sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O MISTÉRIO DA PEDRA DA GÁVEA



O Mistério da Pedra da Gávea

        Entre os bairros da Barra da Tijuca e São Conrado, no Rio de Janeiro, e a 842 metros acima do nível do mar, existe uma lendária montanha com a face de um gigante desconhecido que encanta as pessoas que passam por ela com os seus mistérios.
        Seu nome Gávea, remonta à época do descobrimento, quando os portugueses que aqui chegaram notaram que ela era um observatório perfeito das caravelas que chegavam.
        Sua face parece uma figura esculpida, e existem inscrições antigas em um de seus lados. Sua origem é objeto de discussão há anos, mas ninguém pode provar quem as fez e porque.

A Teoria da Tumba Fenícia
        Existe uma teoria, a qual é bastante difundida, de que a Pedra da Gávea seria a tumba de um rei fenício.


        - Os Estudos
        Tudo começa no século XIX. Algumas "marcas" na rocha chamaram a atenção do Imperador D. Pedro I, apesar de seu pai, D. João VI, rei de Portugal, já ter recebido um relatório de um padre falando sobre as marcas estranhas, as quais foram datadas de antes de 1500. Até 1839, pesquisas oficiais foram conduzidas, e no dia 23 de março, em sua 8° (oitava) seção extraordinária, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil decidiu que a Pedra da Gávea deveria ser extensamente analisada, e ordenou então o estudo do local e suas inscrições. Uma pequena comissão foi formada para estudar a rocha. 130 anos mais tarde, o jornal O Globo questionou tal comissão, querendo saber se eles realmente escalaram a rocha, ou se eles simplesmente estudaram-na usando binóculos. 

O relatório fornecido pelo grupo de pesquisa diz que eles "viram as inscrições e também algumas depressões feitas pela natureza." No entanto, qualquer um que veja estas marcas de perto irá concordar que nenhum fenômeno natural poderia ter causado estas inscrições.


        Após o primeiro relatório, ninguém voltou a falar oficialmente sobre a Pedra até 1931, quando um grupo de excursionistas formou uma expedição para achar a tumba de um rei fenício que subiu ao trono em 856 a.C. Algumas escavações amadoras foram feitas sem sucesso. Dois anos depois, em 1933, um grupo de escaladas do Rio de Janeiro organizou uma expedição gigantesca com 85 membros, o qual teve a participação do professor Alfredo dos Anjos, um historiador que deu uma palestra "in loco" sobre a "Cabeça do Imperador" e suas origens.

        Em 20 de janeiro de 1937, este mesmo clube organizou outra expedição, desta vez com um número ainda maior de participantes, com o objetivo de explorar a face e os olhos da cabeça até o topo, usando cordas. Esta foi a primeira vez que alguém explorava aquela parte da rocha depois dos fenícios, se a lenda está correta. 

 
        Segundo um artigo escrito em 1956, em 1946 o Centro de Excursionismo Brasileiro conquistou a orelha direita da cabeça, a qual está localizada a uma inclinação de 80 graus do chão e em lugar muito difícil de chegar. Qualquer erro e seria uma queda fatal de 20 metros de altura para todos os exploradores. Esta primeira escalada no lado oeste, apesar de quase vertical, foi feita virtualmente a "unha". Ali, na orelha, há a entrada para uma gruta que leva a uma longa e estreita caverna interna que vai até ao outro lado da pedra.
  
      Em 1972, escaladores da Equipe Neblina escalaram o "Paredão do Escaravelho" - a parede do lado leste da cabeça - e cruzaram com as inscrições que estão a 30 metros abaixo do topo, em lugar de acesso muito difícil. Apesar do Rio ter uma taxa anual de chuvas muito alta, as inscrições ainda conservavam-se quase intactas.



       Em 1963 
um arqueólogo e professor de habilidade 
científica chamado Bernardo A. Silva Ramos 
traduziu-as como:
LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT
Que lidas ao contrário:
TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL
Ou:
TIRO, FENÍCIA, BADEZIR PRIMOGÊNITO DE JETHBAAL


