terça-feira, 6 de julho de 2010

DEUS - Mozart, Symphony No. 40 in G minor, first movement



Deus

 

Reflexão sobre a divindade integra a filosofia

Antonio Carlos Olivieri*
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Reprodução
Deus, segundo Michelangelo, no teto da Capela Sistina

Segundo Aristóteles (384-322 a.C.), a filosofia nasce de uma atitude de assombro do homem em relação às coisas do mundo, um estado de encanto e surpresa, que o leva a procurar explicações para elas. Desde que as explicações mitológicas (sobrenaturais) para a origem e o existir do mundo e das coisas deixaram de satisfazer aos primeiros pensadores, a filosofia se desenvolveu na Grécia antiga. Os filósofos buscavam outras explicações, de caráter natural, para o que viam ao seu redor.

Nessa procura pelas explicações, no entanto, nunca deixaram de esbarrar no "sobrenatural", em algo que estava além do visível, quando não do pensável. Por conseguinte, Deus - seja lá o que se entenda por esta palavra - foi sempre uma das grandes questões filosóficas ao longo dos últimos 2,5 milênios.

A reflexão sobre Deus é quase inerente à filosofia. Ao contrário da ciência, que, voltada para objetos específicos, pode dispensar interrogações sobre Deus e concentrar-se no seu alvo, a filosofia é mais ambiciosa e procura respostas para questões que, num certo sentido, as ciências nem precisam se colocar, para verificar leis ou dimensões dos fenômenos naturais (não custa relembrar que o radical de fenômeno, em grego antigo, significa "aparência").

Quatro linhas de raciocínio

Para a filosofia e para o ser humano, porém, Deus sempre foi um imenso ponto de interrogação. Quem ou o que é Deus? Como se pode ou não provar sua existência? Foram essas as questões fundamentais que os filósofos, a partir dos pré-socráticos, se colocaram. Ao serem respondidas - ao longo de mais de dois milênios da história da filosofia -, quatro linhas de raciocínio foram estabelecidas. Elas se desenvolveram de acordo com:

1) A relação de Deus com o mundo, considerando-se Deus como causa do mundo;
2) A relação de Deus com a ordem moral, identificando-se Deus com o Bem;
3) A relação de Deus consigo mesmo, pois, de acordo com as diversas concepções, ele pode ser um ou vários entes;
4) A relação de Deus com os homens ou quais os acessos do homem a Deus.

O primeiro motor

Examinando a primeira relação, nota-se que ela foi entendida de três modos diferentes. O mais antigo deles, encontrado em Anaxágoras (c. 500-428 a.C.), foi também desenvolvido por Platão (428-347 a.C.) e Aristóteles. Platão concebe Deus como "artífice do mundo", porém com um poder limitado pelo modelo que ele imita: o mundo das ideias ou das realidades eternas.

Já Aristóteles considera que Deus é o "primeiro motor" ao qual necessariamente se filiava a cadeia de todos os movimentos, pois tudo o que se move é movido por outra coisa. Não pode existir efeito sem causa.

No entanto, para Aristóteles, além de causa primeira, Deus é também a causa final que cria a ordem do universo. O filósofo compara o universo a um exército "que consiste de sua ordem e de seu comandante, mas especialmente deste último, pois ele não é o resultado da ordem, mas a ordem depende dele". (Note a sutileza do raciocínio.)

Panteísmo

O segundo modo da primeira relação não exclui o anterior, mas parte da proposição de que a natureza do mundo é um prolongamento da vida de Deus. Platão, por exemplo, chamava o mundo de "Deus gerado [por ele mesmo]". Essa concepção se concretiza no panteísmo (o prefixo grego pan significa "cada um, todos, totalidade") que cria um laço entre Deus e o universo: ambos se identificam, são concebidos como uma única realidade integrada.

