Sir Colin Davis (3 versions) + Ave Verum Corpus + Kyrie in D minor
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
Sir Colin Davis (1927- )
Requiem in D minor, K. 626 (1791)
Version 1:
Edith Mathis (Soprano)
Trudeliese Schmidt (Alto)
Peter Schreier (Tenor)
Gwynne Howell (Bass)
The Bavarian Radio Symphony Orchestra & Chorus, Sir Colin Davis
Recording Date: 1984
Place of recording: Herkulessaal in Munich
Version 2:
Ute Selbig (Soprano)
Bernarda Fink (Mezzo-soprano)
Steve Davislim (Tenor)
Alastair Miles (Bass)
Staatskapelle Dresden Orchester & Chor, Sir Colin Davis
Recording Date: Feb 11 2004
Place of recording: Semperoper Dresden
Version 3: Le Requiem de Mozart au Festival de Saint-Denis:
Requiem K. 626
Ave Verum Corpus k. 618
Kyrie en ré mineur K. 368 a/ Kyrie d-moll K. 368.a
Elin Rombo (Soprano)
Stéphanie d'Oustrac (Mezzo-soprano)
Werner Güra (Tenor)
John Relyea (Bass)
Choeur de Radio France (Matthias Brauer (dir. musical))
Orchestre National de France (Daniele Gatti (dir. musical))
Sir Colin Davis (direction)
RESPOSTA: Por séculos os judeus foram perseguidos por sua fé e prática religiosa. Muitos tentaram impor suas idéias e aniquilar o judaísmo. Nem as cruzadas, nem a inquisição implacável, nem os pogroms conseguiram manipular nossas almas cumprindo seu intento.
O judaísmo mantém sua chama sempre viva.
A história comprova: os judeus continuam rejeitando o Cristianismo. Por quê?
Porque somos simplesmente judeus, nascemos e vivemos o judaísmo e temos nossas próprias convicções.
Mas quando judeus são seguidamente questionados sobre esta questão e não-judeus frequentemente perguntam: "Por que os judeus não acreditam em Jesus?" Preparamos alguns argumentos com o objetivo, não de depreciar outras religiões, pois respeitamos a todos e por esta razão não fazemos proselitismo, mas sim apenas para esclarecer a posição judaica.
Por que os judeus não acreditam em Jesus? Porque:
1. Jesus não preencheu as profecias messiânicas 2. Cristianismo contradiz a teologia judaica 3. Jesus não personifica as qualificações pessoais do Messias 4. Versículos bíblicos "referindo-se" a Jesus são traduções incorretas 5. A crença judaica é baseada na revelação nacional
Veja também:
6. Judeus e Gentios 7. Trazendo o Messias
1. JESUS NÃO PREENCHEU AS PROFECIAS MESSIÂNICAS
O que o Messias deveria atingir? A Torá diz que ele:
a - Construirá o terceiro Templo Sagrado (Yechezkel 37:26-28)
b - Levará todos os judeus de volta à Terra de Israel (Yeshayáhu 43:5-6).
c - Introduzirá uma era de paz mundial, e terminará com o ódio, opressão, sofrimento e doenças. Como está escrito: "Nação não erguerá a espada contra nação, nem o homem aprenderá a guerra." (Yeshayáhu 2:4).
d - Divulgará o conhecimento universal sobre o D'us de Israel - unificando toda a raça humana como uma só. Como está escrito: "D'us reinará sobre todo o mundo - naquele dia, D'us será Um e seu nome será Um" (Zecharyá 14:9).
O fato histórico é que Jesus não preencheu nenhuma destas profecias messiânicas.
2. CRISTIANISMO CONTRADIZ A TEOLOGIA JUDAICA a - D'us em três? A ideia cristã da trindade quebra D'us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (mateus 28:19).
Compare isto com o Shemá, a base da crença judaica: "Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D'us, o Senhor é UM" (Devarim 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D'us todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça (Tefilin). Esta declaração da unicidade de D'us são as primeiras palavras que uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes de morrer.
Na Lei Judaica, adorar um deus em três partes é considerado idolatria - um dos três pecados cardeais, que o judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se converterem. b - Um homem como deus? Os cristãos acreditam que D'us veio à terra em forma humana, como disse Jesus: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30).
Maimônides devota a maior parte do "Guia para os perplexos" a idéia fundamental que D'us é incorpóreo, significando que Ele não assume forma física. D'us é eterno, acima do tempo. É infinito, além do espaço. Não pode nascer, e não pode morrer. Dizer que D'us assume forma humana torna D'us pequeno, diminuindo tanto Sua Unidade como Sua Divindade. Como diz a Torá: "D'us não é um mortal" (Bamidbar 23:19).
O Judaísmo diz que Messias nascerá de pais humanos, com atributos físicos normais, como qualquer outra pessoa. Não será um semi-deus, e não possuirá qualidades sobrenaturais. De fato, em cada geração vive um indivíduo com a capacidade de tornar-se o Messias. (veja Maimônides - Leis dos Reis 11:3). c - Um intermediário para a oração? É uma ideia básica na crença cristã que a prece deve ser dirigida através de um intermediário - i.e., confessando-se os pecados a um padre. O próprio Jesus é um intermediário, pois disse: "Nenhum homem chega ao Pai a não ser através de mim."
No Judaísmo, a prece é assunto totalmente particular, entre cada pessoa e D'us. A Torá diz: "D'us está perto de todos que clamam por Ele" (Tehilim 145:18). Além disso, os Dez Mandamentos declaram: "Não terá outros deuses DIANTE DE MIM," significando que é proibido colocar um mediador entre D'us e o homem. (veja Maimônides - Leis da Idolatria cap. 1).
d - Envolvimento no mundo físico O Cristianismo frequentemente trata o mundo físico como um mal a ser evitado. Maria, a mais sagrada mulher cristã, é retratada como uma virgem. Padres e freiras são celibatários. E os mosteiros estão em locais remotos e segregados.
Em contraste, o Judaísmo acredita que D'us criou o mundo físico não para nos frustrar, mas para nosso prazer. A espiritualidade judaica vem através do envolvimento no mundo físico de maneira tal que ascenda e eleve. O sexo no contexto apropriado é um dos atos mais sagrados que podemos realizar.
O Talmud diz que se uma pessoa tem a oportunidade de saborear uma nova fruta e recusa-se a fazê-lo, terá de prestar contas por isso no Mundo Vindouro. As escolas rabínicas ensinam como viver entre o alvoroço da atividade comercial. Os judeus não se afastam da vida, elevam-na.
3. JESUS NÃO PERSONIFICA AS QUALIFICAÇÕES PESSOAIS DO MESSIAS
a - Messias como profeta Jesus não foi um profeta. A profecia apenas pode existir em Israel quando a terra for habitada por uma maioridade de judeus. Durante o tempo de Ezra (cerca de 300 AEC), a maioria dos judeus recusou-se a mudar da Babilônia para Israel, e assim a profecia terminou com a morte dos três últimos profetas - Chagai, Zecharyá e Malachi.
Jesus apareceu em cena aproximadamente 350 anos após a profecia ter terminado.
b - Descendente de David O Messias deve ser descendente do Rei David pelo lado paterno (veja Bereshit 49:10 e Yeshayáhu 11:1). Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai - e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno!
c - Observância da Torá O Messias levará o povo judeu à completa observância da Torá. A Torá declara que todas as mitsvot permanecem para sempre, e quem quer que altere a Torá é imediatamente identificado como um falso profeta. (Devarim 13:1-4).
No decorrer de todo o Novo Testamento, Jesus contradiz a Torá e declara que seus mandamentos não se aplicam mais. (veja João 1:45 e 9:16, Atos 3:22 e 7:37).
4. VERSÍCULOS BÍBLICOS "REFERINDO-SE" A JESUS SÃO TRADUÇÕES INCORRETAS Os versículos bíblicos apenas podem ser entendidos estudando-se o texto original em hebraico - que revela muitas discrepâncias na tradução cristã.
a - Nascimento virgem A idéia cristã de um nascimento virgem é extraído de um versículo em Yeshayáhu descrevendo uma "alma" que dá à luz. A palavra "alma" sempre significou uma mulher jovem, mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como "virgem". Isto relaciona o nascimento de Jesus com a ideia pagã do primeiro século, de mortais sendo impregnados por deuses.
b - Crucifixão O versículo em Tehilim 22:17 afirma: "Como um leão, eles estão em minhas mãos e pés." A palavra hebraica ka'ari (como um leão) é gramaticalmente semelhante à palavra "ferir muito". Dessa maneira o Cristianismo lê o versículo como uma referência à crucifixão: "Eles furaram minhas mãos e pés.
c - Servo sofredor Os cristãos afirmam que Yeshayáhu (Isaías) 53 refere-se a Jesus. Na verdade, Yeshayáhu 53 segue diretamente o tema do capítulo 52, descrevendo o exílio e a redenção do povo judeu. As profecias são escritas na forma singular porque os judeus (Israel) são considerados como sendo uma unidade. A Torá está repleta de exemplos de referências à nação judaica com um pronome singular.
