Mozart
Great Mass in c minor kv. 427 - 5. Domine Deus
Arleen Auger
Frederica von Stade
Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Leonard Bernstein Cosmo -Egiptologia
Ao imaginar aquilo que poderia ter sido a antiga civilização Egípcia, as nossas mentes transportam-nos para um tempo remoto da história Humana, um tempo demasiado longínquo para nos apercebermos do maravilhoso legado daí resultante. Estamos perante o inicio de toda uma concepção ideológica da humanidade há já 5000 anos.
Ao pensarmos "Egipto", vem-nos logo à memória uma imagem redutora de uma pirâmide com os preços de uma viagem de pensão completa ou semi-completa para duas pessoas com direito a passeio de barco pelo Nilo. Mas o Egipto é mais do que um simples postal... para além dessa visão, existe um mundo complexo de crenças que influenciaram todo o conceito científico, existem as fundações da nossa consciência enquanto seres... as bases da nossa ciência, da nossa escrita e da nossa arte.
Viajar pela consciência egípcia, é viajar num mundo repleto de simbolismos, num mundo em que o Sol e o Nilo regentes de toda a existência davam largas a imaginação fértil do homem.
A Astronomia egípcia nasce de toda uma preocupação cosmogónica da continuidade, nasce para dar resposta ao inexplicável, a existência de deuses e de um porquê qualquer... mas sempre com uma consciência crítica e científica.
O Egipto é hoje uma riqueza de saberes para quem procura juntar todas as peças de um puzzle ainda demasiado desconhecido.
COSMOGONIA EGÍPCIA
Cosmogonia é o termo utilizado para determinar uma ou mais teorias sobre a formação do nosso universo. Actualmente, não existem muitas dúvidas acerca do principal autor dessa "melodia secreta"- a energia, no entanto há cerca de 6000 anos atrás o homem necessitou de uma explicação para o inexplicável, para aquilo que não se conseguia explicar com simples palavras e simples actores. E no entanto, aquela que mais fez foi sem sombra de dúvidas a mais complexa de todas - a Natureza, nela se escondiam as bases da criação.
Para os Antigos Egípcios, que depressa iniciaram as suas bases cosmogónicas nos primórdios da sua civilização, a natureza era uma fonte rica em personagens mistificadas e adoradas. As tribos nómadas que durante o período pré-histórico e pré-dinástico (cerca de 4000 anos antes de Cristo) dominaram as planícies e oásis no actual Saara, construíram as fundações para aquilo que seria uma das cosmogonias mais espantosas do género humano. Essas ideias cosmogónicas representam o primeiro aspecto da civilização egípcia a chegar até nós. Graças a elas o clero1 pode explicar a criação do mundo e do cosmos cuja visão da época dava conta de duas forças antagónicas em constante luta: a Ordem e o Caos.
Paletas de Narmer – prova da Unificação do Alto e Baixo Egipto.
Ao longo de centenas de anos, as diferentes tribos que viviam naquilo que ainda não era o Egipto, aglomeram-se ao longo de um rio fértil - o Nilo, formando deste modo tribos maiores e mais complexas, com esta complexidade surgiram as primeiras dificuldades em unir as diferentes crenças. Mas estes diferentes dogmas viriam a criar apenas um só com a unificação do Alto e Baixo Egipto (última divisão) cerca de 3000 a.C. pelo rei Narmer (alguns Egiptólogos defendem que outro rei, o rei escorpião, iniciou essa unificação).
Nesse último dogma, os sacerdotes tiveram a rude tarefa de agradar a todas as tribos unificadas. É no entanto evidente que não houve passividade em tal acto, surgindo diversas guerras internas que duraram todo o período da 0 Dinastia.
Mas qual a relação com a astronomia?
Existe evidentemente uma relação directa entre os conceitos cosmogónicos e as concepções do cosmos para os antigos egípcios. A arqueo-astronomia é hoje uma ciência sobejamente estudada, no entanto ainda permanecem centenas de mistérios por resolver. A Astronomia egípcia – Cosmo-Egiptologia - não é excepção à regra, e é necessário para todo o estudioso desta ciência saber os conceitos religiosos que levaram ao conhecimento do cosmos.
Voltando à historia em si…
Desde o período pré-histórico os egípcios olharam para os céus diurnos e nocturnos, cedo aperceberam-se da periodicidade de certos corpos celestes, como é o nascer e ocaso do Sol. Para além destes fenómenos naturais de que voltaremos a falar ao longo das próximas semanas, é importante relacionar estes fenómenos com a própria natureza envolvente, isto é, relacionar determinado fenómeno natural com poderes sobrenaturais dos animais. Assim sendo, um dos animais mais frequente dos céus egípcios – o falcão, tornou-se um dos maiores deuses do panteão Egípcio.
Apesar de aceite por todas as diferentes tribos, o deus falcão Horus – deus do bem e protector do Egipto unificado, é frequentemente confundido e inter-conectado com outros aspectos. Horus identifica-se sobre vários aspectos:
- Identificação de origem solar com o falcão "senhor dos céus", filho de Hathor (relacionada com Ísis) que surge como criadora.
- Identificação de origem Osiriana "filho de Ísis" e Osíris, nascida da morte do seu pai, surge aqui como ponto de união a pequena e a grande Eneida de Heliópolis.
- Identificação com os deuses da Eneida mediana, o Horus irmão de Ísis e Osíris, concebido de forma mágica quando seus pais se encontravam no seio materno de Nut.
- Identificação de Horus com o rei.
Todas as figuras dos distintos deuses Horus têm uma iconografia similar, tendo por vezes aspectos estranhos, mas existindo sobre forma mais comum como um falcão ou um homem de cabeça de falcão com o disco solar (Horajty) sobre a cabeça ou a coroa dupla
2. Existem também outros deuses que apesar de não possuírem uma relação directa com Horus são representados como um falcão, chegando em alguns casos a ter alguns atributos de Horus. A sua caracterização carece de rigidez dependendo da versão e da passagem de textos que se consulta, como também da época e do lugar.
Apesar de Horus ser um deus adorado em diferentes centros religiosos que se edificaram ao longo das primeiras dinastias, essa versão de um deus único não explicava a complexidade das leis do Maat (a ordem cósmica), surgindo no reinado do faraó Unas (2355 a 2325 a. C. – V Dinastia) para resposta a esse dilema, um complexo conjunto de textos, denominados de "Textos das Pirâmides".
Descobertos em 1881 em Saqqara, os "Textos das Pirâmides" despertaram a curiosidade dos académicos do mundo inteiro, sendo Gaston Maspero o primeiro a tentar decifrar a sua lógica. A primeira publicação é da autoria de K. Sethe,
Die altagyptischen pyramidentexte, 4 volumes, Leipzig, 1908-1922.
Os textos das pirâmides fazem parte de uma colecção de textos religiosos gravados nas paredes das pirâmides a partir da V dinastia. Estes textos constituíam rituais fúnebres, fórmulas mágicas e cerimónias religiosas para facilitar ao faraó a sua longa caminhada pela morte até a vida no Além, isto é, para aquilo que os Egípcios acreditavam ser o Além – as Estrelas. As ideias cosmogónicas representadas nas paredes das pirâmides datam do início da ideologia da civilização egípcia, havendo passagens que se assemelham em parte a Estelas da I Dinastia, isto demonstra-nos existir, já naquele tempo, um sistema religioso complexo, existente antes mesmo dos textos serem reescritos no interior das pirâmides.
