui tão infeliz como naquele dia que fui deus
Se você puder encontrar algo nestas historinhas,eu adoraria saber o que elas escondem. Um grande abraço . Adeir
Data: Fri, 13 May 2005 21:47:53 - 0300
De Adeir - Para Celia H. Barcellos
De Adeir - Para Celia H. Barcellos
Historinhas de verdade ,vividas no Carnaval de 1981
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