Ironicamente, as profecias de perseguição de Yeshayáhu referem-se em parte ao século 11, quando os judeus foram torturados e mortos pelas Cruzadas, que agiram em nome de Jesus.
De onde provêm estas traduções erradas? S. Gregório, Bispo de Nanianzus no século IV, escreveu: "Um certo jargão é necessário para se impor ao povo. Quantos menos compreenderem, mais admirarão."
5. A CRENÇA JUDAICA É BASEADA NA REVELAÇÃO NACIONAL Das 15.000 religiões na História Humana, apenas o Judaísmo baseia sua crença na revelação nacional - i.e., D'us falando a toda a nação. Se D'us está para iniciar uma religião, faz sentido que Ele falará a todos, não apenas a uma pessoa.
O Judaísmo,é a única entre todas as grandes religiões do mundo que não confia em "reivindicações de milagres" como base para estabelecer uma religião. De fato, a Torá afirma que D'us às vezes concede o poder de "milagres" a charlatães, para testar a lealdade judaica à Torá (Devarim 13:4).
Maimônides declara (Fundações da Torá, cap. 8): "Os Judeus não creram em Moshê (Moisés), nosso mestre, por causa dos milagres que realizou. Sempre que a crença de alguém baseia-se na contemplação de milagres, tem dúvidas remanescentes, porque é possível que os milagres tenham sido realizados através de mágica ou feitiçaria. Todos os milagres realizados por Moshê no deserto aconteceram porque eram necessários, e não como prova de sua profecia.
"Qual era então a base da crença judaica? A revelação no Monte Sinai, que vimos com nossos próprios olhos e ouvimos com nossos ouvidos, não dependendo do testemunho de outros... como está escrito: 'Face a face, D'us falou com vocês...' A Torá também declara: 'D'us não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco - que hoje estamos todos aqui, vivos.' (Devarim 5:3)."
O Judaísmo não são os milagres. É o testemunho da experiência pessoal de todo homem, mulher e criança.
6. JUDEUS E GENTIOS O Judaísmo não exige que todos se convertam à religião. A Torá de Moshê é uma verdade para toda a Humanidade, seja judia ou não. O Rei Salomão pediu a D'us para considerar as preces de não-judeus que vão ao Templo Sagrado (Reis I, 8:41-43). O profeta Yeshayáhu refere-se ao Templo Sagrado como uma "Casa para todas as nações." O serviço no Templo durante Sucot realizava 70 oferendas de touros, correspondendo às 70 nações do mundo. De fato, o Talmud diz que se os Romanos tivessem percebido quantos benefícios estavam conseguindo do Templo, jamais o teriam destruído.
Os judeus nunca buscaram ativamente converter as pessoas ao Judaísmo, porque a Torá prescreve um caminho correto para que os gentios o sigam, conhecido como "As Sete Leis de Nôach." Maimônides explica que qualquer ser humano que observe fielmente estas leis morais básicas recebe um lugar apropriado no céu.
Para um estudo mais completo sobre as Sete leis de Nôach clique aqui. 7. TRAZENDO O MESSIAS De fato, o mundo está desesperadamente necessitado da Redenção Messiânica. A guerra e a poluição ameaçam nosso planeta; o ego e a confusão estão erodindo a vida familiar. Na mesma extensão em que estamos conscientes dos problemas da sociedade, é a extensão em que ansiamos pela Redenção. Como declara o Talmud, uma das primeiras perguntas que um judeu recebe no Dia do Julgamento é: "Você ansiou pela vinda do Messias?"
Como podemos apressar a vinda de Mashiach? A melhor maneira é amar generosamente toda a humanidade, cumprir as mitsvot da Torá (da melhor maneira que pudermos) e encorajar outros para que as cumpram também.
O Mashiach pode chegar a qualquer momento e tudo depende de nossas ações. D'us estará pronto quando estivermos. Pois, como disse o Rei David: "A Redenção chegará hoje - se derem atenção à Sua voz."
Por
Rabino Shraga Simmons - Aish.com
Jesus é Deus?
Você já encontrou uma pessoa que é o centro das atenções onde quer
que vá? Alguma característica misteriosa e indefinível o distingue de
todas as outras pessoas. Pois foi isso que aconteceu dois mil anos atrás
com Jesus Cristo. Porém não foi simplesmente a personalidade de Jesus
que cativou aqueles que o ouviam. Aqueles que puderem ouvir suas
palavras e observar sua vida nos dizem que existia algo em Jesus de
Nazaré que era diferente de todas as outras pessoas.
A única credencial de Jesus era ele mesmo. Ele nunca escreveu um
livro, comandou um exército, ocupou um cargo político ou teve uma
propriedade. Normalmente ele viajava se afastando somente alguns
quilômetros do seu vilarejo, atraindo multidões impressionadas com suas
palavras provocativas e seus feitos impressionantes.
Ainda assim, a magnitude de Jesus era óbvia para todos aqueles que o
viram e ouviram. E enquanto a maioria das grandes personalidades
históricas desaparece nos livros, Jesus ainda é o foco de milhares de
livros e controvérsias sem paralelos na mídia. Grande parte dessas
controvérsias envolvem as afirmações radicais que Jesus fez sobre si
mesmo, afirmações que espantaram tanto seus seguidores quanto seus
adversários.
Foram principalmente as afirmações únicas de Jesus que fizeram com
que ele fosse considerado uma ameaça pelas autoridades romanas e pela
hierarquia judaica. Embora fosse um estranho sem credenciais ou força
política, em apenas três anos Jesus foi capaz de mudar a história dos
mais de 20 séculos seguintes. Outros líderes morais e religiosos
influenciaram a história, mas não como o filho de um carpinteiro
desconhecido de Nazaré.
Qual era a diferença de Jesus Cristo? Ele era apenas um homem de grande valor ou era algo mais?
Essas perguntas nos levam ao cerne do que Jesus realmente era. Alguns
acreditam que ele era simplesmente um grande professor de moral, já
outros pensam que ele foi simplesmente o líder da maior religião do
mundo. Porém muitos acreditam em algo muito maior. Os cristãos acreditam
que Deus nos visitou em forma humana, e acreditam que há evidências que
provam isso.
Após analisar com cuidado a vida e as palavras de Jesus, C.S. Lewis,
antigo cético e professor de Cambridge, chegou a uma espantosa
conclusão, que alterou o rumo de sua vida. Então quem é Jesus de
verdade? Muitos dirão que Jesus foi um grande professor de moral. Ao
analisarmos mais cuidadosamente a história do homem que causa mais
controvérsias em todo o mundo, primeiramente devemos perguntar: será que
Jesus foi simplesmente um grande professor de moral?
Jesus é Deus?
Grande professor de moral?
Mesmo os membros de outras religiões acreditam que Jesus foi um
grande professor de moral. O líder indiano Mahatma Gandhi falava muito
bem sobre a integridade e as palavras sábias de Jesus.[1]
Da mesma forma, o estudioso judeu Joseph Klausner escreveu,
“Admite-se mundialmente… que Cristo ensinou a ética mais pura e sublime…
que joga nas sombras os preceitos e as máximas morais dos mais sábios
homens da antiguidade.”[2]
O Sermão do Monte de Jesus foi considerado o maior de todos os
ensinamentos sobre ética humana já feito por uma pessoa. De fato, muito
do que conhecemos atualmente como “direitos iguais” é resultado dos
ensinamentos de Jesus. O historicista Will Durant, que não é cristão,
disse a respeito de Jesus: “Ele viveu e lutou persistentemente por
‘direitos iguais’, e nos tempos modernos teria sido mandado para a
Sibéria. ‘O maior dentre vós será vosso servo’ é a inversão de toda a
sabedoria política, de toda a sanidade.”[3]
Muitos, como Gandhi, tentaram separar os ensinamentos de Jesus sobre
ética de suas afirmações a respeito de si mesmo, acreditando que ele era
simplesmente um grande homem que ensinava grandes princípios morais.