O panteísmo adquiriu forma com os estóicos, mas amadureceu entre os neoplatônicos, com destaque para Plotino (205-270). Este filósofo considera o mundo como uma emanação de Deus, assim como ocorre com uma luz em relação a sua fonte. Para Plotino, Deus não só é superior ao mundo, mas também inexprimível em termos do mundo.

Ele só é apreensível ao êxtase místico. Por isso, ele não pode ser objeto de uma ciência positiva que determine sua natureza. Muito pelo contrário, só uma teologia negativa ajuda a compreendê-lo - a partir do que ele não é.

Concepções panteístas se manifestam não só em filósofos da Antiguidade, mas também da Idade Média, como Escoto Erígena (819-877) e Nicolau de Cusa (1401-1464); da Idade Moderna, como Espinosa (1632-1677) e Hegel (1770-1831), e de filósofos do século 20, como Alfred Whitehead (1861-1947) e Henri Bergson (1859-1941).

Cristianismo

Finalmente, há filósofos que consideram Deus como o "criador" do mundo, o Ser do qual provêm os outros seres. Esta visão advém do cristianismo e coloca a fé como coadjuvante da razão. Com Cristo, Deus se revelou ao homem e é a partir dessa crença (não racional) que a razão entra em cena para solucionar os problemas postos pela realidade.

Essa linha filosófica acentua a eternidade e a imutabilidade de Deus diante da temporalidade e da mutabilidade do mundo. Antes da criação não existia o tempo. Portanto, nem faz sentido falar em antes ou perguntar-se o que Deus fazia então, diz Santo Agostinho (354-430), em suas "Confissões" (o físico inglês contemporâneo Stephen Hawking, autor de "Uma Breve História do Tempo", de certa forma concorda com isso, pois considera que o tempo passou a existir após o Big Bang).

Contemporaneamente, desenvolveu-se a impressão de que a filosofia está ligada ao ateísmo ou, no mínimo, que ela se opõe aos dogmas cristãos. Essa impressão, porém, não tem fundamento histórico: filósofos como Kant e Hegel, por exemplo, estavam longe de ser ateus, da mesma maneira que Kierkegaard (1813-1855) foi cristão e filosofou a partir das crenças cristãs. Já Bergson, de origem judaica, aproximou-se do catolicismo ao final de sua vida.

Deus e a ordem moral

Quanto à segunda relação - Deus com a ordem moral -, também se podem distinguir três pontos de vista básicos.

1) Deus é a garantia da ordem moral no pensamento do iluminista alemão Immanuel Kant (1724-1804), filósofo que é um divisor de águas na história dessa disciplina. Para Kant, em termos metafísicos ou teóricos, no âmbito da razão pura, aquela que orienta uma ciência como a matemática, por exemplo, é impossível demonstrar a existência ou a inexistência de Deus.

"Deus é um postulado da razão prática [aquela que orienta a ação], pois torna possível a união da virtude e da felicidade, em que consiste o sumo bem que é o objeto da lei moral". Em termos mais simples: só de uma vontade perfeita, a divina, se pode esperar o bem supremo que a lei moral nos obriga a ter como objetivo de nossos esforços.

2) Muito antes de Kant, porém, os estóicos já identificavam Deus com a própria ordem moral, considerando Deus como Providência e Destino, uma entidade de ordem racional que compreende em si mesma, os eventos do mundo e as ações do homem. Essa visão também pode ser encontrada em Hegel que considera a história do mundo o plano da Providência.

3) O último ponto de vista, essencialmente cristão, coloca Deus como criador da ordem moral e, nesse sentido, atribui ao homem o livre arbítrio de segui-la ou não. Nesses termos, filosofia e teologia se confundem, mas as duas conseguem uma expressão perfeita, em termos éticos, nas palavras de São Paulo: "tudo é permitido, mas nem tudo me convém".