Nestes textos está particularmente bem patente uma ordem lógica da cosmogonia em relação contínua com a astronomia. Na época, Heliópolis era um dos centros religiosos mais importantes, os restantes centros eram: Hermanópolis, Menfis e Tebas, todos eles com sua própria cosmogonia.
A datação das suas cosmogonias são incertas, no entanto os primeiros passos foram dados no pré-dinástico. Estes estão ligados entre eles por princípios fundamentais no "Oceano Primordial" - o Nun, de onde saiu o poder da vida, aquilo que para nós se pode assemelhar ao nosso Universo antes do suposto "Big Bang":
- Aqui existe um paralelismo estreito com o rio Nilo. Os habitantes do Delta entendiam o Cosmos como um espaço limitado, a vida fluía e o renascimento era periódico como as cheias do rio Nilo;
- Outra ligação era a "Colina Primogénita", local onde se origina a vida periodicamente devido as cheias do Nilo;
- A terceira ligação era o Sol, como entidade de poder que provoca o renascimento.
As lutas contínuas entre os diferentes centros religiosos, em particular entre o deus Seth (Nagana) e Horus (Hieracompolis) levaram a que Heliópolis se torna-se o centro religioso mais poderoso do antigo Egipto, nele se prestava o culto ao deus Rá e posteriormente a Horus:
- A existência na época pré-dinástica de diferentes divindades com cabeça de falcão demonstra a importância dada pelos egípcios às observações do céu e consequentemente ao que por lá voa;
- O culto de Horus sobre as suas diversas formas foi-se assimilando ao longo da evolução dos conceitos cosmogónicos a partir da II dinastia, assim, Horus transformou-se num dos principais deuses do panteão egípcio a partir de Guerzense o Nagada II.
Heliópolis mostra-nos os passos progressivos para estabelecer uma ordem no Cosmos sem se preocupar com os elementos de desordem em si. Criada em três fases diferentes em redor de um deus: Rá, possui uma simbologia clara e específica para cada uma delas, dando uma sensação de uma estrutura geométrica que se cuida de entrelaçar elementos e divindades do sul e do norte (Seth e Osíris).
A lenda de Heliópolis - ordem cosmogónica. Assim sendo, a cosmogonia inicial foi:
- Rá – Deus solar e criador. O grande deus Egípcio e senhor do Maat, a Harmonia Universal. Tríada de Heliópolis com – Atum (Sol do anoitecer), Rá (Sol do meio-dia) e Khepri (Sol da manhã). Aparece pela primeira vez associado ao Deus-Faraó na II dinastia - Nebra (2800 a.C.), e a três nomes da IV dinastia – Didufri, Kefren e Mikerinos, estes intitulam-se filhos de Rá, um dos apelidos clássicos dos faraós a partir da V dinastia.
- Geb – Deus da Terra. No Egipto o céu é um factor feminino, a terra um factor masculino. Na Origem Geb e Nut encontram-se estreitamente unidos. Pedem a Shou (a Atmosfera) que os separe, sobre ordem de Rê. Geb é representado como um homem dominado por Nut.
- Nut – Deusa do céu estrelado, não se quer unir com Geb, Nut é representada como uma mulher atravessando o hemisfério. Nut é também a mãe do Sol, que decresce antes de ser engolido por Ela e renasce todas as manhãs.
-
- Este casal constitui o segundo casal primordial,
- depois de Shou (o Ar / Fogo) e Tefnou (a Água).
Para além dos "Textos das Pirâmides", surgiram vários outras fontes de conhecimentos das suas relações com o cosmos, o "Livro dos Mortos" é o fac-símile de maior importância para completar a nossa compreensão.
No último artigo falamos das ideias cosmogónicas do antigo Egipto, aquelas que foram utilizadas para toda a concepção do Cosmos por parte dos antigos egípcios. Juntamente com os “Textos das Pirâmides”, o “Livro dos Mortos” é um fac-símile de maior importância para completar a nossa compreensão de toda a filosofia egípcia.
O Livro dos Mortos (Prt m hru), é o livro ilustrado mais antigo do mundo. Surge-nos pela primeira vez, como com conjunto organizado de textos na XVIII dinastia (c. 1550 a. C.). No entanto toda a sua origem data do reinado de Unas (c. 2345 a. C.), último rei da V dinastia, que teve a primeira pirâmide “não muda”, devido a existência dos textos inscritos no seu interior.
O egiptólogo alemão Richard Lipsius deu a este conjunto de textos o nome de Livro dos Mortos. Lipsius catalogou-os num fac-símile da época ptolemaica dividido em 165 capítulos ou fórmulas
A “Recensão Tebana” ,no início da XVIII Dinastia, trouxe com ela mudanças a todos os níveis. Um dos maiores feitos deste período foi a compilação e escolha criteriosa de todos os textos funerários escritos até então, sem, no entanto, qualquer preocupação com a organização sequencial interna.
Assim sendo a evolução foi dada desta forma:
Posteriormente, na XXVI dinastia (650 a. C.) irá surgir uma nova recensão, a “Recensão Saíta”, que se caracterizará exactamente por procurar uma ordem na sequência das fórmulas (capítulos).
A Filosofia dos textos escritos em hieróglifos cursivos (mais tarde escrito em hierático (XXI Dinastia)), é na sua maioria, acompanhada por ilustrações. Por vezes existem apenas as vinhetas (ilustrações) para representar as ideias e transmitir aquilo que os antigos nos quiseram legar.
O Livro dos mortos, ao contrário dos textos das pirâmides, era permitido a qualquer pessoa no antigo Egipto, dependendo apenas da capacidade económica para a obtenção de um livro melhor do que o outro.
Na vinheta, visualizamos o sarcófago sobre a barca solar que transportará o morto, à semelhança de Rá, isto é a semelhança do Sol que circula diariamente no céu nocturno desde o ocaso até o nascer. Os egípcios preocupavam-se particularmente com o destino dos seus corpos e mentes após a morte, daí a preocupação de assemelhar tal acto a um deus maior – o Sol.
As Pirâmides e seus primórdios
Por volta de 2789 a.C. e durante todo o Império Antigo (dinastia III a VI), a necessidade de se estender o braço de um deus na terra deu origem a um período de grandes construções, a arquitectura (sobretudo menfita) teve um extraordinário desenvolvimento e uma rápida expansão.
Nesse período a pedra substituiu de forma radical o barro, e a diferenciação volumétrica nos edifícios teve aqui o seu impulso e êxtase. Esse período viu nascer perto de uma centena de complexos piramidais no lado ocidental das margens do Nilo.
As construções fúnebres típicas das primeiras dinastias tinham o nome de Mastaba
1 (Figura 2.1). As suas origens remontam a pequenas colinas ou túmulos pré-históricos que indicavam o lugar onde o defunto repousava. O seu objectivo seria de prolongar a vida a quem nele fosse enterrado, consoante o estatuto social apresentava elementos complementares como os baixos-relevos, pinturas, estelas, mobiliário funerário, estatuas e inscrições. Nesse tipo de sepulturas, convenientemente ampliadas e nalguns casos adornadas interiormente foram enterrados os primeiros reis do Egipto.