Essa foi a abordagem de um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos, o
presidente Thomas Jefferson, que editou uma cópia do Novo Testamento
retirando as partes que considerava que se referiam à divindade de Jesus
e deixando as partes a respeito do ensinamento morais e éticos.[4]
Jefferson carregava consigo essa versão editada do Novo Testamento,
reverenciando Jesus como o maior professor de moral de todos os tempos.
De fato, as memoráveis palavras de Jefferson na Declaração de
Independência tiveram como base os ensinamentos de Jesus de que toda
pessoa é de imensa e igual importância perante Deus, independente de
sexo, raça ou status social. O famoso documento diz: “Consideramos estas
verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados
iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis…”.
Mas Jefferson não respondeu uma pergunta: Se Jesus afirmou
incorretamente ser Deus, ele não poderia ter sido um bom professor de
moral. No entanto, Jesus de fato afirmou sua divindade? Antes de
observarmos o que Jesus afirmou, precisamos analisar a possibilidade de
ele ter sido simplesmente um grande líder religioso
Grande líder religioso?
Surpreendentemente, Jesus jamais afirmou ser um líder religioso. Ele
nunca se envolveu com políticas religiosas ou promoveu agressivamente
suas causas, além de atuar quase sempre fora de locais religiosos.
Ao comparar Jesus com outros grandes líderes religiosos, uma notável
distinção aparece. Ravi Zacharias, que cresceu na cultura hindu, estudou
religiões do mundo todo e notou uma diferença fundamental entre Jesus
Cristo e os criadores de outras grandes religiões.
“Em todos esses, existe uma instrução, um modo de viver. Não é
Zaratustra quem você consulta, é Zaratustra quem você escuta. Não é Buda
que o liberta, são as Nobres Verdades que o instruem. Não é Maomé que o
transforma, é a beleza do Corão que o lisonjeia. No entanto, Jesus são somente ensinou ou expôs sua mensagem. Ele era a sua própria mensagem”.[5]
A verdade na afirmação de Zacharias é ressaltada pelas diversas vezes
nos Evangelhos em que os ensinamentos de Jesus foram simplesmente
“Venha a mim”, “Siga-me” ou “Obedeça-me”. Além disso, Jesus deixou claro
que sua principal missão era perdoar os pecados, algo que somente Deus
poderia fazer.
Em As maiores religiões do mundo, Huston Smith apontou: “Somente duas
pessoas surpreenderam tanto seus contemporâneos a ponto de provocarem a
pergunta ‘O que é ele?’ em vez de ‘Quem é ele?’. Essas duas pessoas
foram Jesus e Buda. As respostas de Jesus e Buda para essa pergunta
foram exatamente opostas. Buda disse claramente que ele era um simples
mortal, e não um deus, quase que como se estivesse prevendo futuras
tentativas de adoração. Jesus, por outro lado, afirmou… ser divino.”[6]
E isso nos leva à questão
do que Jesus realmente afirmou sobre si mesmo:
Jesus afirmou ser divino?
Jesus afirmou ser Deus?
Então o que convence muitos estudiosos de que Jesus afirmou ser Deus?
O autor John Piper explica que Jesus reivindicou poderes que pertenciam
exclusivamente a Deus.
“… os amigos e inimigos de Jesus ficavam espantados constantemente
com suas palavras e ações. Ao andar pelas estradas, aparentando ser uma
pessoa qualquer, ele virava e dizia coisas como “Antes de Abraão nascer,
Eu Sou” ou “Quem me vê, vê o Pai”. Ou, com muita calma, depois de ser
acusado de blasfêmia, ele dizia: ‘O Filho do homem tem na terra
autoridade para perdoar pecados’. Para os mortos ele simplesmente dizia
‘Apareçam’ ou ‘Ergam-se’. E eles obedeciam. Para as tempestades ele
dizia ‘Acalmem-se’. E para um pedaço de pão ele dizia ‘Transforme-se em
mil refeições’. E tudo acontecia imediatamente”.[7]
Mas o que Jesus realmente queria dizer com tais afirmações? É
possível que Jesus tenha sido meramente um profeta como Moisés, Elias ou
Daniel? Mesmo uma leitura superficial dos Evangelhos nos mostra que
Jesus afirmou ser mais do que um profeta. Nenhum outro profeta fez
afirmações desse tipo sobre si mesmo, de fato nenhum outro profeta
jamais se colocou no lugar de Deus.
Alguns dizem que Jesus jamais disse explicitamente “Eu sou Deus”. É
verdade que ele jamais disse exatamente as palavras “Eu sou Deus”. No
entanto, Jesus também nunca disse explicitamente “Eu sou um homem” ou
“Eu sou um profeta”. Ainda assim, Jesus foi sem dúvida humano, e seus
seguidores o consideravam um profeta como Moisés ou Elias. Assim, não
podemos rejeitar o fato de que Jesus era uma divindade somente pelo fato
dele não ter dito exatamente essas palavras, assim como não podemos
dizer que ele não era um profeta.
De fato, as afirmações de Jesus sobre si mesmo contradizem a noção de
que ele era simplesmente um grande homem ou um profeta. Em mais de uma
ocasião, Jesus chamou a si mesmo de Filho de Deus. Quando questionado se
acreditava na possibilidade de Jesus ter sido o Filho de Deus, o
vocalista da banda U2, Bono, respondeu:
“Não, não é improvável para mim. Veja bem, a resposta
secular para a história de Cristo é sempre esta: ele era um grande
profeta, claramente uma pessoa muito interessante e com muitas coisas a
dizer, assim como outros grandes profetas como Elias, Maomé, Buda ou
Confúcio. Porém na verdade Cristo não deixava você fazer isso. Ele não o
isentava das responsabilidades. Cristo dizia: ‘Não, não estou dizendo
que sou um professor, não me chame de professor. Não estou dizendo que
sou um profeta. … Estou dizendo que sou a encarnação de Deus’. E as
pessoas dizem: Não, não, por favor, seja apenas um profeta. Um profeta
nós podemos aceitar.”[8]
Antes de analisarmos as afirmações de Jesus, é importante entendermos
que essas afirmações foram feitas no contexto da crença judaica em um
único Deus (monoteísmo). Nenhum Judeu fiel acreditaria em mais de um
único Deus. E Jesus acreditava no Deus único, orando para seu Pai como
“o único Deus verdadeiro”.[9]
Mas na mesma oração, Jesus falou sobre ter sempre existido com seu
Pai. E quando Filipe pediu a Jesus para que ele lhe mostrasse o Pai,
Jesus disse: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado
com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai.”[10] Assim a
pergunta é: “Jesus afirmava ser o Deus hebraico que criou o universo?
Jesus afirmou ser o Deus de Abraão e Moisés?
Jesus continuamente fazia referência a si mesmo de formas que
confundiam seus ouvintes. Como aponta Piper, Jesus fez uma afirmação
audaciosa, “Antes de Abraão nascer, EU SOU.”[11] Ele falou a Marta e a outros ao seu redor: “EU SOU a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.”[12] Da mesma forma, Jesus fazia afirmações como, “EU SOU a luz do mundo”[13], “EU SOU o único caminho para Deus”[14] ou “EU SOU a ‘verdade’[15]. Essas e muitas outras de suas afirmações começavam coma as palavras sagradas para Deus, “EU SOU” (ego eimi).[16] O que Jesus quis dizer com tais afirmações e qual é a importância do termo “EU SOU”?
Mais uma vez, precisamos voltar ao contexto. Nas Escrituras
Hebraicas, quando Moisés perguntou a Deus Seu nome na sarça ardente,
Deus respondeu: “EU SOU”. Ele estava revelando a Moisés que Ele era o
único Deus atemporal e que sempre existiu. Incrivelmente, Jesus estava
usando essas palavras sagradas para descrever a si mesmo. A questão é:
“Por que”?