Alguns dos Fatos 
que Levam às Muitas Estórias Sobre a Pedra



  • A grande cabeça com dois olhos (não muito profundos e sem ligação entre eles) e as orelhas;
  • As enormes pedras no topo da cabeça a qual lembra um tipo de coroa ou adorno;
  • Uma enorme cavidade na forma de um portal na parte nordeste da cabeça que tem 15 metros de altura e 7 metros de largura e 2 metros de profundidade;
  • Um observatório na parte sudeste como um dolmen, contendo algumas marcas;
  • Um ponto culminante como uma pequena pirâmide feita de um único bloco de pedra no topo da cabeça;
  • As famosas e controversas inscrições no lado da rocha;
  • Algumas outras inscrições lembrando cobras, raios-solares, etc, espalhados pelo topo da montanha;
  • O local de um suposto nariz, que teria caído há muito tempo atrás
        Roldão Pires Brandão, o presidente da Associação Brasileira de Espeleologia e Pesquisas Arqueológicas no Rio afirmou:

"É uma esfinge gravada em granito pelos fenícios, a qual tem a face de um homem e o corpo de um animal deitado. A cauda deve ter caído por causa da ação do tempo.

A rocha, vista de longe, tem a grandeza dos monumentos faraônicos e reproduz, em um de seus lados, a face severa de um patriarca". 
 (O GLOBO) 

        Hoje já se sabe que em 856 a.C., Badezir tomou o lugar de seu pai no trono real de Tiro. Será a Pedra da Gávea o túmulo deste rei?
        Segundo consta, outros túmulos fenícios que foram encontrados em Niterói, Campos e Tijuca sugerem que esse povo realmente esteve aqui. Em uma ilha na costa do Estado da Paraíba, pedras ciclope e ruínas de um castelo antigo com quartos enormes e diversos corredores e passagens foi encontrado. De acordo com alguns especialistas, o castelo seria uma relíquia deixada pelos fenícios, apesar de haver pessoas que contextem essa teoria.
        Robert Frank Marx, um arqueólogo americano interessado em descobrir provas de navegantes pré-colombianos no Brasil, começou em outubro de 1982, uma série de mergulhos na Baía de Guanabara. Ele queria achar um navio fenício afundado e provar que a costa do Brasil foi, em épocas remotas, visitada por civilizações orientais. Apesar de não achar tal embarcação, o que ele encontrou pode ser considerado um tesouro valioso.
Sobre esta procura, O GLOBO publicou:


        "O caso dos vasos fenícios na Baía de Guanabara sempre foi tratado com o maior sigilo e seu achado só foi revelado um ano depois, em 1978, com vagas informações.

O nome do mergulhador que achou as doze peças arqueológicas só foi revelado ontem, depois de uma conferência no Museu Marinho, pelo presidente da Associação Profissional para Atividades Sub-Aquáticas, Raul Cerqueira."

        Três vasos foram encontrados. Um permaneceu com José Roberto Teixeira, o mergulhador que encontrou os vasos, e os outros dois foram para a Marinha. As peças com capacidade para armazenar 36 litros, estão sob a guarda do governo brasileiro em uma localidade desconhecida.

A Escadaria
        Existe uma gruta tipo sifão na parte onde o maciço toca o mar, com a parte abobadada acima do mar e com ventilação natural, onde se encontra uma escadaria em sentido ascencional, que segundo consta, levaria ao interior da Pedra. O caso mais conhecido referente a esta escadaria é o de dois rapazes que faziam caça submarina e ao encontrarem a entrada para esta gruta, resolveram entrar. Decidiram subir os degraus da escadaria e a última coisa que se lembram é de perderem os sentidos. Quando acordaram, estavam no topo da pedra a 842 metros de altitude.

Os Pés da Esfinge Brasileira
        Se a Pedra da Gávea representa a cabeça de algum tipo de "esfinge", onde estaria o resto de seu corpo? Alguns estudiosos afirmam que o morro do Pão de Açúcar seria os seus pés.

        E para aqueles que não se contentam com pouco, o pé da esfinge tem uma "tatuagem"...
Instituto Maat

 
Nota:
Há teorias que falam de um mundo subterrâneo de Agartha,
cuja capital seria Shambala. Uma das entradas desse mundo, 
no Brasil, estaria na Pedra da Gávea.

Outra entrada estaria em Sete Cidades, no Piauí, 
e haveria uma terceira na Serra do Roncador.

Dizem que alpinistas 
viram estranhas luzes esverdeadas no local 
em que estaria o portal desse mundo desconhecido.

As duas entradas principais 
seriam nos pólos norte e sul da Terra. 
Mas isso é assunto para ser pesquisado
. E você, o que acha?
Os fenícios estiveram aqui
Há quem garanta ser a Pedra da Gávea
o túmulo de um Rei Fenício. 
As inscrições na Pedra, seu formato e as faces esculpidas
dão força a esta teoria.
LAABHTEJ BAR RIZDAB NAISNEOF RUZT
Alguns sinais da Pedra da Gávea
chamaram a atenção do Imperador D. Pedro I, 
embora existam documentos da época do descobrimento
que já faziam referência a estes sinais.


