terça-feira, 20 de abril de 2010

A LUZ DA MÚSICA NA ORAÇÃO



 Bento XVI mostra como música se converte em oração


Discurso após um concerto por ocasião de seu 4º aniversário de pontificado


CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 30 de abril de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI mostrou na tarde desta quinta-feira como «a música se converte verdadeiramente em oração, abandono do coração em Deus», no discurso de agradecimento que pronunciou ao concluir um concerto realizado no Vaticano por ocasião do 4º aniversário de seu pontificado.

As composições musicais, oferecidas ao Papa pelo presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano, na Sala Paulo VI, foram interpretadas pela Orquestra Sinfônica e o Coro Sinfônico de Milão «Giuseppe Verdi», dirigidos respectivamente pelas maestras Xian Zhang e Erina Gambarini.

Sentado no centro da Sala, junto ao presidente italiano e sua esposa, o Papa escutou a «Sinfonia número 95» de Franz Joseph Haydn – de quem se celebram os 200 anos de falecimento; a «Haffner», de Wolfgang Amadeus Mozart; o «Magnificat em sol menor» de Antonio Vivaldi; o famoso «Ave Verum Corpus», também de Mozart, que suscitou o comentário conclusivo do Santo Padre.

Nesta composição musical, disse no discurso de agradecimento o Papa Joseph Ratzinger, grande admirador de Mozart, «a meditação dá lugar à contemplação: o olhar da alma se detém sobre o Santíssimo Sacramento para reconhecer o Corpo do Senhor, o Corpo que foi verdadeiramente imolado na cruz e do qual surgiu o manancial da salvação universal».

«Mozart compôs este motete pouco antes de morrer, e nele se pode dizer que a música se converte verdadeiramente em oração, abandono do coração a Deus, com um sentido profundo de paz», assegurou o bispo de Roma.

O Papa agradeceu ao presidente napolitano por esta homenagem, que «conseguiu amplamente não só gratificar o sentido estético, mas ao mesmo tempo alimentar nosso espírito e, portanto, estou duplamente agradecido».

Ao iniciar o 5º ano de pontificado, o Papa pediu aos presentes: «Lembrai-vos de mim em vossas orações, para que eu possa cumprir sempre com meu ministério como quer  o Senhor».
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O Papa faz 82 anos “procurando levar os homens a Deus”
16/04/09

 16/04/09
Escrito por admin em Igreja

domingo, 18 de abril de 2010

PRIMEIRA MENSAGEM - BENTO XVI




PRIMEIRA MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
NO FINAL DA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
COM OS CARDEAIS ELEITORES NA CAPELA SISTINA
Quarta-feira, 20 de Abril de 2005

Venerados Irmãos Cardeais
Caríssimos
Irmãos e Irmãs em Cristo
Vós todos, homens e mulheres
de boa vontade! 

1. Graça e paz em abundância para todos vós (cf. 1 Pd 1, 2)! Convivem no meu coração nestas horas dois sentimentos contrastantes. Por um lado, um sentido de inaptidão e de humana perturbação pela responsabilidade que ontem me foi confiada, como Sucessor do Apóstolo Pedro nesta Sede de Roma, diante da Igreja universal. Por outro lado, sinto viva em mim uma profunda gratidão a Deus, que como nos faz cantar a liturgia não abandona o seu rebanho, mas o guia através dos tempos, sob a guia de quantos Ele mesmo elegeu vigários do seu Filho e constituiu pastores (cf. Prefácio dos Apóstolos I). 

Caríssimos, este reconhecimento íntimo por um dom da divina misericórdia prevalece apesar de tudo no meu coração. E considero este facto uma graça especial que me foi obtida pelo meu venerado Predecessor, João Paulo II. Tenho a impressão de sentir a sua mão forte que estreita a minha; parece que vejo os seus olhos sorridentes e que ouço as suas palavras, dirigidas neste momento particularmente a mim: "Não tenhas medo!". 

A morte do Santo Padre João Paulo II, e os dias que se seguiram, foram para a Igreja e para o mundo inteiro um tempo extraordinário de graça. O grande sofrimento pelo seu desaparecimento e o sentido de vazio que deixou em todos foram atenuados pela acção de Cristo ressuscitado, que se manifestou durante longos dias na coral onda de fé, de amor e de espiritual solidariedade, que teve o ponto mais alto nas suas solenes exéquias. 

Podemos dizê-lo: os funerais de João Paulo II foram uma experiência verdadeiramente extraordinária na qual se sentiu de certa forma o poder de Deus que, através da sua Igreja, deseja formar, de todos os povos, uma grande família, mediante a força unificadora da Verdade e do Amor (cf. Lumen gentium, 1). Na hora da morte, conformado com o seu Mestre e Senhor, João Paulo II coroou o seu longo e fecundo Pontificado, confirmando na fé o povo cristão, reunindo-o à sua volta e fazendo com que toda a família humana se sentisse mais unida. 

Como não nos sentirmos amparados por este testemunho? Como não sentir o encorajamento que provém deste acontecimento de graça? 

