quarta-feira, 17 de junho de 2015

A CIVILIZAÇÃO FENÍCIA

06 - As civilizações da Palestina, Fenícios e Hebreus 
- História - Ens. Médio - Telecurso

VEJA QUE OS FENÍCIOS VEM DE SEMITAS E CAMITAS 
E APARECEM DEPOIS QUE ABRAÃO SAI DE UR DOS CALDEUS.
Fenícios - Mercadores e Navegantes - 52 min.

FENÍCIA
Fenícia (em fenício: Knaˁn; em hebraico: כנען; transl.: Kna'an; em grego clássico: Φοινίκη; transl.: Phoiníkē; em latim: Phœnicia; em árabe: فينيقيا) foi uma civilização da Antiguidade cujo epicentro se localizava no norte da antiga Canaã, ao longo das regiões litorâneas dos atuais Líbano, Síria e norte de Israel. A civilização fenícia foi uma cultura comercial marítima empreendedora que se espalhou por todo o mar Mediterrâneo durante o período que foi de 1 500 a.C. a 300 a.C. Os fenícios realizavam comércio através da galé, um veículo movido a velas e remos, e são creditados como os inventores dos birremes.1

Não se conhece com exatidão a que ponto os fenícios viam a si próprios como uma única etnia; sua civilização estava organizada em cidades-estado, de maneira semelhante à Grécia Antiga; cada uma destas constituía uma unidade política independente, que frequentemente entravam em conflito e podiam dominar umas as outras - embora também colaborassem através de ligas e alianças.2 Embora as fronteiras antigas destas culturas antigas fossem incertas e inconstantes, a cidade de Tiro parece ter marcado seu ponto mais meridional. Sarepta (atual Sarafant), entre Sídon e Tiro, é a cidade mais extensivamente escavada pelos arqueólogos em território fenício.


Os fenícios foram a primeira sociedade a fazer uso extenso, a nível estatal, do alfabeto. O alfabeto fonético fenício é tido como o ancestral de todos os alfabetos modernos, embora não representasse as vogais (que foram adicionadas mais tarde pelos gregos). Os fenícios falavam o idioma fenício, que pertence ao grupo canaanita da família linguística semita.3 4 Através do comércio marítimo, os fenícios espalharam o uso do alfabeto até o Norte da África e Europa, onde foi adotado pelos antigos gregos, que o passaram aos etruscos, que por sua vez o repassaram aos romanos.5 Além de suas diversas inscrições, os fenícios deixaram diversos outros tipos de fontes escritas, porém poucas sobreviveram até os dias de hoje. A Preparação Evangélica, de Eusébio de Cesareia, faz citações extensas de Filo de Biblos e Sanconíaton.

Etimologia
O termo fenício, por intermédio do latim poenicus (posteriormente punicus), vem do grego antigo phoinikes, atestado desde Homero, e influenciado por phoînix, "púrpura tíria", "carmesim"; "murex" (que por sua vez vem de phoinos "vermelho cor de sangue").6 O termo foi atestado no Linear B como po-ni-ki-jo, de onde teria sido emprestado do egípcio antigo Fenkhu (Fnkhw),7 "povo sírio". A associação entre phoinikes e phoînix espelha uma antiga etimologia popular presente no fenício, que associava Kina'ahu ("Canaã", "Fenícia") com kinahu ("carmesim").8 A região era conhecida entre os nativos como Kina'ahu, forma citada no século VI a.C. por Hecateu sob a forma (influenciada pelo grego) de Khna (χνα), e seu povo como Kena'ani.

História
Origens: 2 300-1 200 a.C.
Sarcófago fenício encontrado em Cádis, Espanha, atualmente no Museu Arqueológico de Cádis. Acredita-se que tenha sido encomendado e pago por um mercador fenício, e construído na Grécia, com influência egípcia.
Em termos de arqueologia, língua e religião, pouco separa os fenícios das outras culturas da região de Canaã. Como canaanitas, sua única diferença eram seus notáveis feitos marítimos. Nas tabuletas de Amarna do século XIV a.C., chamam-se de Kenaani ou Kinaani ("canaanitas"), embora estas cartas antecedam a invasão dos Povos do Mar em mais de um século. Bem mais tarde, no século VI a.C., Hecateu de Mileto escreve que a Fenícia era chamada anteriormente de χνα, um nome que Filo de Biblos adotou posteriormente em sua mitologia como seu epônimo para os fenícios: "Khna, que posteriormente foi chamado de Phoinix."[carece de fontes] Já no terceiro milênio a.C. expedições marítimas eram feitas pelos egípcios para trazer "cedros do Líbano".

O relato de Heródoto (escrito por volta de 440 a.C.) se refere aos mitos de Io e Europa:9

Os persas mais esclarecidos atribuem aos fenícios a causa dessas inimizades. Dizem eles que esse povo, tendo vindo do litoral da Eritreia para as costas do nosso país, empreendeu longas viagens marítimas, logo depois de haver-se estabelecido no país que ainda hoje habita, transportando mercadorias do Egito e da Assíria...

Estudos genéticos
Spencer Wells, do Genographic Project, realizou estudos genéticos que demonstraram que a população masculina do Líbano, Malta, Espanha, e outras áreas colonizadas pelos fenícios, partilham o mesmo cromossomo-Y M89.10 As populações masculinas que habitam as áreas associadas com a Civilização Minoica e os Povos do Mar têm marcadores genéticos totalmente diferentes, o que indica que não existia relação ancestral entre os fenícios e estes povos.11 12

Em 2004, dois geneticistas da Universidade Harvard, importantes cientistas do Projeto Genográfico da National Geographic, Pierre Zalloua e Wells, identificaram "o haplogrupo dos fenícios" como sendo o haplogrupo J2, deixando aberto o caminho para estudos futuros.13 14 A população masculina da Tunísia e de Malta também foi incluída nestes estudos, e mostrou partilhar "contundentes" semelhanças genéticas com os libaneses. Em 2008 cientistas do Genographic Project anunciaram que "até um em cada 17 homens vivendo atualmente no litoral do Norte da África e sul da Europa pode ter um ancestral fenício direto em sua linhagem paterna."15

Apogeu: 1200–800 a.C.
mapa da Fenícia

O historiador francês Fernand Braudel comentou em seu livro, A Perspectiva do Mundo, que a Fenícia foi um dos primeiros exemplos de uma "economia-mundial" cercada por impérios. O ponto alto da cultura fenícia e de seu poder marítimo costuma ser datado como o período que vai de 1 200 a 800 a.C.

Diversos dos importantes centros urbanos fenícios, no entanto, teriam sido fundados muito antes disso: Biblos, Tiro, Sídon, Simira, Arwad e Beirute (Berytus) são citadas nas tabuletas de Amarna. A arqueologia identificou elementos culturais do zênite fenício já no terceiro milênio a.C.

Uma liga formada por cidades-estado portuárias independentes, juntamente com outras situadas em ilhas ou ao longo dos litorais do mar Mediterrâneo, era muito apropriada para o comércio entre a região do Levante, rica em recursos naturais, e o resto do mundo antigo. Durante o início da Idade do Ferro, por volta de 1 200 a.C., um evento até agora desconhecido ocorreu, associado historicamente com a chegada de um povo vindo do norte, conhecido pelo exônimo de Povos do Mar. Estes povos enfraqueceram e destruíram as civilizações egípcia e hitita, respectivamente; no vácuo de poder que se seguiu à sua chegada, diversas cidades fenícias adquiriram importância como potências marítimas.

