Verdade nua e crua?
Presença de partidos gera divisão e violência em protestos de SP
Principais jornais do país destacaram também a dimensão dos protestos em
várias cidades brasileiras, a reunião de emergência da presidente Dilma
Rousseff, "ação brutal" da polícia e violência nas manifestações.
Na manhã desta sexta-feira (21/06), os meios de comunicação da Alemanha
continuaram dando prioridade aos protestos no Brasil contra o alto custo
de vida, os gastos excessivos com eventos esportivos internacionais,
como a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de futebol de 2014,
corrupção e falta de infraestrutura.
A violência em várias mobilizações mais de 100 cidades do país na
quinta-feira, a morte de um jovem na cidade paulista de Ribeirão Preto e
a reunião de emergência convocada pela presidente Dilma Rousseff foram
os principais assuntos de destaque na imprensa do país.
Em sua página online, a revista Der Spiegel, principal semanário
do país, mencionou que os gastos excessivos do governo com a Copa das
Confederações e Copa do Mundo "despertaram a ira dos brasileiros": "Eles
reclamam que o custo de vida aumentou com os investimentos maciços"
nesses eventos. "Além disso, a carga tributária no país aumentou muito
nos últimos anos, sem melhorias em escolas, hospitais ou ruas. Outra
reivindicação é o combate à corrupção", diz o texto da revista.
A Spiegel também destacou as "centenas de feridos" nos
protestos pelo Brasil na quinta-feira. A morte de um manifestante em
Ribeirão Preto, atropelado por um motorista cujo carro atravessou
barreiras de proteção, também foi destaque.
Violência e protesto pacífico
Assim como os demais órgãos de imprensa alemães, a Spiegel deu
ênfase à violência dos protestos, em especial no Rio de Janeiro, onde
lojas foram saqueadas e carros queimados. Segundo a revista, excessos
foram cometidos pela polícia, o que resultou em 44 feridos no Rio
(relatos da imprensa internacional falam em mais de 60 feridos),
enquanto em Brasília cerca de 120 manifestantes ficaram feridos por
disparos de balas de borracha ou tiveram dificuldades para respirar por
causa do uso de gás lacrimogêneo pela polícia.
A reportagem também mencionou que, em São Paulo, 100 mil pessoas tomaram as ruas em um protesto "majoritariamente pacífico."
Além de iniciar o texto sobre as manifestações com menção aos "violentos
confrontos" entre polícia e manifestantes, o website do jornal Die Welt
deu destaque para a reunião de emergência convocada pela presidente
Dilma Rousseff e para o cancelamento de sua viagem ao Japão.
Os protestos, com mais de um milhão de participantes em mais de 100
cidades pelo país, "saíram do controle", diz o texto do jornal, que
também relatou sobre a tentativa de invasão ao ministério das Relações
Exteriores na capital federal, Brasília.
"No Rio de Janeiro, um pequeno grupo de manifestantes jogou pedras na
polícia, que revidou com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os
manifestantes ficaram em pânico e tentaram fugir para as ruas
adjacentes. Depois disso, a polícia também usou gás lacrimogêneo contra a
massa pacífica de manifestantes", relatou o jornal, citando a agência
noticiosa France Presse.
O Die Welt também citou, como excesso das atitudes da polícia, o
exemplo de um jornalista da Rede Globo de televisão, que foi atingido
na cabeça por uma bala de borracha.
Imprensa alemã destaca a violência da polícia contra os manifestantes
"Os 20 centavos foram apenas o início"
A manchete do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ)
foi "Um milhão de pessoas nas ruas". O texto da edição online do jornal
diz que os manifestantes exigem melhores condições na saúde, na
educação e querem o fim da corrupção.
O artigo diz ainda que "a polícia atuou de forma brutal contra os
manifestantes" e cita a declaração de uma colega do jornalista ferido:
"A polícia perdeu completamente o controle e não tem capacidade para
lidar com manifestações desse tipo."
O FAZ cita também uma declaração do historiador da Universidade
do Rio de Janeiro, Francisco Carlos Teixeira, que disse que a agenda
dos manifestantes é ampla, mas que "o 'não' à corrupção" é, para a
maioria, a principal causa dos protestos. O diário também mencionou a
morte do manifestante em Ribeirão Preto e a revolta pelos gastos do
governo com os megaeventos esportivos.
A "noite de violência" foi destaque do jornal Süddeutsche Zeitung,
segundo o qual os protestos ganharam uma "nova dimensão". O jornal
utilizou um tom mais dramático do que os demais ao afirmar que as
condições em muitas cidades eram de "guerra civil".
De acordo com o jornal, no Rio de Janeiro, a maioria se reuniu
pacificamente, mas quando os policiais intervieram com granadas de gás
os protestos viraram uma "batalha nas ruas". O Süddeutsche Zeitung, assim como o FAZ, também classificou a ação da polícia como "brutal", tanto no Rio de Janeiro como em Brasília.
A manchete do website do Tagesschau, o principal noticiário da
TV alemã, afirmava “Spray de pimenta em alta” no Brasil, com destaque
também para a violência nos protestos do Rio de Janeiro.
A reportagem menciona ainda que frases como "os 20 centavos foram apenas
o início" podiam ser lidas em diversos cartazes nas manifestações, que
faziam referência ao aumento de tarifas de transporte público em São
Paulo, catalisador dos protestos inicialmente locais e que tomaram
proporções nacionais.
O Tagesschau cita ainda a declaração de um manifestante que
menciona "o sistema partidário, a corrupção, a impunidade" como motivos
de revolta da população. Como o FAZ, o website destacou também a
indignação com os gastos com a Copa do Mundo e a reunião de emergência
convocada pela presidente Dilma Rousseff.
"Samba contra gás lacrimogêneo e cassetetes", titulou o jornal semanal Die Zeit.
A página online do jornal descreve que mesmo os manifestantes mais
pacíficos foram vítimas da truculência dos policiais. O personagem do
texto, Ronaldo Silva, de 31 anos, estaria tentando abandonar o vício em
drogas e faz parte de um grupo de terapia ligado à Igreja evangélica.
Ronaldo carregava um cartaz com os dizeres "Não à Violência" e foi
citado afirmando que "nós, da favela, somos aqueles que não aparecem nos
cartões postais, somos muitos e não estamos nada bem."
DW.DE
Ministro da Justiça e outros integrantes do alto escalão do governo
devem participar do debate sobre as manifestações, que levaram mais de
um milhão de pessoas às ruas.
A presidente Dilma Rousseff marcou para a manhã desta sexta-feira
(21/06) uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
para discutir as manifestações que começaram no dia 6 de junho e tomaram
grandes proporções desde a última semana.
DW.DE
A reunião está marcada para as 9h30 (horário de Brasília) no Palácio
do Planalto e pode contar com a presença de outros ministros do governo,
após mais uma noite de protestos que reuniu mais de um milhão de
pessoas em todo o país.
Dilma já havia cancelado, nesta quinta-feira, a viagem oficial de uma
semana que faria ao Japão, a partir do próximo domingo. A justificativa,
de acordo com seus assessores, era de que a presidente preferiu não
deixar o país neste momento.
O vice-presidente, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Alves, que estavam em visita à Rússia, anteciparam os seus
regressos ao país e chegaram quinta-feira à noite a Brasília.
As manifestações são acompanhadas no Planalto pela Secretaria-Geral da
Presidência, responsável no governo pela articulação com movimentos da
sociedade civil. O secretário executivo da pasta, Diogo de Sant’ana,
recebeu de manifestantes um documento com reivindicações dirigidas à
presidente nesta quinta-feira. O grupo pede uma reunião entre o governo e
vários grupos que organizam os protestos em todo o país.
FF/lusa/abr
Mais de um milhão de pessoas foram às ruas de grandes cidades do Brasil.
Na capital federal, houve tentativa de invasão do Itamaraty. Dilma
Rousseff convocou reunião ministerial para estudar medidas emergenciais.
A mobilização mais maciça desde o início, há dez dias, dos protestos
contra o alto custo de vida, falhas nos sistemas estruturais do país e
os gastos excessivos com eventos esportivos internacionais no Brasil
levou mais de um milhão de pessoas às ruas de dezenas de cidades
brasileiras nesta quinta-feira (20/06).
