sábado, 15 de setembro de 2012

GRANDE DISCURSO DO PAPA BENTO XVI NO PLÁCIO DE BAABDA-LÍBANO


Discurso do Papa no Palácio Presidencial de Baabda - 15/09/2012

Boletim da Santa Sé


Discurso
Viagem apostólica de Bento XVI ao Líbano
Salão 25 de maio do Palácio Presidencial de Baabda
Sábado, 15 de setembro de 2012

Senhor Presidente da República,
Ilustres Autoridades parlamentares, governamentais, institucionais e políticas do Líbano,
Senhoras e Senhores Chefes das Missões Diplomáticas,
Beatitudes, Responsáveis religiosos,
Amados Irmãos no Episcopado, Senhoras, Senhores, queridos amigos!

«سَلامي أُعطيكُم» [dou-vos a minha paz] (Jo 14, 27)! 

É com estas palavras de Jesus Cristo que desejo saudar-vos, agradecido pelo vosso acolhimento e a vossa presença.

 Agradeço-lhe, Senhor Presidente, não só as palavras cordiais, mas também o fato de ter permitido este encontro. Acabo, juntamente com Vossa Excelência, de plantar um cedro do Líbano, símbolo do vosso lindo país. Vendo esta pequena planta e os cuidados de que necessitará para se tornar robusta e lançar os seus ramos majestosos, pensei no vosso país e seu destino, nos libaneses e suas esperanças, em todas as pessoas desta Região do mundo que parece conhecer as dores dum parto sem fim.

 Então pedi a Deus que vos abençoe, 
abençoe o Líbano e abençoe todos os habitantes desta Região 
que viu nascer grandes religiões e nobres culturas.

 Por que motivo escolheu Deus esta Região?

 Porque vive ela em turbulência?

 Parece-me que Deus a escolheu para servir de exemplo, para testemunhar ao mundo a possibilidade concreta que o homem tem de viver o seu anelo de paz e reconciliação; inscrita desde sempre no plano divino, esta aspiração foi impressa por Deus no coração do homem. É da paz que vos desejo falar, porque Jesus disse: «سَلامي أُعطيكُم» [dou-vos a minha paz] .
O que faz rico um país são, antes de mais nada, as pessoas que nele vivem. De cada uma e todas juntas, depende o seu futuro e a sua capacidade de se comprometer pela paz. Tal compromisso só será possível numa sociedade unida. No entanto, a unidade não é a uniformidade. 


O que assegura a coesão da sociedade é o respeito constante pela dignidade de cada pessoa e a participação responsável de cada um segundo as próprias capacidades, pondo a render o que há em si de melhor. A fim de assegurar o dinamismo necessário para construir e consolidar a paz, é preciso retornar incansavelmente aos fundamentos do ser humano. 

A dignidade do homem é inseparável do caráter sagrado da vida, que o Criador lhe deu. No desígnio de Deus, cada pessoa é única e insubstituível. Vem ao mundo numa família, que é o seu primeiro lugar de humanização e sobretudo a primeira educadora para a paz. Por isso, para construir a paz, a nossa atenção deve fixar-se sobre a família a fim de facilitar a sua tarefa, para assim a apoiar e consequentemente promover por toda a parte uma cultura da vida. 

A eficácia do compromisso a favor da paz depende do conceito que o mundo possa ter da vida humana. Se queremos a paz, defendamos a vida. Esta lógica desabona não só a guerra e as ações terroristas, mas também qualquer atentado contra a vida do ser humano, criatura querida por Deus. 

A indiferença ou a negação daquilo que constitui a verdadeira natureza do homem impedem o respeito desta gramática que é a lei natural inscrita no coração humano (cf. Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2007, n. 3). A grandeza e a razão de ser de cada pessoa só se encontram em Deus. Assim, o reconhecimento incondicional da dignidade de cada ser humano, de cada um de nós, e do carácter sagrado da vida responsabiliza-nos a todos diante de Deus. Portanto, devemos unir os nossos esforços para desenvolver uma sã antropologia que integre a unidade da pessoa. Sem isso, não é possível construir a paz autêntica.

Embora mais evidentes nos países que conhecem conflitos armados – estas guerras repletas de bazófia e de horrores –, os atentados à integridade e à vida das pessoas existem também noutros países. O desemprego, a pobreza, a corrupção e tudo o mais que se lhes vem juntar como a exploração, os tráficos ilícitos de toda a espécie e o terrorismo acarretam, para além do sofrimento inaceitável dos que são as suas vítimas, um enfraquecimento do potencial humano.  


A lógica econômica e financeira quer continuamente impor-nos o seu jugo e fazer prevalecer o ter sobre o ser. Mas cada vida humana que se perde é uma perda para a humanidade inteira. Esta é uma grande família, da qual todos somos responsáveis. Algumas ideologias, pondo em questão de maneira direta ou indireta, e mesmo legalmente, o valor inalienável de cada pessoa e o fundamento natural da família, minam os alicerces da sociedade.  

Devemos estar conscientes destes atentados contra a construção e a harmonia da convivência social. O único antídoto para tudo isto é uma solidariedade efetiva: solidariedade para rejeitar o que impede o respeito por todo o ser humano, solidariedade para apoiar as políticas e iniciativas que visam unir os povos de forma honesta e justa. 