As sociedades fenícias estavam fundamentadas em três bases de poder: o rei; o templo e seus sacerdotes; e o conselho de anciãos. Biblos foi a primeira cidade a se tornar um centro predominante, a partir de onde os fenícios saíram para dominar as rotas comerciais dos mares Mediterrâneo e Eritreu (Vermelho). Foi nesta cidade que a primeira inscrição no alfabeto fenício foi encontrada, no sarcófago de Ahiram (c. 1 200 a.C.). Posteriormente, Tiro tornou-se a cidade mais poderosa; um de seus reis, o sacerdote Itobaal I (887-856 a.C.) estendeu seu domínio sobre a Fenícia até a cidade de Beirute, e conquistou parte da ilha de Chipre. Cartago foi fundada pelos fenícios; de acordo com Veleio Patérculo, sua fundação ocorreu 65 anos antes da fundação de Roma, pela tíria Elissa, chamada de Dido.16 O conjunto de cidades-reino que formavam a Fenícia passou a ser conhecido por estrangeiros, e até mesmo pelos próprios fenícios, como Sidônia (Sidonia) ou Tíria (Tyria); os fenícios e cananeus eram chamados de sidônios ou tírios, à medida que uma cidade fenícia sucedeu a outra no poder.

Declínio: 539-65 a.C
Ação naval ocorrida durante um cerco; desenho de André Castaigne, 1888-1889.
Ciro, o Grande, rei da Pérsia, conquistou a Fenícia em 539 a.C. Os persas dividiram a Fenícia em quatro reinos vassalos: Sídon, Tiro, Arwad, e Biblos. Estes reinos prosperaram, e forneceram frotas navais para os reis persas. A influência fenícia, no entanto, passou a diminuir depois da conquista; é provável que boa parte da população fenícia tenha migrado para Cartago e outras colônias depois do domínio persa. Em 350 e 345 a.C. uma rebelião em Sídon liderada por Tennes foi esmagada por Artaxerxes III; sua destruição foi descrita por Diodoro Sículo.17

Alexandre, o Grande conquistou Tiro em 332 a.C. após o Cerco de Tiro. Alexandre foi excepcionalmente cruel com a cidade, executando 2000 de seus principais cidadãos, embora tenha mantido o rei no poder. Em seguida tomou posse das outras cidades de maneira pacífica; o soberano de Árados submeteu, e o rei de Sídon foi deposto. A ascensão da Grécia helenística gradualmente tomou o lugar dos resquícios do antigo domínio fenício sobre as rotas comerciais do leste do Mediterrâneo. A cultura fenícia acabou por desaparecer totalmente em sua pátria de origem, embora Cartago tenha continuado a florescer no Norte da África, controlando a mineração de ferro e metais preciosos na Ibéria, e utilizando seu poder naval considerável e seus exércitos de mercenários para proteger seus interesses comerciais, até a eventual destruição pelas tropas romanas em 146 a.C., no fim das Guerras Púnicas.

Depois de Alexandre, a pátria fenícia foi controlada por uma sucessão de soberanos helenísticos: Laomedonte (323 a.C.), Ptolemeu I (320 a.C.), Antígono II (315 a.C.), Demétrio (301 a.C.), e Seleuco (296 a.C.). Entre 286-197 a.C., a Fenícia (com a exceção de Árados) foi dominada pelos Ptolemeus do Egito, que instauraram os sumos-sacerdotes da deusa Astarte (Eshmunazar I, Tabnit, Eshmunazar II) como soberanos vassalos de Sídon.

Em 197 a.C. a Fenícia, juntamente com a Síria, voltou para a mão dos Selêucidas. A região ficou cada vez mais helenizada, embora Tiro tenha se tornado autônoma em 126 a.C., seguida por Sídon em 111 a.C. Toda a Síria, incluindo a Fenícia, foi capturada pelo rei Tigranes, o Grande, da Armênia, de 82 a 69 a.C., quando o monarca foi derrotado pelo general romano Lúculo. Em 65 a.C. Pompeu, o Grande finalmente incorporou o território à província romana da Síria.

Comércio
Moeda fenícia retratando um navio de guerra e um hipocampo.

Os fenícios foram alguns dos maiores comerciantes de seu tempo, e deviam muito de sua prosperidade ao comércio. Inicialmente mantinham relações comerciais apenas com os gregos, vendendo madeira, escravos, vidro e a púrpura de Tiro em pó. Esta célebre tinta de forte cor púrpura era muito usada pela elite grega para colorir suas vestes; o termo fenício vem do grego antigo phoínios, que significa "púrpura". À medida que o comércio e o processo de colonização se espalhou sobre o Mediterrâneo, os fenícios e gregos parecem ter, de maneira inconsciente, dividido aquele mar em duas partes; os fenícios navegavam pela (e eventualmente dominaram) parte meridional do mar, enquanto os gregos mantinham suas atividades nas costas setentrionais. As duas culturas se confrontaram muito esporadicamente, como na Sicília, que eventualmente foi repartida em duas esferas de influência, a fenícia no sudoeste e a grega no nordeste da ilha.

Prato fenício com engobo vermelho, século VII a.C., escavado na ilha de Mogador, Essaouira, Marrocos.
1 200 a.C., os fenícios foram por séculos a principal potência naval e mercantil da região. O comércio fenício foi fundado com base na tinta conhecida como púrpura tíria, uma tinta de um púrpura profundo, derivado da concha do molusco gastrópode Murex, que anteriormente era encontrado com abundância nas águas costeiras do leste do Mediterrâneo, e que acabou sendo extinta. As escavações de James B. Pritchard em Sarepta, no Líbano atual, mostraram conchas esmagadas do molusco, e recipientes de cerâmica manchados com a tinta produzida no local. Os fenícios fundaram um segundo centro de produção da tinta em Mogador, no atual Marrocos. Produtos têxteis de cores brilhantes eram símbolos característicos de riqueza na sociedade fenícia, bem como o vidro, outro importante item de exportação. Os fenícios também trouxeram para a região do Mediterrâneo cães de origem africana e asiática, que acabaram por dar origem a diversas raças locais. O Egito, onde as vinhas não podiam ser cultivadas devido ao clima, comprava vinho dos fenícios do século VIII a.C.; este comércio está documentado de maneira destacada nos navios naufragados descobertos em 1997 no alto-mar, a 30 milhas a oeste de Ascalão.18 Fornos de cerâmica em Tiro e Sarepta produziam as grandes jarras de terracota usadas para o transporte do vinho; o Egito pagava com ouro vindo da Núbia.

De outros lugares obtinham diferentes materiais, dos quais talvez os mais importantes sejam a prata, obtida da península Ibérica, e o estanho, da Grã-Bretanha (este último era fundido com o cobre (do Chipre), criando uma liga metálica mais durável, o bronze. Estrabão afirma que existia um comércio altamente lucrativo entre a Fenícia e a Britânia.

Os fenícios estabeleceram entrepostos comerciais ao longo do Mediterrâneo, dos quais o mais importante, estrategicamente, era Cartago, no Norte da África. Antigas mitologias gaélicas mencionam um influxo de fenícios/citas à Irlanda, liderados por Fênio Farsa. Outros fenícios também navegaram para o sul, ao longo da costa africana; uma expedição cartaginesa liderada por Hanão, o Navegador, explorou e colonizou o litoral atlântico da África até o golfo da Guiné, e, de acordo com Heródoto, uma expedição fenícia enviada para o mar Vermelho pelo faraó Necho II do Egito, por volta de 600 a.C., chegou até mesmo a circum-navegar o continente e retornar, passando pelos Pilares de Hércules (o estreito de Gibraltar) três anos depois. Em alusão a este périplo, nos anos 350 a.C. os cartagineses cunharam moedas em ouro com uma imagem no reverso que muitos julgam representar o mar mediterrâneo e a oeste o continente americano.