Foram encontradas muitas mastabas de diferentes períodos da história egípcia, no entanto apenas as primeiras tem um perfil real, como as Mastabas dos reis
Uadji e
Udimu da primeira Dinastia. A mais interessante, a nível arquitectónico, é a Mastaba do rei
Nebetka, formada por diferentes super-estruturas e transformando-se assim num protótipo do que mais tarde viria a ser a pirâmide escalonada.
Figura 2.1 – Mastaba - A – Pátio de entrada, B – Acesso ao tumulo, C – Corredor de entrada, D – Antecâmara, E – Capela
Tudo leva a crer que a forma piramidal tenha surgido no reinado de
Horus Neter-ir-Khet o segundo faraó da III Dinastia (2690 -2613 a.C.)), mais conhecido pelo nome de
Djoser. Situada próxima de Mênfis (então capital do Egipto) a necrópole de Saqqara, que já tinha os complexos fúnebres de vários faraós anteriores, veio a ser o local escolhido para aquilo que se pode considerar o primeiro ensaio de uma pirâmide. Toda a técnica egípcia de construção de pirâmides baseou-se na experimentação (figura 2.2).
Jean-philippe Lauer, egiptólogo que trabalhou inúmeros anos em Saqqara, diz-nos que a pirâmide escalonada de
Dsojer, “aquele que é mais divino do que a confraria dos deuses”, consiste numa simples Mastaba (Figura 2.2). Houve evidentemente uma evolução arquitectónica, mas apesar de parecer ser na sua estrutura externa que a diferença reside, é no seu interior que encontramos as maiores mudanças, com a sua sala sepulcral de granito rosa vindo de Assuão e um número considerável de galerias e mobiliário.
O faraó dá ideia de querer construir um local funerário para toda a família, o que explica as salas contidas na Mastaba , originalmente com 6 metros de altura e que deu lugar a uma pirâmide de seis graus com altura próxima dos 60 metros.
Outra modificação visível é o revestimento de calcário branco das minas de
Tourah, próximas de Menfis, o que permitia à pirâmide ser vista a uma distância considerável. O seu brilho poderia assemelhar-se ao de uma estrela, e impressionar quem dela se aproximasse, demonstrando assim o grande poderio do faraó. Todo esse complexo, de cerca de 15 hectares foi rodeado por um muro de pedra em que a única entrada era feita pelo lado oriental.
Toda essa construção baseava-se num único pressuposto: imitar o monte primogénito de onde surgiu o primeiro deus, e facilitar a subida do faraó para junto dos deuses.
Imhotep, “Aquele que vem em paz”
Para construir tal complexo piramidal foi necessário uma organização impar, uma boa gestão dos recursos e uma forte liderança. O faraó
Djoser contava com um arquitecto (também astrónomo) de uma capacidade inata para as grandes construções, o seu nome era
Imhotep.
Imhotep, gozou em vida um prestígio incalculável vindo a ser considerado, depois da morte, pai da arquitectura no Egipto. Adorado pelos seus seguidores foi, na época Saita, considerado filho de
Ptah. Para além da própria pirâmide, esse arquitecto está na base da construção de vários outros complexos arquitectónicos dentro do complexo de Saqqara, como é o templo mortuário da fachada Norte ou a
serdab construída em pedra talhada e abrigando uma estatua do próprio faraó. Através dessas outras construções os antigos egípcios acreditavam na ressurreição do seu faraó e na circulação livre da sua essência espiritual, o
Ka.
Em termos Astronómicos
Para analisar as ligações das pirâmides à astronomia, e deixando as lindas pirâmides do faraó
Seneferu para trás, olharemos para as grandiosas pirâmides do planalto de Gizé. Sobre o planalto de calcário do planalto de Gizé, não muito longe daquela que é hoje uma das maiores metrópoles do mundo - O Cairo, encontra-se um complexo magnifico dominado pela construção de três pirâmides, arquitetonicamente perfeitas. Essas três maravilhas do mundo antigo foram construídas por três dos mais ilustres faraós da IV Dinastia:
Khufu, Khafra e
Menkaura, cujo reinado não ultrapassou o quarto de século para cada um deles.
Um dos pontos comuns entre todas as pirâmides existentes no Egipto, é a sua entrada direccionada para o eixo Norte. A importância que os egípcios davam a uma orientação cardinal nas suas construções levou a um grande domínio de certas ferramentas como a trigonometria e a astronomia.
Do complexo piramidal do faraó Khufu (Quéops) filho e sucessor de Senéferu subsiste apenas a pirâmide central baptizada de Grande Pirâmide. A sua perfeita construção tanto a nível arquitectónico como a nível astronómico, marca o apogeu da era das grandes construções.
Uma abertura feita pelos homens do Califa
Al-Mamoun no final do milénio anterior (990 d. C.), deixa transparecer o interior da pirâmide, única em muitos pontos. Uma das características que salta logo a vista é a
quasi-sobreposição das três câmaras segundo o eixo da pirâmide. A primeira, a sala subterrânea encontra-se na perfeição no eixo, a segunda, a chamada sala da rainha encontra-se um pouco desviada da anterior. Por fim, a sala do rei também ela ligeiramente desfasada do eixo. Esta ultima sala, toda ela feita de granito rosa proveniente das minas de Assuão, tem acesso por um longo corredor inclinado de vários metros de comprimento e com uma magnífica estrutura de adoba “de Berço” fazendo lembrar uma pirâmide de degraus invertida. Nas paredes da sala sepulcral do faraó encontram-se algumas condutas de ar, que apesar de se acreditar na sua utilidade em renovar o ar dentro da pirâmide, teve uma função muito mais simbólica do que utilitária.
É aqui que a Astronomia tem um papel fundamental na resposta a certas questões. Porque razão existiam condutas minúsculas com uma certa orientação? Para os antigos egípcios as pirâmides eram máquinas de renascimento, para tal era necessária uma determinada orientação que vigorasse e que estivesse de acordo com todas as crenças religiosas e cosmogónicas. As pirâmides eram em si: “O monte da criação”, a montanha primordial de onde
Rá surgiu. Era por isso importante que a pirâmide fosse um monumento perfeito que se assemelha-se aos céus e que fizesse a junção entre a Terra e o Céu.
Na Grande pirâmide de Gizé, para além dessa orientação segundo a direcção Norte-Sul, existem outras condutas que nos leva a determinadas zonas do céu nocturno.
Alexander Badawy e Virgínia Trimble foram os primeiros a suspeitar de uma determinada orientação para esses corredores (Figura 2.3). A conduta de ar da fachada Sul da sala leva-nos em determinado período do ano a culminação sucessiva das três estrelas da constelação de Orion: Alnitak, Alnilam e Mintaka. Recorde-se que Orion era para os antigos egípcios uma representação nos céus de Osíris. Do outro lado, na fachada Norte, temos a saída de ar orientada para aquela que era a estrela polar há cerca de 5000 anos, a estrela de Thuban, uma das estrelas da constelação do Dragão.
Por outro lado, temos a dita “sala da rainha”, também ela com as suas próprias saídas de ar orientadas para determinado local nos céus, fazendo aqui sentido essencialmente a orientação Sul para a Estrela Soped (Sirius) que era entre outras a representação da deusa Isis nos céus.