Em 1963 
o arqueologista e professor Bernardo A. Silva
traduziu as inscrições:
LAABHTEJ BAR RIZDAB NAISINEOF RUZT
 Lidas de trás para a frente:

 TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL
Tyro Phoenicia, Badezir primogênito de Jethbaal
Em 856 AC Badezir assumiu o lugar de seu pai no trono real de TYRO. 

Poderia ser a Pedra da Gávea um túmulo fenício?
Sítios fenícios foram encontrados em outros pontos do Brasil, 
o que confirma que eles estiveram por aqui.

O mistério continua.

Enquanto não aparecem novas evidências,
a face de Badezir continuará a observar 
a maravilhosa paisagem do Rio de Janeiro
e a guardar seus segredos pela eternidade.
Li

Fonte:
http://www.acasicos.com.br/html/pedra_gavea.htm

Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

MESTRE ECKHART





Mestre Eckhart


Portal de Mestre Eckhart na igreja de Erfurt.
Eckhart de Hochheim O.P. (Tambach, Turingia, 1260Colonia, 1328), mais conhecido como Meister Eckhart em reconhecimento aos títulos acadêmicos obtidos durante su estadia na Universidade de Paris (Meister significa "maestro" em alemão), foi um frade dominicano, conhecido por sua obra como teólogo e filósofo e por suas visões místicas.

Biografia e obra

Mestre Eckhart foi um dos mais fecundos pensadores,da filosofia alemã medieval. Como tal, Eckhart insere-se na longa corrente de uma mística neo-platônica eivada das conclusões de Agostinho e do Pseudo Dionísio Areopagita.

Nesta tradição, porque Eckhart, embora cravado de balas inquisitórias em seu tempo - não sai de seus referenciais cristãos e da Tradição: ocorre, portanto, que o Mestre renano tem estatura que lhe é negada pela Igreja de Roma, sob os velhos ranços da suspeita da heresia…

O problema da linguagem em Eckhart, entretanto, levanta problemas: como sói acontecer no idioma místico-negativo, tudo parece recender a panteísmo.Não há, todavia, uma linguagem positiva que possa driblar a noção aparente de panteísmo na mística que seja digna do nome: o texto principal de Eckhart, este também marcado pela interminável discussão acerca de sua autenticidade, orbita em torno de um Deus que somente é alcançado pelo ser humano na medida em que este, assemelhando-se a Deus mesmo, esvazia-se quenoticamente no desprendimento, na palavra abgeschiedenheit.

Desprender-se é o movimento para o Nada. Desprender-se provoca os interesses divinos na alma que assim se faz vazia: uma gravidade divina tende, inevitavelmente, para todo cristão que assume a postura desprendida diante da vida, do sofrimento e da morte.

De tal desprendimento, portanto, chegamos ao estágio necessário da gelassenheit: a plena serenidade não estóica diante da existência.
Assim como Deus é Nada, fazer-se Nada é atrair Deus a si mesmo sendo, assim, feitos como somos realmente: um com Deus que só é Deus na dimensão da existência, porém, não da essência e, destarte, O mestre nos remete à origem humana e leva-nos a sermos o que já somos desde sempre…

Ligações externas

   Professor e teólogo alemão dominicano nascido em Hochheim, próximo a Gota, na Turíngia, que defendeu uma filosofia das mais originais e considerado o maior místico especulativo alemão. Ingressou na ordem dos dominicanos (1265), estudando em Estrasburgo e em Colônia, sob a influência dos ensinamentos de Tomás de Aquino. Estudou no priorado de Saint-Jacques, em Paris, tornando-se mestre em teologia (1302) e lá se iniciou como professor de teologia.

Nomeado provincial dos dominicanos na Saxônia (1303) e vigário-geral para a Boêmia (1306), residiu em Estrasburgo e estabeleceu-se finalmente em Colônia (1314) como mestre dos dominicanos. Com ensinamentos centrados na união da alma individual com Deus, filosofia das mais originais, resultante da fusão de elementos gregos, neoplatônicos, árabes e escolásticos, partia da afirmação de que o homem e o mundo nada são sem Deus, produziu uma obra caracterizada por uma busca da justificação da fé que não contem o suporte da razão.