É bom ver as ações de cooperação e de verdadeiro diálogo que constroem uma nova maneira de viver juntos. Uma melhor qualidade de vida e desenvolvimento integral não é possível senão numa partilha das riquezas e das competências, respeitando a dignidade de cada um. Mas tal estilo de convivência social, sereno e dinâmico, não pode existir sem a confiança no outro, seja ele quem for.

 Hoje, as diferenças culturais, sociais, religiosas devem levar a viver um novo tipo de fraternidade, onde aquilo que une é justamente o sentido comum da grandeza de cada pessoa e o dom que ela constitui para si mesma, para os outros e para a humanidade. Está aqui o caminho da paz.

  Aqui está o compromisso que nos é pedido. Aqui está a orientação que deve presidir às escolhas políticas e econômicas nos seus diversos níveis e a escala planetária.
Deste modo, a fim de patentear às novas gerações um futuro de paz, a primeira tarefa é educar para a paz, construindo uma cultura de paz. 

A educação, na família ou na escola, deve ser, antes de mais nada, educação para os valores espirituais que conferem à transmissão do saber e das tradições duma cultura o seu sentido e a sua força. 

O espírito humano possui o gosto inato do belo, do bom e do verdadeiro; é o selo do divino, a marca de Deus nele! Desta aspiração universal deriva uma concepção moral firme e justa, que sempre coloca a pessoa no centro. Mas é só na liberdade que o homem se pode voltar para o bem, porque

 «a dignidade do homem exige
 que ele proceda segundo a própria consciência e por livre adesão,
 ou seja, movido e induzido pessoalmente desde dentro 
e não levado por cegos impulsos interiores
 ou por mera coação externa» 
(Gaudium et spes, 17). 
 
A tarefa da educação 
é acompanhar a maturação da capacidade 
de fazer escolhas livres e justas, 
que possam ir contra-corrente relativamente
 às opiniões generalizadas, 
às modas, às ideologias políticas e religiosas.
 A consolidação duma cultura de paz tem este preço. Obviamente é necessário banir a violência verbal ou física; é sempre um ultraje à dignidade humana, tanto do agressor como da vítima. Além disso, ao valorizar as obras de paz e o seu influxo no bem comum, cria-se também o interesse pela paz. Como testemunha a história, tais gestos de paz desempenham papel considerável na vida social, nacional e internacional.  

Assim a educação para a paz formará homens e mulheres generosos e retos, solícitos para com todos mas particularmente com as pessoas mais débeis. 

Pensamentos de paz, palavras de paz e gestos de paz criam uma atmosfera de respeito, honestidade e cordialidade, onde os erros e as ofensas podem ser reconhecidos com verdade, para avançar juntos rumo à reconciliação. 

Peço aos estadistas e aos responsáveis religiosos que reflitam nisto.

Devemos estar bem cientes de que o mal não é uma força anônima que atua no mundo de forma impessoal ou determinista. O mal, o demônio, passa através da liberdade humana, através do uso da nossa liberdade; procura um aliado, o homem: o mal precisa dele para se espalhar. E assim, depois de ter violado o primeiro mandamento, o amor a Deus, vem para perverter o segundo, o amor ao próximo. Com ele, o amor ao próximo desaparece, deixando o lugar à mentira e à inveja, ao ódio e à morte. Mas é possível não se deixar vencer pelo mal, e vencer o mal com o bem (cf. Rm 12, 21). 


Somos chamados a esta conversão do coração; sem ela, as «libertações» humanas tão desejadas decepcionam, porque se movem no espaço reduzido que lhes concede a mesquinhez do espírito do homem, a sua dureza, as suas intolerâncias, os seus favoritismos, os seus desejos de vingança e os seus instintos de morte. É necessária a transformação nas profundezas do espírito e do coração para reencontrar uma certa clarividência e imparcialidade, o sentido profundo da justiça e do bem comum. 

Um olhar novo e mais livre tornar-nos-á capazes de analisar e questionar sistemas humanos que levam a becos sem saída, a fim de se avançar tendo em conta o passado para não mais o repetir com os seus efeitos devastadores. Esta conversão requerida é exaltante, porque abre possibilidades ao fazer apelo aos inúmeros recursos presentes no coração de tantos homens e mulheres ansiosos de viver em paz e dispostos a comprometer-se pela paz. Esta, porém, é particularmente exigente: trata-se de dizer não à vingança, reconhecer os próprios erros, aceitar as desculpas sem as buscar e, finalmente, perdoar. Porque só o perdão dado e recebido coloca os alicerces duradouros da reconciliação e da paz para todos (cf. Rm 12, 16b.18).

Só assim pode crescer o bom entendimento entre as culturas e as religiões, a estima de umas pelas outras sem complexos de superioridade e no respeito pelos direitos de cada uma. 


No Líbano, 
há séculos que o cristianismo e o islão 
habitam no mesmo espaço. 
Não é raro ver, 
na mesma família, as duas religiões. 
Se, numa mesma família, isto é possível, 
por que não o haveria de ser ao nível da sociedade inteira? 
A especificidade do Médio Oriente reside na secular amálgama de componentes diversas. É certo que também se combateram, infelizmente! Uma sociedade pluralista só existe por causa do respeito recíproco, do desejo de conhecer o outro e do diálogo contínuo. Este diálogo entre os homens só é possível com a consciência de que há valores comuns a todas as grandes culturas, porque estas estão radicadas na natureza da pessoa humana. Estes valores, que formam um substrato comum, exprimem os traços autênticos e característicos da humanidade; pertencem aos direitos de cada ser humano.