As manifestações já estavam previstas e foram mantidas depois do
anúncio, um dia antes, de algumas cidades – incluindo Rio de Janeiro e
São Paulo – de que revogariam os aumentos das tarifas de transporte
público. Os reajustes foram o estopim de protestos na cidade de São
Paulo na semana passada e se alastraram pelo país, com manifestantes
ampliando a lista de exigências para mais investimentos em saúde,
educação, combate à corrupção e outras reivindicações.
Numa noite marcada pela tensão, uma primeira morte foi registrada em
Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. Um jovem foi atropelado
por um carro que avançou sobre um grupo de pessoas durante a passeata
na cidade.
Com a massificação dos protestos, a presidente Dilma Rousseff convocou
uma reunião ministerial para a manhã desta sexta-feira (21/06),
cancelando viagem que tinha planejado para o Japão. A reunião, que
deverá discutir medidas emergenciais para conter as manifestações no
Brasil, deverá incluir ministros próximos da presidente, como José
Eduardo Cardozo (Justiça).
Manifestantes diante do Congresso em Brasília
Confrontos em Brasília
Brasília foi palco de tensão durante os protestos desta quinta. Entre 35
e 40 mil pessoas ocuparam a região central da capital federal, segundo
dados oficiais. Mais de 120 pessoas teriam ficado feridas, incluindo dez
policiais. Houve pelo menos três prisões, segundo a Secretaria de
Segurança Pública do Distrito Federal (DF).
A concentração em Brasília começou pacífica, por volta das cinco da
tarde, no Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios. Os cartazes dos
manifestantes expressavam as reivindicações mais comuns: combate à
corrupção, investimentos em saúde e educação, gastos excessivos com
Copas e direitos das mulheres e dos homossexuais.
Os amigos Aryel Nascimento, de 21 anos, e Brenda Diniz, de 17, levavam cartaz que pedia, em inglês,
educação, saúde e segurança. "Quero que os estrangeiros vejam", disse
Aryel. Já Brenda considera que os protestos são a prova de que os jovens
abriram os olhos para a política. "O que eles [os mais velhos] não dão
conta de correr atrás, a gente corre atrás."
"Que estrangeiros vejam", diz Aryel Nascimento
Por volta das cinco horas da tarde, a marcha seguiu pela
Esplanada dos Ministérios em direção à Praça dos Três Poderes. Lá,
centenas de policiais cercavam a Câmara e o Senado, estratégia adotada
pelas autoridades para evitar a ocupação
registrada na última segunda-feira (17), quando cinco mil pessoas
subiram no Congresso. Cerca de 3.500 policiais foram deslocados para o
local.
Já diante do Congresso, algumas pessoas que estavam mais próximas da
barreira provocavam atirando fogos de artifício em direção aos
policiais, que acabaram revidando com bombas de gás. Frustrado, o grupo
mais exaltado seguiu em direção ao Palácio do Planalto – sede do
Executivo Federal. Sem conseguir avançar, eles voltaram ao Congresso.
Foco de incêndio no Itamaraty
Após ameaçarem invadir o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto,
parte dos manifestantes se dirigiu ao Palácio do Itamaraty, sede do
Ministério de Relações Exteriores. Apesar dos apelos à não-violência
vindos de grande parte dos manifestantes, um grupo que se mantinha à
frente entrou em confronto com a polícia. Alguns jogaram pedras e
garrafas com coquetel molotov contra a fachada do prédio. Vidros foram
quebrados e alguns manifestantes conseguiram acessar a rampa principal
do edifício. A tropa de choque impediu o avanço dos invasores.
Em entrevista à rede de rádios CBN, o ministro de Relações Exteriores,
Antonio Patriota, disse que os danos foram consideráveis. "Este é um
patrimônio da nação, que representa a busca do entendimento pelo
diálogo. Vandalismo como este não pode se repetir."
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, duas pessoas que
invadiram o Itamaraty foram detidas. Manifestantes também acenderam
várias fogueiras no gramado na frente do Congresso, além de quebrarem
pontos de ônibus e placas de trânsito.
Protestos pelo país
No Rio de Janeiro, a Polícia Militar estimou em 300 mil o número de
participantes na manifestação desta quinta-feira. Depois de um início
pacífico, houve confronto com a polícia em alguns pontos da cidade,
incluindo a frente do palácio da prefeitura. Manifestantes teriam
quebrado vitrines, houve saques em pelo menos uma loja e tumultos. Pelo
menos 60 pessoas teriam ficado feridas, incluindo um jornalista da TV
Globo, que teria sido atingido por uma bala de borracha. A polícia
também usou gás lacrimogêneo para conter os protestos.
Em São Paulo, o sétimo ato co-organizado pelo Movimento Passe Livre
(MPL) reuniu 100 mil pessoas, segundo as autoridades. A passeata foi
pacífica durante a maior parte do tempo, mas houve registro de alguns
confrontos entre os próprios manifestantes, que rejeitaram manifestações
ligadas a partidos políticos.
Em Salvador, palco da primeira manifestação da tarde, confrontos
aconteceram entre parte dos cerca de 20 mil manifestantes e os
policiais. Os manifestantes incendiaram um ônibus e atiraram pedras num
microônibus da Fifa, organizadora da Copa das Confederações que acontece
atualmente no país e um dos principais alvos das mobilizações.
- Data
21.06.2013
-
Autoria
Ericka de Sá, de Brasília
-
Edição
Renate Krieger
Protesto acontecerá em frente à Catedral da cidade alemã e tem por
objetivo expressar solidariedade aos manifestantes no Brasil. Colônia
abriga uma das maiores comunidades de brasileiros da Alemanha.
Brasileiros residentes na cidade de Colônia, Alemanha, e em cidades dos
arredores farão neste sábado (22/06) uma manifestação em frente à
Catedral de Colônia, símbolo e maior atração turística da cidade renana.
Segundo os organizadores, a intenção é mostrar ao governo brasileiro
que, "apesar de estarmos morando em outro país, estamos de acordo com o
protesto e a indignação que o povo está demonstrado contra este
governo".
Os organizadores pedem que os participantes usem uma roupa branca. O protesto está marcado para as 16h, em frente à Catedral.
Protestos semelhantes já aconteceram em Berlim, Hamburgo e outras
cidades alemãs. Colônia é a quarta maior cidade da Alemanha, com cerca
de 1 milhão de habitantes, e abriga uma das maiores comunidades de
brasileiros do país.
AS/ots
DW.DE
Fifa estaria pressionando o governo brasileiro por garantias de
segurança a atletas e delegações, noticia a imprensa brasileira.
Oficialmente, a entidade e a Presidência da República negam qualquer
ameaça à competição.
Em meio aos protestos em parte violentos nas maiores cidades
brasileiras, crescem os rumores na imprensa de que a Copa das
Confederações possa ser cancelada para evitar riscos à segurança de
integrante das seleções e funcionários da Fifa.
O site UOL Esportes noticiou nesta sexta-feira (21/06) que a cúpula da
Fifa teria dado um "recado" à presidente Dilma Rousseff: se mais algum
membro das seleções que participam do torneio ou da imprensa
internacional sofrer algum ato de violência, a competição seria
cancelada.
A presidente já havia convocado uma reunião de emergência em seu
gabinete na manhã desta sexta-feira para discutir os protestos pelo
país, que deverá também incluir a questão da segurança na Copa das
Confederações. O objetivo seria garantir à Fifa que o país tem condições
plenas de dar continuidade ao torneio.
Protestos em frente ao estádio do Maracanã
Ao mesmo tempo, a UOL Esportes afirma que, oficialmente, a Fifa
e o Comitê Organizador Local negaram qualquer reclamação ao governo ou
possibilidade de cancelamento da competição. A área de comunicação da
Presidência da República também nega ter conhecimento sobre o assunto,
segundo o site.
A Fifa afirmou, em nota à imprensa, que até o momento a opção de
cancelamento da Copa das Confederações sequer chegou a ser discutida
pela entidade ou pelo Comitê Organizador Local. "Em nenhum momento a
Fifa considerou, com as autoridades locais, abandonar a Copa das
Confederações", reiterou nesta sexta-feira o porta-voz do organismo
máximo do futebol mundial, Pekka Odriozola.
O motivo da especulação sobre a interrupção do torneio são os protestos
realizados pelo país e que se intensificaram nos últimos dias,
resultando em choques entre policiais e manifestantes.
