Gregorian Chant Monastic Choir Abbey...-
Abadia de Solesmos - 45m
Verdade
A busca pela verdade é um caminho contínuo.
A palavra verdade pode ter vários significados,1 2 desde “ser o caso”, “estar de acordo com os fatos ou a realidade”, ou ainda ser fiel às origens ou a um padrão. Usos mais antigos abarcavam o sentido de fidelidade, constância ou sinceridade em atos, palavras e caráter. Assim, "a verdade" pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores. Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção, questões centrais tanto em antropologia cultural, artes, filosofia e a própria razão. Como não há um consenso entre filósofos e acadêmicos, várias teorias e visões a cerca da verdade existem e continuam sendo debatidas.
Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do oposto da mentira. Daí seu texto "como filosofar com o martelo".3
Mas para a filosofia de René Descartes a certeza é o critério da verdade.
Quem concorda sinceramente com uma frase está alegando que ela é verdadeira. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. A epistemologia se ocupa do conhecimento da verdade.
O primeiro problema para os filósofos é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, qual o portador da verdade (em inglês truth-bearer). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade. Há teorias robustas que tratam a verdade como uma propriedade. E há teorias deflacionárias, para as quais a verdade é apenas uma ferramenta conveniente da nossa linguagem. Desenvolvimentos da lógica formal trazem alguma luz sobre o modo como nos ocupamos da verdade nas linguagens naturais e em linguagens formais.
Há ainda o problema epistemológico do conhecimento da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é subjetiva, talvez determinada pela introspecção. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.
Filósofos analíticos apontam que a visão relativista é facilmente refutável.
A refutação do relativismo, como Aquino colocou, basea-se no fato de que é difícil para alguém declarar o relativismo sem se colocar fora ou acima da declaração. Isso acontece por que se uma pessoa declara que "Todas as verdades são relativas", aparece a dúvida se essa afirmação é ou não é relativa. Se a declaração não é relativa; então, ela se auto-refuta.
Ela se refuta por que a declaração encontra uma verdade sobre relativismo que determina que uma importante verdade relativista não é relativa.
Por que a declaração não é relativa, o ouvinte é forçado a concluir que a declaração "Todas as verdades são relativas" é uma declaração falsa.
Por outro lado, se todas as verdades são relativas, incluindo a afirmação de que "Todas as verdades são relativas", nesse caso, se for relativa aos desejos do ouvinte, então, se ele não quer acreditar que "Todas as verdades são relativas", ele não é obrigado a crer na afirmação.
Nesse caso é o desejo dele contra o desejo de quem afirma. Por que as verdades são relativas, ele é livre para acreditar em qualquer varição da verdade. Ele pode, inclusive, crer que "Todas as verdades são absolutas"
O portador da verdade
Os filósofos chamam qualquer entidade que pode ser verdadeira ou falsa de portador da verdade. Assim, um portador da verdade, no sentido filosófico, não é uma pessoa ou Deus.4Para alguns filósofos, alguns portadores da verdade são primitivos; outros são derivados. Filósofos dizem, por exemplo, que as proposições são as únicas coisas literalmente verdadeiras. Uma proposição é uma entidade abstrata a qual é expressa por uma frase, defendida em uma crença ou afirmada em um juízo. Nossa capacidade de apreender proposições é a razão ou entendimento. Todas essas manifestações da linguagem são ditas verdadeiras apenas se expressam, defendem ou afirmam proposições verdadeiras. Assim, frases em diferentes línguas, como por exemplo o português e o inglês, podem expressar a mesma proposição. A frase "O céu é azul" expressa a mesma proposição que a frase "The sky is blue".[carece de fontes]
Já para outros filósofos proposições e entidades abstratas em geral são misteriosas, e por isso pouco auxiliam na explicação. Por isso tomam as frases e outras manifestações da linguagem como os portadores da verdade fundamentais. [carece de fontes]
Tipos de verdade
A verdade é uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (desejo de crer que algo seja verdade), e confirmada por equações matemáticas e lingüísticas formando um modelo capaz de prever acontecimentos futuros diante das mesmas coordenadas.[carece de fontes]- Verdade material é a adequação entre o que é e o que é dito.