Desde os tempos de Moisés, nenhum praticante do judaísmo jamais se
referiria a si mesmo ou a qualquer outra pessoa usando “EU SOU”. Com
resultado, as afirmações de “EU SOU” de Jesus enfurecerem os líderes
judaicos. Certa vez, por exemplo, alguns líderes explicaram a Jesus por
que estavam tentando matá-lo: “Porque você é um simples homem e se
apresenta como Deus”.[17]
O uso do nome de Deus por parte de Jesus deixou os líderes religiosos
muito enfurecidos. A questão é que esses estudiosos do Antigo
Testamento sabiam exatamente o que ele estava dizendo: ele afirmava ser
Deus, o Criador do universo. Somente essa afirmação poderia ter
resultado na acusação de blasfêmia. Ao ler o texto, é claro entender que
Jesus afirmava ser Deus, não simplesmente por suas palavras, mas também
pelas reações a essas palavras.
C.S. Lewis inicialmente considerava Jesus um mito. Porém esse gênio
da literatura, que conheci os mitos muito bem, chegou à conclusão de que
Jesus tinha de ter sido uma pessoa real. Além disso, conforme Lewis
investigava as evidências sobre Jesus, ele se convenceu que Jesus não
somente era real, mas também era diferente de qualquer outro homem da
história. Lewis escreveu:
“E aí que vem o verdadeiro choque. Entre esses judeus, de
repente surge um homem que começa a falar como se Ele fosse Deus. Ele
diz perdoar os pecados. Ele diz que Ele sempre existiu. Ele diz que Ele
está vindo para julgar o mundo no final dos tempos”.[18]
Para Lewis, as afirmações de Jesus eram simplesmente muito radicais e
profundas para terem sido feitas por um simples professor ou líder
religioso.
Que tipo de Deus?
Alguns dizem que Jesus afirmava ser apenas uma parte de Deus. Porém a
ideia de que todos nós fazemos parte de Deus e de que dentro de nós
está a semente da divindade simplesmente não é um sentido possível para
as palavras e ações de Jesus. Tais pensamentos são revisionistas e não
condizem com seus ensinamentos, suas crenças e com o entendimento de
seus ensinamentos por parte de seus discípulos.
Jesus ensinou que ele era Deus do modo que os judeus entendiam Deus e
que as Escrituras Hebraicas retratavam Deus, e não do modo que o
movimento da Nova Era entendia Deus. Nem Jesus nem seu público conheciam
Star Wars, então quando falavam de Deus, eles não estavam falando de
forças cósmicas. Trata-se simplesmente de uma má história para redefinir
o que Jesus queria dizer com o conceito de Deus.
Lewis explica:
Vamos esclarecer isso. Entre panteístas, como os
indianos, qualquer pessoa poderia dizer que é parte de Deus, ou um com
Deus… Porém este homem, por ser judeu, não poderia dizer que era esse
tipo de Deus. Deus, em seu idioma, significava Estar fora do mundo,
aquele que criou o mundo e era infinitamente diferente de qualquer outra
coisa. Ao entender isso, você verá que o que esse homem disse, de forma
muito simples, foi a coisa mais chocante jamais dita por um homem.[19]
Com certeza existem aqueles que aceitam Jesus como um grande
professor, porém ainda recusam chamá-lo de Deus. Como deísta, sabemos
que Thomas Jefferson não tinha problemas para aceitar os ensinamentos
morais e éticos de Jesus e ao mesmo tempo rejeitar sua divindade.[20]
Porém como já dito, se Jesus não era quem afirmava ser, então é preciso
analisar outras possibilidades, nenhuma das quais faria dele um grande
professor moral. Lewis disse: “Estou tentando impedir que qualquer um
diga a coisa mais insensata, que as pessoas dizem frequentemente, sobre
Ele: ‘Aceito Jesus como um grande professor moral, porém não aceito as
afirmações de que ele era Deus’. É exatamente isso que não podemos
dizer”.[21]
Em sua missão em busca da verdade, Lewis sabia que não era possível
aceitar as duas identidades de Jesus. Ou Jesus era quem ele afirmava
ser, a encarnação de Deus, ou suas afirmações eram falas. Se fossem
falsas, Jesus não poderia ter sido um grande professor moral. Ele
estaria mentindo de propósito ou teria sido um lunático com um complexo
de Deus.
Jesus poderia estar mentindo?
Mesmos os maiores críticos de Jesus raramente o chamaram de
mentiroso. Essa classificação não é compatível com os grandes
ensinamentos sobre moral e ética de Jesus. Mas se Jesus não era quem
afirmava ser, devemos pensar na possibilidade de que ele estava
intencionalmente enganando a todos.
Uma das mais conhecidas e influentes obras políticas de todos os
tempos foi escrita por Nicolau Maquiavel em 1532. Eu seu clássico, O príncipe,
Maquiavel exalta o poder, o sucesso, a imagem e a eficiência acima da
lealdade, da fé e da honestidade. De acordo com Maquiavel, não há
problemas em mentir quando isso visa um fim político.
Poderia Jesus Cristo ter construído todo seu império com base em uma
mentira simplesmente para obter poder, fama ou sucesso? De fato, os
inimigos judeus de Jesus constantemente tentavam o expor como uma fraude
ou um mentiroso. Eles o bombardeavam de perguntas, tentando fazer com
que ele cometesse erros ou se contradissesse. Ainda assim, as respostas
de Jesus eram de uma incrível consistência.
Assim, a questão que temos que fazer é: o que poderia motivar Jesus a
tornar toda sua vida uma mentira? Ele ensinava que Deus não aceitava
mentiras e hipocrisia, assim ele não poderia estar fazendo isso para
agradar ao seu Pai. Ele certamente não mentiu em benefício de seus
seguidores, uma vez todos, com exceção de um, foram martirizados em vez
de renunciar seu Senhor (consulte “Os apóstolos acreditavam que Jesus era Deus?” Assim, nos restam apenas duas possíveis explicações, ambas as quais são problemáticas.
Benefício
Muitas pessoas mentiram em prol de ganhos
pessoais. De fato, a motivação da maioria das mentiras é o benefício
que as pessoas veem nelas. O que Jesus poderia querer ganhar ao mentir
sobre sua identidade? A resposta mais óbvia seria o poder. Se as pessoas
acreditassem que ele era Deus, ele teria um poder imenso (é por isso
que muitos líderes antigos, como os imperadores romanos, afirmavam ser
de origem divina).
O problema dessa explicação é que Jesus evitava qualquer tentativa de
ser colocado no poder, em vez de castigar aqueles que abusam de tal
poder e vivem suas vidas em busca dele. Além disso, ele estendia suas
mãos para os rejeitados (prostitutas e leprosos), aqueles sem poder,
criando uma rede de pessoas cuja influência era menor do que zero. De
uma maneira que só pode ser descrita como bizarra, tudo aquilo que Jesus
fez e disse ia em direção complemente oposta ao poder.
Se a motivação de Jesus era o poder, ele aparentemente teria evitado a
cruz a todo custo. Ainda assim, em diversas ocasiões, ele disse a seus
discípulos que a cruz era seu destino e sua missão. Como morrer em uma
cruz romana poderia conceder poder a alguém?
A morte, obviamente, trás a devida atenção a qualquer coisa. E
enquanto muitos mártires morreram em prol das causas que acreditavam,
poucos estiverem dispostos a morrer por mentiras conhecidas. Com certeza
todas as esperanças de ganhos pessoais de Jesus teriam acabado na cruz.
Ainda assim, até seu último suspiro, ele não abriu mão de afirmar que
era o único Filho de Deus. O estudioso do Novo Testamente, J. I. Packer,
aponta que este título expressa a divindade pessoal de Jesus.[22]
Um legado
Então se Jesus não mentia em benefício próprio, talvez suas
afirmações radicais fossem falsas a fim de deixar um legado. Porém a
possibilidade de ser espancado e pregado em uma cruz teria rapidamente
acabado com o entusiasmo da grande maioria das pessoas.
Aqui está outro fato assombroso. Se Jesus tivesse simplesmente
rejeitado a afirmação de ser Filho de Deus, ele jamais teria sido
condenado. Foi sua afirmação de ser Deus e sua relutância a rejeitá-la
que fizeram com que ele fosse crucificado.
Se aumentar sua credibilidade e reputação histórica foi o que motivou
Jesus a mentir, é preciso explicar como um filho de carpinteiro,
proveniente de um pobre vilarejo da Judéia, pode ter previsto os eventos
futuros que tornariam seu nome tão conhecido e importante no mundo
todo. Como ele poderia saber que sua mensagem sobreviveria? Os
discípulos de Jesus tinham fugido e Pedro o negou, o que não é
exatamente a melhor ideia para deixar um legado religioso.