 As diversas religiões
 prestam uma decisiva contribuição
 para a afirmação da sua existência.  
Não esqueçamos que a liberdade religiosa é o direito fundamental, de que muitos outros dependem. Para toda e qualquer pessoa deve ser possível professar e viver livremente a própria religião sem pôr em perigo a sua vida e liberdade. A perda ou a diminuição desta liberdade priva a pessoa do direito sagrado a uma vida íntegra no plano espiritual.  

A chamada tolerância
 não elimina as discriminações; 
antes, por vezes até as reforça.
 E, sem a abertura ao transcendente que permite encontrar resposta para os interrogativos do próprio coração sobre o sentido da vida e sobre como viver de forma moral, o homem torna-se incapaz de agir segundo a justiça e comprometer-se em prol da paz. 

A liberdade religiosa tem uma dimensão social e política indispensável para a paz: promove uma coexistência e uma vida harmoniosas através do compromisso comum ao serviço de causas nobres e na busca da verdade que não se impõe pela violência, mas pela «sua própria força» (Dignitatis humanae, 1), aquela Verdade que é Deus. 

Eis o motivo por que a fé viva 
 conduz invariavelmente ao amor. 
 
A fé autêntica não pode levar à morte. O obreiro de paz é humilde e justo. Por isso, os crentes têm hoje um papel essencial: dar testemunho da paz que vem de Deus e que é um dom concedido a todos na vida pessoal, familiar, social, política e econômica (cf. Mt 5, 9; Heb 12, 14). 

A inércia dos homens de bem não deve permitir que o mal triunfe. O pior de tudo é não fazer nada!

Estas breves reflexões sobre a paz, a sociedade, a dignidade da pessoa, sobre os valores da família e da vida, sobre o diálogo e a solidariedade não podem permanecer ideais simplesmente enunciados; podem e devem ser vividos. Estamos no Líbano e é aqui que devem ser vividos.  



O Líbano é chamado, agora mais do que nunca, a ser um exemplo. Por isso vos convido a vós, políticos, diplomatas, religiosos, homens e mulheres do mundo da cultura, a dar testemunho ao vosso redor e com coragem, em tempo favorável e fora dele, de que Deus quer a paz, de que Deus nos confia a paz. «سَلامي أُعطيكُم» [dou-vos a minha paz] – diz Jesus Cristo (Jo 14, 27)! 

                                  Que Deus vos abençoe. Obrigado!




Pablo Picasso
 Fonte:
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=287364
 

SÃO BENTO ao som DAS 4 ESTAÇÕES DE VIVALDI (lista de reprodução)


1-3. Antonio Vivaldi - Concerto op.8 no.1 in E major, RV 269 "La primavera"
4-6. Antonio Vivaldi - Concerto op.8 no.2 in G minor, RV 315 "L'estate"
7-9. Antonio Vivaldi - Concerto op.8 no.3 in F major, RV 293 "L'autunno"
10-12. Antonio Vivaldi - Concerto op.8 no.4 in F minor, RV 297 "L'inverno"
13-15. Antonio Vivaldi - Concerto op.8 no.9 in D minor, RV 454
16-18. Antonio Vivaldi - Concerto op.8 no.8 in G minor, RV 332

Bento de Núrsia

São Bento de Núrsia
Fra Angelico 031.jpg
São Bento de Nursia. Detalhe do afresco por Fra Angelico
Abade e Patrono da Europa
Nascimento 24 de Março de 480 em Norcia (Úmbria, Itália)
Morte 21 de Março de 547 em Monte Cassino
Veneração por Igreja Católica, Igreja Anglicana, Igreja Ortodoxa, Igreja Luterana
Canonização 1220
Principal templo A Abadia do Monte Cassino,e também Saint-Benoît-sur-Loire,perto de Orleães,França e Sacro Speco, em Subiaco
Festa litúrgica 11 de julho
Atribuições Cruz, livro da Regra, sino, copo quebrado, serpente representando veneno, uma vareta de disciplina, corvo e pão.
Padroeiro: Europa, Alemanha. Intercessores
Portal dos Santos

São Bento de Núrsia, nascido Benedetto da Norcia (Nórcia, c. 480Abadia do Monte Cassino, c. 547) foi um monge italiano, fundador da Ordem dos Beneditinos, uma das maiores ordens monásticas do mundo. Foi o criador da Regra de São Bento, um dos mais importantes e utilizados regulamentos de vida monástica, inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Era irmão gêmeo de Santa Escolástica.

 Foi designado patrono da Europa pelo Papa Paulo VI em 1964[1], sendo também patrono da Alemanha. É venerado não apenas por católicos, como também por ortodoxos. Foi o fundador da Abadia do Monte Cassino, na Itália,destruída durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente restaurada. É comemorado no calendário católico a 11 de Julho[2], data em que suas relíquias foram trasladadas para a Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire.

Biografia

A fonte de todos os acontecimentos da vida de São Bento são os Diálogos de São Gregório Magno, redigidos por volta de 593, que se baseou em fatos narrados por monges que conheceram pessoalmente São Bento.