Cultura
Língua e literatura
Ver artigos principais: Língua fenícia, Literatura fenício-púnica e Alfabeto fenício
Formado por 22 letras o alfabeto fenício foi um dos primeiros alfabetos a ter uma forma rígida e consistente. Presume-se que seus caracteres lineares simplificados se originaram a partir de um alfabeto semítico pictórico ainda não atestado, que teria sido desenvolvido alguns séculos antes no sul do Levante.21 22 O precursor do alfabeto fenício provavelmente tinha origem egípcia, como os alfabetos da Idade do Bronze Média do sul do Levante lembram os hieróglifos egípcios ou, mais especificamente, um sistema alfabético de escrita encontrado em Wadi-el-Hol, no Egito central.23 24 Além de ter sido antecedido pelo proto-canaanita, o alfabeto fenício também teve como antecessor uma escrita alfabética de origem mesopotâmica chamada ugarítica. O desenvolvimento do alfabeto fenício a partir do proto-canaanita coincidiu com o início da Idade do Ferro, no século XI a.C.25

O alfabeto foi descrito como um abjad, 
uma escrita que não representa as vogais. 
As primeiras duas letras, aleph e beth deram o seu nome.
Sarcófago de Ahiram, no Museu Nacional de Beirute.

A representação mais antiga conhecida do alfabeto fenício foi a inscrição do sarcófago do rei Ahiram, de Biblos, que data no máximo do século XI a.C. Inscrições fenícias foram encontradas no Líbano, Síria, Israel, Chipre e diversas outras localidades até os primeiros séculos da Era Cristã. Os fenícios foram responsáveis por espalhar o uso de seu alfabeto por todo o mundo mediterrâneo.26 Comerciantes fenícios levaram este sistema de escrita ao longo das rotas comerciais do mar Egeu, chegando a Creta e à Grécia; os gregos adotaram a maior parte das letras, alterando, no entanto, algumas delas para vogais, dando origem ao primeiro alfabeto real.

O idioma fenício está classificado no subgrupo canaanita do ramo noroeste da família linguística semita. Seu descendente posterior no Norte da África é conhecido como púnico. Nas colônias fenícias ao redor do Mediterrâneo ocidental, a partir do século IX a.C., o fenício foi definitivamente suplantado pelo púnico, variante que continuava a ser falada no século V d.C.; Santo Agostinho, por exemplo, cresceu no Norte da África e o idioma lhe era familiar.

Arte
Ver artigo principal: Arte fenícia
A arte fenícia não tem as características exclusivas que a distinguem de seus contemporâneos; isto se deve por ter sido altamente influenciada por culturas artísticas estrangeiras, principalmente o Egito, Grécia e Assíria. Os fenícios que estudavam às margens do Nilo e do Eufrates conquistavam uma ampla experiência artística, e acabavam por desenvolver sua própria arte na forma de um amálgama de modelos e perspectivas internacionais.27 Em artigo do New York Times publicado em 5 de janeiro de 1879, a arte fenícia foi descrita da seguinte maneira:

"Ela entrava nos trabalhos dos outros homens e aproveitava ao máximo sua herança. A Esfinge do Egito se tornou asiática, e sua nova forma foi transplantada para Nínive, por um lado, e para a Grécia, no outro. As rosetas e outros padrões dos cilindros babilônios foram introduzidos ao artesanato fenício, e passados desta maneira para o Ocidente, enquanto o herói do antigo épico caldeu primeiro se tornou o Melcarte tírio, e, posteriormente, o Héracles, da Hélade."

Religião
Ver artigo principal: Religião canaanita
Os fenícios eram politeístas, e cultuaram diferentes divindades, muitas oriundas de culturas vizinhas, ao longo de sua história. As evidências do segundo milênio a.C. estão Adônis, Amon, Astarte, Baal Safon, Baalat Gebal ("Senhora de Biblos"), Baal Shemen - (consorte de Baalat Gebal), El, Eshmun, Hail, Ísis, Melcarte, Osíris, Shed, o venerável Reshef (Reshef da Flecha), YHWY e Gebory-Kon. Já no milênio seguinte foram registrados outros, como Chusor, Dagon, Eshmun-Melcarte, Milkashtart, Reshef-Shed, Shed-Horon e Tanit-Astarte. (  Baal é identificado como Moloque)

Os fenícios conservavam ritos bem arcaicos,
 como a prostituição divina e o sacrifício de crianças 
(em particular dos primogênitos) e de animais. 
A maioria dos rituais religiosos eram feitos ao ar livre.

Influência na região do Mediterrâneo
Cadmo combatendo o dragão; lado de uma ânfora em figuras negras da Eubeia, ca. 560–550 a.C., Louvre

A cultura fenícia teve um grande impacto sobre as culturas da bacia do Mediterrâneo no início da Idade do Ferro, que por sua vez também os influenciaram enormemente. Na Fenícia, por exemplo, a divisão tripartida entre Baal, Mot e Yam parece ter sido influenciada pela divisão que havia na mitologia grega entre Zeus, Hades e Posídon. Os templos fenícios dedicados a Melcarte nos diversos portos mediterrâneos passaram a ser conhecidos, durante o período clássico da história grega, como sagrados para Héracles. Histórias como o Rapto de Europa e a chegada de Cadmo também apresentam influências fenícias.

A recuperação da economia mediterrânea, após o colapso ocorrido no fim da Idade de Bronze, parece ser em grande parte obra dos comerciantes e príncipes-mercadores fenícios, que restabeleceram o comércio de longa distância, como o existente entre o Egito e a Mesopotâmia, durante o século X a.C. A revolução jônia foi, pelo menos na história lendária, liderada por filósofos como Tales de Mileto e Pitágoras, ambos filhos de pais fenícios. Motivos fenícios também estão presentes no período orientalizante da arte grega, e desempenharam um papel formativo na civilização etrusca, na região da Toscana, da península Itálica. [carece de fontes]

Existem diversos países e cidades no mundo cujos nomes são derivados da língua fenícia, como Altiburius, cidade da Argélia, a sudoeste de Cartago, que vem do fenício "Iltabrush"; Bosa, na Sardenha, do fenício "Bis'en"; Cádis, na Espanha, do fenício "Gadir"; Dhali (Idalion), no centro da ilha de Chipre, do fenício "Idyal"; Érice (Erice), na Sicília, do fenício "Eryx"; Malta, ilha no Mediterrâneo, do fenício "Malat" ('refúgio'); Marion, cidade no Chipre ocidental, do fenício "Aymar"; Oed Dekri, na Argélia, do fenício "Idiqra"; e Espanha, do fenício "I-Shaphan" ('Terra dos Híraces'), latinizado posteriromente como Hispania ("Hispânia").

Na Bíblia
O fenício Hirão, na Bíblia, foi associado com a construção do Templo de Salomão:28

II Crônicas 2:14 — Filho de uma mulher das filhas de Dã, e cujo pai foi homem de Tiro; este sabe trabalhar em ouro, em prata, em bronze, em ferro, em pedras e em madeira, em púrpura, em azul, e em linho fino, e em carmezim, e é hábil para toda a obra do buril, e para toda a espécie de invenções, qualquer coisa que se lhe propuser...…
Hirão seria Hiram Abiff, arquiteto do Templo segundo a crença maçônica; ambos teriam sido muito famosos por sua tinta púrpura.