2. Surpreendendo qualquer minha previsão, a Providência divina, através do voto dos venerados Padres Cardeais, chamou-me a suceder a este grande Papa. Nestas horas penso de novo em tudo o que aconteceu na região de Cesareia de Filipe, há dois mil anos. Parece que ouço as palavras de Pedro: "Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo", e a solene afirmação do Senhor: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja... dar-te-ei as chaves do Reino do Céu" (Mt 16, 15-19). 

Tu és o Cristo! Tu és Pedro! Parece-me reviver a mesma cena evangélica; eu, Sucessor de Pedro, repito com trepidação as palavras trepidantes do pescador da Galileia e ouço novamente com íntima emoção a promessa tranquilizante do divino Mestre. Se é enorme o peso da responsabilidade que recai sobre os meus pobres ombros, é certamente desmedido o poder divino sobre o qual posso contar: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16, 18). Ao escolher-me para Bispo de Roma, o Senhor quis-me para seu Vigário, quis-me "pedra" sobre a qual todos possam apoiar-se com segurança. Peço-Lhe que auxilie a pobreza das minhas forças, para que eu seja corajoso e fiel Pastor do seu rebanho, sempre dócil às inspirações do seu Espírito. 

Preparo-me para empreender este peculiar ministério, o ministério "petrino" ao serviço da Igreja universal, com humilde abandono nas mãos da Providência de Deus. É em primeiro lugar a Cristo que renovo a minha total e confiante adesão: "In Te, Domine, speravi; non confundar in aeternum!". 

A vós, Senhores Cardeais, com o ânimo grato pela confiança que me demonstrastes, peço que me apoieis com a oração e a constante, activa e sábia colaboração. Peço também a todos os Irmãos no Episcopado que me acompanhem com a oração e com os conselhos, para que eu possa ser verdadeiramente o Servus servorum Dei. Assim como Pedro e como os outros Apóstolos constituíram por vontade do Senhor um único Colégio apostólico, do mesmo modo o Sucessor de Pedro e os Bispos, sucessores dos Apóstolos o Concílio recordou-o com vigor (cf. Lumen gentium, 22) devem estar entre si intimamente unidos. Esta comunhão colegial, mesmo se na diversidade dos papéis e das funções do Romano Pontífice e dos Bispos, está ao serviço da Igreja e da unidade na fé, da qual depende em grande medida a eficiência da acção evangelizadora no mundo contemporâneo. Por conseguinte, por esta vereda pela qual caminharam os meus venerados Predecessores, também eu pretendo prosseguir unicamente preocupado em proclamar ao mundo inteiro a presença viva de Cristo. 

3. Tenho às minha frente, em particular, o testemunho do Papa João Paulo II. Ele deixa uma Igreja mais corajosa, mais livre, mais jovem. Uma Igreja que, segundo o seu ensinamento e exemplo, olha com serenidade para o passado e não tem medo do futuro. Com o Grande Jubileu foi introduzida no novo milénio levando nas mãos o Evangelho, aplicado ao mundo actual através da autorizada repetida leitura do Concílio Vaticano II. Justamente o Papa João Paulo II indicou o Concílio como "bússula" com a qual orientar-se no vasto oceano do terceiro milénio (cf, Carta apost. Novo millennio ineunte, 57-58). Também no seu Testamento espiritual ele anotava: "Estou convencido que ainda será concedido às novas gerações haurir das riquezas que este Concílio do século XX nos concedeu" (17.III.2000). 

Por conseguinte, também eu, ao preparar-me para o serviço que é próprio do Sucessor de Pedro, desejo afirmar com vigor a vontade decidida de prosseguir no compromisso de actuação do Concílio Vaticano II, no seguimento dos meus Predecessores e em fiel continuidade com a bimilenária tradição da Igreja. Celebrar-se-á precisamente este ano o 40º aniversário da conclusão da Assembleia conciliar (8 de Dezembro de 1965). Com o passar dos anos, os Documentos conciliares não perderam actualidade; ao contrário, os seus ensinamentos revelam-se particularmente pertinentes em relação às novas situações da Igreja e da actual sociedade globalizada. 

4. De maneira mais do que nunca significativa, o meu Pontificado começa no momento em que a Igreja está a viver o especial Ano dedicado à Eucaristia. Como não tirar desta providencial coincidência um elemento que deve caracterizar o ministério para o qual fui chamado? A Eucaristia, coração da vida cristã e fonte da missão evangelizadora da Igreja, não pode deixar de constituir o centro permanente e a fonte do serviço petrino que me foi oferecido. 

A Eucaristia torna constantemente presente Cristo ressuscitado, que continua a oferecer-se a nós, chamando-nos a participar da mesa do seu Corpo e do seu Sangue. Da comunhão plena com Ele brotam todos os outros elementos da vida da Igreja, em primeiro lugar a comunhão entre todos os fiéis, o compromisso de anúncio e testemunho do Evangelho, o fervor da caridade para com todos, especialmente para com os mais pobres e pequeninos. 