Os historicistas acreditam que Jesus mentiu? Estudiosos analisaram a
vida e as palavras de Jesus para descobrir se há qualquer evidência de
falhas em sua personalidade moral. De fato, mesmo os maiores céticos
ficam espantados com a pureza ética e moral de Jesus.
De acordo com o historicista Philip Schaff, não há evidências, tanto
na história da igreja quanto na história secular, de que Jesus tenha
mentido sobre qualquer coisa. Schaff argumentou: “Como, em nome da
lógica, senso comum e experiência, um homem enganador, egoísta e
depravado poderia ter inventado e mantido de forma consistente, do
início ao fim, a personalidade mais pura e nobre da história, com o mais
perfeito ar de verdade e realidade?”[23]
Aceitar a possibilidade de que Jesus era um mentiroso iria em direção
oposta a tudo aquilo em prol de que Jesus ensinou, viveu e morreu. Para
a maioria dos estudiosos, essa opção simplesmente não faz sentido.
Ainda assim, para negar as afirmações de Jesus, é preciso uma
explicação. E se as afirmações de Jesus não são verdadeiras, e ele não
estava mentindo, a única opção restante é de que ele estava enganando a
si mesmo.
Jesus poderia estar enganando a si mesmo?
Albert Schweitzer, ganhador do Prêmio Nobel em 1952 por seus
trabalhos humanitários, tinha suas próprias ideias sobre Jesus.
Schweitzer chegou à conclusão de que a insanidade era a base das
afirmações de Jesus de ser Deus. Em outras palavras, Jesus estava errado
em suas afirmações, porém ele não mentiu intencionalmente. De acordo a
teoria de Schweitzer, Jesus estava iludido de forma a acreditar que ele
era o Messias.
Lewis avaliou cuidadosamente essa possibilidade. Ele deduziu que se
as afirmações de Jesus não fossem verdadeiras, então ele era louco.
Lewis argumenta que alguém que afirmou ser Deus não seria um grande
professor moral. “Ou ele seria um lunático do mesmo nível de uma pessoa
que diz ser um ovo cozido ou seria o Diabo do Inferno”.[24]
A maioria das pessoas que estudou a vida e as palavras de Jesus o
reconhece como uma pessoa extremamente racional. Embora sua vida tenha
sido permeada de imoralidade e ceticismo pessoal, o renomado filósofo
francês Jean-Jacques Rousseau (1712–78) reconheceu a personalidade
elevada e a presença de espírito de Jesus, declarando: “Quando Platão
descreveu seu homem justo imaginário… ele descrever exatamente a
personalidade de Cristo. … Se a vida e a morte de Sócrates são as de um
filósofo, a vida e a morte de Jesus Cristo são as de um Deus”.[25]
Bono conclui que “louco”
é a última coisa que alguém pode pensar de Jesus.
“Assim o que lhe resta é que Cristo era quem Ele dizia
ser ou era totalmente louco. E quando digo louco, digo louco como
Charles Manson… Eu não estou brincando. A ideia de que toda a história
da civilização em mais da metade do planeta foi completamente alterada
por um lunático, para mim isso não pode ser verdade…”[26]
Então, Jesus era um mentiroso ou um lunático, ou era o Filho de Deus?
Será que Jefferson estava certo ao classificar Jesus como “somente um
professor moral”, negando sua divindade? É interessante que o público de
Jesus, tanto crentes como inimigos, nunca o consideraram como um
simples professor moral. Jesus causou três reações principais nas
pessoas com que teve contato: ódio, terror ou adoração.
As afirmações de Jesus Cristo nos forçam a escolher. Como disse
Lewis, nós não podemos categorizar Jesus simplesmente como um grande
líder religioso ou um grande professor moral. O ex-cético nos desafia a
nos decidir a respeito de Jesus, dizendo:
“Você precisa se decidir. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou
é um louco ao algo ainda pior. Você pode calá-lo por Ele ser um louco,
você pode cuspir Nele e matá-lo como um demônio ou ajoelhar-se perante
Ele e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não vamos considerar besteiras
arrogantes dizendo que Ele era um grande professor moral. Ele não nos
deu essa possibilidade. Não era esse seu objetivo”.[27]
Em Cristianismo Puro e Simples, Lewis explora diversas
possibilidades a respeito da identidade de Jesus, concluindo que ele é
exatamente quem ele afirmava ser. Sua análise cuidadosa da vida e das
palavras de Jesus levou esse grande gênio da literatura a renunciar seu o
ateísmo e se tornar um Cristão comprometido.
A grande questão da história da humanidade é “quem é o verdadeiro
Jesus Cristo”? Bono, Lewis e muitos outros chegaram à conclusão de que
Deus visitou a terra em forma humana. Mas se isso é verdade, nos
esperaríamos que ele estivesse vivo atualmente. E é exatamente isso seus
seguidores acreditam.
Jesus voltou mesmo dos mortos?
As testemunhas de Jesus Cristo realmente falaram e agiram como se
acreditassem que ele fisicamente se ergueu dentre os mortos após sua
crucificação. Se eles estivessem errados, o cristianismo teria se
baseado em uma mentira. Mas se estivessem certos, tal milagre
confirmaria tudo o que Jesus disse sobre Deus, sobre si mesmo e sobre
nós.
Devemos então aceitar a ressurreição de Jesus Cristo somente pela fé
ou existe uma evidência histórica sólida? Muitos céticos começaram
investigações sobre os registros históricos para provar que os registros
da ressurreição são falsos. O que eles descobriram?
Todos temos curiosidade de saber sobre o que acontecerá conosco
depois da morte. Quando um ente querido morre, queremos vê-lo novamente
assim que chegar nossa vez. Teremos um encontro glorioso com aquele a
quem amamos ou a morte é o fim de toda a consciência?
Jesus nos ensinou que a vida não termina depois da morte de nossos
corpos. Ele fez esta declaração impressionante: “Eu sou a ressurreição e
a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;” Segundo as
testemunhas oculares mais próximas a Jesus, Ele demonstrou seu poder
sobre a morte levantando-Se dos mortos depois de ter sido crucificado e
ficar sepultado por três dias. Essa é a crença que tem dado esperança
aos cristãos nestes quase 2.000 anos.
Mas algumas pessoas não têm nenhuma esperança em vida após a morte. O
filósofo ateu Bertrand Russell escreveu, “Acredito que, ao morrer,
apodrecerei e nada do meu ego sobreviverá”.[1] Russel obviamente não acreditava nas palavras de Jesus.
Os seguidores de Jesus escreveram que Ele apareceu vivo para eles
depois da crucificação e do sepultamento. Eles alegam que além de vê-Lo,
tomaram refeições com ele, tocaram-No e permaneceram juntos por 40
dias.
Então, será que isso é simplesmente uma ficção que se desenvolveu ao
longo do tempo ou ela se baseia em provas sólidas? A resposta a essa
questão é fundamental para o Cristianismo. Pois se Jesus levantou-Se dos
mortos, isso validaria tudo o que Ele disse sobre Si mesmo, sobre o
significado da vida e sobre o nosso destino depois da morte.
Se Jesus ressuscitou dos mortos então ele tem sozinho as respostas
sobre o significado da vida e sobre o que enfrentaremos após a morte.
Por outro lado, se a história da ressurreição de Jesus não for
verdadeira, então o Cristianismo se baseia em uma mentira. O teólogo R.
C. Sproul colocou isso nos seguintes termos:
“A veracidade da ressurreição é vital para o
Cristianismo. Se Cristo foi erguido dos mortos por Deus, então Ele
detém as credenciais e a certificação que nenhum outro líder religioso
possui. Buda está morto. Maomé está morto. Moisés está morto. Confúcio
está morto. Mas, de acordo com… o Cristianismo, Cristo vive.”[2]
Muitos céticos tentaram contestar a ressurreição. Josh McDowell foi
um desses que gastou mais de 700 horas pesquisando a evidência da
ressurreição. McDowell fez a seguinte declaração a respeito da
importância da ressurreição:
“Cheguei à conclusão de que, de duas uma, ou a
ressurreição de Jesus é um dos embustes mais mal-intencionado, cruel e
desumano jamais impostos às mentes humanas OU é o fato mais fantástico
da história.”[3]
Então, a ressurreição de Jesus é um fato fantástico ou um mito cruel?
Para chegarmos a essa resposta, temos de examinar a evidência da
história e tirar nossas próprias conclusões. Vamos ver o que os céticos
que investigaram a ressurreição descobriram por conta própria.