Posteriormente, profeta Elias execrou Jezebel, princesa de Tiro que se tornou consorte do rei Acabe e introduziu o culto de seus deuses, entre eles Baal.

Muito depois da cultura fenícia ter florescido, ou mesmo da existência da Fenícia como entidade política, os canaanitas helenizados naturais da região ainda eram conhecidos como "siro-fenícios", como no Evangelho de Marcos, 7:26: "E esta mulher era grega, sirofenícia de nação…"29

O termo Bíblia, que vem do grego antigo "biblion", "livro", deu origem ao nome da cidade fenícia helenizada de Biblos, que até então era chamada de Gebal. Os gregos deram-lhe este nome porque era de lá que vinha o papiro egípcio (Bύβλος, byblos) que era importado pelas cidades da Grécia. A Biblos atual é conhecida em árabe como Jbeil (جبيل, Ǧubayl), que vem de Gebal.

Hippoi
Os gregos tinham dois nomes para os navios fenícios: hippoi e galloi. Galloi significa "banheiras" e hippoi, "cavalos". Os nomes são facilmente compreensíveis através das ilustrações de navios fenícios nos palácios dos reis assírios dos séculos VIII-VII a.C., onde os navios têm forma de banheiras com cabeças de cavalos em suas extremidades. É possível que estes hippoi estariam relacionados às ligações fenícias com o deus grego Posídon.

Ilustrações
As portas de Tel Balawat (850 a.C.) podem ser encontradas no palácio de Salmanaser III, um rei assírio, próximas a Nimrud. São feitas de bronze, e mostram navios chegando para prestar homenagens a Salmanaser.30 31

O baixo-relevo de Khorsabad (século VII a.C.) mostra o transporte de madeira (provavelmente cedro) do Líbano. Encontra-se no palácio construído especificamente para Sargão I, outro rei assírio, em Khorsabad, no norte do atual Iraque.32 33

Relações com os gregos
Comércio
No fim da Idade do Bronze (por volta de 1 200 a.C.), havia intenso comércio entre os canaanitas (ancestrais dos fenícios), egípcios, cipriotas e gregos. Nos restos de um naufrágio ocorrido no litoral da Turquia (Ulu Bulurun), cerâmica canaanita usada para o transporte de mercadoria foi encontrada juntamente com objetos de cerâmica do Chipre e da Grécia. Os fenícios eram célebres por suas habilidades ao trabalhar com o metal, e, ao fim do século VIII a.C., as cidades-estado gregas mandavam enviados ao Levante para obter mercadorias de metal.34

O auge da atividade comercial fenícia se deu por volta dos séculos VIII-VII a.C. Nesta altura ocorre uma dispersão das importações (cerâmica, pedra e faiança) do Levante indicando um canal comercial fenício até a Grécia continental, através do Egeu central.34 Em Atenas existem poucas evidências deste comércio, com apenas algumas importações do Oriente, porém outras cidades litorâneas gregas contém uma quantidade abundante destas mercadorias originárias da região, evidenciando este comércio.35

Al-Mina é um exemplo específico do comércio que era realizado entre os gregos e fenícios.36 Já se levantou a hipótese de que, por volta do século VIII a.C., comerciantes da Eubeia teriam estabelecido uma ligação comercial com a costa levantina, utilizando-se de Al-Mina, na Síria, como base para este empreendimento, embora ainda não se saiba até que ponto seriam reais estas alegações.37 Os fenícios até mesmo obtiveram seu nome dos gregos, devido às suas atividades comerciais; seu produto mais célebre era a tinta púrpura, conhecida em grego como phoenos.38

Alfabeto
O alfabeto fonético fenício foi adotado e modificado pelos gregos, provavelmente por volta do século VIII a.C. (na mesma época das ilustrações dos hippoi fenícios). Isto provavelmente não ocorreu de uma vez, mas sim ao fim de um longo processo de intercâmbios comerciais. Possivelmente neste período também tenha ocorrido igualmente a adaptação de algumas idéias religiosas. Heródoto cita a cidade de Tebas, no centro da Grécia, como o local específico onde esta importação do alfabeto teria ocorrido. O lendário herói fenício Cadmo é quem leva o crédito por ter trazido o alfabeto à Grécia, porém é mais plausível que tenha sido levado por migrantes fenícios para a ilha de Creta,39 de onde se expandiu gradualmente para o norte.

Ligações com a mitologia grega
Cadmo
Tanto na mitologia fenícia quanto na grega Cadmo é um príncipe fenício, filho de Agenor, rei de Tiro. Heródoto atribui a Cadmo o mérito de levar o alfabeto fenício à Grécia,40 aproximadamente seiscentos anos antes da época em que o próprio Heródoto viveu, ou seja, por volta de 1 000 a.C.41

"Os fenícios que haviam acompanhado Cadmo e no número dos quais figuravam os gefireus, introduziram na Grécia, durante sua permanência nesse país, vários conhecimentos, entre eles os alfabetos que eram, na minha opinião, até então desconhecidos no país. A princípio, os gregos fizeram uso dos caracteres fenícios, mas, com o correr do tempo, as letras foram-se modificando com a língua e tomaram outra forma."42

Deuses fenícios do mar[editar | editar código-fonte]
Devido ao grande números de divindades que seguem o modelo de "Senhor dos Mares" nas mitologias clássicas, é difícil atribuir um nome específico à divindade marinha da religião fenícia. Esta figura "Posídon-Netuno" é mencionada por autores e em diversas inscrições como muito importante para mercadores e marinheiros,43 porém o seu nome específico ainda está por ser descoberto. Existem, no entanto, nomes específicos usados para cada cidade-Estado, separadamente, a suas divindades marinhas locais. O deus dos mares de Ugarit, por exemplo, era Yamm. Yamm e Baal, o deus das tempestades da mitologia ugarítica, frequentemente associado a Zeus, se enfrentam numa batalha épica pelo domínio do universo. Como Yamm é o deus dos mares, ele representa o vasto caos.44 Baal, por outro lado, representa a ordem. Na mitologia ugarítica, Baal derrota Yamm; em algumas versões do mito, ele o mata com uma clava feita especialmente para ele, e, em outras, a deusa Astarte (Athtart) salva Yamm e lhe ordena que fique em seus próprios domínios, já que fora derrotado. Yamm é o irmão do deus da morte, Mot.45

Alguns estudiosos identificaram Yamm com Posídon, embora ele também tenha sido identificado com Ponto.46


Fenícios e o vinho
A Arte Fenícia
- A arte fenícia refere-se à expressão artística dos Fenícios um povo semita do mundo antigo. Sua origem é desconhecida, mas se estabeleceu na Fenícia (região mediterrânea correspondente ao Líbano, Síria e Israel) por volta de 3000 a.C. Os Fenícios eram altamente civilizados (inventaram um sistema de escrita anterior ao alfabeto moderno) e eram hábeis comerciantes marítimos, chegando a fundar colônias através do Mediterrâneo, principalmente Cartago. Atingiram o auge do poderio entre 1200 e 800 a.C.. Foram conquistados pelos Persas no século VI a.C.