Por conseguinte, neste ano deverá ser celebrada com particular relevo a Solenidade do Corpus Domini. Depois, a Eucaristia estará no centro, em Agosto, da Jornada Mundial da Juventude em Colónia, que se desenvolverá sobre o tema: "A Eucaristia: fonte e ápice da vida e da missão da Igreja". Peço a todos que intensifiquem nos próximos meses o amor e a devoção a Jesus Eucaristia e que exprimam de modo corajoso e claro a fé na presença real do Senhor, sobretudo mediante a solenidade e a rectidão das celebrações. 

Peço isto de modo especial aos Sacerdotes, nos quais penso neste momento com grande afecto. O Sacerdócio ministerial nasceu no Cenáculo, juntamente com a Eucaristia, como muitas vezes realçou o meu venerado Predecessor João Paulo II. "A existência sacerdotal deve a título especial tomar "forma eucarística"", escreveu na sua última Carta para a Quinta-Feira Santa (n. 1). Para esta finalidade contribui antes de mais a devota celebração quotidiana da sua santa Missa, centro da vida e da missão de cada Sacerdote. 

5. Alimentados e sustentados pela Eucaristia, os católicos não podem deixar de se sentir estimulados a tender para aquela unidade plena que Cristo desejou ardentemente no Cenáculo. Deste supremo anseio do Mestre divino o Sucessor de Pedro deve ocupar-se de modo muito especial. De facto, a ele foi confiada a tarefa de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 32). 

Por conseguinte, com plena consciência, no início do seu ministério na Igreja de Roma, na qual Pedro derramou o seu sangue, o actual Sucessor assume como compromisso primário o de trabalhar sem poupar energias na reconstituição da plena e visível unidade de todos os seguidores de Cristo. Esta é a sua ambição, este é o seu impelente dever. Ele está consciente de que para isto não são suficientes as manifestações de bons sentimentos. São necessários gestos concretos que entrem nos corações e despertem as consciências, enternecendo cada um àquela conversão interior que é o pressuposto de qualquer progresso pelo caminho do ecumenismo. 

O diálogo teológico é necessário, o aprofundamento das motivações históricas de opções feitas no passado também é indispensável. Mas o que é mais urgente é aquela "purificação da memória", tantas vezes recordada por João Paulo II, a única que pode predispor os ânimos ao acolhimento da plena verdade de Cristo. É diante d'Ele, supremo Juiz de cada ser vivo, que cada um de nós se deve apresentar, na autoconsciência de que um dia Lhe deve prestar contas por tudo o que fez ou não em relação ao grande bem da plena e visível unidade de todos os seus discípulos. 

O actual Sucessor de Pedro deixa-se interpelar em primeira pessoa por esta exigência e está disposto a fazer tudo o que estiver em seu poder para promover a fundamental causa do ecumenismo. No seguimento dos seus Predecessores, ele está plenamente determinado a cultivar todas as iniciativas que possam parecer oportunas para promover os contactos e o entendimento com os representantes das diversas Igrejas e Comunidades eclesiais. Aliás, envia também a eles nesta ocasião a saudação mais cordial em Cristo, único Senhor de todos. 

6. Neste momento, volto com a memória à inesquecível experiência vivida por todos nós por ocasião da morte e dos funerais do saudoso João Paulo II, Em volta dos seus despojos mortais, colocados na terra nua, reuniram-se os Chefes das Nações, pessoas de todas as camadas sociais, e sobretudo jovens, num inesquecível abraço de afecto e de admiração. Para ele olhou com confiança todo o mundo. Pareceu a muitos que aquela intensa participação, amplificada até aos confins do planeta pelos meios de comunicação social, fosse como um coral pedido de ajuda dirigido ao Papa da parte da humanidade de hoje que, perturbada por incertezas e temores, se interroga sobre o seu futuro. 

A Igreja de hoje deve reavivar em si mesma a consciência da tarefa de repropor ao mundo a voz d'Aquele que disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8, 12). Ao empreender o seu ministério o novo Papa sabe que a sua tarefa é fazer resplandecer aos olhos dos homens e das mulheres de hoje a luz de Cristo: não a sua, mas a verdadeira luz do próprio Cristo.
Com esta consciência dirijo-me a todos os que seguem outras religiões ou que simplesmente procuram uma resposta para os interrogativos fundamentais da existência e ainda não a encontraram. Dirijo-me a todos com simplicidade e afecto, para garantir que a Igreja quer continuar a tecer com eles um diálogo aberto e sincero, na busca do verdadeiro bem do homem e da sociedade. 

Peço instantemente a Deus a unidade e a paz para a família humana e declaro a disponibilidade de todos os católicos na cooperação de um autêntico desenvolvimento social, respeitador da dignidade de cada ser humano. 