Segundo São Gregório, São Bento foi filho de um nobre romano, tendo realizado os primeiros estudos na região de Núrsia (próximo à cidade italiana de Spoleto). Mais tarde, foi enviado a Roma para estudar retórica e filosofia, mas, tendo se decepcionado com a decadência moral da cidade, abandona logo a capital e se retira para Enfide (atual Affile),no ano 500. Ajudado por um abade da região chamado Romano, instalou-se em uma gruta de difícil acesso, a fim de viver como eremita. Depois de três anos nesse lugar, dedicando-se à oração e ao sacrifício, foi descoberto por alguns pastores, que divulgaram a fama de santidade. A partir de então, foi visitado constantemente por pessoas que buscavam conselhos e direção espiritual.[3]

É então eleito abade de um mosteiro em Vicovaro, no norte da Itália. Por causa do regime de vida exigente, os monges tentaram envenená-lo, mas, no momento em que dava a bênção sobre o alimento,saiu da taça que continha o vinho envenenado uma serpente e o cálice se fez em pedaços. Com isso, São Bento resolve deixar a comunidade e retornando à vida solitária, vivendo consigo mesmo: habitare secum.[4]

Em 503 recebe grande quantidade de discípulos e funda doze pequenos mosteiros.[5] Em 529, por causa da inveja do sacerdote Florêncio, tem de se mudar para Monte Cassino, onde funda o mosteiro que viria a ser o fundamento da expansão da Ordem Beneditina. É nesse episódio que Florêncio lhe envia de presente um pão envenenado, mas Bento dá o pão a um corvo que todos os dias vinha comer de suas mãos e ordena à ave que o leve para longe, onde não pudesse ser encontrado. Durante a saída de Bento para Monte Cassino, Florêncio, sentido-se vitorioso, saiu ao terraço de sua casa para ver a partida do monge. Entretanto, o terraço ruiu e Florêncio morreu. Um dos discípulos de Bento, Mauro, foi pedir ao mestre que retornasse, pois o inimigo havia morrido, mas Bento chorou pela morte de seu inimigo e também pela alegria de seu discípulo, a quem impôs uma penitência por regozijar-se pela morte do sacerdote.[6]

Em 534 começa a escrever a Regula Monasteriorum (Regra dos Mosteiros). Morre em 21 de março de 547, tendo antes anunciado a alguns monges que iria morrer e seis dias antes mandado abrir sua sepultura. Sua irmã gêmea Escolástica havia falecido em 10 de fevereiro do mesmo ano.[7]

As representações de São Bento geralmente mostram, junto com o santo, o livro da Regra, um cálice quebrado e um corvo com um pão na boca, em memória ao pão envenenado que recebeu do sacerdote invejoso.

As relíquias de São Bento estão conservadas na cripta da Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire (Fleury), próximo a Orleáns e Germigny-des-Prés, no centro da França.

Santificação

Detalhe do altar-mor da Igreja de São Bento em Olinda
De acordo com a tradição, São Bento de Núrsia foi santificado por ter vencido duas ciladas armadas pelo Diabo, nas quais lhe é oferecido um cálice de vinho envenenado e um pedaço de pão, também envenenado.
Além disso, em inúmeras vezes fora tentado efetivamente pelo Inimigo, além de ser ofendido e insultado de tal maneira que os irmãos de hábito que estavam ao seu redor podiam escutar as ofensas que ele recebia.
O Santo Varão, como também é chamado, vencia o Tentador utilizando-se do sinal da cruz e da oração contida na Cruz Medalha que fora esculpida nas paredes de um mosteiro.

A Regra de São Bento

Origem e estrutura

A Regula Monasteriorum, também denominada Regula Monachorum, é composta por um prólogo e 73 capítulos. É possível que ela não seja inteiramente composta por São Bento, mas criada por ele valendo-se de uma regra mais antiga, Regula Magistri, composta por autor desconhecido, na mesma região da Itália, trinta anos antes da composição da Regra de São Bento.[8]. Dom Basilius Steidle propôs as seguintes divisões temáticas para Regra de São Bento[9]:
  1. Estrutura fundamental do mosteiro: capítulos 1-3
  2. A arte espiritual: capítulos 4-7
  3. Oração comum: capítulos 8-20
  4. Organização interna do mosteiro: capítulos 21-52
  5. O mosteiro e suas relações com o mundo: capítulos 53-57
  6. A renovação da comunidade monástica: capítulos 58-65
  7. Porta do Mosteiro e Clausura: capítulo 66
  8. Acréscimos e complementos: capítulos 67-72
  9. Testemunho pessoal de São Bento sobre a Regra: capítulo 73

Evolução histórica

São Bento de Aniane retoma a regra no século IX, antes das invasões normandas; ele a estudou e codificou, dando origem a sua expansão por toda Europa carolíngia, ainda que tenha sido adaptada diversas vezes, conforme diversos costumes. Posteriormente, através da Ordem de Cluny e da centralização de todos os mosteiros que utilizavam a Regra, ela foi adquirindo grande importância na vida religiosa européia durante a Idade Média.

 No século XI surgiu a reforma de Cister, que buscava recuperar um regime beneditino mais de acordo com a regra primitiva. Outras reformas (como a camaldulense, a olivetana ou a silvestriana), buscaram também dar ênfase a diferentes aspectos da Regra de São Bento.

Apesar dos diferentes momentos históricos, nos quais a disciplina, as perseguições ou as agitações políticas causaram uma certa decadência da prática da Regra de São Bento, e mesmo da população monástica, os mosteiros beneditinos conseguiram manter, durante todos os tempos, um grande número de religiosos e religiosas. Atualmente, perto de 700 mosteiros masculinos e 900 mosteiros e casas religiosas femininas, espalhados pelos cinco continentes, seguem a Regra de São Bento. Inclusive algumas comunidades de confissões Luterana e Anglicana.