- Verdade formal é a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as regras de inferência a partir de postulados e axiomas aceitos.
- É uma verdade analítica a frase na qual o predicado está contido no sujeito. Por exemplo: "Todos os porcos são mamíferos".
- É uma verdade sintética a frase na qual o predicado não está contido no sujeito.
- Sofisma é todo tipo de discurso que se baseia num antecedente falso tentando chegar a uma conclusão lógica válida.
Teorias metafísicas da verdade
Verdade como correspondência ou adequação
A teoria correspondentista da verdade é encontrada no aristotelismo (incluindo o tomismo). De acordo com essa concepção, a verdade é a adequação entre aquilo que se dá na realidade e aquilo que se dá na mente.A verdade como correspondência foi definida por Aristóteles no tratado Da Interpretação, no qual ele analisa a formação das frases suscetíveis de serem verdadeiras ou falsas. Uma frase é verdadeira quando diz que o que é é, ou que o que não é não é. Uma frase é falsa quando diz que o que é não é, ou que o que não é é.
O problema dessa concepção é entender o que significa correspondência. É um tipo de semelhança entre o que é e o que é dito? Mas, que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas?
O método científico, por exemplo, estabelece procedimentos para se realizar essa correspondência. Nesse caso um juízo de verdade V é então legitimado, de forma tal que a comunidade de cientisitas (que partilham entre si conhecimento e experiências) aceita/certifica como verdadeira a proposição P, oriunda da correspondência realizada entre P(V) e a "realidade empírica", via método científico.
Verdade por correspondência
1ºO conceito de verdade como correspondência é o mais antigo e divulgado. Pressuposto por muitas das escolas pré-socráticas, foi pela primeira vez, explicitamente formulado por Platão com a definição do discurso verdadeiro que dá no Cratilo: "Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso é aquele que as diz como não são." (Crtas.,385b;v.Sof.,262 e; Fil.,37c). Por sua vez Aristóteles dizia: "Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é a verdade." (Met.,IV,7,1011b 26 e segs.;v.V,29.1024b 25).Aristóteles enunciava também os dois teoremas fundamentais deste conceito da verdade. O primeiro é que a verdade está no pensamento ou na linguagem, não no ser ou na coisa (Met.,VI,4,1027 b 25). O segundo é que a medida da verdade é o ser ou a coisa, não o pensamento ou o discurso: de modo que uma coisa não é branca porque se afirma com verdade que é assim; mas se afirma com verdade que é assim, porque ela é branca. (Met., IX, 10,1051 b 5).
Desmenção
De acordo com a teoria desmencionista da verdade, para chegarmos à verdade de uma proposição basta tirarmos as aspas da mesma. Por exemplo, a proposição "A neve é branca" é verdadeira se, e somente se, a neve é branca.Deflacionismo
De acordo com o deflacionismo, o predicado de segunda ordem "É verdade que …" não acrescenta nada à frase de primeira ordem à qual ele é aplicado. Por exemplo, não há nenhuma diferença lógica entre a frase "É verdade que a água é molhada" e a frase "A água é molhada".5Desvelamento
Segundo esta concepção, verdade é desvelamento. Conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser. Nas versões modernas do desvelamento, mais pragmáticas, a verdade é algo "sempre em construção", e que portanto sempre vai possuir "valor verdade" inferior a 100%.Posição típica de Martin Heidegger (em Ser e tempo, parágrafo 44, e na conferência "A essência da verdade").
Pragmatismo
Para o pragmatismo a verdade é o valor de uma coisa.6 Em Habermas a verdade se confunde com a validade intersubjetiva, ou consenso. Se uma proposição não é submetida ao crivo da comunidade, nada se pode dizer sobre sua falsidade.No Empirismo o pragmatismo não se opõe à correspondência, mas se funde a ela: a "verdade empírica" como correspondência obtida por consenso na comunidade científica.