Cínicos e céticos
Nem todos estão dispostos a examinar detalhadamente as evidências.
Bertrand Russell admite que a sua opinião acerca de Jesus “não se
baseou” em fatos históricos.[4]
O historiador Joseph Campbell, sem citar nenhuma prova, alegou
calmamente aos seus espectadores no canal de televisão americano PBS,
que a ressurreição de Jesus não é um evento fatual.[5] Outros eruditos, como John Dominic Crossan, do Seminário de Investigação sobre Jesus, concordam com ele.[6] Nenhum desses céticos apresentou nenhuma prova que embase seu ponto de vista.
Os verdadeiros céticos, em oposição aos cínicos, estão interessados em evidências. Um editorial da revista Cética
intitulado “O que é um cético?”, apresentou a seguinte definição:
“Ceticismo é… a prevalência da razão sobre qualquer ideia, sem exceção à
regra. Em outras palavras… os céticos não entram em uma investigação
quando não há nenhuma possibilidade de que o fenômeno seja real e de que
a crença seja verdadeira. Quando alegamos que somos “céticos”, queremos
dizer que queremos ver evidência convincente antes de acreditarmos.”[7]
Diferente de Russel e Crossan, muitos céticos verdadeiros
investigaram as provas da ressurreição de Jesus. Neste artigo,
entraremos em contato com alguns deles e veremos como analisaram a
evidência da que talvez seja a pergunta mais importante da história da
raça humana: Jesus realmente ressuscitou dos mortos?
Autoprofecia
Antes da sua morte, Jesus disse a seus discípulos que seria traído,
preso e crucificado, e que voltaria à vida três dias depois. Esse plano
é, no mínimo, estranho! O que estava por detrás disso? Jesus não era
nenhum artista tentando atuar de acordo com os anseios da plateia. Pelo
contrário, ele prometeu que a Sua morte e ressurreição provariam a todos
(se as suas mentes e corações estivessem abertos) que Ele era realmente
o Messias esperado.
O pesquisador bíblico Wilbur Smith alegou sobre Jesus:
“Quando disse que Ele próprio ressuscitaria dentre os
mortos, ao terceiro dia depois de ter sido crucificado, alegava algo que
só um louco ousaria dizer, se esperasse ainda a devoção de algum
discípulo, a menos que tivesse certeza de que isso aconteceria. Nenhum
fundador de nenhuma religião do mundo conhecida pelo homem se atreveu
alguma vez a fazer uma afirmação semelhante.”[8]
Em outras palavras, como Jesus disse claramente a seus discípulos que
voltaria depois da sua morte, deixar de cumprir com essa promessa o
exporia como uma fraude. Mas estamos indo depressa demais. Como morreu
Jesus antes de (se isso realmente aconteceu) Se levantar dos mortos?
Uma morte terrível e depois. . . ?
Você sabe como foram às últimas horas da vida terrena de Jesus se
assistiu ao filme do guerreiro das estradas/coração valente Mel Gibson.
Se você perdeu parte do filme A Paixão de Cristo porque estava
tapando os olhos (seria mais fácil se ele tivesse sido filmado com um
filtro vermelho na câmera), basta folhear as últimas páginas de qualquer
um dos evangelhos do Novo Testamento para encontrar o que perdeu.
Como Jesus predisse, ele foi traído por um dos seus próprios
discípulos, Judas Iscariotes, e foi preso. Em um julgamento simulado
diante do governador romano Pôncio Pilatos, Ele foi declarado culpado de
traição e condenado a morrer em uma cruz de madeira. Antes de ser
pregado à cruz, Jesus foi espancado brutalmente por um “gato com nove
rabos” romano, um chicote feito com pontas de ossos e metal que se
destinava a rasgar a carne. Ele foi esbofeteado repetidas vezes, chutado e cuspido.
Em seguida, usando martelos, os carrascos romanos cravaram os pesados
pregos de ferro forjado nos punhos e pés de Jesus. Finalmente, eles
erigiram a cruz em um buraco no solo, entre duas outras cruzes, onde se
encontravam ladrões condenados.
Jesus ficou pendurado por aproximadamente seis horas. Então, às três
horas da tarde, ou seja, exatamente no mesmo momento que o cordeiro da
páscoa judaica estava sendo sacrificado como uma oferta pelo pecado (há
um pouco de simbolismo aí, não concorda?)—Jesus gritou “Está consumado”
(em aramaico) e morreu. Repentinamente, o céu ficou escuro e um
terremoto sacudiu a terra.[9]
Pilatos queria uma comprovação de que Jesus estava morto antes de
permitir que seu corpo crucificado fosse sepultado. Assim, um guarda
romano perfurou com uma lança um lado de Jesus. A mistura de sangue e
água que verteu era uma clara indicação de que Jesus estava morto. O
corpo de Jesus foi tirado da cruz e sepultado no túmulo que pertencia a
José de Arimateia. Os guardas romanos, em seguida, selaram a tumba e a
vigiavam 24 horas por dia.
Nesse meio tempo, os discípulos de Jesus estavam em choque. O Dr. J.
P. Moreland explica quão devastados e confusos eles ficaram depois da
morte de Jesus na cruz. “Eles não tinham mais confiança de que Jesus
tinha sido enviado por Deus. Eles também tinham sido ensinados de que
Deus não permitiria que seu Messias sofresse a morte. Dispersaram. O
movimento de Jesus terminava naquele momento.”[10]
Toda esperança havia acabado. Roma e os líderes judaicos haviam prevalecido, pelo menos, era o que parecia.
Aconteceu algo
Mas não era o fim. O movimento de Jesus não desapareceu (obviamente)
e, de fato, hoje o Cristianismo é a principal religião do mundo. Assim,
temos que saber o que aconteceu depois que o corpo de Jesus foi tirado
da cruz e colocado em uma sepultura.
Em um artigo do New York Times, Peter Steinfels menciona os
eventos impressionantes que ocorreram três dias depois da morte de
Jesus: “Pouco tempo depois da execução de Jesus, os seus seguidores
foram repentinamente reanimados, passando de um grupo confuso e
amedrontado a pessoas cuja mensagem central era acerca de um Jesus vivo e
de um reino vindouro, colocando a sua própria vida em risco e mudando,
com o tempo, todo um império. Algo Aconteceu. … Mas exatamente o quê?”[11] Essa é a pergunta que temos de responder com uma investigação dos fatos.
Existem apenas cinco explicações plausíveis para a alegada ressurreição de Jesus, tal como descrita no Novo Testamento:
Jesus realmente não morreu na cruz.
A “ressurreição” foi uma conspiração.
Os discípulos tiveram uma alucinação.
A história é uma lenda.
Ela realmente aconteceu.
Vamos detalhar agora cada uma dessas opções e ver qual melhor se encaixa aos fatos.
Jesus morreu?
“Marley estava tão morta como uma pedra, e disso não havia dúvida.” Assim começa Um Cântico de Natal,
de Charles Dickens, o autor não queria enganar ninguém sobre o caráter
sobrenatural do que se seguiria. Do mesmo modo, antes de iniciarmos uma
investigação nos moldes da série CSI e juntarmos as evidências da
ressurreição, teremos de verificar se, de fato, havia um cadáver. É
claro que, ocasionalmente, surgem na imprensa notícias acerca de algum
“cadáver” no necrotério que se mexe e volta a viver. Poderia algo desse
tipo ter acontecido com Jesus?
Há quem tenha sugerido que Jesus sobreviveu à crucificação e foi
reanimado pelo ar frio e úmido do túmulo—“Opa! Por quanto tempo fiquei
fora?” Mas essa teoria não é muito compatível com as evidências
médicas. Um artigo na Revista da Associação Médica Americana explica porque a chamada “teoria do desfalecimento” é insustentável: “É inegável que o peso
das provas históricas e médicas indicam que Jesus morreu. … A lança,
atravessada entre as Suas costelas do lado direito, perfuraram
provavelmente não apenas o pulmão direito, como também o pericárdio e o
coração, assegurando a Sua morte.”[12]
Mas esse veredicto pode encarar opiniões céticas, uma vez que o caso
esteve parado durante 2.000 anos. Pelo menos, precisamos de uma segunda
opinião.
Podemos encontrar essas opiniões em relatos de historiadores não
Cristãos, da época próxima à que Jesus viveu. Três desses historiadores
mencionaram a morte de Jesus.