Ruínas de Cartago

Sua arte mais típica é representada nos escaravelhos de jaspe verde, encontrados principalmente nos cemitérios cartagineses da Sardenha e de Ibiza. No período helenístico, destacaram-se na confecção de sofisticados sarcófagos de mármore e ficaram famosos como artistas e artesãos, mas poucos trabalhos em larga escala sobreviveram até nossos dias. No entanto, graças à sua atividade mercantil, os pequenos artefatos chegaram a se difundir pelo mundo mediterrâneo, muitos deles encontrados em escavações. Sobressaíram-se também na confecção de objetos de luxo, como jóias, estatuetas, garrafas de vidro e alabastro, caixas de marfim e recipientes de bronze.

Construindo um Império - Pérsia - 44 min.

Construindo um Império - Pérsia - 62 min.

O Gigante Adormecido - 2 min

Pré-História e Antiguidade Oriental - 25 min.

Fenícios ,hebreus e Persas - 15 min.

Fenícios e Pérsia - 42 min.

 
Fenícios, Romanos, Hititas ,Cários - 33 min.

Império Persa - 20 min.

Na Mesopotâmia - Nossas Raízes - 15 min.

Índios ou Fenícios - 114 min.

Fenícios - 4 min.

Inglaterra escraviza Judeus - 4 min.

Evidências - Os fenícios estiveram no Brasil? - 28 min.

Os Fenícios - 4 min.

CARTAGO
Cartago (em árabe: قرطاج‎,; transl.: Qartaj; em berbere: Kartajen; em grego clássico: Καρχηδών; transl.: Karkhēdōn; em latim: Carthago ou Karthago; do fenício: Qart - ḥadašt, "Nova Cidade") foi uma antiga cidade, originariamente uma colônia fenícia no norte da África, situada a leste do lago de Túnis, perto do centro de Túnis, na Tunísia. Foi uma potência na Antiguidade, disputando com Roma o controle do mar Mediterrâneo. Dessa disputa originaram-se as três Guerras Púnicas, após as quais Cartago foi destruída.

Gentílicos de Cartago: cartaginês, cartaginense, púnico, pênico, elisseu.1


Localização

Localização de Cartago.

A antiga capital púnica é hoje um bairro de Túnis e uma estação arqueológica e turística importante, tendo sido classificado patrimônio mundial pela UNESCO em 1979.


História
Ver artigo principal: Civilização cartaginesa

Cidade da costa da África do Norte, numa península próxima da qual se encontra hoje a cidade de Túnis. Foi fundada por colonizadores fenícios Tiro (antes da data tradicional de 814 a.C.). Cartago tornou-se, dentro de pouco tempo, a capital de uma república marítima muito poderosa, que substituiu Tiro no Ocidente, criou colônias na Sicília, na Sardenha, na Península Ibérica, enviou navegadores ao Atlântico Norte e sustentou contra Roma, sua rival, as longas guerras conhecidas pelo nome de guerras púnicas (264-146 a.C.). Possuía também uma potente marinha de guerra.


Entre os séculos V e III a.C. envolveu-se em frequentes hostilidades com a Grécia e a Sicília. Foi nesta última que Cartago teve seu primeiro choque com Roma, e as três Guerras Púnicas acabaram com a destruição da cidade em 146 a.C. A meio caminho entre estas duas cidades (e capitais de império) encontra-se a Sicília. O controle desta ilha foi determinante no decorrer das Guerras Púnicas porque a Sicília era o "celeiro" do mundo antigo.

Batalhas da Segunda Guerra Púnica.
Primeira Guerra Púnica
Ver artigo principal: Primeira guerra púnica
Cartago tem forte controle marítimo no Mediterrâneo, tendo controle também de Sicília. Roma começa um embate para tomá-la, e sofre derrotas marítimas enormes. Apesar disso, os romanos conseguem descobrir o sistema usado por Cartago na produção de navios, usando de engenharia reversa nos navios cartaginenses capturados. Assim, Roma consegue remontar rapidamente sua esquadra e começa a virar o jogo contra Cartago. No final da Primeira Guerra Púnica, Roma detém o controle do Mediterrâneo e de Sicília.

Segunda Guerra Púnica
Ver artigo principal: Segunda guerra púnica


A Segunda Guerra Púnica é resultado do revanchismo cartaginense contra os tributos impostos pela derrota na Primeira Guerra Púnica, contra os esforços de Roma para tomar suas novas colônias na península Ibérica e simplesmente por puro ódio a Roma. Surge um grande general chamado Aníbal, com ódio a Roma criado e desenvolvido desde criança por seu pai. Aníbal acredita ser capaz de derrotar o grande império com um exército de elefantes partindo do sul da península Ibérica, passando pelos Pirineus até atingir a península Itálica, algo que os italianos achariam impossível de ser realizado com boas razões.


Considerando o caráter extremante difícil e arriscado da missão de Aníbal, ele foi relativamente bem sucedido ao atacar a Itália, causando enormes estragos e quase fazendo Roma capitular. Mas os Romanos souberam contra-atacar, criando um cerco a Aníbal para acabar com suas provisões ao mesmo tempo que fizeram um ataque direto a Cartago enquanto eram atacados pelo mesmo. Aníbal foi obrigado a recuar e voltar para defender seu país. Apesar dos esforços de Aníbal, teve de pedir a paz aos romanos, comandados por Cipião, o Africano, ao fim da segunda guerra púnica.

Terceira guerra púnica
Ver artigo principal: Terceira guerra púnica
Sendo derrotado mais uma vez, Cartago foi extorquida até os ossos por Roma, que lhe impôs uma dívida que, imaginavam os Romanos, levaria uns 50 anos para ser paga. Cartago, reconstruída novamente e com sua aptidão ao comércio, pagou tal dívida em 10 anos, o que deixou os romanos enfurecidos, e invejosos de seu sucesso comercial. Começou então o lobby dentro do senado romano pela destruição total de Cartago, a ganância dos senadores por suas riquezas foi decisiva em seu destino, mas os romanos precisavam de uma desculpa, que veio depois que Roma impôs condições extorsivas e inaceitáveis a Cartago, visando justamente enfraquecê-la e desprepará-la para uma guerra inevitável. A guerra então aconteceu e Cartago foi facilmente vencida.(citação necessária)

O Fim do Império Cartaginense
As duas primeiras guerras com Roma reduziram em muito o tamanho do antigo império cartaginense, restando apenas áreas adjacentes à cidade de Cartago. Cartago nunca foi forte militarmente falando, e ficou ainda menos depois dessas guerras. Governada por comerciantes, sem um exército poderoso, Cartago valia-se de mercenários que se insurgiram contra os cartagineses, minando suas defesas - certamente uma das causas para a derrota face aos romanos (sobre este episódio Flaubert escreveu o romance Salammbô). Cartago estava agora totalmente à mercê da vontade de Roma. Foi destruída ao fim da terceira guerra púnica por Cipião Emiliano (146 a.C.). A cidade foi arrasada até aos seus alicerces e o chão foi salgado (colocado sal) para que nada nele crescesse. Esta atitude extrema deveu-se ao fato de Cartago ter sido a única potência que podia concorrer pelo domínio do Mediterrâneo ocidental. Roma e Cartago estavam sensivelmente colocadas no eixo central deste mar, num tempo que não comportava concorrência. A luta entre Roma e Cartago era exclusivista.

Cartago como parte do Império Romano
Refundada por César e Augusto como colônia romana (século I a.C.), novamente adquiriu grande prosperidade e sua população cresceu a ponto de se tornar a quarta maior cidade do Império Romano, com uma população estimada de meio milhão de habitantes. Tornou-se a verdadeira capital da África romana e da África cristã. Como centro do cristianismo, opôs-se aos donatistas.