Politeísmo e monoteísmo

A terceira linha de raciocínio examina a relação de Deus consigo mesmo ou a de Deus com a Divindade. Dela decorrem as concepções politeístas e monoteístas. O politeísmo concebe Deus como diferente da divindade, assim como um homem é diferente da humanidade. Portanto, podem existir muitos deuses.

As doutrinas que admitem qualquer distinção entre Deus e a divindade têm em mente que esta pode ser compartilhada por muitos entes. O próprio Aristóteles, o da "causa primeira", acreditava que a demonstração da existência de um primeiro motor servia também para a existência de tantos motores quanto são os movimentos das esferas celestes, que eram 47 ou 55, respectivamente ao ponto de vista de dois astrônomos em quem o filósofo acreditava.

Além disso, é interessante notar que Plotino - aquele que falava acerca de um Deus que se emana no mundo - não identificava unidade com unicidade. A unidade também contém a multiplicidade para o sábio neoplatônico. Premissa maior: Deus é uno. Premissa menor: Todas as coisas dele emanam. Conclusão: Deus não é único. Um silogismo perfeito.

Também não se pode deixar de destacar o fato de o politeísmo não se restringir ao paganismo da Antiguidade. O panteísmo de filósofos modernos ou contemporâneos não deixa de ser um politeísmo. O empírico escocês David Hume (1711-1776) atribuiu valor positivo ao politeísmo, que é um verdadeiro obstáculo à intolerância religiosa. Se há muitos deuses na minha religião, seria uma contradição eu me opor aos deuses de outras crenças religiosas (repare na atualidade dessa ideia, num mundo como o nosso em que o fanatismo se transforma em terríveis espetáculos terroristas).

São Tomás de Aquino

Por outro lado, quando se identificam Deus e divindade, sendo esta uma característica que só se pode atribuir ao próprio Deus, eis o monoteísmo, advogado pelo filósofo cristão Tomás de Aquino (1227-1274), na "Suma Teológica", uma obra célebre. Segundo São Tomás, também chamado de "doutor angélico", aquilo que torna algo singular, único, não é comunicável a outras coisas.

Mais ainda, aquilo que torna Sócrates homem não se confunde com aquilo que torna Sócrates somente o homem que ele, e mais ninguém, é. Do contrário, não poderia haver mais de um Sócrates ou mais de um homem. Ora, esse é precisamente o caso de Deus. Além disso, como a divindade é incomunicável, ela não pode ser compartilhada por mais de um Deus. Conclusão: há um só Deus (Sua trindade é um mistério impenetrável).

Essas considerações sobre o monoteísmo e o politeísmo devem levá-lo a filosofar um pouco: politeísmo não é a manifestação de mentalidades primitivas, em termos culturais, como se costuma pensar. Ele se apresenta mais como uma alternativa filosófica legítima, que talvez ajude a inovar o conceito de Deus.

O acesso a Deus

Finalmente, na quarta relação - do acesso do homem a Deus - também se distinguem três pontos de vista: a) o conhecimento de Deus é alcançado pela iniciativa do homem, através da filosofia, da especulação racional sobre Deus; b) o conhecimento só se dá através da revelação divina; c) a revelação é a conclusão do esforço do homem para chegar a Deus.

Sem dúvida, o primeiro ponto de vista é o mais filosófico, enquanto os outros são mais religiosos. Mesmo assim, o princípio de que a revelação não anula nem inutiliza a razão está na base de toda a filosofia escolástica da Idade Média. No Renascimento, a revelação inspira e sustenta a racionalidade. Fé e razão colaboram entre si, não são uma antítese.

No séculos 16, 17 e 18, foi feita progressivamente uma distinção entre a ideia de revelação histórica e revelação natural, que ocorre através da razão. No Romantismo, a revelação é uma manifestação de Deus na realidade natural e histórica, como pensaram Hegel e Schelling (1775-1854). O filósofo e político italiano Vincenzo Gioberti (1801-1852) considera como base do conhecimento a intuição, que, segundo ele, é a revelação imediata de Deus ao homem.