Morreu em Avignon, França, sendo o autor de Opus tripartitum, Quaestiones, Pregações e Tratados, estes dois últimos em alemão. Entre seus tratados, destacam-se o Livro da divina consolação, Do homem nobre e Do desapego.


Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/

O MESTRE ECKHART: MÍSTICA E ESCOLÁSTICA


Mestre Eckhart

Também na alta escolástica, espiritualidade do intelecto e do coração — a mística, andam juntas. E esta não é, como muitas vezes se crê, um domínio totalmente diferente, mas algo de conexo e aparentado. Assim, se as Sumas desenvolvem mais largamente só o método racional, isso o foi por motivos didáticos e não significa não fosse possível, na realidade, uma unidade viva entre pensamento conceptual e sentimento religioso. Exatamente com Echardo, o místico por excelência, pode-se ver como “’escolástica. e mística em substância concordam” (B. Seeberg).

Para conhecermos a escolástica 
devemos conhecer Echardo, 
e para conhecermos Echardo
é mister conhecer a escolástica

V i d a
Mestre Echardo (Meister Eckhart — 1260-1327), originário dos Echardos de Hackheim, foi membro da ordem dominicana, estudou em Paris, veio a ser Mestre em teologia, ocupou mais tarde uma posição de relevo na sua ordem visitando, por isso, vários conventos. Nessa ocasião fez aquelas prédicas que o celebrizaram e contribuíram para o desenvolver-se de um novo movimento místico. Por curto tempo ensinou em Paris e, ao fim de sua vida, também em Colônia. Nos últimos anos levantaram-se dúvidas sobre a ortodoxia, em matéria de fé, dos seus escritos. Eram procedentes, parte, dos franciscauos, parte, da sua própria ordem. O arcebispo de Colônia dirigiu o processo eclesiástico contra ele. Echardo defendeu-se e apelou ao Papa (o escrito da defesa foi descoberto e é rico de informações sobre a conduta do Mestre). Dois anos depois da sua morte teve, não obstante o processo, lugar a condenação de 2S teses da sua doutrina.

A Igreja na sua sentença reconheceu expressamente ter sido o Mestre bona fide Nenhuma resistência ofereceu Echardo contra a Igreja.   No  escrito  da sua defesa  está dito:   “Tudo quanto nos meus escritos e palavras é falso, sem ter eu disso ciência, estou sempre pronto a ceder a um melhor sentido… Pois errar posso eu, mas ser herege, isso não o posso; pois errar é do intelecto, mas ser herege é por vontade”.
Obras
A maior parte
 das obras de Echardo
são em latim e versam questões teológico-filosóficas
A obra principal é o incompleto Opus tripartitum.
 
Vêm depois as Quaestiones Parisienses. Muita cousa ainda está inédita. Enquanto não se publicar tudo não se pode fazer juízo definitivo sobre Echardo. Entre as obras em alemão se colocam em primeiro lugar as suas Prédicas. Conservam-se em cópias. — Edições: J. Quint, Die Überlieferung der deutschen Predigten Meister Eckharts (1932). A edição de Pfiffer (1857) é defeituosa. A tradução von Büttner é reconhecidamente má. Em via de publicação: Magistri Echardi. opera latina. Ed. Instit. S. Sabinae in urbe, Leipzig (1934 ss.); e Meister Eckhart. Die lateinische und deutschen Werke, Ed. feita por ordem da Deutsche Forschungsgemeinschaft, Stuttgart (1936 ss.).
Bibliografia
O. Karrer, Meister Eckart. Das System seiner religiösen Lehre und Lebensuceisheit. Textbuch aus den gedruckten Quellen, mit Einführimg (1926). M. Grabmann, Neu aufgefundene Pariser Quaestionem Meister Eckharts und ikre Stellung in seinem geistigen Entwicklungs-gange. (Abhandlugen der Bayr. Akad. der Wissenschaften, München, 1927). G. Della Volpe, II misticismo speculativo di maestro Eckhart nei suoi rapporti storici (1930). Al. Dempf, Meister Eckhart (1934). Herma Piesch, Meister Eckharts Ethik (1985). W. Bange, Meister Eckarts Lebre vorn gòttlicheii und geschopflichen Seiti (1987). H. Eeelixg, Meister Eckharts Mystik (1947). Studien num Mythus des 20. Jahrhunderts   (1934).
a)    Bases   espirituais

Neoplatonismo. — É necessário, sobretudo com Echardo, indicar as bases do seu pensamento. É, primeiro, o neo-platonismo e o seu círculo de idéias, como Echardo o recebeu dos  Padres,  sobretudo  de  Agostinho,  do  PseudoDionísio,  de Máximo Confessor; e, depois, de Eriúgena, da escola de Chartres, da filosofia árabe, do Liber de causis, do de intelligentiis e, mais que tudo, de Alberto e da sua escola.