O jornal O Estado de S. Paulo e a rádio CBN noticiaram que a
competição, considerada um teste para a Copa do Mundo do próximo ano,
corre o risco de ser cancelada. A CBN chegou a anunciar que a Fifa iria
requerer compensações do Brasil se o torneio fosse interrompido em razão
das manifestações.
A CBN noticiou que os jogadores de uma das equipes que disputam a Copa
das Confederações estariam pressionando seus superiores para abandonar a
competição, temendo pela segurança de seus familiares que vieram ao
Brasil para assistir às partidas.
A Lei Geral da Copa prevê que, se o país-sede não garantir a segurança
das delegações, torcedores e funcionários da Fifa, o evento pode de fato
ser cancelado e o governo brasileiro teria que arcar com os eventuais
prejuízos, lembra o UOL Esporte.
Protestos perto do Estádio Mané Garrincha
O jornal Folha de S. Paulo noticiou que as equipes
participantes e a própria Fifa estariam "aterrorizados" com a situação
no Brasil. "A competição se tornou um pesadelo para a organização. A
dimensão dos problemas é mais grave do que o pior cenário imaginado pela
Fifa", escreveu o jornal.
A entidade orientou os seus membros e funcionários para que se locomovam
em conjunto na ida e na volta aos estádios, sempre com escolta
policial.
Não há partidas marcadas para esta sexta-feira. O torneio continua no sábado, quando o Brasil enfrenta a Itália em Salvador.
Os protestos – que se voltam também contra os gastos excessivos dos
governos com a Copa das Confederações e com a Copa do Mundo – atingiram
seu ponto mais alto na noite desta quinta-feira, levando mais de um
milhão de pessoas às ruas em pelo menos 80 cidades brasileiras.
DW.DE
Primavera Árabe, Occupy, Indignados e os manifestantes nas capitais
brasileiras: em todo o mundo, os motivos que levam jovens às ruas são os
mais variados. Em comum, a insatisfação e o protesto.
São motivos diversos, mas a estratégia de ação é a mesma em todo o
mundo: ativistas, jovens em sua maioria, ocupam espaços públicos para
manifestações e para expressar sua insatisfação.
Em geral, trata-se da ocupação
de espaços simbólicos das cidades, como Wall Street, em Nova York; a
praça Tahrir, no Cairo; ou a praça Puerta de Sol, em Madri; o Congresso
Nacional ou a Avenida Paulista, no Brasil.
Iguais no ato de protestar, os movimentos se distinguem nos seus
objetivos. No mundo árabe, a insatisfação se voltava contra governantes
autoritários, há décadas instalados no poder.
Na Espanha, o desemprego
e os planos de austeridade motivaram os Indignados a sair às ruas. Em
Nova York, o Occupy Wall Street mira a desigualdade econômica e social,
apresentando-se como os 99% de desfavorecidos na distribuição da
riqueza.
O Congresso Nacional: ocupação de espaços simbólicos é ponto em comum
No Brasil, as manifestações começaram em protesto contra o
aumento das passagens de ônibus em São Paulo, mas logo ganharam uma
dimensão maior, e a agenda também se ampliou.
Algo semelhante acontece na Turquia, onde a repressão policial a um
movimento pacífico contrário à construção de um centro comercial em um
parque de Istambul gerou revolta de outros setores da sociedade. Assim
como no Brasil, grupos diversos, com reivindicações variadas,
juntaram-se ao movimento, engrossando a contestação na praça Taksim e no
parque Gezi.
Levantes ocasionados por insatisfação política também ocorrem na África
subsaariana, mas também em contextos bem únicos. O regime do presidente
angolano, José Eduardo dos Santos, enfrenta manifestações de contestação
desde o ano passado. São ações lideradas por jovens estudantes e
ativistas culturais, severamente reprimidas pelas forças de segurança.
Os brasileiros no contexto mundial
Na Turquia, os protestos começaram por causa da construção de um centro comercial
A insatisfação parece ser o único ponto em comum entre os
jovens que saem às ruas em todo o mundo. Mesmo no caso de um único país,
como o Brasil, é difícil encontrar um tema unindo todos os
manifestantes, como argumenta o cientista político Tim Wegenast, da
Universidade de Constança. Para ele, existe uma "insatisfação com a
política brasileira como um todo".
Wegenast também não arrisca comparar a onda de protestos brasileira com
as contestações permanentes à política vigente em Angola há mais de 30
anos. "Angola tem problemas sociais muito contundentes", afirma
Wegenast.
Já o coordenador da organização Mais Democracia, João Roberto Pinto,
consegue encontrar semelhanças entre alguns movimentos globais. Ele
aproxima as manifestações brasileiras dos Indignados da Espanha e do
Occupy Wall Street.
Segundo o cientista político, essas mobilizações têm o mesmo alvo. "O
poder econômico vem capturando a representação política. Isso não é
novo, mas chegou a um ponto que saturou o povo."
Já o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Abramo, evita
comparar as manifestações brasileiras com as de outros países porque
seriam "contextos diferentes".
Abramo concorda com Pinto quando se fala em crise na representação
política no Brasil. Ele diz não acreditar que o motivo dos levantes
generalizado seja somente o aumento da passagem de ônibus. "Parece ser
uma desilusão generalizada perante a representatividade do sistema
político. Os partidos não representam ninguém, a não ser a si próprios",
destaca.
Surpresa e contradição
Manifestantes do Occupy, que criticam a distribuição de renda
Wegenast diz que não esperava uma mobilização deste porte neste
momento no Brasil. "É meio contraditório ver um movimento de
insatisfação tendo em vista todo este crescimento econômico e estes
programas sociais das últimas décadas", afirma.
Abramo discorda que haja uma contradição. "A transferência de recursos
para camadas mais pobres, como ocorreu nos programas sociais
brasileiros, não causa impacto na classe média urbana, que é a camada da
população mais sensível às ações do Estado."
Pinto descarta que os movimentos brasileiros estejam isentos de sofrer
influência político-partidária. O coordenador do Mais Democracia celebra
o interesse da população de protestar por maior participação nas
decisões sobre questões do seu cotidiano.
"No Rio, o pessoal quer discutir as concessões para o sistema de
transporte. Querem que as empresas abram suas planilhas de custo para
ver a justificativa de distribuição das linhas e de correções nas
tarifas", argumenta.
Em outros países emergentes
Na Turquia, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan qualificou os
protestos de "um ataque à democracia turca", uma reação bem diferente da
expressada pelas autoridades brasileiras. Para Wegenast, o cenário
político é outro. "A Turquia é uma quase-democracia, com direitos civis
limitados, sem transparência e sem mídia independente", salienta.
Para o analista, no caso do Brasil não se trata de um governante em
perigo, que manda a polícia reprimir violentamente a oposição, como nos
países da Primavera Árabe.
Manifestações em outros países do Brics também não encontram semelhanças com a onda de protestos brasileira.
O governo sul-africano não enfrenta levantes em série, mas vem sendo
criticado há meses pela repressão à manifestação dos mineiros de
Marikana, que deixou 34 mortos em agosto passado. Os trabalhadores
reivindicaram melhores salários e foram alvejados pela polícia, numa
repressão que lembrou os piores anos do Apartheid.
Na Rússia, além de optar pela repressão, o governo enfrenta os protestos
mobilizando organizações aliadas para "contra-manifestações". Na China,
a repressão do regime evita ações mais audaciosas por parte da
população. Os levantes brasileiros também não se comparam aos conflitos
religiosos na Índia, razão de intervenção enérgica do Estado.
"A repressão na China e na Rússia é para a sobrevivência do regime.
Os
governos sufocam qualquer movimento para permanecer no poder", salienta
Wegenast.
"O Brasil ainda é visto como a democracia mais sólida do
Brics."
DW.DE
Hamburgo tem manifestação em apoio aos protestos no Brasil
Algumas dezenas de manifestantes se reuniram em frente à estação
central de metrô da cidade alemã, em apoio às manifestações organizadas
no Brasil. (18.06.2013)
Passeata em Berlim marca apoio a protestos de São Paulo
Mais de 250 pessoas vão às ruas da capital alemã em solidariedade aos
protestos contra o aumento da tarifa do transporte público em SP.
Manifestações semelhantes estão sendo organizadas em outros países.