Luciano (cerca de 120 a 180 d.C.) refere-se a Jesus como um sofista (filósofo) crucificado.[13]
Josefo (cerca de 37 a 100 d.C.) escreveu: “Nesse tempo surgiu Jesus,
um homem sábio e autor de grandes feitos. Quando Pilatos O condenou à
morte na cruz, os nossos líderes acusaram-No, e aqueles que O amavam não
deixaram de o fazer.”[14]
Tácito (cerca de 56 a 120 d.C.) escreveu: “Cristo, de quem o nome
teve sua origem, sofreu o castigo máximo… às mãos do procurador Pôncio
Pilatos.”[15]
Isso é como buscar nos arquivos e descobrir que, num dia de primavera do primeiro século, O Jornal de Jerusalém tinha na sua primeira página o destaque para a crucificação e morte de Jesus. Nada mal para um trabalho de detetive, e completamente conclusivo.
Na verdade, não existem relatos históricos de cristãos, romanos ou
judeus, que contradigam a morte de Jesus ou o seu sepultamento. Até
mesmo Crossan, um cético da ressurreição, acredita que Jesus viveu e
morreu. “Que Ele foi crucificado, é certo como qualquer outro fato
histórico pode ser.”[16]
À luz de tal evidência, estamos bem embasados para rejeitar a primeira
das nossas cinco opções. Jesus claramente morreu, “disso não havia
dúvida”.
A questão do túmulo vazio
Nenhum historiador sério duvida que Jesus estava morto no momento em
que foi retirado da cruz. No entanto, muitos questionaram o modo como o
corpo de Jesus desapareceu do túmulo. O jornalista inglês Dr. Frank
Morison pensou inicialmente que a ressurreição era um mito ou um
embuste, e iniciou a sua pesquisa para escrever um livro que a
refutasse.[17] O livro tornou-se conhecido, mas por razões diferentes ao seu propósito inicial, como veremos.
Morison começou por tentar resolver o caso do túmulo vazio. O
sepulcro pertencia a um membro do conselho do Sinédrio, José de
Arimateia. Naquele tempo, em Israel, ser do conselho era como ter o
status de uma estrela de rock. Todo mundo sabia quem pertencia ao
conselho. José de Arimateia deve ter sido uma pessoa real. Caso
contrário, os líderes judeus exporiam a história como uma fraude na sua
tentativa de refutar a ressurreição. Além disso, o túmulo de José de
Arimateia deve ter sido em um local bem-conhecido e facilmente
localizável, assim qualquer ideia que leve a crer que Jesus estava
“perdido no cemitério” tem que ser descartada.
Morison questionou o porquê os inimigos de Jesus permitiriam a
continuidade do “mito do túmulo vazio” se este não fosse verdadeiro.
Bastaria descobrir o corpo de Jesus para terminar com as dúvidas.
Aquilo que é conhecido historicamente acerca dos inimigos de Jesus,
diz-nos que esses acusaram os Seus discípulos de roubarem o corpo, uma
acusação que corrobora a crença do túmulo vazio
O Dr. Paul L. Maier, professor de história antiga na Universidade do
Michigan, afirmou de modo similar que “Se todas as evidências forem
pesadas de uma forma cuidadosa e imparcial, é plenamente justificável…
concluir que o túmulo em que Jesus foi colocado, estava vazio na manhã
da primeira Páscoa. E não foi descoberto nenhum vestígio de evidência…
que refute essa declaração.”[18]
Os líderes judeus estavam espantados e acusaram os discípulos de
roubarem o corpo de Jesus. Mas os romanos escalaram na sepultura uma
guarda treinada (de 4 a 12 soldados), 24 horas por dia. Morison
questiona: “Como poderiam esses profissionais permitir que o corpo de
Jesus fosse vandalizado?” Teria sido impossível a qualquer um livrar-se
dos soldados romanos e mover uma pedra de duas toneladas No entanto, a
pedra foi movida e o corpo de Jesus desaparecera.
Se o corpo de Jesus se encontrasse onde pudesse ser localizado, os
seus inimigos teriam rapidamente exposto a ressurreição como fraude. Tom
Anderson, ex-presidente da Associação de Advogados da Califórnia,
resume a força desse argumento:
“Com um evento tão difundido, não seria razoável que um
historiador, uma testemunha ou um antagonista tivessem registrado para
todos os tempos que tinham visto o corpo de Cristo? … O silêncio da
história é ensurdecedor quando alguém tenta testemunhar contra a
ressurreição.”[19]
Assim, sem um corpo como prova, e com um túmulo claramente vazio,
Morison teve de aceitar a evidência como sólida de que o corpo de Jesus
desapareceu, de alguma forma, do túmulo.
Ladrões de sepultura?
Dando continuidade à sua investigação, Morison começou a examinar os
motivos dos seguidores de Jesus. Talvez a suposta ressurreição não
passasse de um corpo roubado. Mas se isso fosse verdade, como se
justificam as várias aparições de um Jesus ressuscitado? O historiador
Paul Johnson, na História dos Judeus, escreveu: “O que
importava não eram as circunstâncias da Sua morte, mas o fato de a
ressurreição ter sido larga e obstinadamente acreditada, por um círculo
cada vez maior de pessoas.”[20]
O túmulo estava realmente vazio. Mas não poderia ter sido apenas a
ausência de um corpo o que reanimou os seguidores de Jesus
(especialmente, se eles mesmos o tivessem roubado). Algo extraordinário
deve ter acontecido, para que os discípulos de Jesus deixassem de se
lamentar e esconder, e começassem a proclamar sem medo que O tinham
visto vivo.
O relato das testemunhas referia que Jesus teria aparecido
fisicamente aos seus seguidores de uma forma repentina, inicialmente às
mulheres. Morison se perguntou por que razão é que algum conspirador
faria das mulheres um ponto central nesse enredo. No primeiro século,
as mulheres praticamente não tinham direitos, personalidade ou status.
Arrazoou Morison que, se uma conspiração quisesse ter sucesso, os seus
autores teriam escolhido os homens e não as mulheres, como os primeiros a
verem Jesus vivo. Além disso, ouvimos que as mulheres foram as
primeiras a tocar-Lhe, a falar com Ele e a encontrar o túmulo vazio.
Mais tarde, segundo as testemunhas oculares, todos os discípulos
viram Jesus em mais de dez ocasiões separadas. Escreveram que Este lhe
mostrou as mãos e os pés, e lhes disse para que Lhe tocassem. E
alegadamente comeu com eles e depois apareceu a mais de 500 pessoas numa
ocasião.
John Warwick Montgomery, um estudioso de leis, declarou: “No ano 56
d.C. [o apóstolo Paulo escreveu que mais de 500 pessoas viram Jesus
ressuscitado, e que a maioria deles ainda vivia naquele tempo (1
Coríntios 15:6 em diante). Ultrapassa os limites do bom senso que os
primitivos Cristãos pudessem ter fabricado tamanha história e depois a
pregado entre aqueles que facilmente a refutariam, simplesmente
encenando o corpo de Jesus.”[21]
Eruditos da Bíblia como Geisler e Turek concordam. “Se a
ressurreição não aconteceu, porque nos daria o Apóstolo Paulo uma lista
tão grande de supostas testemunhas? Ele perderia toda a credibilidade
que detinha com seus leitores de Corinto ao mentir tão descaradamente.”[22]
Pedro explicou a uma multidão em Cesareia a razão de ele e os outros discípulos estarem tão convictos de que Jesus estava vivo.
E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da
Judeia como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro. A
este ressuscitou Deus ao terceiro dia… nós, que comemos e bebemos
juntamente com ele, depois que ressuscitou dentre os mortos. (Atos
10:39-41)
O erudito bíblico britânico Michael Green comentou: “As aparições de
Jesus são tão autenticadas como qualquer evento da antiguidade. … Não há
nenhuma dúvida razoável de que elas ocorreram.”[23]
Coerente até o fim
Ainda que os relatos das testemunhas oculares não fossem suficientes
para desafiar o seu ceticismo, Morison ainda estava confuso com o
comportamento dos discípulos. Um fato da história que tem deixado
historiadores, psicólogos e céticos perplexos é que esses 11
“anteriormente covardes” passaram a estar dispostos a sofrer
humilhações, torturas e morte. Todos, à exceção de um dos discípulos de
Jesus, foram martirizados. Teriam eles feito tanto por uma mentira,
sabendo que tinham roubado o corpo?