Teorias da verdade
Teorias da verdade são teorias que fornecem uma definição de verdade para uma linguagem. 1A controvérsia sobre as teorias da verdade tem recentemente sido colocada em três partes: 1) O que é verdadeiro? É uma crença, uma proposição, uma afirmação ou uma frase?; 2) E a que corresponde: a um estado de coisas, a uma situação, a uma realidade, ou a um fato?; 3) E que relação é essa a que se chama correspondência entre o que é verdadeiro e o que o faz verdadeiro? 2
Precisamos de uma teoria acerca do que é verdade. A noção de verdade ocorre frequentemente nas nossas reflexões sobre a linguagem, o pensamento e a ação. Em princípio, a verdade é o objectivo genuíno da investigação científica. Uma teoria explícita da verdade é essencial, pois a questão da verdade parece ser bem mais complexa do que a ideia de correspondência faz parecer. Todavia, descobrir o que seria a verdade pode muito bem estar fora do nosso alcance. 3
Introdução: perguntas filosóficas sobre a verdade
Há várias perguntas filosoficamente relevantes que se pode fazer a respeito da verdade, e há mais de uma resposta a cada uma delas na história da filosofia, embora algumas predominem. As principais questões são:Pergunta metafísica: O que é (no que consiste) a verdade? Essa pergunta tem uma versão mais tradicional: Qual é a essência ou natureza da verdade? A essência ou natureza de uma coisa X é tradicionalmente concebida como o conjunto das condições necessárias e suficientes para que algo seja X, ou seja, como o conjunto das características que todos os Xs possuem e apenas os Xs possuem. (A metafísica é tradicionalmente concebida como a disciplina filosófica que estuda a essência das coisas e determina que tipos de coisas existem (ontologia).)
Pergunta epistemológica: Como podemos conhecer a verdade? O conhecimento é concebido tradicionalmente como crença verdadeira justificada. Sendo assim, a pergunta epistemológica pode ser formulada assim: como podemos ter crenças verdadeiras justificadas? (A epistemologia é tradicionalmente concebida como a disciplina filosófica que estuda a essência e possibilidade do conhecimento.)
Pergunta Semântica: Qual é o significado da palavra "verdade"? A explicação do significado de uma palavra é geralmente denominada "definição", num sentido amplo. Nesse sentido amplo, a pergunta semântica pode ser reformulada assim: Qual é a definição da palavra "verdade"? Mas há uma pergunta mais geral: qual é a função da palavra "verdade"? (A semântica é tradicionalmente concebida como a parte da filosofia da linguagem que estuda o significado, ou, como algumas vezes é dito, a relaçao entre as expressões linguísticas e aquilo que elas significam. Mas essa última formulação pode levar a mal-entendidos.)
Há controvérsia sobre qual é a relação entre essas perguntas. Por exemplo: a pergunta metafísica e a pergunta epistemológica não são a mesma pergunta?
A resposta a essa questão depende muito de como entendemos (como explicamos o significado de) "significado", algo que também é matéria de controvérsia (W. V. Quine, p.ex., acredita que essa palavra, bem como todas as noções intencionais, não tem utilidade teórica). Se o significado de "verdade" é completamente determinado pelos critérios nos quais nos baseamos para usar essa palavra e a essência da verdade é independente desses critérios, ou seja, se podemos usar a palavra "verdade" e ignorar, ao menos parcialmente, sua essência, então uma análise do significado da palavra "verdade" não fornecerá necessariamente conhecimento sobre a essência da verdade. Além disso, alguns filósofos pensam que a resposta correta à pergunta semântica implica uma dissolução da pergunta metafísica (cf. teoria da verdade como redundância em "Deflacionismo" infra). Se a essência do conhecimento é constituída parcialmente pela verdade (conhecimento = crença verdadeira justificada), então isso mostra que verdade e conhecimento não podem ser a mesma coisa.
Não obstante, alguns filósofos tentaram reduzir a verdade total ou parcialmente ao conhecimento e outros deram a mesma resposta à pergunta metafísica e à pergunta epistemológica. Seja como for, uma resposta à pergunta epistemológica depende de uma resposta à pergunta metafísica. Por outro lado, as respostas à pergunta semântica têm relevância filosófica na medida em que determinam em alguma medida a resposta à pergunta metafísica. Por isso, o restante desse verbete se concentra na pergunta metafísica. Normalmente é assim que os verbetes sobre a verdade se estruturam. Eles apresentam teorias da verdade, ou seja, teorias sobre a essência da verdade.