(16.06.2013)
- Data
21.06.2013
-
Autoria
Roberto Crescenti
-
Edição
Renate Krieger
Presença de partidos gera divisão e violência em protestos de SP
Principais jornais do país destacaram também a dimensão dos protestos em
várias cidades brasileiras, a reunião de emergência da presidente Dilma
Rousseff, "ação brutal" da polícia e violência nas manifestações.
Na manhã desta sexta-feira (21/06), os meios de comunicação da Alemanha
continuaram dando prioridade aos protestos no Brasil contra o alto custo
de vida, os gastos excessivos com eventos esportivos internacionais,
como a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de futebol de 2014,
corrupção e falta de infraestrutura.
A violência em várias mobilizações mais de 100 cidades do país na quinta-feira, a morte de um jovem na cidade paulista de Ribeirão Preto e a reunião de emergência convocada pela presidente Dilma Rousseff foram os principais assuntos de destaque na imprensa do país.
Em sua página online, a revista Der Spiegel, principal semanário do país, mencionou que os gastos excessivos do governo com a Copa das Confederações e Copa do Mundo "despertaram a ira dos brasileiros": "Eles reclamam que o custo de vida aumentou com os investimentos maciços" nesses eventos. "Além disso, a carga tributária no país aumentou muito nos últimos anos, sem melhorias em escolas, hospitais ou ruas. Outra reivindicação é o combate à corrupção", diz o texto da revista.
A Spiegel também destacou as "centenas de feridos" nos protestos pelo Brasil na quinta-feira. A morte de um manifestante em Ribeirão Preto, atropelado por um motorista cujo carro atravessou barreiras de proteção, também foi destaque.
Violência e protesto pacífico
Assim como os demais órgãos de imprensa alemães, a Spiegel deu ênfase à violência dos protestos, em especial no Rio de Janeiro, onde lojas foram saqueadas e carros queimados. Segundo a revista, excessos foram cometidos pela polícia, o que resultou em 44 feridos no Rio (relatos da imprensa internacional falam em mais de 60 feridos), enquanto em Brasília cerca de 120 manifestantes ficaram feridos por disparos de balas de borracha ou tiveram dificuldades para respirar por causa do uso de gás lacrimogêneo pela polícia.
A reportagem também mencionou que, em São Paulo, 100 mil pessoas tomaram as ruas em um protesto "majoritariamente pacífico."
Além de iniciar o texto sobre as manifestações com menção aos "violentos confrontos" entre polícia e manifestantes, o website do jornal Die Welt deu destaque para a reunião de emergência convocada pela presidente Dilma Rousseff e para o cancelamento de sua viagem ao Japão.
Os protestos, com mais de um milhão de participantes em mais de 100 cidades pelo país, "saíram do controle", diz o texto do jornal, que também relatou sobre a tentativa de invasão ao ministério das Relações Exteriores na capital federal, Brasília.
"No Rio de Janeiro, um pequeno grupo de manifestantes jogou pedras na polícia, que revidou com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os manifestantes ficaram em pânico e tentaram fugir para as ruas adjacentes. Depois disso, a polícia também usou gás lacrimogêneo contra a massa pacífica de manifestantes", relatou o jornal, citando a agência noticiosa France Presse.
O Die Welt também citou, como excesso das atitudes da polícia, o exemplo de um jornalista da Rede Globo de televisão, que foi atingido na cabeça por uma bala de borracha.
Imprensa alemã destaca a violência da polícia contra os manifestantes
"Os 20 centavos foram apenas o início"
A manchete do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) foi "Um milhão de pessoas nas ruas". O texto da edição online do jornal diz que os manifestantes exigem melhores condições na saúde, na educação e querem o fim da corrupção.
O artigo diz ainda que "a polícia atuou de forma brutal contra os manifestantes" e cita a declaração de uma colega do jornalista ferido: "A polícia perdeu completamente o controle e não tem capacidade para lidar com manifestações desse tipo."
O FAZ cita também uma declaração do historiador da Universidade do Rio de Janeiro, Francisco Carlos Teixeira, que disse que a agenda dos manifestantes é ampla, mas que "o 'não' à corrupção" é, para a maioria, a principal causa dos protestos. O diário também mencionou a morte do manifestante em Ribeirão Preto e a revolta pelos gastos do governo com os megaeventos esportivos.
A "noite de violência" foi destaque do jornal Süddeutsche Zeitung, segundo o qual os protestos ganharam uma "nova dimensão". O jornal utilizou um tom mais dramático do que os demais ao afirmar que as condições em muitas cidades eram de "guerra civil".
De acordo com o jornal, no Rio de Janeiro, a maioria se reuniu pacificamente, mas quando os policiais intervieram com granadas de gás os protestos viraram uma "batalha nas ruas". O Süddeutsche Zeitung, assim como o FAZ, também classificou a ação da polícia como "brutal", tanto no Rio de Janeiro como em Brasília.
A manchete do website do Tagesschau, o principal noticiário da TV alemã, afirmava “Spray de pimenta em alta” no Brasil, com destaque também para a violência nos protestos do Rio de Janeiro.
A reportagem menciona ainda que frases como "os 20 centavos foram apenas o início" podiam ser lidas em diversos cartazes nas manifestações, que faziam referência ao aumento de tarifas de transporte público em São Paulo, catalisador dos protestos inicialmente locais e que tomaram proporções nacionais.
O Tagesschau cita ainda a declaração de um manifestante que menciona "o sistema partidário, a corrupção, a impunidade" como motivos de revolta da população. Como o FAZ, o website destacou também a indignação com os gastos com a Copa do Mundo e a reunião de emergência convocada pela presidente Dilma Rousseff.
"Samba contra gás lacrimogêneo e cassetetes", titulou o jornal semanal Die Zeit. A página online do jornal descreve que mesmo os manifestantes mais pacíficos foram vítimas da truculência dos policiais. O personagem do texto, Ronaldo Silva, de 31 anos, estaria tentando abandonar o vício em drogas e faz parte de um grupo de terapia ligado à Igreja evangélica. Ronaldo carregava um cartaz com os dizeres "Não à Violência" e foi citado afirmando que "nós, da favela, somos aqueles que não aparecem nos cartões postais, somos muitos e não estamos nada bem."
A violência em várias mobilizações mais de 100 cidades do país na quinta-feira, a morte de um jovem na cidade paulista de Ribeirão Preto e a reunião de emergência convocada pela presidente Dilma Rousseff foram os principais assuntos de destaque na imprensa do país.
Em sua página online, a revista Der Spiegel, principal semanário do país, mencionou que os gastos excessivos do governo com a Copa das Confederações e Copa do Mundo "despertaram a ira dos brasileiros": "Eles reclamam que o custo de vida aumentou com os investimentos maciços" nesses eventos. "Além disso, a carga tributária no país aumentou muito nos últimos anos, sem melhorias em escolas, hospitais ou ruas. Outra reivindicação é o combate à corrupção", diz o texto da revista.
A Spiegel também destacou as "centenas de feridos" nos protestos pelo Brasil na quinta-feira. A morte de um manifestante em Ribeirão Preto, atropelado por um motorista cujo carro atravessou barreiras de proteção, também foi destaque.
Violência e protesto pacífico
Assim como os demais órgãos de imprensa alemães, a Spiegel deu ênfase à violência dos protestos, em especial no Rio de Janeiro, onde lojas foram saqueadas e carros queimados. Segundo a revista, excessos foram cometidos pela polícia, o que resultou em 44 feridos no Rio (relatos da imprensa internacional falam em mais de 60 feridos), enquanto em Brasília cerca de 120 manifestantes ficaram feridos por disparos de balas de borracha ou tiveram dificuldades para respirar por causa do uso de gás lacrimogêneo pela polícia.
A reportagem também mencionou que, em São Paulo, 100 mil pessoas tomaram as ruas em um protesto "majoritariamente pacífico."
Além de iniciar o texto sobre as manifestações com menção aos "violentos confrontos" entre polícia e manifestantes, o website do jornal Die Welt deu destaque para a reunião de emergência convocada pela presidente Dilma Rousseff e para o cancelamento de sua viagem ao Japão.
Os protestos, com mais de um milhão de participantes em mais de 100 cidades pelo país, "saíram do controle", diz o texto do jornal, que também relatou sobre a tentativa de invasão ao ministério das Relações Exteriores na capital federal, Brasília.