 A Cruz-Medalha de São Bento

Medalha de São Bento - frente
Medalha de São Bento - verso
A origem da Cruz-Medalha de São Bento é incerta, sabe-se que ela foi redescoberta em 1647, em Nattremberg, na Baviera, por ocasião da condenação de algumas bruxas, que afirmaram não conseguir praticar qualquer tipo de feitiçaria ou encanto contra lugares em que houvesse a imagem da Cruz, em especial, a abadia de São Miguel em Metten. Intrigados com o fato, as autoridades foram averiguar o que existia no mosteiro. Ao entrarem em uma das dependências, observaram entalhadas nas paredes imagens da cruz tal como estão representadas nas Medalhas utilizadas hoje.

 Na biblioteca dessa mesma abadia, encontraram um manuscrito do ano de 1415, o qual continha, além de textos, ilustrações, sendo uma delas a de São Bento, com uma cruz e uma flâmula, com os versos da medalha: Crux sacra sit mea lux, non draco sit mihi dux. Vade retro satana, nunquam suade mihi vana. Sunt mala quae libas, ipse venena bibas". Por esse motivo, estima-se que a origem da imagem da medalha situa-se no século XV.[10]

A medalha, com algumas variações, possui na frente a imagem de São Bento, vestindo o traje monástico - chamado cógula - trazendo na mão direita uma cruz e na mão esquerda uma flâmula ou livro aberto, que representa a Regra. No verso, há uma imagem da cruz. Ambas as faces trazem inscrições em latim, seja apenas letras ou em palavras, a saber:
  • Na frente da medalha:
"Ejus in obitu nostro praesentia muniamur" 
Sejamos protegidos pela sua presença na hora de nossa morte.
  • No verso:
C S P B: Crux Sancti Patris Benedicti - Cruz do Santo Pai Bento
C S S M L: Crux Sacra Sit Mihi Lux - A Cruz Sagrada seja minha luz
N D S M D: Non Draco Sit Mihi Dux - Não seja o dragão o meu guia
V R S: Vade retro, satana! - Para trás, satanás!
N S M V: Nunquam Suade Mihi Vana - Nunca seduzas minha alma
S M Q L: Sunt Mala Quae Libas - São coisas más as que brindas
I V B: Ipse Venena Bibas - Bebas do mesmo veneno
Essa oração, acrescida da jaculatória "Rogai por nós bem aventurado São Bento, para que sejamos dignos das promessas de Cristo", se tornou uma fórmula de oração a São Bento.

Em 1742, o Papa Bento XIV aprovou a medalha, concedendo indulgências a quem a usar e estabelecendo a oração do verso da medalha como uma forma de exorcismo, que se tornou conhecida como Vade retro Satana. Atualmente, uma forma comum da medalha é a que vemos nessas ilustrações, conhecida como Medalha do Jubileu, pois foi cunhada em 1880 por ocasião do XIV Centenário do nascimento de São Bento, pelos monges de Beuron para a abadia de Monte Cassino. Essa medalha acrescenta a palavra pax - paz - no alto da cruz e aos pés de São Bento os dizeres Ex S.M. Casino MDCCCLXXX - Do Santo Monte Casino - 1880.[11]

Cronologia


Ordem de São Bento


Ordem de São Bento
Escudo da Ordem de São Bento (ou Beneditinos)
(O.S.B.)
Lema "Ora et Labora (Reza e Trabalha)"
Fundação Ano de 529
Tipo Ordem religiosa
Sítio oficial www.osb.org

A Ordem de São Bento ou Ordem Beneditina (em Latim: Ordo Sancti Benedicti, sigla O.S.B.) é uma ordem religiosa católica de clausura monástica que se baseia na observância dos preceitos destinados a regular a convivência comunitária. É considerada como a iniciadora do chamado movimento monacal.  

História

A Regula Benedicti foi composta em 529 para a abadia de Monte Cassino, na Itália, por São Bento de Núrsia (480-543), irmão gémeo de Santa Escolástica. Ela preceituava a pobreza, a castidade, a obediência, a oração e o trabalho, bem como a obrigação de hospedar peregrinos e viajantes em seus mosteiros, dar assistência aos pobres e promover o ensino. Por este último motivo, ao lado dos seus mosteiros, havia sempre uma escola, razão pela qual ainda, a ordem tornou-se em um dos centros culturais da idade Média, com as suas bibliotecas reunindo o que restara das obras e ensinamentos da Antiguidade.

Embora a fundação da ordem seja anterior a ele, considera-se que terá verdadeiramente tomado impulso a partir da reunião de vários mosteiros que professavam a regra por ele escrita, isso muito após a sua morte. Mais tarde, os monges dessa ordem passaram a ser conhecidos como "beneditinos". 

Hoje em dia,
 a ordem está espalhada por todo o mundo, 
com mosteiros masculinos e femininos 
(de monges e monjas de clausura).
Seguindo o seu exemplo e inspiração, diversos fundadores de ordens religiosas têm baseado as normas e regras de seus mosteiros na regra deixada por Bento, cujo princípio fundamental é Ora et labora, o que quer dizer "Reza e trabalha."