Alguns vestígios foram encontrados na proximidade da pirâmide central de Gizé que confirmam um plano geral, praticamente idêntico entre as diferentes pirâmides do planalto. Desta forma existia nessas três pirâmides um templo junto a fachada oriental com uma ligação perpendicular ao rio Nilo.
Esse simbolismo, assim como a orientação estelar vem a completar o nosso conhecimento acerca da compreensão do universo pelos antigos egípcios, que mais tarde viria a ser escrito no interior das pirâmides sobre forma de “texto das pirâmides”.
Figura 2.3 – Orientação astronómica da pirâmide de Quéops
A grande esfinge de Gize
No sopé da pirâmide de Gizé, os arquitectos do reinado de
Kafrê transformaram uma grande rocha naquilo que é hoje uma escultura viva. Adoptando uma posição de sentada, um Leão com cabeça de homem foi aí erigido olhando para o oriente.
Este magnífico exemplar da grandiosidade do Egipto só foi conservado graças aos seus sucessivos esquecimentos que permitiram que as areias vindas do deserto o cobrissem evitando a erosão. Dentro dessa esfinge existe um templo.
Porquê corpo de Leão?
Acreditava-se que o Leão personificava a força e a bravura do faraó. Nesse caso particular poderíamos dar uma outra explicação, essa ligada a factores astronómicos, isto é, na direcção do olhar da esfinge podemos observar o nascer helíaco do Sol logo no Equinócio, tendo por detrás a constelação do Leão. Não existem provas evidentes do conhecimento por parte dos egípcios nesse determinado período, da constelação do Leão, no entanto podemos traçar aqui esta coincidência (figura 2.4).
Para além desse factor, tudo indica que uma cerimónia era celebrada todos os dias, em honra dos três aspectos complementares do deus Sol:
Khépri, Rá e
Atoum, prova disso são as três salas cerimoniais no interior do colosso, uma para nascente, uma no centro e outra para poente.
Existe uma outra particularidade que os arqueólogos e astrónomos referem com frequência, a de que os antigos egípcios tentaram ao longo das suas construções “faraónicas”, construir algo que se assemelhasse aos céus, de tal forma que o próprio complexo de Gizé assemelha-se ao cinturão da constelação de Orion (conhecida nesse tempo e personificando o deus Osíris).
1Palavra árabe que significa banco.
Antes de passar ao tema desta semana, convém acrescentar algo mais ao artigo da semana passada. É evidente que haveria ainda muito mais para dizer acerca deste tão fascinante assunto, no entanto queria acrescentar algo que julgo ser importante na compreensão de um certo acontecimento:
Porque é que a saída de ar da fachada Norte da pirâmide de Quéops está direccionada para a estrela de Thuban?
De facto, não existe nada de particular nessa direcção, pelo menos é o que o habitante da Terra actualmente acha. Mas achar tal factor desprovido de um sentido particular, seria o mesmo que dizer que os marinheiros de hoje não olham para a estrela Polar, embora existam hoje sistemas de posicionamento que, inevitavelmente, substituíram as estrelas na orientação. Há 3500 anos, essa estrela chamada hoje de Thuban indicava o pólo norte dos antigos egípcios. Tal circunstância não se deve a uma escolha dos antigos egípcios mas sim a uma realidade astronómica. De facto, a nossa Terra efectua um terceiro movimento (para além da translação e da rotação) chamado precessão.
Figura 3.1 – Precessão da Terra
O movimento de precessão, descoberto por Hiparcos, é um fenómeno que se produz continuamente com a nossa Terra, no entanto ele é tão lento que no espaço limitado de uma centena de anos não conseguimos notar qualquer diferença. Em suma é como se a nossa terra fosse um pião gigante e rodasse sobre ele próprio formando um cone com o vértice no pólo Sul (figura 3.1) - esse fenómeno completa uma volta em apenas 26 000 anos. A precessão pode não ter uma enorme importância na nossa vida comum, no entanto, quando olhamos para um longínquo passado apercebemo-nos das diferenças que advêm dela. A construção das pirâmides é um acontecimento tão longínquo que a diferença dada pela precessão é já significativa – em suma, há 3 500 anos, Thuban era a estrela que indicava o norte geográfico.
Sirius, o calibrador do ano
Desde o quarto milénio antes da nossa era, as cheias do Nilo ocorrem anualmente em finais de Julho. Este fenómeno acontece pouco depois do aparecimento helíaco de Sirius, a estrela mais brilhante do céu egípcio no horizonte oriental. Já mencionei a importância de Sirius (
Soped para os Egípcios) para os antigos egípcios, pois ela personificava a deusa
Isis nos céus.
Figura 3.2 – O papiro de Carlsberg I constitui a cópia do livro de Nut, parede destes textos situam-se nos túmulos de Seti I e de Ramsés IV, nele se encontram provas de acontecimentos astronómicos essencialmente ligados ao nascimento Sirius no céu oriental
Um dos documentos mais importantes que refere tal acontecimento é o papiro Carlsberg I (Figura 3.2), que nos diz que, depois do desaparecimento por 70 dias de
Soped no céu ocidental, ele reaparece ao lado do deus
Khépri. Assim sendo, o nascimento helíaco de Sirius repete-se ano após ano com a periodicidade próxima do ano trópico, ou seja, em data fixa durante 3000 anos.
Os Primeiros relógios estelares
Através do papiro Carlsberg I e das tampas dos sarcófagos em madeira do Primeiro Período Intermédio, os egiptólogos e astrónomos concluíram a importância dada à estrela Sirius – pois ela era a “
calibradora dos céus” .
Sobre o interior dos sarcófagos de madeira vemos a deusa do céu,
Nut, reconhecível devido ao signo hieroglífico
pet (figura 3.3). Ao lado foi desenhada a pata de um bovino contendo sete estrelas, uma evidente representação da constelação da ursa maior, a constelação circumpolar que os egípcios nomearam de
Meskhetiu, que significa “
a pata da frente do céu setentrional”.
Logo a seguir, vêm imagens de dois deuses representando
Osíris e
Isis, são eles
Sah e
Soped (Sirius). Ambos apresentam os símbolos da realeza e da divindade, o ceptro
was e o signo da vida
ankh. O termo
Sah corresponde a uma das constelações mais representativas do nosso céu, a constelação de Orion.
Não é de todo errado apresentar
Soped junto a
Sah pois, na verdade, eles estão ao lado um do outro no firmamento, no entanto encontram-se invertidos nas suas posições, pois Orion fica a direita de Sirius, a estrela alfa da constelação do cão maior (figura 3.4).
Figura 3.3 – Fragmento da tampa do sarcófago de Idy (Assiout, fim do 1º Período Intermédio)
Figura 3.4 – Parte do sarcófago de Idy (Assiout, fim do 1º Período Intermédio)
Esta imagem celeste figura dividida num quadro constituído por 40 colunas e doze linhas. Sobre as linhas horizontais encontram-se escritos os seguintes termos hieroglíficos:
tepy-sw, hery-ib sw e
hery-pehouy sw, significando respectivamente “primeira década
1”, “década central” e “ultima década”, acompanhados pelo número do mês e estação (
Achet, Peret ou
Shemou).