"No Rio de Janeiro, um pequeno grupo de manifestantes jogou pedras na polícia, que revidou com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os manifestantes ficaram em pânico e tentaram fugir para as ruas adjacentes. Depois disso, a polícia também usou gás lacrimogêneo contra a massa pacífica de manifestantes", relatou o jornal, citando a agência noticiosa France Presse.
O Die Welt também citou, como excesso das atitudes da polícia, o exemplo de um jornalista da Rede Globo de televisão, que foi atingido na cabeça por uma bala de borracha.
Imprensa alemã destaca a violência da polícia contra os manifestantes
A manchete do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) foi "Um milhão de pessoas nas ruas". O texto da edição online do jornal diz que os manifestantes exigem melhores condições na saúde, na educação e querem o fim da corrupção.
O artigo diz ainda que "a polícia atuou de forma brutal contra os manifestantes" e cita a declaração de uma colega do jornalista ferido: "A polícia perdeu completamente o controle e não tem capacidade para lidar com manifestações desse tipo."
O FAZ cita também uma declaração do historiador da Universidade do Rio de Janeiro, Francisco Carlos Teixeira, que disse que a agenda dos manifestantes é ampla, mas que "o 'não' à corrupção" é, para a maioria, a principal causa dos protestos. O diário também mencionou a morte do manifestante em Ribeirão Preto e a revolta pelos gastos do governo com os megaeventos esportivos.
A "noite de violência" foi destaque do jornal Süddeutsche Zeitung, segundo o qual os protestos ganharam uma "nova dimensão". O jornal utilizou um tom mais dramático do que os demais ao afirmar que as condições em muitas cidades eram de "guerra civil".
De acordo com o jornal, no Rio de Janeiro, a maioria se reuniu pacificamente, mas quando os policiais intervieram com granadas de gás os protestos viraram uma "batalha nas ruas". O Süddeutsche Zeitung, assim como o FAZ, também classificou a ação da polícia como "brutal", tanto no Rio de Janeiro como em Brasília.
A manchete do website do Tagesschau, o principal noticiário da TV alemã, afirmava “Spray de pimenta em alta” no Brasil, com destaque também para a violência nos protestos do Rio de Janeiro.
A reportagem menciona ainda que frases como "os 20 centavos foram apenas o início" podiam ser lidas em diversos cartazes nas manifestações, que faziam referência ao aumento de tarifas de transporte público em São Paulo, catalisador dos protestos inicialmente locais e que tomaram proporções nacionais.
O Tagesschau cita ainda a declaração de um manifestante que menciona "o sistema partidário, a corrupção, a impunidade" como motivos de revolta da população. Como o FAZ, o website destacou também a indignação com os gastos com a Copa do Mundo e a reunião de emergência convocada pela presidente Dilma Rousseff.
"Samba contra gás lacrimogêneo e cassetetes", titulou o jornal semanal Die Zeit. A página online do jornal descreve que mesmo os manifestantes mais pacíficos foram vítimas da truculência dos policiais. O personagem do texto, Ronaldo Silva, de 31 anos, estaria tentando abandonar o vício em drogas e faz parte de um grupo de terapia ligado à Igreja evangélica. Ronaldo carregava um cartaz com os dizeres "Não à Violência" e foi citado afirmando que "nós, da favela, somos aqueles que não aparecem nos cartões postais, somos muitos e não estamos nada bem."
DW.DE
Ministro da Justiça e outros integrantes do alto escalão do governo
devem participar do debate sobre as manifestações, que levaram mais de
um milhão de pessoas às ruas.
A presidente Dilma Rousseff marcou para a manhã desta sexta-feira
(21/06) uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
para discutir as manifestações que começaram no dia 6 de junho e tomaram
grandes proporções desde a última semana.
A reunião está marcada para as 9h30 (horário de Brasília) no Palácio
do Planalto e pode contar com a presença de outros ministros do governo,
após mais uma noite de protestos que reuniu mais de um milhão de
pessoas em todo o país.
Dilma já havia cancelado, nesta quinta-feira, a viagem oficial de uma semana que faria ao Japão, a partir do próximo domingo. A justificativa, de acordo com seus assessores, era de que a presidente preferiu não deixar o país neste momento.
O vice-presidente, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, que estavam em visita à Rússia, anteciparam os seus regressos ao país e chegaram quinta-feira à noite a Brasília.
As manifestações são acompanhadas no Planalto pela Secretaria-Geral da Presidência, responsável no governo pela articulação com movimentos da sociedade civil. O secretário executivo da pasta, Diogo de Sant’ana, recebeu de manifestantes um documento com reivindicações dirigidas à presidente nesta quinta-feira. O grupo pede uma reunião entre o governo e vários grupos que organizam os protestos em todo o país.
FF/lusa/abr
DW.DE
Dilma já havia cancelado, nesta quinta-feira, a viagem oficial de uma semana que faria ao Japão, a partir do próximo domingo. A justificativa, de acordo com seus assessores, era de que a presidente preferiu não deixar o país neste momento.
O vice-presidente, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, que estavam em visita à Rússia, anteciparam os seus regressos ao país e chegaram quinta-feira à noite a Brasília.
As manifestações são acompanhadas no Planalto pela Secretaria-Geral da Presidência, responsável no governo pela articulação com movimentos da sociedade civil. O secretário executivo da pasta, Diogo de Sant’ana, recebeu de manifestantes um documento com reivindicações dirigidas à presidente nesta quinta-feira. O grupo pede uma reunião entre o governo e vários grupos que organizam os protestos em todo o país.
FF/lusa/abr
Mais de um milhão de pessoas foram às ruas de grandes cidades do Brasil.
Na capital federal, houve tentativa de invasão do Itamaraty. Dilma
Rousseff convocou reunião ministerial para estudar medidas emergenciais.
A mobilização mais maciça desde o início, há dez dias, dos protestos
contra o alto custo de vida, falhas nos sistemas estruturais do país e
os gastos excessivos com eventos esportivos internacionais no Brasil
levou mais de um milhão de pessoas às ruas de dezenas de cidades
brasileiras nesta quinta-feira (20/06).
As manifestações já estavam previstas e foram mantidas depois do anúncio, um dia antes, de algumas cidades – incluindo Rio de Janeiro e São Paulo – de que revogariam os aumentos das tarifas de transporte público. Os reajustes foram o estopim de protestos na cidade de São Paulo na semana passada e se alastraram pelo país, com manifestantes ampliando a lista de exigências para mais investimentos em saúde, educação, combate à corrupção e outras reivindicações.
Numa noite marcada pela tensão, uma primeira morte foi registrada em Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. Um jovem foi atropelado por um carro que avançou sobre um grupo de pessoas durante a passeata na cidade.
Com a massificação dos protestos, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião ministerial para a manhã desta sexta-feira (21/06), cancelando viagem que tinha planejado para o Japão. A reunião, que deverá discutir medidas emergenciais para conter as manifestações no Brasil, deverá incluir ministros próximos da presidente, como José Eduardo Cardozo (Justiça).
Confrontos em Brasília
Brasília foi palco de tensão durante os protestos desta quinta. Entre 35 e 40 mil pessoas ocuparam a região central da capital federal, segundo dados oficiais. Mais de 120 pessoas teriam ficado feridas, incluindo dez policiais. Houve pelo menos três prisões, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (DF).
A concentração em Brasília começou pacífica, por volta das cinco da tarde, no Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios. Os cartazes dos manifestantes expressavam as reivindicações mais comuns: combate à corrupção, investimentos em saúde e educação, gastos excessivos com Copas e direitos das mulheres e dos homossexuais.
Os amigos Aryel Nascimento, de 21 anos, e Brenda Diniz, de 17, levavam cartaz que pedia, em inglês, educação, saúde e segurança. "Quero que os estrangeiros vejam", disse Aryel. Já Brenda considera que os protestos são a prova de que os jovens abriram os olhos para a política. "O que eles [os mais velhos] não dão conta de correr atrás, a gente corre atrás."
Já diante do Congresso, algumas pessoas que estavam mais próximas da barreira provocavam atirando fogos de artifício em direção aos policiais, que acabaram revidando com bombas de gás. Frustrado, o grupo mais exaltado seguiu em direção ao Palácio do Planalto – sede do Executivo Federal. Sem conseguir avançar, eles voltaram ao Congresso.