O vândalo Genserico ocupou a cidade em 439 e estabeleceu ali sua capital, mas em 533-534 Belisário expulsou os vândalos e, a partir de então, até sua captura e destruição pelos árabes em 697, a cidade permaneceu como parte do Império Bizantino.

Comércio
Cartago.
Entre os produtos do artesanato fenício, os mais famosos eram, talvez, os tecidos tingidos cor púrpura. Os fenícios tinham alcançado uma notável habilidade na arte do tingimento e os tecidos eram apreciados a ponto de se tornarem sinal de riqueza e requinte. Os fenícios usavam tecidos de lã ou linho, e os tingiam a partir de um pigmento obtido de moluscos chamados de múrices ou murex, encontrados nas águas rasas das costas do Mediterrâneo. O processo era muito complicado e demorado, e por isso o preço desses tecidos era elevado.

Arquitetura e Urbanismo
Dada a grande destruição provocada pelos romanos após a Terceira Guerra Púnica tornou-se praticamente impossível reconstituir com exatidão a cidade de Cartago. Sabe-se que era protegida no lado da península que a unia ao continente por uma tríplice fortificação: uma vala guarnecida por altos postos de observação e um parapeito, ou primeira muralha, uma segunda muralha e enfim uma terceira muralha, que abrigava grande quantidade de tropas, inclusive elefantes de guerra e cavalaria. Do lado em que esta chegava ao mar ficava provavelmente a maior fortaleza da cidade.

Além disto, a cidade seria talvez totalmente cercada por outras duas grandes muralhas, circulando toda a extensão da península.

Dividia-se em três partes: a byrsa, uma acrópole onde ficavam o tesouro, o arquivo público e a estátua do deus Ba'al Hammon; uma área urbana residencial onde ficavam os templos e a praça de julgamentos; um distrito aparentemente agrícola e separado do resto por outra muralha, chamado Megara. Um grande cemitério separava a byrsa do restante da área urbana e cemitérios menores existiam entre esta última e as muralhas.

Suas construções eram, ao que parece, de estilo pobre e feitas de materiais baratos, com grandes influências egípcias e gregas. Suas casas não teriam janelas, exceto para pátios internos.

Divindades
Baal Hammon era o principal deus fenício adorado na colônia de Cartago, generalmente identificado pelos gregos como Cronos e pelos romanos como Saturno. Baal significa "senhor", entretanto, o significado de Hammon é incerto, sendo possível sua origem no Amón (ou Ammón), "O oculto", símbolo do poder criador e "Pai de todos os ventos" na mitologia egípcia.

Em seu nome se faziam sacrifícios humanos, "Moloc", como oferenda religiosa. Durante algum tempo associou-se controvérsia a este respeito: os restos humanos encontrados no tofet de Cartago haviam sido atribuídos a restos procedentes de crianças mortas por causas naturais ou a produtos de abortos humanos, ainda que a abundância de restos, a idade da morte das crianças, assim como a presença de restos animais que se supõe eram sacrificados em substituição de algumas crianças, provavelmente filhos de famílias poderosas, praticamente descarta a primeira ideia.

Soberanos
O governo cartaginês não era exercido por uma monarquia mas por um senado da qual era governado pela assembléia dos mercadores. Por isso os nomes aqui descritos não são de reis, mas de generais ou ditadores que exerceram um forte poder militar durante os períodos de guerras como as guerras púnicas no século III a.C.

(Anexado a Roma, 146 a.C.)
Asdrúbal II (146-149 a.C.)
Abibbaal V (149-163 a.C.)
Agenor (163 a.C.)
Mattan (163-174 a.C.)
Hanno II (174-188 a.C.)
Obdulio (188-193 a.C.)
Kantu (193-220 a.C.)
Abibaal V (220-221 a.C.)
Asdrúbal Barca (221-207 a.C.)
Aníbal Barca (221-183 a.C.)
Sofonisba (221-203 a.C.)
Asdrúbal (228-221 a.C.)
Amílcar Barca (250-228 a.C.)
Hanno, o grande (250 a.C.)
Mago (440 a.C.)
reis mitológicos (400 a.C. 800 a.C)
Dido (814- a.C.)

HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO
VI - OS FENÍCIOS

Os persas, como já vimos, elaboraram uma civilização de síntese. Os fenícios não elaboraram civilização alguma. Eles eram um povo numericamente pequeno, que só teve valor na História pela sua navegação e pelo seu comércio.

Na antiga Fenícia houve cidades principais, que constituíram pequenas republiquetas autônomas, como o foram Tiro e Sidônia, e que se reuniam de vez em quando, sob a regência de uma delas, para fazerem frente aos outros povos. Comparativamente, deve-se notar que entre nós todas as cidades de São Paulo estão sob a dependência do governo do Estado. Com os fenícios não se dava isso, porque as cidades fenícias eram constituídas por pequenas republiquetas aristocráticas, em que havia populações de diversas procedências, que se sobrepunham umas às outras.

Em primeiro lugar vinham a aristocracia e a nobreza, que eram constituídas por indivíduos cujos ancestrais haviam invadido o país num período remoto, e que tinham reduzido ao cativeiro os povos que lá existiam. Em segundo lugar vinha uma classe que não era propriamente aristocrática, mas que era, mais ou menos, o que foi antes da Revolução Francesa a burguesia. Esta classe era constituída pelos habitantes das cidades. Eram livres, podendo acumular fortuna, porém não podiam gerir os negócios públicos. A terceira classe era formada por elementos recrutados entre os descendentes dos povos mais recentemente conquistados pelos fenícios. Eram mais ou menos o que são os plebeus de hoje. Tinham o direito à propriedade, muito restringido. A quarta e última classe social era a dos escravos, que viviam sob grande opressão das outras classes.

Como já tive ocasião de frisar, os senhores percebem quão errôneo era o critério que os povos da antiguidade usavam para dividir as classes. O racismo hitleriano não é, portanto, novidade: a raça vencedora, por ser mais forte, e só por essa razão, impõe o seu domínio às outras raças. Toda a hierarquia social era baseada nesse princípio.

Havia na antiga Fenícia, no concernente ao governo, três senados:

1) o grande senado, onde cada família tinha o seu representante;
2) o senado menor, onde cada tribo aristocrática tinha o seu representante;
3) o colégio dos 10 membros.

Por aí podem os senhores facilmente imaginar que um país onde havia três senados, obrigatoriamente devia ser um país com pouca direção nos negócios públicos. Havia necessidade de se fazer um governo forte, substituindo-se esta forma de governo por uma forma monárquica. É verdade que havia o rei, mas ele só tinha duas funções: era o chefe da esquadra e exercia o poder judiciário. Foi assim que, em última análise, se formou o regime político entre os fenícios. É necessário notar que este regime excluía do poder as classes populares.

O rei, vendo que a aristocracia roubava todos os seus poderes e atribuições, ligava-se muito freqüentemente às classes populares, procurando atirar as classes populares contra a aristocracia, dando-se um fenômeno muito interessante na vida da Fenícia: muitas revoluções, acompanhadas de saque e morticínios, eram açuladas pelo próprio rei. O povo queria derrubar a aristocracia, mas não o rei. As revoluções populares atingiram na Fenícia uma grande intensidade, determinando mesmo a emigração em massa da classe derrotada.