 A escolástica. — Mas tão decisivo, ao menos, para o pensamento de Echardo é a teologia escolástica, principalmente Tomás de Aquino. Basta lançar um olhar sobre os lugares aduzidos no Textbuch de Karr, para logo verificar essa influência, pelas muitas citações de Tomás. Também o Comentário das Sentenças, reeém-descoberto por .T. Ivoch, move-se nessa mesma linha. Muita cousa, que intérpretes mal informados de Echardo tomaram como panteísmo e arrogância nórdica, é patrimônio da doutrina escolástica da Trindade, da graça e da especulação sobre o togou que, passando pelos Padres, se estende até Pilo Judeu.

A mística. — E finalmente Echardo vive da mística, dos Victorinos, de Roberto de Deutz, Bernardo de Claraval. Também daquela coerente mística que, nos claustros alemães dos sécs. 12 e 13, constituíram um intensíssimo movimento espiritual, e de que são representantes notáveis Hildegarda de Bingen, Gertrudes a Grande, Matilde de Magdehurgo, Matilde de Hackeborn e outras. Conforme o mostra o projeto de reforma franciscana, no concilio lugdunense de 1274, esses círculos místicos sempre se ocuparam com a especulação escolástica. A influência de Echardo, nos claustros de religiosas, não foi a única a propulsionar essas aspirações. Sabemos, pelas obras dos místicos alemães, recém-descobertas por Grabmann, que também João de Sterngassen, Gerardo de Sterngassen, Nicolau de Estrasburgo e as suas místicas se fundam em Tomás. Aqui a escolástica, que penetra essa mística, não é, como se pensou, um “rolo laminador que esmagou o sentido religioso até laminá-lo e extingui-lo”.

b)    Deus
Deus como pensamento puro. — Na doutrina de Deus Echardo sobretudo põe em relevo que, sobre Deus, sempre devemos dizer antes o que ele não é, que o que é. Por isso o designa como puro de qualquer elemento criado. Como o diria um absoluto idealista? Mas também Aristóteles, que Echardo conhece muito bem, assim caracterizou Deus; e Tomás diz igualmente que em Deus intelecto e essência se identificam; e para Alberto Deus é o intellectus universalites agens, produzindo, como tal, a primeira Inteligência. Donde o poder dizer Echardo, como o prólogo do Evangelho de S. João, que, pelo Verbum, que é um verbum mentis, tudo foi feito. Por onde se vê que as atribuições da teologia negativa, como já o tinha percebido o PseudoDionísio, encerram contudo um conhecimento de valor positivo.

 Deus como plenitude do ser.
— Deus é,
assim, a plenitude do ser; todo ser dele procede.

“É sem dúvida o terem dele o ser todos os seres, 
como tudo quanto é branco pela brancura o é” 
(Qu. Par. pág. 11, Meiner). 
 
Ou: “Deus tudo criou, não no sentido de as criaturas existirem fora ou ao lado dele, como se dá com as obras dos artífices; mas Deus chamou todas do nada, do não-ser, para o ser, de modo que todas nele o achassem, recebessem e tivessem”’ (1. c. 16).

 O ser como idéia. — Agora vemos em que sentido Deus é a plenitude do ser: ele encerra as idéias de todos os seres; criando-os, cria o ser e, em tanto, é imanente ao ser. Aqui revive a velha doutrina das Idéias, mas sem ter a imanência nenhuma acepção panteísta. As Idéias existem por participação e é muito exato que o ser colocado no espaço e no tempo o é por participação. Pelo que acaba de ser dito se conclui que Deus é pensamento e pensar, não ser; pois, é o Logos, expressivo das idéias, ao passo que “ser” deve designar o criado. Mas se se tomar o “ser” pela essência metafísica, pela Idéia das cousas, então Deus, como a origem e a plenitude das Idéias, é o ser absoluto e, nesse sentido, Echardo designa Deus como o ser (1. c. 7, 17).

 As Idéias e o Filho de Deus.
— O pensamento predileto de Echardo 
é o de identificar as Idéias com o Filho de Deus. 
“Ele é o Verbo do Pai. 
 