Foco de incêndio no Itamaraty
Após ameaçarem invadir o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, parte dos manifestantes se dirigiu ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério de Relações Exteriores. Apesar dos apelos à não-violência vindos de grande parte dos manifestantes, um grupo que se mantinha à frente entrou em confronto com a polícia. Alguns jogaram pedras e garrafas com coquetel molotov contra a fachada do prédio. Vidros foram quebrados e alguns manifestantes conseguiram acessar a rampa principal do edifício. A tropa de choque impediu o avanço dos invasores.
Em entrevista à rede de rádios CBN, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que os danos foram consideráveis. "Este é um patrimônio da nação, que representa a busca do entendimento pelo diálogo. Vandalismo como este não pode se repetir."
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, duas pessoas que invadiram o Itamaraty foram detidas. Manifestantes também acenderam várias fogueiras no gramado na frente do Congresso, além de quebrarem pontos de ônibus e placas de trânsito.
Protestos pelo país
No Rio de Janeiro, a Polícia Militar estimou em 300 mil o número de participantes na manifestação desta quinta-feira. Depois de um início pacífico, houve confronto com a polícia em alguns pontos da cidade, incluindo a frente do palácio da prefeitura. Manifestantes teriam quebrado vitrines, houve saques em pelo menos uma loja e tumultos. Pelo menos 60 pessoas teriam ficado feridas, incluindo um jornalista da TV Globo, que teria sido atingido por uma bala de borracha. A polícia também usou gás lacrimogêneo para conter os protestos.
Em São Paulo, o sétimo ato co-organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) reuniu 100 mil pessoas, segundo as autoridades. A passeata foi pacífica durante a maior parte do tempo, mas houve registro de alguns confrontos entre os próprios manifestantes, que rejeitaram manifestações ligadas a partidos políticos.
Em Salvador, palco da primeira manifestação da tarde, confrontos aconteceram entre parte dos cerca de 20 mil manifestantes e os policiais. Os manifestantes incendiaram um ônibus e atiraram pedras num microônibus da Fifa, organizadora da Copa das Confederações que acontece atualmente no país e um dos principais alvos das mobilizações.
As manifestações já estavam previstas e foram mantidas depois do anúncio, um dia antes, de algumas cidades – incluindo Rio de Janeiro e São Paulo – de que revogariam os aumentos das tarifas de transporte público. Os reajustes foram o estopim de protestos na cidade de São Paulo na semana passada e se alastraram pelo país, com manifestantes ampliando a lista de exigências para mais investimentos em saúde, educação, combate à corrupção e outras reivindicações.
Numa noite marcada pela tensão, uma primeira morte foi registrada em Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. Um jovem foi atropelado por um carro que avançou sobre um grupo de pessoas durante a passeata na cidade.
Com a massificação dos protestos, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião ministerial para a manhã desta sexta-feira (21/06), cancelando viagem que tinha planejado para o Japão. A reunião, que deverá discutir medidas emergenciais para conter as manifestações no Brasil, deverá incluir ministros próximos da presidente, como José Eduardo Cardozo (Justiça).
Manifestantes diante do Congresso em Brasília
Confrontos em Brasília
Brasília foi palco de tensão durante os protestos desta quinta. Entre 35 e 40 mil pessoas ocuparam a região central da capital federal, segundo dados oficiais. Mais de 120 pessoas teriam ficado feridas, incluindo dez policiais. Houve pelo menos três prisões, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (DF).
A concentração em Brasília começou pacífica, por volta das cinco da tarde, no Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios. Os cartazes dos manifestantes expressavam as reivindicações mais comuns: combate à corrupção, investimentos em saúde e educação, gastos excessivos com Copas e direitos das mulheres e dos homossexuais.
Os amigos Aryel Nascimento, de 21 anos, e Brenda Diniz, de 17, levavam cartaz que pedia, em inglês, educação, saúde e segurança. "Quero que os estrangeiros vejam", disse Aryel. Já Brenda considera que os protestos são a prova de que os jovens abriram os olhos para a política. "O que eles [os mais velhos] não dão conta de correr atrás, a gente corre atrás."
"Que estrangeiros vejam", diz Aryel Nascimento
Por volta das cinco horas da tarde, a marcha seguiu pela
Esplanada dos Ministérios em direção à Praça dos Três Poderes. Lá,
centenas de policiais cercavam a Câmara e o Senado, estratégia adotada
pelas autoridades para evitar a ocupação
registrada na última segunda-feira (17), quando cinco mil pessoas
subiram no Congresso. Cerca de 3.500 policiais foram deslocados para o
local.Já diante do Congresso, algumas pessoas que estavam mais próximas da barreira provocavam atirando fogos de artifício em direção aos policiais, que acabaram revidando com bombas de gás. Frustrado, o grupo mais exaltado seguiu em direção ao Palácio do Planalto – sede do Executivo Federal. Sem conseguir avançar, eles voltaram ao Congresso.
Foco de incêndio no Itamaraty
Após ameaçarem invadir o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, parte dos manifestantes se dirigiu ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério de Relações Exteriores. Apesar dos apelos à não-violência vindos de grande parte dos manifestantes, um grupo que se mantinha à frente entrou em confronto com a polícia. Alguns jogaram pedras e garrafas com coquetel molotov contra a fachada do prédio. Vidros foram quebrados e alguns manifestantes conseguiram acessar a rampa principal do edifício. A tropa de choque impediu o avanço dos invasores.
Em entrevista à rede de rádios CBN, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que os danos foram consideráveis. "Este é um patrimônio da nação, que representa a busca do entendimento pelo diálogo. Vandalismo como este não pode se repetir."
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, duas pessoas que invadiram o Itamaraty foram detidas. Manifestantes também acenderam várias fogueiras no gramado na frente do Congresso, além de quebrarem pontos de ônibus e placas de trânsito.
Protestos pelo país
No Rio de Janeiro, a Polícia Militar estimou em 300 mil o número de participantes na manifestação desta quinta-feira. Depois de um início pacífico, houve confronto com a polícia em alguns pontos da cidade, incluindo a frente do palácio da prefeitura. Manifestantes teriam quebrado vitrines, houve saques em pelo menos uma loja e tumultos. Pelo menos 60 pessoas teriam ficado feridas, incluindo um jornalista da TV Globo, que teria sido atingido por uma bala de borracha. A polícia também usou gás lacrimogêneo para conter os protestos.
Em São Paulo, o sétimo ato co-organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) reuniu 100 mil pessoas, segundo as autoridades. A passeata foi pacífica durante a maior parte do tempo, mas houve registro de alguns confrontos entre os próprios manifestantes, que rejeitaram manifestações ligadas a partidos políticos.
Em Salvador, palco da primeira manifestação da tarde, confrontos aconteceram entre parte dos cerca de 20 mil manifestantes e os policiais. Os manifestantes incendiaram um ônibus e atiraram pedras num microônibus da Fifa, organizadora da Copa das Confederações que acontece atualmente no país e um dos principais alvos das mobilizações.
- Data 21.06.2013
- Autoria Ericka de Sá, de Brasília
- Edição Renate Krieger
Protesto acontecerá em frente à Catedral da cidade alemã e tem por
objetivo expressar solidariedade aos manifestantes no Brasil. Colônia
abriga uma das maiores comunidades de brasileiros da Alemanha.
Brasileiros residentes na cidade de Colônia, Alemanha, e em cidades dos
arredores farão neste sábado (22/06) uma manifestação em frente à
Catedral de Colônia, símbolo e maior atração turística da cidade renana.
Segundo os organizadores, a intenção é mostrar ao governo brasileiro que, "apesar de estarmos morando em outro país, estamos de acordo com o protesto e a indignação que o povo está demonstrado contra este governo".
Os organizadores pedem que os participantes usem uma roupa branca. O protesto está marcado para as 16h, em frente à Catedral.
Protestos semelhantes já aconteceram em Berlim, Hamburgo e outras cidades alemãs. Colônia é a quarta maior cidade da Alemanha, com cerca de 1 milhão de habitantes, e abriga uma das maiores comunidades de brasileiros do país.
AS/ots
Segundo os organizadores, a intenção é mostrar ao governo brasileiro que, "apesar de estarmos morando em outro país, estamos de acordo com o protesto e a indignação que o povo está demonstrado contra este governo".
Os organizadores pedem que os participantes usem uma roupa branca. O protesto está marcado para as 16h, em frente à Catedral.