Não pouparei esforços nem dedicação para prosseguir o prometedor diálogo iniciado pelos meus venerados Predecessores com as diversas civilizações, porque da compreensão recíproca surgem as condições de um futuro para todos.
Penso em particular nos jovens. A eles, interlocutores privilegiados do Papa João Paulo II, dirijo o meu abraço afectuoso na expectativa, se Deus quiser, de me encontrar com Eles em Colónia por ocasião da próxima Jornada Mundial da Juventude. Convosco, amados jovens, futuro e esperança da Igreja e da humanidade, continuarei a dialogar, ouvindo as vossas expectativas com a intenção de vos ajudar a encontrar sempre mais em profundidade o Cristo vivo, o eternamente jovem. 

7. Mane nobiscum, Domine! Permanece connosco, Senhor! Esta invocação, que forma o tema dominante da Carta apostólica de João Paulo II para o Ano da Eucaristia, é a oração que brota espontânea do meu coração, enquanto me preparo para iniciar o ministério ao qual Cristo me chamou. Como Pedro, também eu Lhe renovo a minha incondicionada promessa de fidelidade. Ele é o único que pretendo servir dedicando-me totalmente ao serviço da sua Igreja. 

Para amparar esta promessa invoco a intercessão materna de Maria Santíssima, em cujas mãos confio o presente e o futuro da minha pessoa e da Igreja. Intervenham com a sua intercessão também os Santos Apóstolos Pedro e Paulo e todos os Santos.
Com estes sentimentos concedo a vós, venerados Irmãos Cardeais, a quantos participam neste rito e a todos os que escutam através da televisão e da rádio uma especial, afectuosa Bênção. 

Copyright © Libreria Editrice Vaticana
 

HOMILIA DE POSSE DO PAPA BENTO XVI


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HOMILIA DE POSSE 
DO PAPA BENTO XVI   

Domingo,  24 de abril de 2005
   
                                                           Durante estes dias tão intensos, cantamos a litania dos santos em três diferentes ocasiões: no funeral de nosso Santo Padre João Paulo II; quando os cardeais entraram em conclave; e novamente hoje, quando cantamos com a invocação: Tu illum adiuva - ampara o novo Sucessor de Pedro. Em cada ocasião, de modo completamente singular, encontrei grande consolo.
Como nos sentimos sós após o falecimento de João Paulo II - o papa que por mais de 26 anos foi nosso pastor e guia em nossa jornada pela vida! Ele cruzou o limiar da próxima vida, entrando no mistério de Deus. Mas não deu o passo sozinho. Aqueles que crêem nunca estão sós - nem na vida, nem na morte. Naquele momento, pudemos invocar os santos de todos os séculos - seu amigos, irmãos e irmãs na fé - sabendo que formariam uma procissão viva para acompanhá-lo ao próximo mundo, rumo à glória de Deus. Sabíamos que sua chegada era esperada.

Agora sabemos que está entre os seus, realmente em casa. Também fomos consolados ao fazer nossa entrada solene no conclave, para eleger aquele que o Senhor escolheu. Como seríamos capazes de discernir-lhe o nome? Como poderiam 115 bispos, de cada cultura e de cada país, descobrir aquele a quem Deus desejava conferir a missão de atar e desatar? Uma vez mais, sabíamos que não estávamos sós, sabíamos que estávamos cercados, liderados e guiados pelos amigos de Deus.

E agora, neste momento, fraco servo de Deus que sou, devo assumir esta tarefa enorme, que realmente excede toda capacidade humana. Como poderei fazê-lo? Como serei capaz de fazê-lo? Todos vós, meus amigos, acabastes de invocar toda a hoste dos santos, representada por alguns dos grandes nomes da história da relação de Deus com a humanidade. Deste modo, também posso dizer com renovada convicção: Não estou só. Não tenho que carregar sozinho a verdade que jamais poderia carregar sozinho. Todos os santos de Deus estão lá e me protegem,amparam e conduzem. E vossas preces, amigos queridos, vossa indulgência, vosso amor , vossa fé e vossa esperança acompanham-me. De fato, a comunhão dos santos consiste não apenas nos grandes homens e mulheres que foram antes de nós e cujos nomes conhecemos. Todos nós pertencemos à comunhão dos santos, nós que fomos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, nós que tiramos vida da dádiva do sangue e do corpo de Cristo, por meio dos quais ele nos transforma e nos faz como si mesmo. Sim, a Igreja está viva - esta é a maravilhosa experiência destes dias. Durante aqueles tristes dias da doença e morte do papa, tornou-se maravilhosamente evidente para nós que a Igreja vive. E a Igreja é jovem. Ela mantém em si o futuro do mundo e portanto mostra a cada um de nós o caminho para o futuro. A Igreja está viva e vemos isso: experienciamos a alegria que o Senhor Ressuscitado prometeu a seus seguidores. A Igreja vive - ela viva porque Cristo vive, porque ele é verdadeiramente ressuscitado. No sofrimento que vimos no rosto do Santo Padre naqueles dias de Páscoa, contemplamos o mistério da Paixão do Cristo e tocamos suas chagas. Bas nesses dias também fomos capazes, num senso profundo, de tocar o Ressuscitado. Pudemos experimentar a alegria que Ele prometeu, após um breve período de trevas, como fruto de Sua ressurreição.