A título de exemplo: a terceira década do quarto mês da estação
Achet é chamada de:
hery-pehouy sw; a segunda década do primeiro mês de estação
Peret foi nomeada
hery-ib sw.
O Diagrama
As 36 primeiras colunas correspondem a uma década, o que possibilita um ano de 360 dias. Sendo assim é distribuída desta forma (representação actual feita por astrónomos):
O acréscimo de cinco dias efectuado pelos antigos egípcios teve origem na observação dos astros ao longo de muitos anos levando, de forma empírica, à determinação dos 365 dias do ano. A divisão de 360 em 36 decanos foi posteriormente acolhida pelos astrónomos egípcios e implementada. Os últimos cinco dias eram considerados sagrados, cada um representando um determinado deus do panteão egípcio - eram os
heryou-renpet, i.e. “
dias que estão para lá do ano” - mais tarde os gregos deram-lhes o nome de Epagómenes.
Cada uma das doze linhas deste quadro corresponde a uma hora da noite. Tanto a noite como o dia tinham a duração de 12 horas, no entanto, a suas durações modificavam consoante a estação do ano. Estas primeiras divisões apareceram já no período das construções das pirâmides com o surgimento do “texto das pirâmides”, no fim da V dinastia.
Cada uma destas doze horas representa uma estrela ou um conjunto de estrelas, cada qual com seu nome.
Assim sendo, a primeira estrela que nasce no horizonte ocidental no primeiro dia do ano [numero 1] é
Tjemat Heret - “aquela que se encontra por cima de Tjemat”; da mesma forma a última estrela a aparecer no céu nocturno no primeiro dia do ano é a estrela tabelada numero 12. A contagem era feita assim consecutivamente por quatro escribas sentados aos pares frente a frente.
Entre as 6h e as 7h da noite existe um texto escrito que pouco difere nos 12 sarcófagos encontrados, nele é dito:
“Uma oferenda é feita a Rá, senhor dos céus, em todos os seus lugares, oferendas de pão e de cerveja, de carne, para N; uma oferenda é feita a Meskhetiu no céu do norte; uma oferenda é feita a Nut; uma oferenda é feita a Sah no sul do céu; uma oferenda é feita a Soped; uma oferenda é feita ao Semed do sul e ao Semed do Norte; uma oferenda é feita ao deus que atravessa o céu (Sah) e ao braço superior de Sah; uma oferenda é feita a Soped e aos seguidores de Soped... Oferenda de N aos deuses, para o amarem.”
Os Egípcios foram portanto os primeiros a observar as estrelas para a contagem do tempo, certa esta mesma contagem tem mais a ver com questões de necessidades na economia do país, no entanto, é de dar a devida importância ao facto de terem associado todos os movimentos dos corpos celestes a um acto tão importante que é o domínio do tempo.
Os primeiros tectos astronómicos
Curiosamente um dos primeiros tectos a ter a simbologia dos céus, e representando uma carta dos céus, não pertencia a um faraó mas sim a um alto funcionário da famosa faraó
Hatchepsout, o seu nome era
Senmout e era arquitecto pessoal da rainha faraó (dinastia XVIII).
O túmulo funerário de
Senmout situado em Deir el-Bahari, não muito longe do vale dos reis, é um dos mais espantosos a nível arquitectónicos, e apresenta um dos tectos mais significativos da representação do céus de então.
O que conseguimos ver é que a parte meridional desse mesmo tecto (Figura 3.5) é praticamente idêntico ao sarcófago de madeira de
Shemes um dos mais recentes.
Figura 3.5 – Parte meridional do tecto de Senmout (Deir el-Bahari – XVIII Dinastia)
O relógio estelar, sendo um relógio que acompanhava os movimentos das estrelas tinha evidentemente de se rever em determinadas alturas. Os egípcios contabilizaram um período de 40 anos para no final repor o relógio a “horas”. Esta pode vir a ser a explicação mais lógica em relação as diferenças existentes nos sarcófagos de madeira.
Sendo a contagem das horas uma tarefa primordial na existência dos egípcios, uma revisão teve lugar entre o final da XIIª dinastia e o início da XIIIª dinastia, isto é entre o final do Médio Império e o início do Império Novo.
A partir desta época os Egípcios dividiram a esfera em 36 partes todas elas referentes a 10º de intervalos. A contagem era feita da mesma forma do que no Primeiro Período Intermédio e Médio Império mas, aqui, de uma forma matemática e cientifica. A Partir deste período a designação decano pode-se utilizar conforme a conhecemos hoje. Este novo sistema baseia-se sobre a sucessão das culminações dos decanos no meridiano
2 do local.
Representação pictográfica
O tecto astronómico do faraó
Seti I (XIX dinastia) apresenta semelhanças com o tecto de
Senmout (XVIII dinastia), assim como do Ramaseum – templo funerário de
Ramsés II (XIX dinastia). Por sua vez
Senmout utilizou figuração semelhante as clepsidras de Karnac (Figura 3.6), feitas no reinado de Amenofis III (XVIII dinastia).
Figura 3.6 – Clepsidras de Karnac (XVIII dinastia) para cada estação do ano.
Diferenciação Norte-Sul
Existe em todas as representações uma forte diferenciação entre o céu Norte e o céu Sul. Esta diferenciação não fez evoluir a forma simbólica da representação do céu, mas fez evoluir o seu modo de expressão. Neste caso, apercebemo-nos de uma sobreposição de imagens até então inexistente, procura-se uma maior identificação com as posições das estrelas e constelações nos céus, no entanto nem sempre bem conseguida.
Detalhes do céu Norte
Meskhetiu – a ursa maior, aparece juntamente com outras constelações, tal a constelação actual do dragão, aqui representada por um hipopótamo com um crocodilo no seu dorso (Figura 3.7). Entre as suas mãos, o hipopótamo segura uma “estaca” na qual
Meskhetiu também esta ligada, sinal inevitável da circumpolaridade da constelação.
Para alem destas constelações setentrionais, existem cerca de vinte deuses com um disco solar, representando as circumpolares, aquelas estrelas que não estão ligadas a nenhuma constelação mas que “orbitam” aparentemente em volta do pólo norte.
Teto de Seti I , as constelações e as circumpolares.
Figura 3.7 – Tecto setentrional de Senmout (XVIII dinastia) Se existe um ponto comum entre os painéis setentrionais dos diferentes faraós (
Seti I, Ramsés II, Ramsés IV, Ramsés VI, Ramsés XI) e
Senmout, este ponto é a figuração. Todos tem como base a imagem empregue no túmulo de
Senmout (Figura 3.7), em todos eles reencontra-se a constelação da ursa maior sobre a forma de touro (o rabo deste bovino esta ligado a aquilo que supostamente seria o pólo Norte), simbolicamente essa ligação demonstra que essa constelação existia ligada a aquele ponto do firmamento que ficava sempre imóvel. Esta mesma “estaca” é também utilizada na simbologia da constelação do dragão, constelação que ao longo do tempo sofreu algumas modificações em termos de nome.
Na proximidade destas duas constelações figuram três personagens: a deusa
Serquet, adornada pelo disco solar e a direita da ursa maior nos tectos de
Senmout e do Ramaseum, tende sido deslocado para a esquerda e substituído por um deus no tecto de
Seti I. O Deus
Anu, com cabeça de falcão que simbolicamente espeta a sua lança em
Meskhetiu. Existe ainda outra personagem com as mãos levantadas (
Cepheu?), como se em sinal de domínio sobre o crocodilo situado a sua frente.