Com a mesma palavra o Pai se exprime a si mesmo, toda a natureza divina e tudo o que Deus é, assim como o conhece e o conhece tal como ele é… Exprimindo o Verbo, exprime-se a si mesmo e todas as cousas numa outra Pessoa e lhe dá a mesma natureza que ele já tem; e exprime todos os espíritos dotados de razão, nesse verbo, como a imagem, i. é. o, de conformidade com a Idéia, essencialmente igual, na medida em que a imagem e interior, imanente”  (1. Pred., ed. Quint, pág. 15, 9).

 Aqui há um certo vacilar do pensamento; pois Eckhardo, continuando, acentua fortemente o ser criado da Idéia, a sua “iluminação”, portanto a sua participação. (Também no Areopagita o pensamento da participação serve para exprimir o ens ab alio). Mas o Filho, segundo a teologia de Echardo, não pode ser criado. Ora, tomando-se a filiação das Idéias literalmente, como os teólogos escolásticos estavam habituados a fazê-lo, surge logo o perigo de dissipar-se a distinção entre Deus e o mundo. Mas talvez não se deve tomar em sentido literal o que foi intencionado apenas como imagem e com o fim especial de o tornar sensível.

 A existência de Deus. — Podemos tocar com as mãos o platonismo cristão do nosso Mestre, quando indaga se Deus existe. A sua resposta é a seguinte:

“O ser é o ser de Deus” 
(esse est essentia Dei sive Deus; igitur Deum esse,
verum aeternum est; igitur Deus est: 
Quaest. Par.; pág. 14, 1 ss.). 

Assim como as cousas brancas
não são brancas sem a brandira, 
assim as cousas existentes não existem sem Deus
(13, 10). 

Sem ele o ser seria nada.
Ainda uma vez, isto não é panteísmo,
mas a aplicação ao mundo existente da idéia .
 
. Mas como? De um lado adverte Echardo, apoiado na teoria das Idéias, que as cousas existem em Deus e Deus nelas, só quanto ao seu ser “essencial”, i. é, ideal, exemplar. Mas agora ouvimos que também o ser espácio-temporal participa de Deus; pois, quando fala da existência é isso o que pensa. Mas de fato não é assim; mas então de novo faz ele realçar nas cousas o ser essencial, ideal ou propriamente ser e, neste sentido, Deus lhes é imanente. Vê ele o mundo com os olhos de Platão. E quando pensa no ser colocado no espaço e no tempo, como tal, dá-lhe então claramente o nome de criatura, e esta é “mortal”.

c)    O    bem
?) Fim da Ética. — Echardo revela bem o que é quando vem a tratar de questões éticas. O que neste domínio ensina é uma doutrina da perfeição cristã; e o que aí sobretudo lhe importa é impregnar a vida desse ideal, a tal ponto, que se torna por sua vez gerador de vida. Quer ele ser mestre não de ler, mas de viver. A prática lhe é mais importante que a teoria.    “Assim, é melhor dar de comer a quem tem fome, do que entregar-se a uma prolongada contemplação interna. E fosse alguém arrebatado como S. Paulo e soubesse de um doente necessitado do seu auxílio, eu julgaria muito melhor que deixasse por amor o êxtase e servisse o necessitado com amor tanto maior”. O seu pensamento é aqui uníssono com o do seu grande confrade Tomás de Aquino:

“S. Tomás ensina 
que sempre o amor ativo vale mais que o contemplativo,
quando o amor ativo dissemina o que colheu na contemplação”
(Karrer, 1. c. 390 ss.). 

  A ética de Echardo obedece ao lema 
—   “unidade com o ser uno”.

Isto quer dizer 
participação amorosa e cognitiva 
do supremo bem e da sua perfeição.
 
Praticamente significa conformidade do nosso pensamento e vontade com Deus. Evidentemente, por amor do supremo bem e da perfeição objetiva como tal. Echardo é um moralista de intenção normativa e não precisa ser purificado da tacha de nenhuma moral interessada.

Via para a perfeição. 
— A via para esta unidade é a do nascimento de Deus no homem. 
Esta idéia muitas vezes versada é a idéia central de toda a filosofia do Mestre. 
Podemos distinguir um duplo nascimento.

O nascimento de Deus como morada do Espírito Santo. 
— Uma não é outra, senão o que a teologia escolástica 
sempre denominou a habitação do Espírito Santo na alma do justo.
 