Foi uma revolução popular que expulsou da Fenícia toda uma classe aristocrática, da cidade de Tiro, tendo essa classe fugido até Cartago, aí fundando uma nova cidade. Os historiadores atribuem o ocaso de Tiro a esta emigração aristocrática.

O elemento popular era muito bronco, e não foi capaz de dar à Fenícia o governo inteligente que lhe dava a aristocracia. Quando passou Cartago a ser a maior potência do Mediterrâneo, a Fenícia entrou em decadência.

Havia lendas interessantes, como a de Pigmalion, etc, que por falta de tempo não são mencionadas agora, mas que os senhores já devem saber.

Na política externa, que diretrizes seguia este povo?
 Queria tão somente um ganho monetário, ao fazer o comércio, sem a complicação causada pelas guerras. Por isso mesmo, eles freqüentemente deixavam-se ficar na posição de povo tributário. Os egípcios e os caldeus foram sucessivamente povos soberanos dos fenícios. Quando os egípcios ficaram poderosos, os fenícios pagaram a este povo a fim de que lhes garantissem o litoral contra qualquer invasão. Depois foi com os caldeus, nas mesmas condições. Finalmente o império dos caldeus sucumbiu aos golpes dos persas.

Havia uma espécie de contrato de forças armadas, como hoje tem a Inglaterra com suas colônias. O Canadá, por exemplo, é uma colônia que poderia separar-se muito bem da Inglaterra, porquanto está apto para isso. Mas não quer ficar independente, pois teria de manter uma grande esquadra para guardar as suas costas, que são muito extensas, e a Inglaterra dispõe da sua poderosa esquadra para defendê-las. Os ingleses são diplomatas de primeira ordem, e com isto os interesses do Canadá prosperam. O Canadá está quase tão desenvolvido como os Estados Unidos, apesar de não ser um país independente.

Os fenícios fizeram a mesma coisa com todos os povos poderosos da antiguidade com que entraram em contato. Verão mais tarde os senhores que os fenícios estabeleceram colônias em todo o litoral do Mediterrâneo, e que eles tinham atravessado o estreito de Gibraltar e foram até a Irlanda, tendo chegado até a América do Sul. Dizem que os fenícios deram a volta à África, no período de Amor.

A organização econômica dos fenícios foi muito interessante. 
Eles dispunham de riquezas monetárias muito pequenas, mas tinham muitas colônias. A colônia não era na antiguidade o que é hoje, como a Guiana Holandesa, que não tem nenhuma autonomia. Colônia, antigamente, não era isto. De acordo com os critérios deles, nós seríamos hoje colônia de Portugal, que tem a mesma língua, a mesma raça, a mesma religião que a nossa. Na antiguidade, isto era o que se chamava colônia. Tinham os fenícios muitas colônias, e por outro lado tinham o que se chama hoje em dia de concessões.

Certas potências de hoje têm concessões na China, Índia, etc. Mas o que é uma concessão? Uma concessão é um quarteirão, ou pouco mais do que isso, numa cidade, mas não chegando a formar uma colônia. Eles tinham concessões em quase todas as costas do Mediterrâneo. Eram quase que fortalezas, e eram como pontos de apoio para o desenvolvimento do comércio dos fenícios. Nos países bárbaros eles construíam uma fortaleza, no centro da qual se achava um templo e, ao redor deste, estabelecimentos comerciais, havendo também um porto bem seguro. Eles faziam com os bárbaros o que os portugueses fizeram aqui, com os nossos selvagens, isto é, trocavam coisas de pequenos valores, auferindo com isto grandes lucros. Submeteram-se de boa vontade à soberania destes povos, para se abrigar à sombra de seus exércitos.

Os fenícios punham em contato, por meio da navegação, povos que ainda não se conheciam, embora fossem civilizados. Tornavam-se fornecedores de artigos que só eles vendiam, tirando disto grandes lucros, como bem se pode avaliar, pois não tinham concorrência.

Além do mais, os fenícios foram grandes industriais, pois enquanto no Oriente, em geral, só havia pequena indústria, eles criaram a fábrica em que era empregado um grande número de operários, que fabricavam muitas coisas.

Foram os fenícios os inventores da letra de câmbio. 
Criaram uma grande rede de comércio terrestre. Havia entre eles vendedores ambulantes numerosos, havendo mesmo menção de um circo ambulante. Esses vendedores faziam o que os sírios em São Paulo fizeram, ainda há pouco tempo: saíam à procura de compradores, o que logicamente facilitava a venda dos produtos que eles queriam vender.

Havia ainda o comércio de escravos, que geralmente eram mulheres e crianças roubadas. Vê-se ainda aqui a opressão do mais fraco.

A religião era politeísta.
 Davam o nome de Baal ao deus principal de cada cidade. A religião fenícia se caracterizava pela horrenda corrupção e crueldade pavorosa. Partiam da ideia de que os sacrifícios são necessários, porém o sacrifício é tanto mais válido quanto mais valioso o objeto. Assim o sacrifício de crianças, cujo desaparecimento ocasionava muita dor (de preferência filhos únicos, com pai e mãe vivos), era muito válido. As crianças eram queimadas vivas, sem anestésico (que ainda não existia), e seus ossos eram guardados no templo. Às vezes as crianças eram oferecidas espontaneamente. Assim, certa vez em Cartago foram oferecidas 300 crianças. Às vezes eram sacrificados adultos, porém muito raramente.

Há ainda um outro fato curioso. Procuravam imolar de preferência filhos de nobres, porque achavam que estes valiam mais. Vê-se por aí o absurdo das idéias de nobreza, pois eles achavam que um nobre valia mais que uma pessoa do povo, como homem, assim como nós achamos que uma pera vale mais que uma banana, e neste caso um plebeu teria sido feito de matéria prima humana de quinta ordem. Há nisto toda uma filosofia da vida.

A religião, como já ficou dito, era fantasticamente corrupta.
 Achavam que o que a mulher tem de mais nobre é a virgindade, e o homem tem de mais nobre a virilidade. Então eles sacrificavam aos deuses a virgindade da mulher e a virilidade do homem. A mulher transformava-se em meretriz, e ficava à disposição dos peregrinos que a quisessem. Em um templo chegou a haver 6.000 prostitutas, e num outro 3.000. Às vezes elas saíam em passeio pelo país, a entregar-se a quem quisesse, e depois voltavam ao templo. Vê-se que isto tudo é uma grandíssima imbecilidade.

Quanto ao homem, havia certas cerimônias que começavam com música tocada numa flauta, e após esta música os homens entravam num furioso delírio, no qual passavam a mão em uma faca e se mutilavam. Depois saíam a correr, com os órgãos viris na mão, e na primeira casa em que entravam recebiam roupas de mulher, com que compareciam às cerimônias litúrgicas, ao passo que as mulheres apresentavam-se vestidas de homens.

Praticavam uma dança muito esquisita, pois ao mesmo tempo que giravam em torno de si, flagelavam-se furiosamente. Após isto, tinham direito a uma lauta refeição e ao sossego, de que gozavam até o dia seguinte, quando repetiam a mesma dança.

Há um fato muito curioso. 
Os fenícios, sendo vizinhos dos judeus e tendo o mesmo florescimento que eles, são separados dos judeus — que são também uma raça semítica — por um abismo moral formidável, pois os judeus mandavam não violar a castidade, enquanto entre os fenícios a corrupção era determinada pela própria religião.