                                                            A Igreja está viva - com essas palavras, saúdo com grande alegria e gratidão todos vós reunidos aqui, meus veneráveis irmãos cardeais e bispos, meus queridos padres, diáconos, trabalhadores ad Igreja, catequistas. Saúdo-os, homens e mulheres Religiosos, testemunhas da presença transfigurante Deus. Saúdo-os, fiéis leigos, imersos na grande tarefa de construir o Reino de Deus que se espalha pelo mundo, em cada área da vida. Com grande afeição também saúdo todos aqueles que renasceram no sacramento do Batismo mas ainda não estão em comunhão total conosco; e vós, meus irmãos e irmãs do povo judaico, com quem somos unidos por uma grande herança espiritual compartilhada, uma enraizada nas promessas irrevogáveis de Deus. Finalmente, como uma onda ganhando força, meus pensamentos são para todos os homens e mulheres de hoje, crentes e descrentes.

                                                            Queridos amigos! Neste momento não é preciso apresentar meu programa de governo. Pude dar uma indicação do que vejo como minha missão na Mensagem de quarta-feira, 20 de abril, e haverá outras oportunidades de fazê-lo. Meu verdadeiro programa não é fazer minha própria vontade, não é perseguir minhas próprias idéias, mas ouvir, juntamente com toda a Igreja, à palavra e à vontade do senhor, ser guiado por Ele, para que Ele próprio lidere a Igreja nesta hora de nossa história. Em vez de apresentar um programa, simplesmente gostaria de falar sobre os dois símbolos litúrgicos que representam a inauguração do Ministério Petrino: ambos símbolos, além do mais, refletem claramente o que ouvimos proclamado nas leituras de hoje.

                                                            O primeiro símbolo é o pálio, tecido de pura lã, que será colocado em emus ombros. Este antigo símbolo, que os Bispos de Roma têm usado desde o século IV, pode ser considerado uma imagem do jugo de Cristo, que o bispo desta cidade, o Servo dos Servos de Deus, toma em seus ombros. O jugo de Deus é a vontade de Deus, que aceitamos. E essa vontade não pesa sobre nós, oprimindo-nos e tirando nossa liberdade. Saber o que Deus quer, saber onde está o caminho da vida - essa foi a alegria de Israel, este foi seu grande privilégio. Também é nossa alegria: a vontade de Deus não nos afasta, nos purifica - mesmo se isso pode ser doloroso - e portanto nos conduz a nós mesmos. Deste modo, não servimos apenas a Ele, mas à salvação de todo o mundo, de toda a história.

O simbolismo do pálio é ainda mais concreto: a lã do cordeiro pretende significar as ovelhas perdidas, fracas e doentes que o pastor põe sobre os ombros e carrega para as águas da vida. Para os Pais da Igreja, a parábola da ovelha perdida, que o pastor busca no deserto, era uma imagem do mistério de Cristo e da Igreja. A raça humana - cada um de nós - é a ovelha perdida no deserto que não sabe mais o caminho. O Filho de Deus não deixará que isso aconteça; ele não pode abandonar a humanidade em uma condição tão miserável. Ele se ergue e abandona a glória do céu, para buscar a ovelha e persegui-la, todo o caminho até a cruz. Ele a ergue nos ombros e carrega nossa humanidade; Ele carrega a todos nós - é o bom pastor que abandona a vida pelas ovelhas. O que o pálio indica, de mais importante e em primeiro lugar, é que somos todos amparados por Cristo. Mas ao mesmo tempo nos convida a carregar uns aos outros. Assim o pálio se torna um símbolo da missão do pastor, da qual a Segunda Leitura e o evangelho falam.

O pastor deve ser inspirado pelo zelo sagrado de Cristo: para Ele não é indiferente que tantas pessoas vivam no deserto. E há tantos tipos de deserto. Há o deserto da pobreza, o deserto da fome e da sede, o deserto do abandono, da solidão, do amor destruído. Há o deserto das trevas de Deus, o vazio das almas não mais cientes de sua dignidade e do objetivo da vida humana. Os desertos externos do mundo estão crescendo porque os desertos internos tornaram-se tão vastos. Assim, os tesouros da Terra não mais servem para construir o jardim de Deus para todos viverem, mas foram levados a servir aos poderes da exploração e da destruição. A Igreja como um todo e todos seus pastores, como Cristo, devem se dispor a liderar as pessoas para fora do deserto, rumo ao lugar da vida, rumo à amizade com o Filho de Deus, rumo Àquele que nos dá vida, e vida abundante. O símbolo do cordeiro também tem um significado mais profundo.