A doutrina da graça já tinha, apoiada na Bíblia, assinalado que a graça de Cristo nos torna filhos de Deus, templos do Espírito Santo, onde Deus tem a sua morada; a expressão para o significar, de que agora Echardo se serve é “ser nascido”. Como este nascimento de Deus constitui uma doação e uma graça, não pode haver aqui nada de panteísmo.
??)    A geração  de Deus como geração íntima trinitária.

—   Mas Echardo conhece um segundo nascimento:

é quando diz que a alma
é o lugar desse nascimento divino 
que se processa e completa em Deus 
mesmo desde a eternidade.

“O Pai gera o Filho como seu igual…
Mas digo ainda mais: Ele o gerou na minha alma… 
Nesta geração espiram o Pai e o Filho o Espírito Santo…
Tudo o que o Pai pode realizar ele gera no Filho a fim de o Filho o gerar na alma…
Assim a alma se torna uma divina morada da eterna divindade” 
(Pfeiffer, 205, 165, 215).   Mas se esta geração trinitária íntima se consuma na minha alma, então Echardo acrescenta conseqüentemente:

“Eu sou 
uma causa de Deus ser o que é; 
pois se eu não existisse não existiria Deus” 
(PfeifFer, 2S3). 
 
Afirmação esta ótima a provocar uma errônea interpretação panteísta! Mas o em que Echardo pensa é na idéia de nós mesmos, no “modo não-gerado pelo qual somos eternos e devemos perdurar eternos” (1. c). “Pois se a criatura não existia em si mesma, como agora, é que existia antes do começo do mundo em Deus e na sua mente” (Pfeiffer, 488).

Todas as cousas existem em Deus 
sob essa forma ideal de ser; 
mais imediatamente em Deus Padre: 

“No centro da Paternidade… 
existem todas as folhinhas de relva, 
a madeira e a pedra e todas as cousas” 
(PFeifFer, 332). 
 
Aqui reaparecem as praeconceptiones divinae, a “realidade preconcebida”, como se exprime Echardo na seqüela do PseudoDio-nísio; em suma, todo o mundus intelligibilis. E se Deus gera o Filho como seu Verbo, em quem ele se exprime com todas as realidades nele inclusas; ou, como “a imagem e, portanto, como o seu ser eterno que nela está, que é a sua forma permanente em si mesmo” (1. a), então somos “nós” evidentemente a causa de Deus. Mas essa cansa não é o nosso nós criado, senão a idéia do nosso eu existente na mente divina, nem mais nem menos do que nele existem todas as demais idéias constitutivas da essência de Deus. Nada disto nos deve admirar, pois tudo não passa de uma aplicação das especulações sobre o Logos, tradicionais desde Eilo.

 Para a ética de Echardo estas idéias assumem grande importância, pois delas resultam para cada homem uma imagem em Deus, um eu eterno e, melhor, um ego archetypus, nossa medida e nossa lei eterna. Isso debuxa um leito para a corrente dos atos do nosso ser pessoal e da nossa vida, que a reconduz ao oceano da divindade donde ela outrora derivou.

??) Scintilla animae. — Mas como se manifesta em nós esse mundo das idéias e do eu ideal existente no Verbo eterno? Echardo diz: temos um acesso imediato para ele na scintilla animae, ou castelo da Alma ou arca mentia, como também lhe chama. Muito se escreveu a este respeito, talvez muito inutilmente, o que também não é para admirar. Mas o decisivo nisso tudo é a idéia da participação. Echardo sabe o que há de divino no homem. Crê com Agostinho, que Deus nos é mais íntimo que nós mesmos. Esta palavra de Agostinho deveria ter sido a melhor elucidação da scintilla animae.

Mas Echardo conhece também a diferença entre o humano e o divino. Por isso declara ao escrito da sua defesa: Se a alma fosse apenas isso, então seria incriada. Mas participando de Deus, nela permanece o divino, a scintilla animae; é pois criada, por participar de Deus e não ser divina. Na linguagem do Aquinate isto quereria, mais rigorosamente, significar a Synteresis ou o habitus principiorum (cf. sup. 158 s.); na da filosofia moderna dos valores, o sentimento do valor.