Sob o ponto de vista intelectual, podemos dizer que os fenícios inventaram o alfabeto, o que é de valor inestimável. Porém há os que contestam isto. Temos pouquíssimas produções intelectuais dos fenícios, porque seu território foi muito varejado por outros povos. Temos alguns escritos em latim de escritos fenícios. Parece certo que eles nada fizeram de apreciável sob o ponto de vista artístico e intelectual.

Em suas viagens, chegaram até o Mar Negro. 
Tinham navios mercantes e navios de guerra. Estes possuíam um gancho, que fixavam à nau inimiga para facilitar a abordagem. Possuíam muitos mercados desconhecidos de outros povos, e que eles tudo faziam para conservar em segredo. Entre esses mercados, havia o do estanho, nas ilhas Cassitéridas. É conhecido o caso de um navio fenício cujo capitão, percebendo que estava sendo seguido por uma nave romana, encalhou em um banco de areia, para que os romanos não descobrissem para onde iam. Este comandante foi muito elogiado e recompensado pelo rei.

A religião tão imoral dos fenícios não chocava em absoluto os povos da antiguidade. Somente os hebreus, que obedeciam ao decálogo de Moisés, repugnavam esta religião. Os fenícios praticavam o seu culto com facilidade, pois, quer nas penínsulas itálicas e helênicas, quer no Egito, eles construíam os seus templos.

Comércio fenício
O Mediterrâneo - O Mediterrâneo desempenhou através dos tempos grande importância, na ligação entre o Ocidente e o Oriente. Assim, pode-se afirmar que a vida econômica da Europa esteve presa ao comércio neste mar, e que os povos que conseguiram tornar-se senhores deste comércio foram grandes potências sob o aspecto econômico. Um destes povos foi o fenício.

A Fenícia
A Fenícia era formada por estreita faixa de terra, compreendida entre o Mediterrâneo e os montes do Líbano. Havia pontos em que esta faixa não atingia 100 km de largura. A leste, ao norte e ao sul, estavam respectivamente populações assírias, persas e egípcias. Estavam pois os fenícios, quer politicamente, quer fisicamente, impossibilitados para uma expansão pela parte territorial. Faltava também unidade nacional. As cidades que aí se erguiam eram independentes entre si, não havendo portanto um "espírito nacional". As comunicações interiores eram dificultadas pela velocidade das águas que desciam dos montes do Líbano, de sorte que só poderia ser estabelecida por mar a comunicação entre as cidades.

O comércio -
 Duas escolas antagônicas procuram explicar a formação do comércio fenício:

1) a primeira é mais antiga, e é a escola alemã, chamada de determinismo geográfico. São seus defensores Ratzel, Ritter, etc.

2) a segunda é a escola francesa, de Vidal de La Blanche, Valenne e outros. Segundo esta escola o comércio se deu como uma reação do homem contra o meio, em oposição à opinião alemã, que julga ter resultado o comércio fenício de uma inspiração do meio.

Rotas 
- Muitas foram as rotas seguidas pelos fenícios. É preciso, porém, não confundir comércio fenício com navegação fenícia, indiscutivelmente em campos diversos. Até há pouco dava-se ao comércio fenício uma extensão fabulosa: viam-se os fenícios no Mar Vermelho e Atlântico, e chegaram a afirmar a sua estadia no Brasil. Victor Bernard está entre estes apologistas dos fenícios.

Mas hoje, graças aos estudos realizados principalmente pelos alemães, pode-se afirmar que o comércio fenício se fez no Mediterrâneo, possuindo uma rota no Atlântico, aquela que, cortando a Gália, ia ter às ilhas Cassitéridas. Não se nega que os fenícios tenham navegado ao longo da costa africana de oeste nem no Mar Vermelho, pois vestígios seus foram encontrados no Senegal e nas fortalezas de Limpopo. Porém essas expedições fenícias não podem receber o nome de comércio, são antes expedições aventureiras.

As rotas fenícias podem ser divididas em rotas marítimas e terrestres.

Rotas marítimas
 - Como se sabe, o comércio foi desenvolvido por cidades, e não pela Fenícia propriamente dita. Daí ter ele passado por fases, que correspondem ao desenvolvimento das principais cidades. Tiro e Sidônia foram as sedes do comércio fenício, porquanto foram as duas mais importantes cidades da Fenícia. Houve diferenças entre as rotas de cada uma delas. Na época de Sidônia visava-se o norte, e partindo daí atingiram Chipre, Karia e Rodes; entraram no Egeu, visitando suas ilhas (Paros, Cítara e Creta); atingiram a Trácia, atravessaram os estreitos e chegaram ao Cáucaso.

Na época de Tiro estas comunicações com o norte continuaram, porém o comércio se fez de preferência no Ocidente, ou seja, atingiu a Grécia, foi à Itália, Sicília, Malta e Norte da África. Chegou à Sardenha, às Baleares e às Colunas de Hércules, fundando colônias. Entrou no Atlântico, costeando a Península Ibérica e a Gália, atingindo as Cassitéridas.

Rotas terrestres
 - Embora não apareça o estudo das rotas terrestres na maioria dos autores, é indiscutível a importância desses caminhos, pois foi graças a eles que o mundo ocidental foi posto em contato com o oriental. Da Fenícia partiam caravanas que atingiam a Mesopotâmia, a Pérsia, a Índia, e mesmo a Indochina. Desempenharam estas caravanas papel saliente na troca dos produtos orientais e ocidentais.

Mercadorias - 
Os fenícios praticavam de preferência as trocas de produtos, porém, de modo geral, não eram produtos próprios, eram comprados de outros povos. Praticavam o comércio em espécie, isto é, a troca sem dinheiro, porquanto só aparecem moedas depois das guerras médicas.

É notável a variedade de produtos com que negociavam. Poucos são fenícios, sendo destacáveis, no reino mineral, o sódio, potássio e pedras de construção; no reino vegetal os fenícios possuíam madeiras para construção (é real que pouco as vendiam, conservando-as para si) e exportavam frutas, que possuíam em grande quantidade. As costas fenícias possuíam o escaravelho, um animal do qual retiravam tintas com que coloriam os tecidos e fabricavam a púrpura. A maioria das mercadorias fenícias provinha de sua indústria: a púrpura, o vidro, trabalhos em ouro e prata, vasos com escultura em relevo.

O maior número de mercadorias que o comércio fenício punha em movimento eram, porém, trazidas de outros países. Da Índia e da Arábia recebiam perfumes, pedras preciosas, sedas, especiarias, etc; da Pérsia, tapetes, sedas, peles e tecidos em geral; da Abissínia, escravos; da Espanha, prata e estanho; das ilhas Cassitéridas, estanho e cobre; de Creta e Chipre, mármores e cobre; do Norte da África levavam sedas, e cavalos das regiões hoje chamadas Sirenaica; da Sicília, madeiras para construções, etc.

De todas as mercadorias fenícias, destacavam-se três: a púrpura, os escravos e o estanho. A púrpura é originária da própria Fenícia, e deu-lhes fabulosos haveres, sabendo-se que nesta época era obrigado o seu uso nos trajes sacerdotais e reais. Os escravos eram trazidos do Cáucaso, e eram também escravos os prisioneiros de alto mar. Possuíam grandes minas de estanho, que ficavam na Espanha.

Fontes:
Wikipédia
CANALULTIMOSDIAS 
Publicado em 26 de mar de 2014 - Licença padrão do YouTube
http://www.pliniocorreadeoliveira.info/BIO_1936_Pre_Universit%C3%A1rio_06.htm