Dois usos de "verdadeiro"
Antes da apresentação das principais teorias da verdade, convém chamar atenção para uma distinção importante entre dois usos de "verdadeiro".Uso objetual
Algumas vezes atribuímos verdade a objetos materiais, como quando dizemos "isso é ouro verdadeiro". Mas há uma distinção essencial entre esse uso do predicado "é verdadeiro" e o uso em que atribuímos (ao menos aparentemente) a verdade a coisas que dizemos (ou pensamos, ou cremos, etc). Ouro falso não é um tipo de ouro. Ouro falso é um metal que parece ouro, mas não é. Ouro verdadeiro é um metal que não apenas parece ouro, mas é ouro. Nesse uso, "verdadeiro" é sinônimo de "genuíno".Uso semântico
Uma frase (ou enunciado, ou pensamento, ou crença, etc.) falsa não deixa de ser uma frase por ser falsa. (O problema dos enunciados falsos do Sofista de Platão surge justamente porque um certo argumento de Parmênides conclui que não pode haver enunciados falsos, que um enunciado falso, tal como o ouro falso, não é um tipo de enunciado.) Nesse uso, de "verdadeiro" não é sinônimo de "genuíno". Há relações sistemáticas entre o uso objetual e o semântico de "verdadeiro". Eles podem aparecer na mesma frase. Por exemplo: "A frase 'Esse pedaço de metal é ouro verdadeiro' é verdadeira". Mas, quando se fala de teorias da verdade nesse verbete, é o uso semântico que está em questão.Portadores de verdade
Um portador de verdade é o que quer que se possa dizer verdadeiramente que é verdadeiro. Há muita controvérsia sobre a natureza dos portadores de verdade. Alguns acreditam que apenas um ou alguns dos candidatos a portadores de verdade são portadores de verdade genuínos ou primitivos enquanto outros não o são ou o são apenas derivadamente. Mas há quem ache essa controvérsia inútil, na medida em que qualquer coisa poderia ser portador de verdade. Os principais candidatos são: frases individuais (em inglês token sentences), tipos de frases (em inglês type sentences), enunciados, proposições ou pensamentos e crenças. Nem sempre é clara a distinção entre esses candidatos e, muitas vezes o mesmo candidato recebe diferentes nomes de diferentes filósofos. Mas, em geral, se reconhece a diferença entre uma frase, que é um objeto físico, e aquilo que dizemos ao usar uma frase, o conteúdo da frase. As frases individuais "Está chovendo" e "It is raining", p.ex., dizem a mesma coisa. De modo mais geral ainda, se reconhece a diferença entre uma frase e o ato linguístico realizado ao se usá-la. Uma frase da forma gramatical interrogativa, p.ex., pode ser usada tanto para fazer uma pergunta quanto para fazer um pedido ("Você não quer abrir a porta?"). A maneira correta de caracterizar esse ato linguístico no caso das atribuições de verdade (frases da forma "'p' é verdadeira") é matéria de controvérsia. Também geralmente se reconhece a diferença entre uma crença e sua expressão lingüística. Uma crença é geralmente concebida como uma entidade mental, que pode ocorrer na mente de animais que não possuem linguagem. Para evitar essas controvérsias sobre portadores de verdade, no que se segue se falará apenas de portadores de verdade, sem especificar sua natureza.Teorias metafísicas da verdade
Há quatro grupos principais de respostas à pergunta metafísica: teorias correspondentistas, teorias coerentistas, teorias pragmatistas e teorias deflacionárias.Teorias correspondentistas
Teorias da verdade desse grupo são as mais aceitas, entre outras coisas por causa do seu caráter intuitivo. Nossas intuições pré-filosóficas sobre a verdade geralmente nos inclinam a explicar a verdade em termos de correspondência (como podemos ver nas definições de "verdade" da maioria dos dicionários). Segundo as teorias correspondentistas, a verdade é uma relação (ou propriedade relacional) entre dois tipos de entidades: um portador de verdade e um gerador de verdade, isto é, aquilo que torna esse portador verdadeiro (em inglês truth maker). O gerador de verdade é algumas vezes denominado estado de coisas, ou fato. A teoria diz que o portador de verdade f expressa ou representa o gerador de verdade p (f diz que p) e que o portador é verdadeiro quando o gerador de verdade ocorre ou é atual. Mais formalmente:(f)(f é verdadeiro se, e somente se, f diz que p e p)
Há dois tipos de teorias da correspondência: correspondência como congruência e correspondência como correlação. A correspondência como congruência exige que os elementos do gerador de verdade e do portador de verdade estejam estruturados de maneira análoga. (Ludwig Wittgenstein, no Tractatus Logico-Philosophicus e Bertrand Russell). A teoria da correspondência como correlação não exige esse isomorfismo (John Langshaw Austin).