É esse o ponto em que o homem, 
meio-termo entre dois mundos, tem a consciência 
de ser algo pertencente a Deus por uma autêntica participação.
 Cristo — Uma segunda e mais intuitiva via para o nosso melhor eu, Echardo a encontra em Cristo, em quem o Verbo se fez carne. Ambos esses caminhos também os trilharia o CUSANO, que os aprendeu de Echardo.

d)    I n f 1 u ê n c i a
Echardo veio a ser o que realmente queria ser — um mestre na vida. Suas idéias encontram acolhida no mais amplo círculo de pessoas. Sua ordem, evitando-lhe as proposições censuradas, prosseguiu, com muitos dos seus membros, na mesma linha do seu espírito. Os dois mais importantes foram os seguintes. JOÃO Tauder (+ 1361) em torno de quem se reuniram os amigos de Deus, seculares e regalares atraídos pela mística, sobretudo nós conventos renanos de religiosas; a sua força de vontade e de vida interior produziu ainda impressão sobre Lutero. Depois, Henríque Suso (+ 1366), o cantor da eterna sabedoria; nele especulação e sentimento mutuamente se fecundam, como é típico da mística escolástica.

Na linha mística de EChardo se colocam além disto a Teologia alemã escrita por Lutero e as obras de João RUSbróquio (João van Ruysbroek) (+ 1381), cujo discípulo, Geegroote fundou a Congregação dos Irmãos da Vida Comum.  Num dos seus conventos, em Deventer, foi educado o jovem

NlCOLAU DE CUSA.    No  Século 19 FRANCISCO VON BaaDER de novo chamou   a  atenção  para   Echardo,   como   o  espírito  central da mística medieval.   Hegel então o exaltou como o herdeiro da especulação”’.   A descoberta das suas obras latinas por H. DeNifle rasgou novos horizontes para as investigações  modernas sobre ele.
Fonte:  HISTÓRIA DA FILOSOFIA NA IDADE MÉDIA, Johannes HIRSCHBERGER
Bibliografia
O. Karrer, Meister Eckart. Das System seiner religiösen Lehre und Lebensuceisheit. Textbuch aus den gedruckten Quellen, mit Einführimg (1926). M. Grabmann, Neu aufgefundene Pariser Quaestionem Meister Eckharts und ikre Stellung in seinem geistigen Entwicklungs-gange. (Abhandlugen der Bayr. Akad. der Wissenschaften, München, 1927). G. Della Volpe, II misticismo speculativo di maestro Eckhart nei suoi rapporti storici (1930). Al. Dempf, Meister Eckhart (1934). Herma Piesch, Meister Eckharts Ethik (1985). W. Bange, Meister Eckarts Lebre vorn gòttlicheii und geschopflichen Seiti (1987). H. Eeelixg, Meister Eckharts Mystik (1947). Studien num Mythus des 20. Jahrhunderts   (1934).

MESTRE ECKHART (1260-1327)
Mestre Eckhart foi um teólogo alemão, injustamente considerado herege pela Igreja Católica.
Embora a Igreja patriarcal de Roma impusesse um controle intelectual rígido, a presença da filosofia espiritualista de Platão e dos neoplatônicos nunca conseguiu ser suprimida durante a Idade Média, principalmente na Alemanha – país que sempre se destacou pela luta das liberdades intelectuais (notadamente Lutero, pela via espiritual) – mesmo quando o interesse recaiu sobre Aristóteles, no século XIII.

Isso explica o fato de dominicanos de Colônia haverem construído um ambiente particular, favorável ao renascimento do neoplatonismo, acentuadamente místico. Foi nesse ambiente que surgiu o Mestre dominicano Eckhart, um dos maiores nomes da Filosofia medieval e também um dos maiores místicos do Ocidente.

Nascido em Hochheim, na Turíngia, em 1260, ingressou no convento dos dominicanos em Erfurt, tendo estudado em Estrasburgo e em Colônia. Tornou-se Mestre em teologia e ensinou em Paris, entre 1302 e 1304. Exerceu vários cargos eclesiásticos na Alemanha até estabelecer-se definitivamente em Colônia em 1320.

Mestre Eckhart escreveu várias obras, sendo a mais conhecida "Pregações e Tratados" (tratando da unidade entre Deus e o homem). Morreu em 1327. Em 27 de março de 1329, o Papa João XXII, na sua Bula "In agro dominico" condenou 28 proposições do Mestre Eckhart, sendo 17 consideradas heréticas e 11 temerárias. Apesar disso, as camadas burguesa e popular acolheram as propostas do Mestre, tendo influenciado inclusive Lutero.

Outros grandes místicos da Idade Média foram Francisco de Assis, Juan de la Cruz, Teresa D'Ávila e Joana D'Arc.

Santo Agostinho e São Jerôn
Li

Fonte:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Eckhart
 http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/
http://terapiabiografica.com.br/blog/2009/09/12/o-mestre-eckhart-mistica-e-escolastica/
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
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