Para alem desses, podemos ainda encontrar outras figurações de animais, como a de um Leão que possivelmente representaria a constelação do Leão, essa última próxima da constelação da Ursa Maior.
Em outros tectos astronómicos como é o caso do tecto de
Ramsés VI (Figura 3.8) existe ainda um escorpião desenhado, no entanto não se tem provas evidentes da sua veracidade.
A listagem dos meses do ano
Figura 3.8 – Tecto de Ramsés VI (Tebas Ocidental, XX dinastia)
Pela ligação feita através de comparações tanto a nível arqueológicas como a nível astronómica, existe um parentesco entre os tectos de
Senmout e do Ramaseum, ligação também ela valida para as clepsidras de Karnac, datada do reino de
Amenofis III. Por outro lado os tectos de
Seti I e de
Ramsés VI encontram-se arqueologicamente ligados. No entanto O tecto de
Senmout possui uma particularidade que não é encontrada em nenhum outro tecto da época, a existência de doze discos contendo cada um 24 raios (Figura 3.9).
O numero de raios faz logo alusão a divisão das vinte e quatro horas do dia, enquanto que os doze círculos a divisão dos doze meses do ano – três estações de 4 meses cada. Existe a particularidade de por décima de cada círculo haver um nome associado, esse nome era dado a festa que nesse determinado mês seria celebrado.
Figura 3.9 – Tecto de Senmout, divisão dos doze meses do ano e das vinte e quatro horas do dia.
Encontram-se provas dessas divisões e desses nomes no templo de
Ramsés II assim como nas clepsidras de Karnac, no entanto aqui não figuram círculos nem raios, apenas os nomes constam.
Assim sendo teremos:
Nome dos Meses | Tecto de Senmout | Clepsidra de Karnac | Tecto do Ramaseum |
I Achet
II Achet
III Achet
IV Achet | Tekhy
Menkhet
Hour Her
Ka Ka | Tekhy
Ptah
Hour Her
Shemet | Tekhy
Ptah Resy Ibenef
Hour Her
Shemet |
I Peret
II Peret
III Peret
IV Peret | Shefbedet
Rekeh [Our]
Rekeh [Nedjes]
Renenout | Amon Ra Nesou N.
Rekeh Our
Rekeh Nedjes
Renenout | Amon
Rekeh Our
Rekeh Nedjes
Renenout |
I Shemut
II Shemut
III Shemut
IV Shemut | Khensou
Khent Khety P.
Ipet Hemet
Wep Renpet | [Khensou]
[Khent Khety]
Ipet Hemet
Ra Her Akhty | Khensou
Khent Khety
Ipet Hemet
Ra Her Akhty |
Estes termos listados anteriormente demonstram em definitivo a ligação entre os três tipos de calendários.
Detalhes do céu Sul
Para a representação da parte Sul do céu, existe uma evolução em termos de nomenclatura, i.e. desde o sarcófago de
Shemes em que as estrelas (ou conjunto de estrelas) não eram associadas directamente a deuses do panteão egípcio, a partir do Novo Império estas mesmas estrelas estão associadas a Eles. Prova disso é o escrito encontrado:
“ Aqueles que estão nos seus lugares, os deuses do céu são em número de 36”
Mas a maior diferença, ou seja evolução, do ponto de vista astronómico, é que os cinco épagomenos aparecem associados aos cinco planetas visíveis (conhecidos) nessa época, sem deixar evidentemente a estarem associados a determinado deus do panteão egípcio. Estes são bem visíveis no tecto do Ramaseum (Tebas - XIX dinastia) (Figura 3.10).
Figura 3.10 – Figuração sul do Ramaseum (XIX dinastia)
Olhando para a listagem das décadas figuradas no sarcófago de
Shemes, e comparando-a com os decanos sobre os tectos e as clepsidras notamos uma semelhança aparente. Três destas listas são particularmente semelhantes a
Shemes, são eles:
Senmout, Karnac e o Ramaseum. Para o tecto de
Seti I existem nova listagem de estrelas que não figuram em outro lado, estas novas estrelas são essencialmente constituintes da constelação de
Sah (Orion).
No tecto da sala sepulcral de
Seti I, estas diferenças foram listadas de maneiras bem diferentes: algumas divindades foram assemelhadas a outras estrelas, e algumas estrelas foram assemelhadas a outras divindades como:
Geb, Ba, Sekhmet e
Hathor, porquê?
- Factor Histórico: Túmulo de Seti I foi construído antes do Ramaseum.
- Factor Astronómico: O Tecto do Ramaseum assemelha-se com tectos de dinastias anteriores.
Não se sabe.
Os cinco planetas do sistema solar
A partir do tecto astronómico de Senmout assistimos a coabitação dos dias épagomenos e dos planetas conhecidos a esta época.
No tecto de Senmout e sobre as clepsidras de Karnac (Figura 3.11) figuram no seguimento da listagem dos decanos regulares, a apelação hieroglífico e figuração de quatro dos cinco planetas conhecidos na época (pressupõem-se que Marte ainda não tinha sido reconhecido como planeta): Júpiter, Saturno, Mercúrio e Vénus.
Tudo leva a querer que para os antigos egípcios a classificação desses corpos era feito em dois, aquele que estavam próximos do deus Sol, e aqueles mais distantes… Esta classificação poderá ser dada pela perspectiva dada pelo movimento desses planetas.
Figure 3.11 – Tecto de Senmout e clepsidra de Karnac
A partir de
Seti I o planeta Marte é figura presente dos tectos astronómicos (figura 3.12).
Esta diferença é testemunhada na apelação hieroglífico de cada planeta, em cada vestígio estudado os planetas Marte, Júpiter e Saturno aparecem como homens com cabeça de falcão – alusão do deus Horus, com uma estrela por cima da cabeça atravessando na barca solar os céus nocturnos.
Mercúrio | Sebeg |
Vénus | Estrela que atravessa o céu |
Marte | Horus do Horizonte; Estrela do céu que se desloca em sentido retrógrado |
Júpiter | Horus que delimita as duas terras; Estrela meridional do céu |
Saturno | Horus, Touro do céu; estrela oriental que atravessa o céu |
Figura 3.12 – Tecto de Seti I
O Planeta Mercúrio é chamado
Sebeg, é intrinsecamente ligada ao deus
Seth. Vénus está associado a Horus mas de uma forma secundária através da sua representação como o pássaro
Bennu, pássaro sagrado no antigo Egipto.
A presença do termo
Seba (estrela) próximo dessas representações, denota uma aproximação dos planetas as estrelas feita pelos astrónomos egípcios. Se a sua classificação em dois grupos distintos é justificada pelas suas translações aparentes, a sua disposição nos tectos é feita de forma totalmente aleatória, traduz as suas incapacidades em deduzir os períodos de resoluções respectivos.
O Livro de Nut
No tecto de
Seti I em Abidos e no túmulo de
Ramsés IV em Tebas, encontramos duas formas de contabilizar os decanos, no primeiro: o aparecimento dos decanos no Este no céu, no segundo: a culminação dos decanos no meridiano.