Os mártires islâmicos do 11 de setembro provaram que alguns podem
morrer por causas falsas em que acreditam. Contudo, ser mártir por uma
mentira é loucura. Como escreveu Paul Little “Homens morrerão pelo que
acreditam ser verdade, podendo, no entanto, ser falso. Porém, eles não
morrem por aquilo que sabem que é falso.”Os discípulos de Jesus
comportavam-se de uma maneira coerente com uma crença genuína de que o
seu líder estava vivo.
Ninguém explicou adequadamente por que os discípulos estariam
dispostos a morrer por uma mentira que eles conheciam. Mas, mesmo que
tivessem conspirado uma mentira acerca da ressurreição de Jesus, como
poderiam manter essa conspiração durante décadas sem que, pelo menos um
deles, vendesse a verdade por dinheiro ou posição? Moreland escreveu:
“Aqueles que mentem para terem ganhos pessoais não se mantêm juntos por muito tempo, especialmente quando as dificuldades diminuem os benefícios.”[24]
O antigo braço direito da administração Nixon, Chuck Colson,
implicado no escândalo Watergate, falou sobre as dificuldades de um
grande grupo de pessoas de manter uma mentira por um período extenso de
tempo.
“Eu sei que a ressurreição é um fato, e o Watergate
provou-me isso. Como? Porque 12 homens testemunharam que viram Jesus
levantado de entre os mortos, e depois proclamaram essa verdade durante
40 anos, nunca a negando. Todos eles foram espancados, torturados,
apedrejados e colocados na prisão. Eles não teriam suportado isso, caso
não fosse verdade. O Watergate envolveu 12 dos mais poderosos homens do
mundo—e eles não foram capazes de manter a mentira nem por três semanas.
Querem que eu acredite que os 12 apóstolos puderam manter uma mentira
durante 40 anos? Absolutamente impossível.”[25]
Aconteceu algo que alterou tudo para esses homens e mulheres.
Morison reconheceu: “Quem quer que pense neste assunto acabará por
confrontar-se com um fato que não pode ter explicação fácil. … Esse fato
é que… uma profunda convicção atingiu esse pequeno grupo de pessoas—uma
alteração que atesta o fato de Jesus ter-Se levantado do túmulo.”[26]
Teria sido uma alucinação dos discípulos?
Há pessoas que ainda pensam ver um Elvis gordo e de cabelo grisalho a
jogar dardos no café ao lado. E depois existem os que pensam ter
passado a noite anterior com extraterrestres, na nave-mãe, estando a
mercê de testes indescritíveis. Por vezes, algumas pessoas conseguem
“ver” as coisas da forma que querem que elas sejam, coisas que não estão
mesmo lá. É por isso que alguns alegam que os discípulos estariam tão
fora de si e consternados após a crucificação que o desejo de verem
Jesus vivo causou uma alucinação em larga escala, um efeito em massa. Plausível?
Ao psicólogo Gary Collins, ex-presidente da Associação Americana de
Conselheiros Cristãos, foi colocada a questão da possibilidade das
alucinações estarem por trás da radical alteração de comportamento dos
discípulos. Collins comentou: “Alucinações são ocorrências
individualizadas. Pela sua própria natureza, uma alucinação só pode ser
observada por uma pessoa de cada vez. Certamente não é algo a ser visto
por grupos de pessoas.”[27]
A alucinação não é sequer uma possibilidade remota, de acordo com o
psicólogo Thomas J. Thorburn. “É absolutamente inconcebível que…
quinhentas pessoas, em pleno poder das suas capacidades mentais…
pudessem experimentar todos os tipos de impressões sensoriais—visuais,
auditivas e tácteis—e que todas essas… experiências se devessem
inteiramente a… uma alucinação.”[28]
Além do mais, na psicologia das alucinações, a pessoa precisaria de
estar num estado mental em que quisesse ver o outro de tal forma que a
sua mente a projetasse. Dois dos principais líderes da Igreja primitiva,
Tiago e Paulo, encontraram ambos um Jesus ressuscitado, sem nenhuma
expectativa ou esperança de satisfação. Pelo contrário, o apóstolo Paulo
liderava as primeiras perseguições aos Cristãos, e a sua conversão
continua inexplicável, excetuando o seu testemunho de que Jesus lhe
apareceu, ressuscitado dos mortos.
Da mentira à lenda
Alguns céticos, pouco convencidos, atribuem a ressurreição a uma
lenda que teria começado com uma ou mais pessoas mentindo ou pensando
que viram Jesus ressuscitado. Com o passar do tempo, a lenda teria se
expandido e recebido adornos à medida que crescia. Segundo essa teoria, a
ressurreição de Jesus está no mesmo nível da távola redonda do Rei
Artur, da incapacidade do pequeno George Washington de mentir e da
promessa de que a Segurança Social será dissolvida quando já não
precisarmos dela.
Existem, no entanto, três grandes problemas com essa teoria.
As lendas raramente se desenvolvem enquanto várias testemunhas
oculares se encontram vivas para refutá-las. Um historiador da Roma e
Grécia antigas, A. N. Sherwin-White, argumentou que as notícias da
ressurreição se espalharam demasiado cedo e depressa para que fosse uma
lenda.[29]
As lendas desenvolvem-se por tradição oral e não surgem em
documentos históricos contemporâneos que podem ser verificados. Ainda
assim, os Evangelhos foram escritos no espaço de tempo de três décadas
após a ressurreição.[30]
A teoria da lenda não justifica adequadamente o fato de o túmulo se
encontrar vazio ou da historicamente comprovada convicção dos apóstolos
de que Jesus estava vivo.[31]
Porque o Cristianismo venceu?
Morison estava perplexo pelo fato de “um pequeno e insignificante
movimento ter sido capaz de prevalecer sobre o domínio astuto da
instituição judaica, assim como sobre o poder de Roma.” Porque é que
venceu, contra todas as probabilidades?
Ainda escreveu: “No espaço de vinte anos, as afirmações desses
pescadores e camponeses galileus desestabilizaram a Igreja judaica. … Em
menos de cinquenta anos começaram a ameaçar a paz do Império Romano.
Quando dissemos tudo o que havia para dizer… confrontamo-nos com o maior
mistério de todos. Por que venceu?”[32]
Por várias razões, o Cristianismo deveria ter morrido na cruz quando
os discípulos voltaram às suas vidas. Porém os apóstolos foram capazes
de estabelecer um movimento Cristão crescente.
J. N. D. Anderson escreveu: “Pense no absurdo psicológico de imaginar
um pequeno bando de covardes derrotados, num sótão, em um dia e, poucos
dias depois, transformados numa companhia que nenhuma perseguição podia
silenciar—e depois tente atribuir essa mudança dramática a uma mera
farsa elaborada nada convincente. … Isso não faz nenhum sentido.”[33]
Vários eruditos acreditam (nas palavras de um antigo comentarista)
que “o sangue dos mártires foi a semente da Igreja.” O historiador Will
Durant observou: “César e Cristo encontraram-se na arena e Cristo
venceu.”[34]
Uma conclusão surpreendente
Com as questões do mito, alucinação e autópsias imperfeitas
descartadas; com as provas incontestáveis de um túmulo vazio, com um
grupo substancial de testemunhas do Seu reaparecimento e com a
inexplicável transformação e impacto no mundo daqueles que clamavam
tê-Lo visto; Morison convenceu-se de que a sua primeira concepção contra
a ressurreição de Jesus Cristo estava errada. Começou a escrever um
livro diferente—intitulado Quem moveu a pedra?—para detalhar
suas novas conclusões. Morison seguiu simplesmente as pistas e
evidências, prova por prova, até que a verdade do caso lhe parecesse
clara. Para sua surpresa, as evidências levaram-no a crer na
ressurreição.
No capítulo inicial de “O livro que se recusou a ser escrito”, este
anteriormente cético explica como as provas o convenceram de que a
ressurreição de Jesus foi um evento histórico. “Foi como se um homem se
dispusesse a cruzar um bosque por um caminho familiar, bem demarcado, e
saísse de repente por onde não esperava sair.”[35]
Morison não está sozinho. Inúmeros céticos têm examinado as
evidências da ressurreição de Jesus e aceitado essa como o mais incrível
fato de toda a história humana. Mas a ressurreição de Jesus Cristo
suscita a questão: o que tem a ver com a minha vida o fato de Jesus ter
derrotado a morte? A resposta a essa questão é o tema central de todo o
Cristianismo do Novo Testamento.
Hallelujah
- Oratória " O Messias" - Orquestra Geração - 5min.