No Oriente Próximo da Antigüidade, era costume os reis se apresentarem como pastores de seus povos. Essa era uma imagem de seu poder, uma imagem cínica: para eles os súditos eram como ovelhas, com as quais o pastor podia fazer o que quisesse. Quando o pastor de toda a humanidade, o Deus vivo, tornou-se cordeiro, Ele ficou ao lado dos cordeiros, com aqueles que são pisados e mortos. Assim é que Ele se revela como o verdadeiro pastor: "Sou o Bom Pastor... dou a vida pelas ovelhas", Jesus diz de si mesmo (Jo 10:14). Não é poder, mas amor que nos redime! Este é o sinal de Deus: Ele próprio é amor. Com que freqüência gostaríamos que Deus se mostrasse mais forte, que atacasse decisivamente, derrotando o mal e criando um mundo melhor. Todas as ideologias do poder justificam-se dessa forma exata, justificam a destruição do que quer que fique no caminho do progresso e da libertação da humanidade. Sofremos por conta da paciência de Deus. Mas precisamos de Sua paciência. Deus, que se fez cordeiro, dis a nós que o mundo é salvo pelo Crucificado, não pelos que o crucificaram. O mundo é redimido pela paciência de Deus. É destruído pela impaciência do Homem.

                                                            Uma das características básicas do pastor deve ser amar as pessoas confiadas a ele, do mesmo modo que ama o Cristo a quem serve. "Apascenta minhas ovelhas", disse Cristo a Pedro, e agora, neste momento, diz o mesmo para mim. Apascentar significa amar, e amar significa estar pronto para sofrer. Amar significa dar às ovelhas o que é verdadeiramente bom, o alimento da verdade de Deus, da palavra de Deus, o alimento de Sua presença, que Ele nos dá no Abençoado Sacramento. Meus queridos amigos - neste momento, só posso dizer: orai por mim, que eu possa aprender a amar o Senhor mais e mais. Orai por mim, para que eu possa aprender a amar Seu rebanho mais e mais - em outras palavras, a santa Igreja, cada um de vós e todos vós juntos. Orai por mim, para que eu possa não fugir com medo dos lobos. Oremos uns pelos outros, que o senhor nos ampare e que aprendamos a amparar uns aos outros.

                                                            O segundo símbolo usado na liturgia de hoje para expressar a inauguração do Ministério Petrino é a apresentação do Anel do Pescador. A convocação de Pedro para ser pastor, que ouvimos no Evangelho, vem depois da narração de uma pesca miraculosa: depois de uma noite na qual os discípulos lançaram suas redes sem sucesso, eles vêem o Senhor Ressuscitado na margem. Ele lhes diz que lancem as redes uma vez mais, e as redes ficam tão cheias que mal conseguem puxá-las de volta; havia 153 grandes peixes. "e embora fossem tantos, a rede não se rasgou" (Jo 21:11).

Esta narrativa, ao final da jornada terrestre de Jesus com seus discípulos, corresponde a um relato encontrado no início: ali também, os discípulos não haviam pescado nada a noite inteira; ali também, Jesus convidou Simão a pescar mais uma vez. E Simão, que ainda não se chamava Pedro, deu a maravilhosa resposta: "Senhor, à tua palavra lançarei as redes". E então veio a missão: "Não tenhas medo. Daqui em diante, serás um pescador de homens" (Lc 5:1-11). Hoje também a Igreja e os sucessores dos apóstolos recebem a ordem de partir para o mar profundo da história e lançar redes, para conquistar homens e mulheres para o Evangelho - para Deus, para Cristo, para a vida verdadeira. Os Pais fizeram um comentário muito significativo sobre essa tarefa singular. Eis o que dizem: para o peixe, criado para a água, é fatal ser tirado do mar, ser removido de seu elemento vital para servir como alimento humano. Mas na missão do pescador de homens, o inverso é verdadeiro.

Vivemos em alienação, nas águas salgadas do sofrimento e da morte; no mar das trevas sem luz. A rede do Evangelho retira-nos das águas da morte e nos traz para o esplendor da luz de Deus, para a vida verdadeira. E é realmente verdade: conforme seguimos Cristo nesta missão de sermos pescadores de homens, temos de trazer homens e mulheres para fora do mar que é salobro com tantas formas de alienação e para a terra da vida, para a luz de Deus. E é realmente verdade: o propósito de nossas vidas é revelar Deus aos homens. E apenas quando se vê Deus a vida realmente começa. Apenas quando encontramos o Deus vivo em Cristo sabemos o que a vida é. Não somos um produto sem sentido do acaso da evolução. Cada um de nós é resultado de um pensamento de Deus. Cada um de nós é desejado, cada um de nós é amado, cada um de nós é necessário. Nada é mais belo que ser surpreendido pelo Evangelho, pelo encontro com Cristo. Nada é mais belo que conhecê-Lo e falar aos outros de nossa amizade com Ele. A tarefa do pastor, a tarefa do pescador de homens, pode muitas vezes parecer cansativa. Mas é bela e maravilhosa, porque é verdadeiramente um serviço para a alegria, para a alegria que Deus deseja espalhar pelo mundo.