É a partir daqui que se introduz o Livro de
Nut, que representa o corpo da Deusa
Nut com os nascimentos a oriente dos 36 decanos listado no seu próprio corpo. Entre o corpo e
Nut e de
Geb (deus terra) de ambos dos lados do deus
Shou (deus vento) figuram as culminações (Figura 3.13) dos 36 decanos no meridiano do local.
Figura 3.13 – Deusa Nut segura por Shou
Esta forma representativa conhecida sobre o nome de livro de
Nut, também nos indica a viagem do deus Sol na sua viagem ao longo do dia. Em suma o deus Sol
Rá, irá nascer todas as manhas no horizonte oriental e ao anoitecer é engolido pelo corpo da deusa
Nut.
"O Zodíaco de Dendera representa uma carta do Céu, tendo como base as constelações do Zodíaco."
in, Le Zodiaque d’Osiris, S. Cauville
O Zodíaco de
Dendera,peça mais importante do departamento das antiguidades egiptologias do museu do Louvre, entusiasma o espírito humano desde décadas.
Descoberto em 1799 pelo general Desaix, tendo sido Vivant Denon o primeiro a estudar o Zodíaco com exactidão, dele obteve desenhos e figuras. No entanto teria que esperar alguns anos para que pudesse decifrar o significado dos seus hieróglifos, pois Jean-François Champollion ainda não tinha descoberto a chave para a leitura dessa escrita tão característica.
A peça foi levada para França por Le Lorain com autorização de Méhémet-Ali, chegando ao porto de Marselha em 1821 e por fim a Paris em 1822. Vendido a Louis XVIII foi inicialmente exposto no Louvre, passando para a Biblioteca nacional entre 1823 e 1919, data a qual regressa ao Louvre.
O santuário de Dendera foi concebido para o culto da deusa Hathor, deusa que falaremos mais tarde.
Uma cópia foi posta no lugar original no sítio de
Dendera em 1920… uma cópia!
Dendera: um lugar carregado de historia
Diversas campanhas de escavações realizadas no sítio de
Dendera (Figura 4.1), em particular a realizada por Fliders Pétrie no final do século XIX, demonstram a existência de diversas sepulturas, datadas para algumas da época arcaica.
Dendera fica perto dos locais pré-dinasticos de
Nagada e
Maghara o que ajuda a suster a teoria da existência de actividade desde a época pré-dinastica. Foram encontradas provas de varias passagens da historia do antigo Egipto, como uma estatueta do faraó
Pepi I ( 2270 a. C) e construções feitas no reinado de
Tutmósis III (1450 a. C).
Desde da sua descoberta, diferentes estudiosos especularam sobre a datação do templo e do seu Zodíaco, para alguns datava de 15 000 a.C. para outros 12 000, hipóteses que levantaram guerras com o clero, pois consoante a tradição bíblica o mundo existia desde 4 000 a.C.
É evidente que esta euforia inicial deixou lugar a um estudo mais aprofundado e científico sobre a datação do mesmo. O templo do nascimento de Isis (Figura 4.2) construído no reinado de
Augusto ( 30 a. C) está construído sobre as fundações de um templo da época ptolemaica do reinado de
Nectanébo I (381 a. C) e acabado por
Ptolomeu X Alexandre I (107 a. C.), este ultimo apresenta uma orientação Oriente-Ocidente, por sua vez o templo da época de Augusto tem orientação Norte-Sul idêntica a orientação do grande templo de Hathor. No entanto entre um e outro existe uma ligeira inclinação de cerca de 2º30’.
Doze séculos depois de Ramsés II,
Ptolomeu Aulete manda construir um novo templo em Dendera o 16 de Julho 54 a.C. no entanto este morre em 51 a.C. Depois da morte do pai Cleópatra segue César para Roma e volta depois do assassinato deste ultimo, associando como co-regente do trono o seu filho Cesarião, nascido a 27 Junho 47 a.C. durante esta co-regencia e desde 51 a.C, os cartuchos reais não foram preenchidos com o nome do faraó. No templo onde foi encontrado o Zodíaco, também não existem cartuchos reais escritos. Era portanto lógico o Zodíaco datar dessa altura.
Figuras 4.1 e 4.2 – Sítio de Dendera e templo do nascimento de Isis.
É. Aubourg procurou neste lapso de tempo, 51 a 43 a.C, o lugar dos planetas no ceio das constelações do zodíaco, é de relembrar que os planetas circulam numa zona chamada de eclíptica, por vezes alguns planetas ultrapassam a nossa terra, outros são ultrapassados durante o período de translação a volta do sol.
Colocar a data de 54 a.C num software de astronomia, permite-nos ter uma listagem de algumas estrelas no seu nascimento nocturno ou helíaco.
A lista de estrelas da qual possivelmente se basearam os antigos egípcios para orientação do templo de Hathor e do templo de Augusto, é a seguinte:
Alpha Canis Majoris (m=-1,44) - Sirius : Céu nocturno
Beta Orionis (m=0,18) - Rigel: Aparecimento heliaco
Kappa Orionis (m=2,07) - Saiph: Aparecimento heliaco
Delta Scorpii (m=2,29): Céu nocturno
Beta Corvi (m=2,65): Aparecimento heliaco
Beta Aquarii (m=2,90): Aparecimento heliaco
Epcilon Aquarii(m=3,78): Céu nocturno
Devido a grande magnitude visual de Sirius e Rigel, é muito provável que seja esta a orientação de construção do templo.
Por sua vez, a parte ptolemaica do templo do nascimento de Isis em Dendera, com orientação Este-Oeste, está direccionada para o nascer helíaco de Sirius naquela época, isso acontecia no dia 15 de Julho em 54 a. C. a esta orientação é dado o nome de orientação ramesida, devido a
Ramsés II e ao Ramaseum. Cientistas encontraram blocos do tempo do Império Novo nos blocos da parte ptolemaica e nas suas fundações. Estas fundações levam a querer que o templo de orientação ptolemaica foi portanto construído por cima de ruínas do período do Império Novo.
Mais dados para a datação do Zodíaco
Através dos fenómenos astronómicos a datação pode surgir em diferentes fases:
No Zodíaco de Dendera vemos a representação de um eclipse lunar ao lado da constelação do Peixe, é por isso normal acreditar que a sua datação é dessa época.
Existe também um eclipse do Sol:
Portanto, é evidente que o Zodíaco representa os acontecimentos celestes desse determinado período na história Egípcia a contar do período Ptolemaico.
A Deusa Hathor:
A Deusa Hathor "moradia celeste de Horus", deusa do céu, é frequentemente representada como divindade com orelhas de bovino, símbolo da fecundidade. É ela a regedora do amor divino, humano e da alegria. O seu local de maior culto era em Dendera.
O céu escrito:
O circulo celeste, representado pelo Zodíaco, é suportado por doze deuses, quatro femininos e oito de joelhos (Figura 4,3). Os deuses com cabeça de falcão simbolizam a eternidade, dando assim um princípio intemporal a cena celeste. As deusas dão o quadro espacial, cada uma indica um ponto cardinal perfeitamente orientado. Ao lado de cada deusa está escrita em hieróglifo o seguinte ritual:
"Suporto o céu sobre o cimo da minha cabeça, sem me deslocar cada dia que passa, o Horizonte do meu mestre, este circula enquanto Sah (Orion) na sua mãe Nut "
Outro texto, trás ainda mais precisão acerca do significado de tal monumento:
"O céu de ouro, o céu de ouro, é Isis a grande, mãe de Deus,
mestre do monte primogénita onde nasceu a deusa que toma lugar em Dendera,
é o céu de ouro.