Os mosteiros beneditinos são sempre dirigidos por um superior que, dependendo da categoria do mosteiro, pode chamar-se prior ou abade. Ele é escolhido pelo restante dos monges. O ritmo de vida beneditino tem como eixo principal o Ofício Divino, também chamado de Liturgia das Horas, que se reza sete vezes ao dia, tal como São Bento havia ordenado. Junto com a intensa vida de piedade e oração, em cada mosteiro se trabalha arduamente em diversas atividades manuais, agrícolas etc. para o sustento e o autoabastecimento da comunidade monástica.

 Papas que pertenceram à Ordem

Papa     Início     Término    e    Período de Pontificado


São Gregório I, o Grande -
3 de Setembro de 590 - 12 de Março de 604   
   14 anos 6 meses e 9 dias

São Bonifácio IV - 25 de Agosto de 608 - 5 de Maio de 615   
   7 anos 9 meses e 10 dias

Papa Adeodato II -
11 de Abril de 672 - 17 de Junho de 676   
   4 anos 2 meses e 6 dias

Papa João IX -  Janeiro de 898 -Janeiro de 900   
   aprox. 2 anos

Papa Leão VII - 3 de Janeiro de 936 - 13 de Julho de 939
   3 anos 6 meses e 10 dias

Papa Silvestre II - 2 de Abril de 999 -12 de Maio de 1003   
   4 anos 1 mês e 10 dias

Papa Estêvão X - 2 de Agosto de 1057  - 29 de Março de 1058   
    7 meses e 27 dias

São Gregório VII - 22 de Abril de 1073  - 25 de Maio de 1086   
    13 anos 1 mês e 3 dias

Beato Vitor III     24 de Abril de 1086 -16 de Setembro de 1087   
    1 ano 4 meses e 23 dias

Papa Gelásio II     10 de Março de 1118 -   29 de Janeiro de 1119   
   10 meses e 19 dias

* Papa Gregório VIII -
21 de Outubro de 1187 -17 de Dezembro de 1187   
    1 mês 26 dias (menor tempo)

Papa Nicolau III - 25 de Novembro de 1277 -22 de Agosto de 1280
 2 anos 9 meses e 28 dias

São Celestino V -
5 de Julho de 1294 - 10 de Dezembro de 1294   
  5 meses e 5 dias

Papa Clemente VI -7 de Maio de 1342 - 6 de Dezembro de 1352   
  10 anos 6 meses e 30dias

Beato Urbano V - 28 de Dezembro de 1362 - 19 de Setembro de 1370   
  7 anos 8 meses e 22 dias

Papa Pio VII  - 14 de Março de 1800 -  20 de Agosto de 1823   
  23 anos 5 meses e 6 dias


Reformas da ordem Beneditina

Durante o transcurso da sua história, a ordem Beneditina sofreu numerosas reformas, devido à eventual decadência da disciplina no interior dos mosteiros. A primeira reforma importante foi levada a cabo por São Juan De Perez Lloma no século X; essa reforma, chamada cluniacense (nome proveniente de Cluny, lugar da França onde se fundou o primeiro mosteiro desta reforma), chegou a tomar um grande impulso a tal ponto que, durante grande parte da idade Média, praticamente todos os mosteiros beneditinos estavam sob o domínio de Cluny.

Os cluniacenses adquiriram grande poder econômico e político e os abades mais importantes chegaram a fazer parte das cortes imperiais e papais. Vários pontífices romanos foram beneditinos provenientes dos mosteiros cluniacenses (Alexandre II, 1061-73; S. Gregório VII, 1073-85; beato Vitor III, 1086-87; beato Urbano II, 1088-99; Pascoal II, 1099-1118; Gelásio II, 1118-19; et cétera).

Tanto poder adquirido levou à decadência da reforma cluniacense, que encontrou uma importante contraparte na reforma cisterciense, palavra proveniente de Cister, na França, onde se fundou o primeiro mosteiro dessa reforma. São Roberto de Molesmes, Santo Estevão Harding e São Roberto de Chaise-Dieu foram os fundadores da Abadia de Cister em 1098. Buscavam afastar-se do estilo cluniacense, que caíra na indisciplina e no relaxamento da vida monástica. O principal objetivo dos fundadores de Cister foi impor a prática estrita da regra de São Bento e o regresso à vida contemplativa.

O principal impulsionador dessa reforma foi São Bernardo de Claraval (1090-1153), que foi discípulo dos fundadores de Cister, tendo ingressado ali por volta de 1108. Foi-lhe encarregada a fundação da abadia de Claraval, da qual foi abade durante uns 38 anos, até sua morte. Bernardo de Claraval converteu-se no principal conselheiro dos papas e vários dos seus monges chegaram igualmente a ocupar a sede pontifícia. Bernardo predicou, também, a Segunda Cruzada. Ao falecer, levava fundados 68 mosteiros da sua ordem.

A reforma cisterciense subsiste até hoje como ordem beneditina independente, dividida igualmente em dois ramos: a Ordem Cisterciense da Comum Observância (O. Cist.) e a Ordem Cisterciense da Estrita Observância (O.C.S.O.), também conhecidos como Trapistas. Estes monges são chamados também "beneditinos brancos", devido à cor do seu hábito religioso, em contraste com os demais monges da Ordem de São Bento, chamados de "beneditinos negros".

Durante a idade Média, surgiram outras reformas importantes da ordem Beneditina. A de São Romualdo (†1027), que deu começo à Reforma Camaldulense. Essa reforma subsiste até hoje em dois ramos: a primeira faz parte da confederação Beneditina (beneditinos negros); a segunda é independente, mas rege-se igualmente pela regra de São Bento. 