A cifra da transcendência 

Contemporaneamente, o ateísmo ganhou força, mais no âmbito científico do que filosófico. Grande parte das reflexões filosóficas atuais, quando não cristãs, têm caráter panteísta. Apesar de se tratar de um conceito datado do século 18, há quem fale mais recentemente num panenteísmo, uma conciliação entre o monoteísmo e o panteísmo, que admite que tudo o que existe, existe em Deus, consistindo em revelação e realização de Deus.


Para terminar, é bom lembrar de linhas de pensamento que põem ênfase na transcendência de deus. Para Karl Jaspers (1883-1969) a inatingibilidade de Deus, o fracasso inevitável do homem em sua tentativa de alcançar a transcendência é a única revelação possível. Esta é o que ele chama de a "cifra" da transcendência, o símbolo sob o qual o transcendente pode estar presente na existência humana, sem adquirir caracteres objetivos, e, simultaneamente, sem fazer parte da nossa vida subjetiva.





É, a mágica se desdobra.
Mozart, se visse esta escrita de sua sinfonia,por certo também amaria. E vivam os autores desta maravilha!

Barbara Bonney "Ach, Ich Fühl's" Wolfgang Amadeus Mozart

De novo a beleza se impõe e se iguala à voz dos anjos

Barbara Bonney - Et incarnatus est

Mozart

Mozart
Meu Amor!

domingo, 4 de julho de 2010

SOM da "Partícula de Deus"

Som da "Partícula de Deus"

Cientistas tentam recriar som da "Partícula de Deus"

Cientistas tentam recriar som da
O processo de transformar dados científicos em sons é chamado sonificação. Até o momento, a equipe de Asquith havia criado diversas simulações baseadas em previsões do que aconteceria durante as colisões no LHC.[Imagem: CERN]

Sons de Deus?
Cientistas simularam o som de partículas subatômicas produzidas no Grande Colisor de Hádrons (LHC), na Suíça.
O objetivo é facilitar a identificação da chamada "partícula de Deus" - o bóson de Higgs - cuja existência ainda não foi confirmada, mas que, segundo teorias, daria massa a todas as outras.
A cientista Lily Asquith coordenou a equipe que desenvolveu o modelo que transforma dados do gigantesco experimento Atlas, no LHC, em sons.

O experimento mostra que "ouvir os dados" tem uma função prática, muito além de um significado poético. Carl Sagan explorou o tema em seu livro Contato, em que a cientista prefere "ouvir" as transmissões vindas do espaço do que confiar nas análises precisas feitas pelos computadores.
"Se a energia estiver perto de você, você ouve um som grave, e se estiver mais longe, mais agudo", disse Asquith.





Colisões de prótons
O colisor é um projeto bilionário construído na fronteira entre a França e a Suíça para tentar responder algumas perguntas fundamentais para a física.
O experimento acontece em um túnel circular de 27 quilômetros de comprimento, repleto de imãs que "conduzem" prótons pelo imenso anel.
Em certos pontos do trajeto, os feixes de prótons mudam de trajetória e se chocam em quatro experimentos, que são minuciosamente monitorados pelos cientistas.
É nessas colisões que os estudiosos esperam encontrar novas partículas subatômicas, como o bóson de Higgs, que ajudariam a entender a origem do Universo.



Sonificação
Atlas é um dos quatro experimentos do colisor. Um instrumento batizado de calorímetro é usado para medir energia e é composto de sete camadas concêntricas.
Cada uma dessas camadas é representada por um tom diferente, dependendo da quantidade de energia contida nele.
O processo de transformar dados científicos em sons é chamado sonificação. Até o momento, a equipe de Asquith havia criado diversas simulações baseadas em previsões do que aconteceria durante as colisões no LHC.
Só agora eles começaram a utilizar dados de experimentos reais.