Protestos semelhantes já aconteceram em Berlim, Hamburgo e outras cidades alemãs. Colônia é a quarta maior cidade da Alemanha, com cerca de 1 milhão de habitantes, e abriga uma das maiores comunidades de brasileiros do país.
AS/ots
DW.DE
Fifa estaria pressionando o governo brasileiro por garantias de
segurança a atletas e delegações, noticia a imprensa brasileira.
Oficialmente, a entidade e a Presidência da República negam qualquer
ameaça à competição.
Em meio aos protestos em parte violentos nas maiores cidades
brasileiras, crescem os rumores na imprensa de que a Copa das
Confederações possa ser cancelada para evitar riscos à segurança de
integrante das seleções e funcionários da Fifa.
O site UOL Esportes noticiou nesta sexta-feira (21/06) que a cúpula da Fifa teria dado um "recado" à presidente Dilma Rousseff: se mais algum membro das seleções que participam do torneio ou da imprensa internacional sofrer algum ato de violência, a competição seria cancelada.
A presidente já havia convocado uma reunião de emergência em seu gabinete na manhã desta sexta-feira para discutir os protestos pelo país, que deverá também incluir a questão da segurança na Copa das Confederações. O objetivo seria garantir à Fifa que o país tem condições plenas de dar continuidade ao torneio.
Ao mesmo tempo, a UOL Esportes afirma que, oficialmente, a Fifa
e o Comitê Organizador Local negaram qualquer reclamação ao governo ou
possibilidade de cancelamento da competição. A área de comunicação da
Presidência da República também nega ter conhecimento sobre o assunto,
segundo o site.
A Fifa afirmou, em nota à imprensa, que até o momento a opção de cancelamento da Copa das Confederações sequer chegou a ser discutida pela entidade ou pelo Comitê Organizador Local. "Em nenhum momento a Fifa considerou, com as autoridades locais, abandonar a Copa das Confederações", reiterou nesta sexta-feira o porta-voz do organismo máximo do futebol mundial, Pekka Odriozola.
O motivo da especulação sobre a interrupção do torneio são os protestos realizados pelo país e que se intensificaram nos últimos dias, resultando em choques entre policiais e manifestantes.
O jornal O Estado de S. Paulo e a rádio CBN noticiaram que a competição, considerada um teste para a Copa do Mundo do próximo ano, corre o risco de ser cancelada. A CBN chegou a anunciar que a Fifa iria requerer compensações do Brasil se o torneio fosse interrompido em razão das manifestações.
A CBN noticiou que os jogadores de uma das equipes que disputam a Copa das Confederações estariam pressionando seus superiores para abandonar a competição, temendo pela segurança de seus familiares que vieram ao Brasil para assistir às partidas.
A Lei Geral da Copa prevê que, se o país-sede não garantir a segurança das delegações, torcedores e funcionários da Fifa, o evento pode de fato ser cancelado e o governo brasileiro teria que arcar com os eventuais prejuízos, lembra o UOL Esporte.
O jornal Folha de S. Paulo noticiou que as equipes
participantes e a própria Fifa estariam "aterrorizados" com a situação
no Brasil. "A competição se tornou um pesadelo para a organização. A
dimensão dos problemas é mais grave do que o pior cenário imaginado pela
Fifa", escreveu o jornal.
A entidade orientou os seus membros e funcionários para que se locomovam em conjunto na ida e na volta aos estádios, sempre com escolta policial.
Não há partidas marcadas para esta sexta-feira. O torneio continua no sábado, quando o Brasil enfrenta a Itália em Salvador.
Os protestos – que se voltam também contra os gastos excessivos dos governos com a Copa das Confederações e com a Copa do Mundo – atingiram seu ponto mais alto na noite desta quinta-feira, levando mais de um milhão de pessoas às ruas em pelo menos 80 cidades brasileiras.
O site UOL Esportes noticiou nesta sexta-feira (21/06) que a cúpula da Fifa teria dado um "recado" à presidente Dilma Rousseff: se mais algum membro das seleções que participam do torneio ou da imprensa internacional sofrer algum ato de violência, a competição seria cancelada.
A presidente já havia convocado uma reunião de emergência em seu gabinete na manhã desta sexta-feira para discutir os protestos pelo país, que deverá também incluir a questão da segurança na Copa das Confederações. O objetivo seria garantir à Fifa que o país tem condições plenas de dar continuidade ao torneio.
Protestos em frente ao estádio do Maracanã
A Fifa afirmou, em nota à imprensa, que até o momento a opção de cancelamento da Copa das Confederações sequer chegou a ser discutida pela entidade ou pelo Comitê Organizador Local. "Em nenhum momento a Fifa considerou, com as autoridades locais, abandonar a Copa das Confederações", reiterou nesta sexta-feira o porta-voz do organismo máximo do futebol mundial, Pekka Odriozola.
O motivo da especulação sobre a interrupção do torneio são os protestos realizados pelo país e que se intensificaram nos últimos dias, resultando em choques entre policiais e manifestantes.
O jornal O Estado de S. Paulo e a rádio CBN noticiaram que a competição, considerada um teste para a Copa do Mundo do próximo ano, corre o risco de ser cancelada. A CBN chegou a anunciar que a Fifa iria requerer compensações do Brasil se o torneio fosse interrompido em razão das manifestações.
A CBN noticiou que os jogadores de uma das equipes que disputam a Copa das Confederações estariam pressionando seus superiores para abandonar a competição, temendo pela segurança de seus familiares que vieram ao Brasil para assistir às partidas.
A Lei Geral da Copa prevê que, se o país-sede não garantir a segurança das delegações, torcedores e funcionários da Fifa, o evento pode de fato ser cancelado e o governo brasileiro teria que arcar com os eventuais prejuízos, lembra o UOL Esporte.
Protestos perto do Estádio Mané Garrincha
A entidade orientou os seus membros e funcionários para que se locomovam em conjunto na ida e na volta aos estádios, sempre com escolta policial.
Não há partidas marcadas para esta sexta-feira. O torneio continua no sábado, quando o Brasil enfrenta a Itália em Salvador.
Os protestos – que se voltam também contra os gastos excessivos dos governos com a Copa das Confederações e com a Copa do Mundo – atingiram seu ponto mais alto na noite desta quinta-feira, levando mais de um milhão de pessoas às ruas em pelo menos 80 cidades brasileiras.
DW.DE
Primavera Árabe, Occupy, Indignados e os manifestantes nas capitais
brasileiras: em todo o mundo, os motivos que levam jovens às ruas são os
mais variados. Em comum, a insatisfação e o protesto.
São motivos diversos, mas a estratégia de ação é a mesma em todo o
mundo: ativistas, jovens em sua maioria, ocupam espaços públicos para
manifestações e para expressar sua insatisfação.
Em geral, trata-se da ocupação de espaços simbólicos das cidades, como Wall Street, em Nova York; a praça Tahrir, no Cairo; ou a praça Puerta de Sol, em Madri; o Congresso Nacional ou a Avenida Paulista, no Brasil.
Iguais no ato de protestar, os movimentos se distinguem nos seus objetivos. No mundo árabe, a insatisfação se voltava contra governantes autoritários, há décadas instalados no poder.
Na Espanha, o desemprego e os planos de austeridade motivaram os Indignados a sair às ruas. Em Nova York, o Occupy Wall Street mira a desigualdade econômica e social, apresentando-se como os 99% de desfavorecidos na distribuição da riqueza.
Algo semelhante acontece na Turquia, onde a repressão policial a um movimento pacífico contrário à construção de um centro comercial em um parque de Istambul gerou revolta de outros setores da sociedade. Assim como no Brasil, grupos diversos, com reivindicações variadas, juntaram-se ao movimento, engrossando a contestação na praça Taksim e no parque Gezi.
Levantes ocasionados por insatisfação política também ocorrem na África subsaariana, mas também em contextos bem únicos. O regime do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, enfrenta manifestações de contestação desde o ano passado. São ações lideradas por jovens estudantes e ativistas culturais, severamente reprimidas pelas forças de segurança.
A insatisfação parece ser o único ponto em comum entre os
jovens que saem às ruas em todo o mundo. Mesmo no caso de um único país,
como o Brasil, é difícil encontrar um tema unindo todos os
manifestantes, como argumenta o cientista político Tim Wegenast, da
Universidade de Constança. Para ele, existe uma "insatisfação com a
política brasileira como um todo".