Geralmente se considera Aristóteles como um defensor de uma teoria da verdade como correspondência. Ele diz na Metafísica que "Dizer do que é que é e do que não é que não é é dizer a verdade e dizer do que é que não é e do que não é que é é dizer algo falso". Mas há quem diga que essa passagem pode ser interpretada como a expressão de uma teoria deflacionária da verdade (cf. infra).
Alguns acreditam que toda teoria correspondentista da verdade é uma teoria realista da verdade. Isso depende de como definimos "realismo" nesse contexto. Se uma teoria realista da verdade é aquela que concebe os geradores de verdade (os estados de coisas ou fatos) como entidades independentes da nossa mente, então parece que poderia haver uma teoria correspondentista não-realista da verdade, isto é uma teoria que concebe os geradores de verdade como dependentes da nossa mente. Mas "independente da mente" é uma expressão ambígua. Algo pode ser independente da nossa mente quanto à existência ou quanto aos nossos estados intensionais (pensamento, crença ou conhecimento). Algo pode ser concebido como independente dos nossos estados intensionais, mas não independente da existência da nossa mente (ou de alguma mente). Se uma teoria realista da verdade exige apenas que os geradores de verdade sejam independentes dos nossos estados intensionais, então uma teoria da correspondência que concebesse os geradores de verdade como dependentes da existência da nossa mente (ou de alguma mente) seria realista.
Não se deve confundir a definição correspondentista de "verdade" e o que Alfred Tarski chama de esquema T:
(T) "p" é verdadeira se, e somente se, p
Acreditar que as instâncias desse esquema (ou seja, os portadores de verdade que têm essa forma) são verdadeiras não implica aceitar a teoria correspondentista da verdade. Dizer que "'p' é verdadeira" equivale a "p" não é o mesmo que dizer que "p" é verdadeira porque p. Enquanto a equivalência é uma relação simétrica, a relação expressa por "porque" não é. Em outras palavras: dizer "'p' é verdadeira se, e somente se, p" e "p se, e somente se,'p' verdadeira" é dizer a mesma coisa, mas dizer "'p' é verdadeira porque p" não é o mesmo que dizer "p porque 'p' é verdadeira", salvo se quisermos negar que possa ocorrer fatos (geradores de verdade) aos quais não corresponde nenhum portador de verdade. Parece intuitivo supor que há estados de coisas ou fatos que não são representados por nenhum portandor de verdade.
A chamada concepção semântica da verdade de Alfred Tarski é apresentada por ele como uma versão da teoria da verdade como correspondência. Mas há quem discorde disso e a veja como precursora do deflacionismo. Uma das motivações da teoria de Tarski era evitar que o paradoxo do mentiroso fosse formulado em uma linguagem que estivesse de acordo com a concepção semântica da verdade. Em tal linguagem o predicado "é verdadeiro" nunca é usado para atribuir verdade aos portadores de verdade da própria linguagem (metalinguagem), mas apenas aos portadores de verdade de uma linguagem objeto. Segundo Tarski a linguagem ordinária permite a formulação do paradoxo do mentiroso porque nela o predicado "é verdadeiro" atribui verdade aos portadores de verdade da própria linguagem ordinária.