Outra reforma importante foi a empreendida por São Juan Gualberto (†1073), que fundou os beneditinos de Valle Umbrosa, pelo lugar na Itália em que se construiu o primeiro mosteiro desta reforma; é igualmente, hoje em dia, uma congregação da confederação Beneditina. A reforma de S. Silvestre (1177-1267), fundou os beneditinos de Montefano, que subsiste também hoje como congregação associada à confederação Beneditina. A reforma do Beato Bernardo Tolomei (1272-1348) deu origem aos beneditinos de Monte Oliveto, hoje também parte integrante da confederação Beneditina.

Após agitados períodos da história, como a Reforma na Alemanha e nos Países Baixos; a expulsão ou execução de religiosos católicos pelo Rei Henrique VIII na Inglaterra; o período revolucionário na França e a decadência da disciplina nos mosteiros, ocorreu uma redução drástica da população de monges. Depois da Revolução Francesa, foi Dom Prosper Guéranger quem fez renascer a ordem beneditina em Solesmes a partir de 1833, na França.

Hábito

Na idade Média, os monges beneditinos usavam camisa de lã e escapulário. O hábito religioso ou vestidura superior é preto, pelo qual foram chamados de "monges negros", em oposição aos cistercienses, que usam túnica e escapulário branco e que são, por isso, denominados "monges brancos".


Papa Gregório VIII

Gregório VIII, O. Præm
173º papa
Nome de nascimento Alberto di Morra
Nascimento Benevento, Itália,
1110
Eleição 19 de Outubro de 1187
Fim do pontificado 11 de Novembro de 1187 (77 anos)
Antecessor Urbano III
Sucessor Clemente III
Listas dos papas: cronológica · alfabética

Gregório VIII (Benevento, 1108 — Pisa, 17 de Dezembro de 1187) foi o 174.º papa da Igreja Católica Romana, eleito em Ferrara a 19 de Outubro de 1187. Nascido Alberto di Morra em Benevento, cerca de 1110, teve um dos mais curtos pontificados da história, governando a Igreja por apenas 56 dias. Faleceu a 17 de Dezembro de 1187, na cidade de Pisa onde se encontrava a participar nos preparativos para a organização da Terceira Cruzada em reacção ao desastre de Hattin e à conquista de Jerusalém pelas tropas de Saladino ocorrida a 2 de Outubro daquele ano. Era Monge Beneditino


Precedido por
Urbano III
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Papa

173.º
Sucedido por
Clemente III

Dia de São Bento.


São Bento de Núrsia, nascido Benedetto da Norcia 
foi um monge italiano, fundador da Ordem dos Beneditinos
até hoje uma das maiores ordens monásticas do mundo.

Foi o criador também da "Regra de São Bento", um dos mais importantes e utilizados regulamentos de vida monástica existentes e inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Foi designado santo padroeiro da Europa e um grande intercessor pelo Papa Paulo VI em 1964, sendo venerado não apenas por católicos, como também por ortodoxos. Foi o fundador da Abadia do Monte Cassino, na Itália (destruída durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente restaurada). É comemorado a 11 de Julho.
História da medalha de São Bento
Sem dúvida a medalha de São Bento é uma das mais veneradas pelos fiéis. A ela se atribuem poder e remédio, seja contra certas enfermidades do homem e animais, ou contra os males que podem afetar o espírito, como as tentações do poder do mal. 

É frequente
 também colocá-la nos cimentos de novos edifícios
 como garantia de segurança e bem-estar 
de seus moradores.
Mais informações: http://www.starnews2001.com.br/benedictus.html

 

São Bento

REGRA MONÁSTICA


Começa o prólogo da regra dos mosteiros.


Escuta, filho, os preceitos de mestre, e inclina o ouvido do teu coração; recebe de boa vontade e executa eficazmente o conselho de um bom pai para que voltes, pelo labor de obediência, àquele de quem te afastaste pela desídia da desobediência. 

A ti, pois, se dirige agora a minha palavra, quem quer que sejas que, renunciando às próprias vontades, empunhas as gloriosas e poderosíssimas armas da obediência para militar sob o Cristo Senhor, verdadeiro Rei. 

Antes de tudo, quando encetares algo de bom, pede-lhe com oração muito insistente que seja por ele plenamente realizado, a fim de que nunca venha a entristecer-se, por causa das nossas más ações, aquele que já se dignou contar-nos no número de seus filhos. Assim, pois, devemos obedece-lo em todo o tempo, usando de seus dons a nós concedidos, para que não só não venha jamais, como pai irado, a deserdar seus filhos, nem tenha também, qual Senhor temível, irritado com nossas más ações, de entregar-nos à pena eterna como péssimos servos que o não quiseram seguir para a glória.
Levantemo-nos então finalmente, pois a escritura nos desperta dizendo: 


"Já é hora de nos levantarmos do sono".



Rom. 13, 11 
 
E, com os olhos abertos para a luz deífica, ouçamos, ouvidos atentos, o que nos adverte a voz divina que clama todos os dias: 


"Hoje, se ouvirdes a sua voz,
não permitais que se endureçam vossos corações",



Salmo 94, 8 
 
e de novo:

"Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça o que o Espirito diz às igrejas".



Apoc. 2, 7 
 
 
E que diz?

"Vinde, meus filhos, ouvi-me,
eu vos ensinarei o temor do Senhor.
Correi enquanto tiverdes a luz da vida,
para que as trevas da morte não vos envolvam".



Salmo 33, 12
Jo. 12, 35 
 
E, procurando o Senhor o seu operário na multidão do povo ao qual clama estas coisas, diz ainda: 


"Qual é o homem que quer a vida
e deseja ver dias felizes?"



Salmo 33, 13 
 
 
Se, ouvindo, responderes: "Eu", dir-te-á Deus:

"Se queres possuir
a verdadeira e perpétua vida,
guarda a tua língua de dizer o mal
e que teus lábios não profiram a falsidade,
afasta-te do mal e faze o bem,
procura a paz e segue-a.
E quando tiveres feito isso,
estarão meus olhos sobre ti
e meus ouvidos junto às tuas preces,
e antes que me invoques dir-te-ei:
`Eis-me aqui' ".



Salmo 33, 14-16 
 
Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos, do que esta voz do Senhor a convidar-nos? Eis que pela sua piedade nos mostra o Senhor o caminho da vida.
Cingidos, pois, os rins com a fé e a observância das boas ações, guiados pelo Evangelho, trilhemos os seus caminhos, para que mereçamos ver aquele que nos chamou para o seu reino. Se queremos habitar na tenda real do acampamento deste reino, é preciso correr pelo caminho das boas obras, de outra forma nunca há de se chegar lá. Mas, com o profeta, interroguemos o Senhor, dizendo-lhe: 


"Senhor, quem habitará na vossa tenda
e descansará na vossa montanha santa?"


Salmo 14, 1 
 
Depois desta pergunta, irmãos, ouçamos o Senhor que responde e nos 


"É aquele que caminha sem mancha
e realiza a justiça;
aquele que fala a verdade no seu coração,
que não traz o dolo em sua língua,
que não faz o mal ao próximo
e não dá acolhida à injúria
contra o seu próximo".



Salmo 14, 2-3 
 
É aquele que quando o maligno diabo tenta persuadi-lo de alguma coisa, repelindo-o das vistas de seu coração, a ele e às suas sugestões, redu-lo a nada, agarra os seus pensamentos ainda ao nascer e quebra-os de encontro ao Cristo. São aqueles que, temendo o Senhor, não se tornam orgulhosos por causa da sua boa observância mas, julgando que mesmo as coisas boas que têm em si não as puderam por si, mas foram feitas pelo Senhor, glorificam Aquele que neles opera, dizendo com o profeta: 


"Não a nós, Senhor, não a nós,
mas ao vosso nome dai glória".



Salmo 113, 9 
 
 
Como, aliás, o Apóstolo Paulo não atribuía a si próprio coisa alguma de sua pregação, quando dizia:

"Pela graça de Deus sou o que sou".



I Cor. 15, 10 
 
E ainda:

"Quem se glorifica,
que se glorifique no Senhor".



II Cor. 10, 17 
 
 
Eis porque no Evangelho diz o Senhor:

"Aquele que ouve estas minhas palavras
e as põe em prática,
compará-lo-ei ao homem sábio
que edificou sua casa sobre a pedra.
Cresceram os rios,
sopraram os ventos
e investiram sobre a casa,
e ela não ruiu
porque estava fundada sobre a pedra".



Mt. 7, 24-25 
 
 
Em conclusão, espera o Senhor todos os dias que nos empenhemos em responder com atos às suas exortações. Por essa razão, os dias desta vida nos são prolongados como tréguas para emenda dos nossos vícios, conforme diz o Apóstolo:

"Então ignoras que a paciência de Deus
te conduz à penitência?"



Rom. 2, 4 
 
Pois diz o bom Senhor :

"Não quero a morte do pecador,
mas sim que se converta e viva".



Ez. 33, 11 
 
 
Como, pois, irmãos, interrogássemos o Senhor a respeito de quem mora em sua tenda, ouvimos em resposta, qual a condição para lá habitar: a nós compete cumprir com a obrigação do morador! 

Portanto, é preciso preparar nossos corações e nossos corpos para militar na santa obediência dos preceitos; e em tudo aquilo que a nossa natureza tiver menores possibilidades, roguemos ao Senhor que ordene à sua graça que nos preste auxílio. E se, fugindo das penas do inferno, queremos chegar à vida eterna, enquanto é tempo e ainda estamos neste corpo e é possível realizar todas estas coisas no decorrer desta vida de luz, cumpre correr e agir, agora, de forma que nos aproveite para sempre. 

Devemos, pois, constituir uma escola de serviço do Senhor. Nesta instituição esperamos nada estabelecer de áspero ou de pesado. Mas se aparecer alguma coisa um pouco mais rigorosa, ditada por motivo de eqüidade, para emenda dos vícios ou conservação da caridade, não fujas logo, tomado de pavor, do caminho da salvação, que nunca se abre senão por estreito início. Mas, com o progresso da vida monástica e da fé, dilata-se o coração e com inenarrável doçura de amor é percorrido o caminho dos mandamentos de Deus. De modo que não nos separando jamais do seu magistério e perseverando no mosteiro, sob a sua doutrina, até a morte, participemos, pela paciência, dos sofrimentos do Cristo a fim de também merecermos ser co-herdeiros de seu reino. Amém.






Ver também

 Li-Sol-30
 
Fontes:
 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Publicado em 07/09/2012 por
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