Os grandes deuses são suas estrelas:
Harsiesis, seu deus da manha (Vénus)
Sokar, a sua via láctea
O Jovem Osíris, a sua estrela visível (Canope)
Osíris, a Lua
Orion, seu deus
Sothis, sua deusa (Sirius)
Entram e saíam para os mortos no vale infernal. "
Paradoxalmente, embora este monumento seja sobejamente conhecido, nenhum estudo desta tradução foi feito ao longo dos tempos, ficando desta forma diferentes figuras hipoteticamente mencionadas, é o caso de Sokar e de Canope.
É.Aubourg (Astrofísico) e S. Cauville (Arqueóloga) deslocaram-se até o local e observaram as estrelas no céu de Outubro, pouco antes do nascimento do sol depois do "afundamento" da ursa maior identificaram a via láctea, Vénus, Orion, Sirius e Canope. Todos esses elementos estão desenhados no Zodíaco.
Mas antes de passar a visualização "tintin-por-tintin" do zodíaco, convêm referir mais alguns dados:
Características:
2,55 x 2,55 m
Orientação cardinal
Existência das 12 constelações do zodíaco.
Existência dos 5 planetas conhecidos.
O nome planeta vem do grego, que significa "astro que se move", entre os mais antigos (conhecidas: Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno) e os três (ou dois) restantes (Urano, Neptuno e Plutão) três milénios os separam.
Mercúrio: O deslocamento de Mercúrio aparece rapidamente e algo difícil de observar ao olho nu. Mercúrio surge tanto no Oeste depois do por do sol, como a Este antes do nascer e sempre próximo do horizonte. Um dos nomes Egípcios de Mercúrio era "O Inerte", como se os antigos astrónomos egípcios quisessem demonstrar a sua preguiça em viajar mais acima na abobada celeste.
Vénus: Vénus é o astro mais brilhante do céu, depois do Sol e da Lua. O seu brilho pode atingir até 12 vezes o de Sirius. A semelhança de Mercúrio, Vénus parece viajar muito próximo do Sol. Na iconografia Egípcia, Vénus tem duas caras, talvez se referem aqui a uma visão diurna e outra nocturna. Para os Egípcios Vénus era o filho de Osíris – Harsiesis, mas também em alguns casos personificava Isis.
Marte: A Ideia de Marte deus da guerra foi concebida um milénio antes dos gregos pelos Egípcios, para eles era Horus o Vermelho, o guerreiro, vingador de seu pai (lenda de Osíris).
Júpiter: Júpiter foi assimilado pelos Egípcios como deus Osíris, isto é, o Deus mais querido dos Egípcios. Para eles Osíris representava o poder supremo, e era depositado nele toda a lei do Maat e a regência dos deuses.
Saturno:Horus, o touro.
Em suma, temos a representação dos cinco planetas conhecidos na época, com as suas apelações e atributos divinos. Para os antigos Egípcios a visualização destes planetas nos céus nocturnos e a sua representação no zodíaco de Dendera permitia um determinado domínio sobre os seus inimigos, pois a ciência era algo dado apenas a quem tinha domínio sobre os outros.
Figura 4.3 – Zodíaco de Dendera
As Constelações:
Figura 4.4 – representação da eclíptica
No Zodíaco de Dendera, encontramos a representação pictográfica das doze constelações do zodíaco, como as conhecemos hoje. Ao longo do ano o Sol vai aparentemente "circular" numa faixa que se estende de 8,5º acima e abaixo da linha da eclíptica ( linha imaginaria que liga todas as constelações do zodíaco). Para alem do Sol, a Lua e os planetas também passam por essa zona do céu. Por esse motivo não é surpreendente ver planetas no meio de duas constelações zodiacais no zodíaco de Dendera. Esta delimitação, pensada pelos homens, inicia o seu percurso no equinócio de primavera – 21 de Março (Figura 4.4). No Egipto, as primeiras representações do zodíaco datam da época ptolemaica, época de domínio grego. Até então, os Egípcios fechados ao mundo (só algumas trocas comerciais se efectuavam) não tinham esse tipo de representações, embora se encontram algumas influências vindas de fora e algumas características egípcias influenciaram o exterior. Outro templo em que a figuração das constelações do zodíaco é por demais evidente, é o templo de Khnoum a Esna.
Figura 4.5 – representação das constelações do zodíaco do Zodíaco de Dendera
As outras constelações:
É aqui que se encontra a maior ligação entre a astronomia do tempo de Ramsés e Seti I e a época Ptolemaica, a figuração, apesar de ter sofrido alguma evolução, permanece no seu geral idêntica a figuração antiga. Aqui voltamos a ver o hipopótamo a representar a constelação actual do Dragão, a pata do bovino a representar Mesketiu (a ursa maior). No entanto, é em relação a ursa menor que houve uma maior evolução na concepção do universo para os antigos Egípcios. Pois, como vimos no artigo anterior, na época das pirâmides a ursa menor não representava o pólo Norte, e era uma constelação de menor importância… agora, na época Ptolemaica, ela apodera-se da posição mais importante no zodíaco - a posição central, o que lhe dá o titulo de "indicadora do pólo Norte" (Figura 4.6).
A Cassiopeia é aqui representada na região Norte (como deveria ser) com a figura de babuíno. O Cisne, a Lira e o Boieiro também constam nesse novo mapa estelar.
Na região Equatorial, temos Oficus, que é considerada como a 13ª constelação do zodíaco, normalmente ela representa um homem com uma serpente, mas neste caso representa o deus Rá sentado num trono com a serpente a servir de barca.
Orion, é aqui representado como sempre o foi, desde o texto das pirâmides (cerca de 2300 a. C.) Orion é o condutor das estrelas no céu do Sul e é considerado a alma de Osíris.
Figura 4.6 – As constelações Norte no Zodíaco de Dendera.
Sirius esta colocado ao lado da constelação de Orion, assimilada a Sothis – imagem de Isis, na região de Assouão. Esta estrela importantíssima para os egípcios em relação ao calendário, era também ponto de partida para o posicionamento e orientação dos templos egípcios, assim sendo, em 54 a.C. o eixo sagrado do templo de Hathor em Dendera é dado pela orientação de Sirius depois do azimute do nascer a 108º40’.
No Zodíaco também estão representadas constelações do hemisfério Sul, entre as quais: Canope e a coroa astral.
Conclusão:
Em suma, o Zodíaco situado em Dendera, é a representação mais fiel dos céus datada da época Ptolemaica, dele podemos reter algumas conclusões acerca da vivência e modos de encarar os céus dos antigos egípcios. Existem ainda muitas perguntas acerca da astronomia dos antigos egípcios, da sua concepção do cosmo, e da sua relação perante ela.
É de facto importante estudar-mos o nosso passado,
pois através dele entendemos melhor o nosso presente
e prepara-mos melhor o nosso futuro.
Fonte : Portal do Astrônomo - Portugal
Autoria: José Pimentão - CAAUL
http://www.portaldoastronomo.org/tema.php?id=18