Teorias coerentistas
Segundo as teorias coerentistas da verdade, a verdade é uma relação (ou propriedade relacional) não entre os portadores de verdade e os geradores de verdade, mas entre os próprios geradores de verdade. A teoria diz que um portador de verdade é verdadeiro se faz parte de um conjunto coerente de portadores de verdade. A coerência é geralmente definida (quando é) do seguinte modo: um conjunto de portadores de verdade é coerente quando nenhum contradiz o outro e quando qualquer subconjunto desse conjunto implica os demais portadores de verdade do conjunto. Mas não poderia haver dois conjuntos internamente coerentes de portadores de verdade de tal forma que um contradissesse o outro? Qual dos dois então teria portadores de verdade verdadeiros? É para evitar essa dificuldade que se costuma complementar a definição coerentista de verdade do seguinte modo: um portador de verdade é verdadeiro quando faz parte de um conjunto coerente de crenças que descreve completamente o mundo. Um romance de ficção, por exemplo, não atende a essa última exigência, apesar de ser internamente coerente. Mais formalmente:(f)(f é verdadeiro se, e somente se, f faz parte de um conjunto coerente de portadores de verdade que descreve completamente o mundo)
Teorias pragmatistas
Não é muito claro se, de acordo com as teorias pragmatistas da verdade, a verdade é uma propriedade que os portadores de verdade possuem independentemente das relações que mantêm entre si ou com geradores de verdade. A teoria diz que um portador de verdade é verdadeiro quando a crença na sua verdade é útil. Geralmente se acrescenta que essa utilidade deve ser medida a longo prazo. Uma crença imediatamente útil pode mostrar-se um obstáculo para a ação a longo prazo. A utilidade em questão é referente principalmente às ações de lidar com objetos no mundo, comunicar-se, prever e explicar acontecimentos. Mais formalmente:(f)(fé verdadeiro se, e somente se, a crença que f é verdadeiro é útil a longo prazo)
Teorias deflacionárias
Segundo as teorias deflacionárias da verdade, a verdade não é uma propriedade substancial, cuja natureza esteja oculta à espera de uma descoberta. Essa tese é sustentada através de uma análise da função do predicado "é verdadeiro". A função desse predicado é trivial e pode ser completamente explicada por meio do esquema T. (Mas aceitar que as instâncias do esquema T são verdadeiras não é o mesmo que aceitar o deflacionismo, ou seja, que a função do predicado "é verdadeiro" pode ser completamente explicada por meio do esquema T.) Para os deflacionistas, as teorias tradicionais da verdade estão todas equivocadas justamente porque supõem que a verdade é uma propriedade substancial cuja natureza oculta deve ser exibida por uma teoria. Há dois tipos de teorias deflacionárias da verdade: a teoria da verdade como redundância e o minimalismo.De acordo com a teoria da verdade como redundância (geralmente atribuída a Frank P. Ramsey e às vezes chamada de teoria descitacional da verdade [em inglês disquotational theory of truth]), o esquema T é uma equivalência intencional, ou seja, uma sinonímia de acordo com a qual "'p' é verdadeira" significa o mesmo que "p" e, por isso, "é verdadeira" é redundante. Para o teórico da redundância, a verdade não é uma propriedade substancial porque não é propriedade nenhuma. A expressão "é verdadeira" é um pseudopredicado que não denota nenhuma propriedade. Com base nisso o teórico da verdade como redundância sustenta que o predicado "é verdadeiro" é eliminável da linguagem sem perda de capacidade expressiva. Isso significa que poderíamos dizer tudo o que dizemos usando esse predicado sem usá-lo.
De acordo com o minimalismo (defendido por Paul Horwich), o esquema T é uma equivalência essencial (extensional necessária), mas não intencional. O minimalista acredita que o predicado "é verdadeiro" não é eliminável da linguagem sem perda de capacidade expressiva. Segundo o minimalista, o predicado "é verdadeira" é um predicado genuíno que denota uma propriedade genuína, não uma propriedade substancial, mas uma propriedade lógica. (O minimalista tem uma concepção minimalista de predicado e propriedade.)
Segundo o minimalismo, o conceito de verdade é neutro com relação à controvérisa entre realistas e anti-realistas.
Frases sobre Verdade
"A verdade jamais é pura e raramente é simples." (Oscar Wilde)"A mentira roda meio mundo antes da verdade ter tido tempo de colocar as calças."
(Winston Churchill)
"A menos que seu coração, sua alma, e todo seu ser estejam atrás de toda decisão que você toma, as palavras de sua boca estarão vazias, e cada ação será sem sentido. Verdade e confiança são as raízes de felicidade." (Autor desconhecido)
"Não há nada que conduza à verdade. Temos que navegar por mares sem roteiros para encontrá-la." (J. Krisnamurti)
"Dentre os mais dignos predicados de um homem está o de saber dizer a verdade."
(Renato Kehl)
"O destino das grandes verdades é este: começam como heresias e acabam como superstições." (Thomas Huxley)
"A verdade é inconvertível, a malícia pode atacá-la, a ignorância pode zombar dela, mas no fim; lá está ela." (Winston Churchill)
"Verdade, em assuntos de religião, simplesmente é a opinião que sobreviveu." (Oscar Wilde)
"Para que discutir com os homens que não se rendem às verdades mais evidentes? Não são homens, são pedras. Tenho um instinto para amar a verdade; mas é apenas um instinto." (Voltaire)
"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso." (Bertolt Brecht)
"Para toda beleza há um olho em algum lugar para vê-la. Para toda verdade há um ouvido em algum lugar para ouvi-la. Para todo amor há um coração em algum lugar para recebê-lo." (Ivan Panin)
"A verdade é a melhor camuflagem. Ninguém acredita nela." (Max Frich)
"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontraram." (André Gide)
"A verdade se corrompe tanto com a mentira como com o silêncio." (Cícero)
"Há apenas duas épocas da vida nas quais a verdade se revela utilmente a nós: na juventude, para nos instruir; e na velhice, para nos consolar. No tempo das paixões, a verdade nos abandona." (Mme. de Lambert)
"Ama a verdade, mas perdoa o erro." (Voltaire)
"A convicção de que há só uma verdade, e que a si mesmo está em posse dela, é a raiz de todo o mal no mundo." (Max Born)
"A verdade é filha do tempo, não da autoridade." (Francis Bacon)
"Toda verdade inédita começa como heresia e acaba como ortodoxia."
(Thomas Huxley)
"A verdade em um tempo é erro em outro." (Barão de Montesquieu)
"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso." (Autor desconhecido)
"Só encontramos a nós mesmos depois de encarar a verdade." (Pearl Bailey)
"Um homem pode ocasionalmente tropeçar na verdade, mas na maior parte das vezes ele se recupera e vai em frente." (Winston Churchill)
"Todas as grandes verdades começam como blasfêmias." (George Bernard Shaw)
"Toda a nossa vida é uma primavera, porque temos em nós a verdade que não envelhece e essa verdade anima toda a nossa caminhada." (Cirilo de Alexandria)
"Todo erro se apoia numa verdade da qual se tem abusado." (Whillein Bousset)
"Entre as drogas que alteram o pensamento, a melhor é a verdade." (Lily Tomlin)
"O começo da sabedoria é encontrado na dúvida; duvidando começamos a questionar, e procurando podemos achar a verdade." (Pierre Abelard)
"Fale sua verdade calmamente e claramente; e escute a dos outros, até mesmo para o estúpido e o ignorante, eles também têm suas histórias." (Max Ehrman)
"O mal dos que creem serem os donos da verdade é que quando precisam demonstrar não acertam nada." (Camilo José Cela)
"As verdades convertem-se em dogmas desde o momento em que começam a ser discutidas." (G. K. Chesterton)
"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso." (Bertolt Brecht)
"Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas." (Friedrich Nietszche)
"Sempre que você tem a verdade ela precisa ser dada com amor, ou a mensagem e o mensageiro serão rejeitados." (Mahatma Gandhi)
"A verdade não pode escandalizar." (Marilena Chauí)
"Toda violação da verdade não é apenas uma espécie de suicídio do mentiroso, é também uma punhalada na saúde da sociedade humana." (Ralph Waldo Emerson)
"Pode ser verdade que agimos como escolhemos. Mas, podemos escolher? Não é a nossa escolha determinada por causas que nos escapam?" (J. A. Froude)
"Em uma discussão, no momento em que nós sentimos raiva, nós deixamos de nos esforçar para a verdade e começamos a nos esforçar para nós mesmos." (Abraham J. Heschel)
"A verdade é o que é, e segue sendo verdade até que se pense ao contrário."
(Antonio Machado)
Li-Sol-Sou-30
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://www.sitequente.com/frases/verdade.html