Sons de dados
"Quando você ouve as sonificações, na realidade, o que você está ouvindo são dados. Elas são fiéis aos dados e dão informações sobre os dados que não seriam possíveis de se obter de qualquer outra maneira", disse Archer Endrich, um desenvolvedor de software que trabalha no projeto.
Pela sonificação, os cientistas esperam poder identificar diferenças sutis para detectar novas partículas.
Um compositor envolvido com o projeto, Richard Dobson, destacou ter ficado impressionado com a musicalidade das colisões.

"É possível ouvir estruturas claras nos sons, quase como se tivessem sido compostas. Cada uma parece contar uma pequena história. São tão dinâmicas e mudam o tempo todo, que se parecem muito com as composições contemporâneas", disse o músico.

Atlas era um dos titãs da mitologia grega, condenado para sempre a sustentar os céus sobre os ombros. Aqui, Atlas é um dos quatro gigantescos detectores que farão parte do maior acelerador de partículas do mundo, o LHC, que está em fase adiantada de testes e deverá entrar em operação nos próximos meses.
LHC é uma sigla para "Large Hadron Collider", ou gigantesco colisor de prótons. Parece difícil exagerar as grandezas desse laboratório que está sendo construído a 100 metros de profundidade, na fronteira entre a França e a Suíça. A estrutura completa tem a forma de um anel, construída ao longo de um túnel com 27 quilômetros de circunferência.

As partículas são aceleradas por campos magnéticos ao longo dessa órbita de 27 Km, até atingir altíssimos níveis de energia. Mais especificamente, 7 trilhões de volts. Em quatro pontos do anel, sob temperaturas apenas levemente superiores ao zero absoluto, as partículas se chocam, produzindo uma chuva de outras partículas, recriando um ambiente muito parecido com as condições existentes instantes depois do Big Bang.
Nesses quatro pontos estão localizados quatro detectores. O Atlas, mostrado na foto nas suas etapas finais de montagem, é um deles. O Atlas, assim como o segundo detector, o CMS ("Compact Muon Detector"), é um detector genérico, capaz de detectar qualquer tipo de partícula, inclusive partículas ainda desconhecidas ou não previstas pela teoria. Já o LHCb e o ALICE são detectores "dedicados", construídos para o estudo de fenômenos físicos específicos.

Bóson de Higgs
Quando os prótons se chocam no centro dos detectores as partículas geradas espalham-se em todas as direções. Para capturá-las, o Atlas e o CMS possuem inúmeras camadas de sensores superpostas, que deverão verificar as propriedades dessas partículas, medir suas energias e descobrir a rota que elas seguem.
O maior interesse dos cientistas é descobrir o Bóson de Higgs, a única peça que falta para montar o quebra-cabeças que explicaria a "materialidade" do nosso universo. Por muito tempo se acreditou que os átomos fossem a unidade indivisível da matéria. Depois, os cientistas descobriram que o próprio átomo era resultado da interação de partículas ainda mais fundamentais. E eles foram descobrindo essas partículas uma a uma. Entre quarks e léptons, férmions e bósons, são 16 partículas fundamentais: 12 partículas de matéria e 4 partículas portadoras de força.

A Partícula de Deus
O problema é que, quando consideradas individualmente, nenhuma dessas partículas tem massa. Ou seja, depois de todos os avanços científicos, ainda não sabemos o que dá "materialidade" ao nosso mundo. O Modelo Padrão, a teoria básica da Física que explica a interação de todas as partículas subatômicas, coloca todas as fichas no Bóson de Higgs, a partícula fundamental que explicaria como a massa se expressa nesse mar de energias. É por isso que os cientistas a chamam de "Partícula de Deus".

O Modelo Padrão tem um enorme poder explicativo. Toda a nossa ciência e a nossa tecnologia foram criadas a partir dele. Mas os cientistas sabem de suas deficiências. Essa teoria cobre apenas o que chamamos de "matéria ordinária", essa matéria da qual somos feitos e que pode ser detectada por nossos sentidos.