                                                            Aqui quero acrescentar algo: tanto a imagem do pastor quanto a do pescador emitem um chamado explícito pela unidade. "Tenho outras ovelhas que não são deste rebanho; devo conduzi-las também, e elas ouvirão minha voz. E haverá um rebanho, um pastor" (Jo 10:16); essas são as palavras de Jesus ao final de seu discurso sobre o Bom Pastor. E a narrativa dos 153 grandes peixes termina com a declaração alegre: "embora haja tantos, a rede não foi rasgada" (Jo 21:11). Mas, amado Senhor, com tristeza temos de reconhecer que ela se rasgou! Mas não - não devemos nos entristecer! Rejubilemo-nos por causa de tua promessa, que não desaponta, e que todos façamos tudo o que pudermos para perseguir o caminho da unidade que prometeste. Lembremo-nos em nossa prece ao Senhor, quando pedirmos a ele: sim, Senhor, relembra tua promessa. Faça que haja um rebanho e um pastor! Não permitas que tua rede se rompa, ajuda-nos a sermos servos da unidade!

                                                            Neste momento, minha mente retorna a 22 de outubro de 1978, quando o papa João Paulo II iniciou seu ministério aqui, na Praça de São Pedro. Suas palavras naquela ocasião ecoam constantemente em meus ouvidos: "Não tenhas medo! Abre as portas para Cristo!" O papa falava aos poderosos, às potências deste mundo, que temiam que Cristo tirasse algo de seu poder se o deixassem entrar, se permitissem que a fé fosse livre. Sim, ele certamente tiraria algo deles: o domínio da corrupção, a manipulação da lei e da liberdade como lhes aprouvesse. Mas Ele não tiraria nada que dissesse respeito à liberdade ou à dignidade humana, ou à construção de uma sociedade justa.

O papa também se dirigia a todos, especialmente aos jovens. Não estaremos todos, talvez, temerosos de alguma forma? Se deixarmos Cristo entrar totalmente em nossas vidas, se nos abrirmos totalmente para ele, não teremos medo de que Ele tire algo de nós? Não estaremos talvez temerosos de abandonar algo significativo, algo único, algo que faz a vida tão bela? Não nos arriscamos a acabar diminuídos, ou privados de nossa liberdade? E mais uma vez o papa disse: Não! Se deixarmos Cristo entrar em nossas vidas, não perdemos nada, nada, absolutamente nada do que faz a vida livre,  bela e grande. Não! Apenas nessa amizade as portas da Via são bem abertas. Apenas nessa amizade é o grande potencial da existência humana realmente revelado. Apenas nessa amizade experienciamos beleza e libertação.

E assim, hoje, com grande força e grande convicção, com base em uma longa experiência pessoal de vida, digo-vos, queridos jovens: Não tenhais medo de Cristo! Ele não leva nada embora, e dá a vós tudo. Quando nos damos a ele, recebemos cem vezes de volta. Sim, abrais, abrais bem as portas para cristo - e encontrareis verdadeira vida. Amém.


Papa Bento XVI

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católicos


Fonte:
http://www.paginaoriente.com/santos/homiliaposse.htm

O PAPA, BENTO XVI

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  Papa Bento XVI  
    Pontificado - início: 19/04/2005 

 
 
 
                                                Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu em 16 de abril de 1927, cidade de Marktl, diocese de Passau – Alemanha. O pai era Comissário de Polícia e era originário de uma tradicional família de agricultores na Baixa Baviera. Passou sua adolescência em Traunstein e no ano de 1939, ingressou num seminário preparatório. Quatro anos mais tarde (1943), com 16 anos de idade, junto com os integrantes de sua classe, foi designado a prestar serviços em baterias anti-aéreas por ocasião da Segunda Guerra Mundial. Prestou ainda treinamento básico para a infantaria de Wehrmacht no mês de novembro de 1944. Por isso, em 1945, acabou sendo preso por tropas americanas, que imaginavam ser ele um soldado alemão, e por isto foi encaminhado a um acampamento para prisioneiros de guerra, mas acabou sendo libertado no mês de junho de 1945. Foi quando reingressou no seminário.   

                                                 Em 29 de junho de 1951 ele e seu irmão Georg foram ordenados sacerdotes. Iniciou aqui suas atividades de professor, especializando-se nas faculdades de teologia e filosofia de Freising. Em 1953, doutorou-se em teologia com a dissertação “O Povo e a Casa de Deus na Doutrina da Igreja, de Santo Agostinho”. Quatro anos mais tarde obteria a cadeira com seu trabalho sobre “A Teologia da História de São Boaventura”. Pela sua notável intelectualidade e experiência, foi-lhe atribuído o encargo de dirigir a Dogmática e Teologia Fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising.  

                                                Ministrou seus ensinamentos em Bonn de 1959 a 1969, paralelamente em Münster (1963 a 1963) e Tubing (1966 a 1969). Neste último ano, passou a ser catedrático de Dogmática e História dos Dogmas na Universidade de Rabistona, exercendo o cargo de vice-presidente na mesma universidade. Em 1962 contribuiu notavelmente nas comissões do concílio Vaticano II como consultor teológico do cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colona. 

