É um prazer estender o tapete vermelho e dar as boas-vindas a você,
mui gentil leitor. Este é um blog que vai se dedicar a explorar a
relação entre ciência e religião de modo geral, as conexões entre a
teoria da evolução e a fé religiosa de modo mais específico, e — pelo
bem da minha sanidade mental (hehehe) —, simplesmente celebrar a beleza e
o poder explicativo da biologia evolutiva, às vezes (e espero que sejam
muitas vezes).
Talvez você já tenha me visto enfiar a mão nessa cumbuca em outros
carnavais. Quando era repórter do portal “G1″, eu tinha duas atribuições
semanais (que pra mim eram complementares, mas talvez soassem
contraditórias pra muita gente): mantinha o blog “Visões da Vida”, que
acabaria dando origem ao meu livro, “Além de Darwin”, sobre evolução; e
produzia reportagens para a seção “Ciência da Fé”, inventada por este
seu criado e justamente destinada a lançar um olhar científico sobre o
passado e o presente das religiões.
Achei que estava na hora de juntar
as coisas de forma mais coerente e, graças à boa vontade desta Folha, ei-las aqui — pra vocês verem que esse papo de “a vida ensina” nem sempre funciona.
Digo isso na base da brincadeira, assim como meus colegas da editoria
de “Ciência+Saúde” brincaram dizendo que o presente blog ia virar o
maior ímã de “hate mail” (e-mails raivosinhos e comentários
vociferantes) da história do jornalismo científico brasileiro. Eu me
acostumei a tomar muita porrada por lidar com esses temas no “G1″, e não
vejo por que seria diferente aqui. As pessoas simplesmente não gostam
de misturar essas estações. O que talvez seja a principal razão para misturá-las, diga-se de passagem.
OBJETIVIDADE?
Se existe alguma coisa a respeito da qual eu sou agnóstico tendendo a
ateu, ela se chama objetividade jornalística. Não acho que seja
possível assumir uma postura de distanciamento olímpico diante dos
assuntos que realmente importam e, por isso, quero deixar meu
ponto de vista claro antes de explicar por que diabos escolhi a temática
desse blog. Tenha paciência comigo.
Sou católico, do tipo que só não entrou pro seminário porque queria
ser marido e pai (beleza, ainda dá pra tentar ser diácono quando eu me
aposentar). Minha compreensão dos artigos básicos da minha fé é
basicamente ortodoxa. Ao mesmo tempo, desde que me entendo por gente, a
complexidade e a beleza das coisas vivas e, em especial, da história delas,
dos dinossauros aos australopitecos e neandertais, sempre me cativou.
Cheguei a me matricular no curso de biologia da Universidade Federal de
São Carlos antes de me decidir pelo jornalismo porque “dava mais
dinheiro” (ingêêêênuo!).
Também sempre fui fascinado com o que a investigação científica
independente era capaz de dizer sobre a história da minha religião e a
de outras (embora, claro, ache escavações arqueológicas em Israel mais
interessantes do que as que acontecem num antigo centro do budismo,
digamos). Tive a sorte de ser criado numa tradição religiosa que — por
mais problemas que tenha — nunca me pediu para escolher entre o “Livro
de Deus” e o “Livro do Mundo”.
Mas uma série de outras tradições religiosas não são tão generosas
(ou “permissivas”, “degeneradas” etc. dependendo da sua perspectiva), e
esse é um problema que, na minha modesta opinião, tem de ser enfrentado o
quanto antes. Deixe-me tentar explicar o porquê.
“A VERDADE VOS LIBERTARÁ”
Em primeiro lugar porque, deixando o tucanês de lado, a teoria da
evolução é simplesmente… verdadeira. Tão apoiada em fatos e observações
quanto a gravidade, embora não seja uma lei (nem poderia, já que
descreve e explica fenômenos multifacetados demais para serem resumidos
numa equação). Deal with it – chupa essa manga (sem conotações
obscenas, por favor, este é um blog de família). Quem se nega a entender
ao menos o mínimo da biologia evolutiva — pior, simplesmente cobre o
canal auricular e fica dizendo “eu não estou ouvindo, eu não estou
ouvindo” — está perdendo um pedaço crucial do quebra-cabeças do Cosmos
por medo. Está se recusando a apreciar Mozart, ou os Beatles, ou Camões —
porque poucas coisas são mais elegantes, mais ferozmente bonitas, na
sinfonia da natureza, do que a evolução.
É preciso reconhecer, também, a seriedade do desafio trazido pela
biologia evolutiva a algumas concepções religiosas tradicionais. Não dá
para se agarrar a cada vírgula da Bíblia como a verdade literal (até aí,
todos os pensadores mais sofisticados da história do cristianismo
concordariam, isso desde os primeiros séculos, de Orígenes a Santo
Agostinho). Não é sem alguma criatividade teológica que se consegue
acomodar o acaso e o sofrimento inerentes à seleção natural com as
visões tradicionais sobre a centralidade do homem na “Criação” ou o
significado da morte e do mal no mundo. As respostas fáceis rareiam.
Ao mesmo tempo, toda vez que Darwin é representado popularmente como
“o homem que matou Deus”, dá vontade de enfiar a cara numa almofada de
tanta vergonha alheia. E não é nem porque esse assassinato por encomenda
não estivesse nos planos do nosso ícone barbudo (não estava), mas
porque, para quem acredita numa divindade transcendente, “além dos
círculos do Mundo” (só para citar Tolkien), os mecanismos que regem a
natureza não revelam grande coisa a respeito de quem é, por definição, sobrenatural.
A última razão é pragmática, mas importante. Entre religiosos e não
religiosos, devotos de Cristo ou sequazes de Darwin, é preciso achar um
“modus vivendi” — ou, ao menos, um “modus non moriendi”, se não um jeito
de viver juntos, ao menos um jeito de não morrer juntos.
Se continuar sendo honesta com os fatos, a ciência não vai abandonar a
teoria da evolução. Ao mesmo tempo, a religião não vai ser varrida do
mapa. Uma sociedade polarizada e incapaz de dialogar sobre os temas
fundamentais é ruim para todo mundo. É melhor aprender a ouvir e, no
mínimo, tentarmos nos concentrar no que nos une, e não no que nos
separa.
PROGRAMA DE GOVERNO
Dito isso, nobre leitor, que temas você pode esperar encontrar neste blog?
1)Estudos sobre como a evolução moldou nossas propensões para a religião — ou mesmo para o ateísmo, por que não?
2)Estudos sobre arqueologia, história, psicologia, neurobiologia etc. das religiões e do fenômeno religioso;
3)A velha mas sempre atual discussão política sobre ensino de
criacionismo nas escolas, diálogo entre cientistas e líderes religiosos,
temas (como a bioética) que levantam reações acaloradas de ambas as
partes etc.;
4)E pura e simplesmente o que há de melhor e mais atual na pesquisa sobre evolução.
E acho que já passou da hora de me despedir. Obrigado a quem chegou até aqui. Até breve,
Reinaldo.
Perfil
Reinaldo José Lopes
é jornalista de ciência e autor do livro Além de Darwin
Leia mais
* Segue....mais outros virão...
(meu comentário)
Uma brinc-adeir-a repentista
E o peixe sabido
faminto de novidade engole Darwin
O peixe faminto engole Darwin
cria pernas e dana andar
na cabeça do pobre diabo de olho travado
ouvido entupido de rasas lições
- medonhos ditos, falácias
enganosas andejas - nas cavernosas patenas
do sacro ofício alheio dos sangrentos rituais
de cordeiros, óstias e bestas
tudo aromátizado na letra de muito incenso.
O peixe sabido engole Darwin
cria pés e dana andar - e perna para quem tem...
na cabeça ora pensante
que duma tacada só
vai pôr no mesmo sem fundo balaio
palavras enigmáticas
escrituras impositivas,
histórias do arco-da-velha
com tramas de santidade
justificadas nas guerras
- insanas desde a origem.
Impositivas tramóias eternas
forjadoras de reis e reinados
de súditos já calejados
- obedientes revoltados
na luta do sobreviver
assim ou assado .
E o milagre acontece:
Terra e Mar de mãos dadas
debaixo de raivosos ventos
de nuvens turbilhonantes
regidos na maestria
da luminária de quinta - categoria do Sol
- comandante amoroso
faz rolar manto de nuvens
no compasso destemidas
trombam em muitos raios
estrondos de acordar
multidão cega e surda
amontoada em cavernas, sítios e cidades
fincadas de qualquer jeito
sobre áreas movediças
réplicas de mentes afoitas
apregoadas suportes
doadoras do passaporte
de livre penetração
no reino do bem viver.
Sai pra lá satanás
enganador de inocentes
de pobres desavisados
metidos em tantos coitos
- coitados de vez e de fato
nesse mundo de Deus.
Falta pro peixe de pernas
um detalhezinho maneiro
- um par de asas bem fortes
dinâmicas e libertárias.
E o peixinho dançante
sai do abismo, avista o sol
deita na praia quente
já com o rabo quarado
ardente e fogoso sai
busca sombra disparado
nas florestas do mundo.
O resto da história sobrou pra Darwin:
adentrar nos detalhes
da correntes de mil enígmas
nos filos de toda espécie.
O novo barbudo emplumado
mira-se no seu espelho
entra de cara na audácia
no pensar que seu escrito fecha
toda e qualquer questão nascida
nesse mundo aonde, ele, Darwin ,
se elege
ser único e o próprio autor.
E o milagre acontece ?
ou vai nessa lenga-lenga arrebanhar mais guerreiros
sedentos da vera verdade?
Ade
Fontes:
http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2013/03/06/por-que-diabos-juntar-darwin-e-deus/#comments
Mas, claro, a comunicação vem se desenvolvendo muito ao longo dos tempos, a religião não, está estagnada… Jung teve perfeita consciência desse fenômeno. E se a natureza teve uma razão para criar a comunicação, também deve ter tido alguma para criar a religião, como disse Jesus: “até os seus fios de cabelo são contados.”
Duvida de mim? Me diga então, porque motivo lógico alguma criatura inteligente iria perder tempo se preocupando com algo que NÃO existe? Por que os ateus tem sempre um tão imenso problema com deus? Deus não existe! se preocupar com algo que não é existe é desperdício de energia, sinceramente! Se existe algo ligado a deus, e que atrapalhe a sociedade, no caso, a religião, aí sim, vou me preocupar com esse algo… mas veja que não é o caso dos ateus, a palavra não é “irreligiosidade” mas “ateísmo”. Eles são quase velhas encalhadas que ficam virando o santo de ponta cabeça até que ele atenda o seu pedido de casamento.
Pretendem ficar lutando contra deus todos os dias de suas vida até que ele venha e se revele pro mundo. É mais do que simples ceticismo, um verdadeiro cético jamais acreditaria em TUDO quanto é oferecido pela ciência ou pela religião, o certo é sempre se utilizar a sua capacidade de discernimento. Acreditar em tudo é tão estúpido quanto duvidar de tudo, de qualquer forma a necessidade de pensar é dispensada. E fora que é perfeitamente possível se usar a ciência pra mentir, Hitler usou e abusou desse poder.
Religião é igual a comunicação, só muda o lado do cérebro em que cada processo ocorre. E não limite seu ateísmo apenas a deus não, o mundo espiritual em que nós acreditamos é bem mais amplo do que só isso.
E, se a pergunta for, como este segmento trata o todo (?), talvez a melhor reposta seja a de que o Salvador atribua esta tarefa ao homem: a de compartilhar o conteúdo que apresenta a todos os povos.
Não haveria sentido qualquer comunicação de religiosidade se quem ouve não tivesse propensão para entender aquele que fala. E se Deus fala ao homem é porque ele (o homem) sabe do que Ele (Deus) quer falar.
NADA + TEMPO + ACASO = TUDO QUE EXISTE!