Wegenast também não arrisca comparar a onda de protestos brasileira com as contestações permanentes à política vigente em Angola há mais de 30 anos. "Angola tem problemas sociais muito contundentes", afirma Wegenast.
Já o coordenador da organização Mais Democracia, João Roberto Pinto, consegue encontrar semelhanças entre alguns movimentos globais. Ele aproxima as manifestações brasileiras dos Indignados da Espanha e do Occupy Wall Street.
Segundo o cientista político, essas mobilizações têm o mesmo alvo. "O poder econômico vem capturando a representação política. Isso não é novo, mas chegou a um ponto que saturou o povo."
Já o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Abramo, evita comparar as manifestações brasileiras com as de outros países porque seriam "contextos diferentes".
Abramo concorda com Pinto quando se fala em crise na representação política no Brasil. Ele diz não acreditar que o motivo dos levantes generalizado seja somente o aumento da passagem de ônibus. "Parece ser uma desilusão generalizada perante a representatividade do sistema político. Os partidos não representam ninguém, a não ser a si próprios", destaca.
Surpresa e contradição
Wegenast diz que não esperava uma mobilização deste porte neste
momento no Brasil. "É meio contraditório ver um movimento de
insatisfação tendo em vista todo este crescimento econômico e estes
programas sociais das últimas décadas", afirma.
Abramo discorda que haja uma contradição. "A transferência de recursos para camadas mais pobres, como ocorreu nos programas sociais brasileiros, não causa impacto na classe média urbana, que é a camada da população mais sensível às ações do Estado."
Pinto descarta que os movimentos brasileiros estejam isentos de sofrer influência político-partidária. O coordenador do Mais Democracia celebra o interesse da população de protestar por maior participação nas decisões sobre questões do seu cotidiano.
"No Rio, o pessoal quer discutir as concessões para o sistema de transporte. Querem que as empresas abram suas planilhas de custo para ver a justificativa de distribuição das linhas e de correções nas tarifas", argumenta.
Em outros países emergentes
Na Turquia, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan qualificou os protestos de "um ataque à democracia turca", uma reação bem diferente da expressada pelas autoridades brasileiras. Para Wegenast, o cenário político é outro. "A Turquia é uma quase-democracia, com direitos civis limitados, sem transparência e sem mídia independente", salienta.
Para o analista, no caso do Brasil não se trata de um governante em perigo, que manda a polícia reprimir violentamente a oposição, como nos países da Primavera Árabe.
Manifestações em outros países do Brics também não encontram semelhanças com a onda de protestos brasileira.
O governo sul-africano não enfrenta levantes em série, mas vem sendo criticado há meses pela repressão à manifestação dos mineiros de Marikana, que deixou 34 mortos em agosto passado. Os trabalhadores reivindicaram melhores salários e foram alvejados pela polícia, numa repressão que lembrou os piores anos do Apartheid.
Na Rússia, além de optar pela repressão, o governo enfrenta os protestos mobilizando organizações aliadas para "contra-manifestações". Na China, a repressão do regime evita ações mais audaciosas por parte da população. Os levantes brasileiros também não se comparam aos conflitos religiosos na Índia, razão de intervenção enérgica do Estado.
"A repressão na China e na Rússia é para a sobrevivência do regime.
Os governos sufocam qualquer movimento para permanecer no poder", salienta Wegenast.
Em geral, trata-se da ocupação de espaços simbólicos das cidades, como Wall Street, em Nova York; a praça Tahrir, no Cairo; ou a praça Puerta de Sol, em Madri; o Congresso Nacional ou a Avenida Paulista, no Brasil.
Iguais no ato de protestar, os movimentos se distinguem nos seus objetivos. No mundo árabe, a insatisfação se voltava contra governantes autoritários, há décadas instalados no poder.
Na Espanha, o desemprego e os planos de austeridade motivaram os Indignados a sair às ruas. Em Nova York, o Occupy Wall Street mira a desigualdade econômica e social, apresentando-se como os 99% de desfavorecidos na distribuição da riqueza.
O Congresso Nacional: ocupação de espaços simbólicos é ponto em comum
No Brasil, as manifestações começaram em protesto contra o
aumento das passagens de ônibus em São Paulo, mas logo ganharam uma
dimensão maior, e a agenda também se ampliou.Algo semelhante acontece na Turquia, onde a repressão policial a um movimento pacífico contrário à construção de um centro comercial em um parque de Istambul gerou revolta de outros setores da sociedade. Assim como no Brasil, grupos diversos, com reivindicações variadas, juntaram-se ao movimento, engrossando a contestação na praça Taksim e no parque Gezi.
Levantes ocasionados por insatisfação política também ocorrem na África subsaariana, mas também em contextos bem únicos. O regime do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, enfrenta manifestações de contestação desde o ano passado. São ações lideradas por jovens estudantes e ativistas culturais, severamente reprimidas pelas forças de segurança.
Os brasileiros no contexto mundial
Na Turquia, os protestos começaram por causa da construção de um centro comercial
Wegenast também não arrisca comparar a onda de protestos brasileira com as contestações permanentes à política vigente em Angola há mais de 30 anos. "Angola tem problemas sociais muito contundentes", afirma Wegenast.
Já o coordenador da organização Mais Democracia, João Roberto Pinto, consegue encontrar semelhanças entre alguns movimentos globais. Ele aproxima as manifestações brasileiras dos Indignados da Espanha e do Occupy Wall Street.
Segundo o cientista político, essas mobilizações têm o mesmo alvo. "O poder econômico vem capturando a representação política. Isso não é novo, mas chegou a um ponto que saturou o povo."
Já o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Abramo, evita comparar as manifestações brasileiras com as de outros países porque seriam "contextos diferentes".
Abramo concorda com Pinto quando se fala em crise na representação política no Brasil. Ele diz não acreditar que o motivo dos levantes generalizado seja somente o aumento da passagem de ônibus. "Parece ser uma desilusão generalizada perante a representatividade do sistema político. Os partidos não representam ninguém, a não ser a si próprios", destaca.
Surpresa e contradição
Manifestantes do Occupy, que criticam a distribuição de renda
Abramo discorda que haja uma contradição. "A transferência de recursos para camadas mais pobres, como ocorreu nos programas sociais brasileiros, não causa impacto na classe média urbana, que é a camada da população mais sensível às ações do Estado."
Pinto descarta que os movimentos brasileiros estejam isentos de sofrer influência político-partidária. O coordenador do Mais Democracia celebra o interesse da população de protestar por maior participação nas decisões sobre questões do seu cotidiano.
"No Rio, o pessoal quer discutir as concessões para o sistema de transporte. Querem que as empresas abram suas planilhas de custo para ver a justificativa de distribuição das linhas e de correções nas tarifas", argumenta.
Em outros países emergentes
Na Turquia, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan qualificou os protestos de "um ataque à democracia turca", uma reação bem diferente da expressada pelas autoridades brasileiras. Para Wegenast, o cenário político é outro. "A Turquia é uma quase-democracia, com direitos civis limitados, sem transparência e sem mídia independente", salienta.
Para o analista, no caso do Brasil não se trata de um governante em perigo, que manda a polícia reprimir violentamente a oposição, como nos países da Primavera Árabe.
Manifestações em outros países do Brics também não encontram semelhanças com a onda de protestos brasileira.
O governo sul-africano não enfrenta levantes em série, mas vem sendo criticado há meses pela repressão à manifestação dos mineiros de Marikana, que deixou 34 mortos em agosto passado. Os trabalhadores reivindicaram melhores salários e foram alvejados pela polícia, numa repressão que lembrou os piores anos do Apartheid.
Na Rússia, além de optar pela repressão, o governo enfrenta os protestos mobilizando organizações aliadas para "contra-manifestações". Na China, a repressão do regime evita ações mais audaciosas por parte da população. Os levantes brasileiros também não se comparam aos conflitos religiosos na Índia, razão de intervenção enérgica do Estado.
"A repressão na China e na Rússia é para a sobrevivência do regime.
Os governos sufocam qualquer movimento para permanecer no poder", salienta Wegenast.
"O Brasil ainda é visto como a democracia mais sólida do
Brics."
DW.DE
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- Autoria Roberto Crescenti
- Edição Renate Krieger
A agenda ILLUMINATI por trás da onda de protestos e anarquia no Brasil.
DW.DE.
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