Mas, se essa teoria não explica porque temos massa, fica claro que o Modelo Padrão consegue dar boas respostas sobre como "a coisa funciona", mas ainda se cala quando a pergunta é "o que é a coisa". O Modelo Padrão também não explica a gravidade. E não pretende dar conta dos restantes 95% do nosso universo, presumivelmente preenchidos por outras duas "coisas" que não sabemos o que são: a energia escura e a matéria escura.

É por isso que se coloca tanta fé na Partícula de Deus. Ela poderia explicar a massa de todas as demais partículas. O próprio Bóson de Higgs seria algo como um campo de energia uniforme. Ao contrário da gravidade, que é mais forte onde há mais massa, esse campo energético de Higgs seria constante. Desta forma, ele poderia ser a fonte não apenas da massa da matéria ordinária, mas a fonte da própria energia escura.

Em dois ou três anos saberemos se a teoria está correta ou não. Ou, talvez, nos depararemos com um mundo todo novo, que exigirá novas teorias, novos equipamentos e novas descobertas.

 som de 'partícula de Deus'

O bóson de Higgs daria massa a outras partículas
Cientistas simularam o som de partículas subatômicas produzidas no Grande Colisor de Hádrons (GCH), na Suíça. 

O objetivo é facilitar a identificação da chamada "partícula de Deus" – o bóson de Higgs – cuja existência ainda não foi confirmada, mas que, segundo teorias, daria massa a todas as outras.
A cientista Lily Asquith coordenou a equipe que desenvolveu o modelo que transforma dados do gigantesco experimento Atlas, no GCH, em sons.
"Se a energia estiver perto de você, você ouve um som grave, e se estiver mais longe, mais agudo", disse Asquith.

O colisor é um projeto milionário construído na fronteira entre a França e a Suíça para tentar responder algumas perguntas fundamentais para a física.
O experimento acontece em um túnel circular de 27 quilômetros de comprimento, repleto de imãs que "conduzem" partículas de prótons pelo imenso anel.

LHC
O LHC operou pela primeira vez em setembro de 2008
Em certos pontos do trajeto, os feixes de prótons mudam de trajetória e se chocam em quatro experimentos, que são minuciosamente monitorados pelos cientistas.
É nessas colisões que os estudiosos esperam encontrar novas partículas subatômicas, como o bóson de Higgs, que ajudariam a entender a origem do Universo.

Atlas é um dos quatro experimentos do colisor. Um instrumento batizado de calorímetro é usado para medir energia e é composto de sete camadas concêntricas.
Cada uma dessas camadas é representada por um tom diferente, dependendo da quantidade de energia contida nele.
O processo de transformar dados científicos em sons é chamado sonificação. Até o momento, a equipe de Asquith criou diversas simulações baseadas em previsões do que aconteceria durante as colisões no GCH.
Só agora, começaram a utilizar dados de experimentos reais.

"Quando você ouve as sonificações, na realidade, o que você está ouvindo são dados. Elas são fieis aos dados e dão informações sobre os dados que não seriam possíveis de se obter de qualquer outra maneira", disse Archer Endrich, um desenvolvedor de software que trabalha no projeto.
Pela sonificação, os cientistas esperam poder identificar diferenças sutis para detectar novas partículas.
Um compositor envolvido com o projeto, Richard Dobson, destacou ter ficado impressionado com a musicalidade das colisões.

"É possível ouvir estruturas claras nos sons, quase como se tivessem sido compostas. Cada uma parece contar uma pequena história. São tão dinâmicas e mudam o tempo todo, que se parecem muito com as composições contemporâneas", disse o músico.
Fonte:INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?
artigo=som-da-particula-deus&id=010150100623
BBC-Brasil- BBC - 23/06/2010

O que é Geometria Sagrada?

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Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.Sejam abençoados todos os seres.
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