                                                Entre suas numerosas publicações, destacam-se: “Introdução ao Cristianismo”, que trata de uma recompilação das lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão da fé apostólica; “Dogma e Revelação” (1973), que é uma coletânia de ensaios, pregações e reflexões pastorais. Nesta ocasião, obteve notável ressonância seu discurso, pronunciado na Academia Católica bávara, sobre o tema “Porque sigo, todavia, na Igreja?”, onde afirmou: “Só é possível ser cristão na Igreja, ao lado da Igreja”. Em 1985 publicou o “Informe sobre a fé” e, em 1996 “O Sal da Terra”.Em 24 de Março de 1977, o Papa Paulo VI o nomeou Arcebispo de Munique para, no dia 24 de maio subseqüente receber a consagração episcopal. Foi ele o primeiro sacerdote diocesano a assumir, depois de 80 anos, o governo pastoral da grande diocese bávara.    

                                                Em 1977, o Papa Paulo VI o nomeou cardeal, tendo participado da Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos como relator, em 1980, que tratou dos temas: “Os deveres da família cristã no mundo contemporâneo” e “Reconciliação e penitência e a missão da Igreja”.Em 25 de novembro de 1981 foi nomeado por João Paulo II como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; e pesidente da Pontifícia Comissão Bíblica e Pontifícia Comissão teológica Internacional. Em novembro de 1998 foi eleito vice-decano do colégio cardinalício e, em 30 de novembro de 2002, o Santo Padre aprovou sua eleição de decano do colégio cardinalício, realizada por cardeais da ordem dos bispos. 

                                                Foi presidente da Comissão para a preparação do Catecismo da Igreja Católica, que lhe custou seis anos de intensos trabalhos (1986 a 1992).
                                                Em 10 de novembro de 1999 recebeu o doutorado "honoris causa" de Direito, emitido pela Universidade Italiana - LUMSA. Em 13 de novembro de 2000, foi acadêmico honorário da Pontifícia Academia de Ciências. 

                                                Acumulou diversas outras importantes funções como: Membro do Conselho da II Secção da Secretaria de Estado, das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Edcucação Católica, do Pontifício Conselho Para a Promoção e Unidade dos Cristãos e das Pontifícias Comissões para a América Latina e "Ecclesia Dei". 

                                                Durante sua trajetória, defendeu resolutamente os valores valores evangélicos e cristãos, empenhando-se decididamente a combater conceitos estranhos que pudessem, de qualquer forma, vir atingir os valores doutrinários da Igreja. De personalidade forte, nunca poupou palavras para defender os preceitos da religião católica. Por suas exposições, muitas vezes duras, porém verdadeiras, enfrentou constantes críticas, perseguições e declaradas inimizades. 

                                                Desde 1981, quando foi nomeado como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, arrebanhou uma larga fileira de inimigos, ao empenhar-se dedicadamente aos processos a si atribuídos, que visavam a investigação e controle da ortodoxia. Condenou a Teologia da Libertação, pelo seu conteúdo exclusivamente social, baseado em conceito ideológico e marxista. Também repudiou a manifestação de sacerdotes asiáticos, que tentaram colocar a doutrina da Igreja Católica no mesmo plano das religiões não-cristãs que, segundo eles, também faziam parte do plano de Deus para a salvação da humanidade.

                                                Muitos, não conseguindo enxergar seu zelo como preservador da doutrina de Cristo,  o taxaram de "conservador" radical, diante da sua inflexibilidade ante surgimento de ideologia terrenas e condenando também temas como homossexualidade, matrimônios gays, controle da natalidade, uso de métodos artificiais para evitar a contracepção ou evitar a Aids, aborto, eutanásia, ordenação de mulheres e o sincretismo religioso. Demonstrou afabilidade ao diálogo inter-religioso, ao mesmo tempo que mostrou-se inflexível quanto aos pontos doutrinários e dogmáticos. Dentro disto, foi que manifestou certa restrição às relações ecumênicas, que pendiam para a unificação de idéias em filosofias diversificadas, inconciliáveis à doutrina da Igreja, além de atacar os modismos e tendências atéias da modernidade. 

                                                Assumiu o nome de Bento XVI, no dia 19/04/2005, conforme anúncio à multidão congregada no Vaticano, que aguardava ansiosa após o anúncio da eleição do novo Papa, pela fumaça branca da chaminé vista por todos na Praça de São Pedro. 

                                                Em sua primeira aparição pública, o recém-eleito Pontífice pediu ao mundo que rezasse por ele e por seu papado. "Entrego-me às vossas preces", disse o Papa à grande multidão, vindas de todas as partes do mundo. Foi ovacionado e interrompido por diversas vezes com gritos e aplausos. Vestido com os paramentos papais, Bento XVI deu sua primeira bênção à cidade de Roma e ao mundo (bênção "Urbi et Orbi")

Bento XVI é o Papa mais idoso, desde Clemente XII, que também tinha 78 anos, quando eleito em 1730 e o primeiro Papa alemão, desde Vitor II (1055). 
 

Algumas fotos da posse do Papa Bento XVI: