A opinião é praticamente unânime: a Catedral de Colônia é o prédio sacro mais famoso da Alemanha.
Sua história se inicia em 1164, quando o imperador alemão Frederico Barba Roxa saqueou Milão, transferindo os supostos restos mortais dos Três Magos para a cidade renana de Colônia. Esta transformou-se em local de peregrinação, e a afluência de fiéis era tão grande que a catedral da época não a comportava.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Catedral de Colônia à noite
Em 1248 o arcebispo Konrad von Hochstaden lançava a pedra fundamental do novo santuário. A planta era de Mestre Girard, trazido especialmente de Amiens, França. Inspirada em modelos franceses, a catedral foi projetada no estilo predominante na época, o gótico. Mas a moda passa, e em 1560 a construção foi interrompida, pois para os renascentistas o gótico estava totalmente ultrapassado, e faltava dinheiro à cidade.
A segunda fase teve que esperar quase 300 anos. Em 1794, com a ocupação da cidade por Napoleão Bonaparte, a casa de orações serviu até como depósito de armas. Mas em 1842, Frederico Guilherme 4º, rei da Prússia, ordenou a continuação das obras, sob a direção do arquiteto Ernst Friedrich Zwirner. Assim o soberano protestante angariava a simpatia da maioria católica de Colônia.
A inauguração da "rainha das catedrais" realizou-se em 15 de outubro de 1880, 632 anos após o início da construção.
Tesouro de 6900 metros quadrados
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Reis Magos, trazidos de Milão a Colônia em 1164
A catedral – ou Dom – é o principal cartão-postal de Colônia. Com 157 metros de altura, suas torres podem ser vistas de praticamente qualquer ponto da cidade, que tem um perfil plano. Somente o Portal de São Pedro, na face norte, ornamentado com estátuas dos 12 apóstolos, data do século 14; os demais arcos são do século 19. A porta principal mostra a passagem do Antigo ao Novo Testamento, de Adão e Eva até Jesus; a dos Reis Magos traz santos, reis, bispos e missionários; o portal da lateral sul é marcado pelo estilo neogótico.
Seu interior tem uma área de 6900 metros quadrados, divididos em cinco naves e sete capelas. Ele ostenta desde afrescos do século 14 a vitrais no estilo romântico. As duas naves principais, com 43 metros de altura, estão dispostas em forma de cruz. O coro, com 104 bancos de carvalho esculpido, é o maior da Alemanha. Aqui, a sensação de profundidade e altura é realçada pelas colunas lisas, formando arcos pontiagudos ao encontrar o teto. A iluminação diurna fica a cargo dos dez mil metros quadrados de janelas, parte das quais coberta com vitrais coloridos.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Fiéis oram na catedral
Observar "ao vivo" as imponentes proporções dessa catedral impressiona mesmo aqueles que a conhecem de fotografias. O ponto alto de uma visita a este monumento arquitetônico é o sarcófago dos Reis Magos, guardado numa redoma de vidro. A arca que abriga as relíquias foi concluída em 1181 pelo artesão francês Nicolas de Verdun. Trata-se de uma obra-prima em ouro, prata e esmalte.
Patrimônio ameaçado
Após sobreviver a duas guerras mundiais (e a 14 bombas na segunda), o Dom tem que ser continuamente restaurado. Os técnicos de uma oficina permanente experimentam, por exemplo, diversas maneiras de livrar sua superfície externa da pátina negra que a cobre há décadas.Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Catedral de Colônia ameaçada pela especulação imobiliária
Não apenas por razões estéticas: a poluição atmosférica ameaça os mais de 50 tipos de pedra empregados em sua construção. Sobretudo o calcário e o arenito vêm sendo lentamente corroídos pela chuva ácida da região industrial.
No século 21, a Catedral de Colônia enfrenta uma nova ameaça: a cobiça dos especuladores imobiliários. Desde 1996 ela é Patrimônio Cultural da Humanidade reconhecido pela Unesco, sendo uma das condições não se construírem prédios altos em suas proximidades.
AV/dw
Revisão: Alexandre Schossler
Vitral da Catedral de Colônia vai unir o gótico com o moderno
O vitral colorido da Catedral de Colônia, do aclamado artista alemão Gerhard Richter, não passará despercebido, não apenas por seu imenso tamanho e localização evidente, mas também por seu estilo não-tradicional.
"O vitral será uma significante contribuição da arte moderna para a Catedral de Colônia", disse Barbara Schock-Werner, construtora-chefe responsável pela catedral.
Gerhard Richter é considerado um dos mais expressivos pintores de nosso tempo. Seus trabalhos estão nas paredes de museus de todo o mundo e colecionadores gastam milhões para adquirir rapidamente suas telas. O artista de 74 anos, residente em Colônia, planeja revelar seu monumental vitral de 11.200 peças no segundo semestre de 2007.
Gerhard Richter ofereceu produzir a peça de 110 metros quadrados como um presente para a cidade, catedral e visitantes. Doações vão cobrir os custos da obra, estimados em 350 mil euros.
Obra-prima moderna
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Catedral de Colônia atrai 2.5 milhões de pessoas por ano
"O mais importante para mim foi integrar este vitral no ciclo de janelas históricas, especialmente no tocante às cores", disse Schock-Werner. O vitral de Richter não prolonga a tradição existente, mas a desenvolve com o uso abstrato de cores.
Quadrados de vidro em 80 matizes diferentes vão substituir um pedaço de vidro quase transparente, colocado em 1950 no lugar do vitral original, destruído durante a 2ª Guerra Mundial. Os esboços para a janela danificada, criada em 1863, se perderam e nunca puderam ser reproduzidos.
De acordo com Norbert Feldhoff, prior da catedral, a peça substituta bem menos artística deve sair, pois deixa muita luz entrar dentro da igreja e não corresponde ao estilo gótico. "A ordem das cores individuais é aleatória", explicou a construtora-chefe, descrevendo o padrão dos quadrados, que medem 9.4 centímetros em cada lado.
O vidro em si não é colorido totalmente. Ao invés, peças coloridas são anexadas na superfície exterior do vidro branco, com a ajuda de silicone.
Quebrando uma tradição artística sagrada
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Imagem computadorizada mostra como deve ficar o vitral
Tradicionalmente, vitrais de igreja mostravam cenas bíblicas. Muito antes das histórias em quadrinhos, os painéis contavam as histórias da Bíblia para os paroquianos analfabetos, apresentando-as em cores vivas e formato grande.
No entanto, o vitral de Richter quebra intencionalmente com a tradição. Ele não representa Daniel na cova dos leões, a fuga do Egito, o nascimento de Jesus ou a crucifixão. De certa forma a Igreja arriscou, ao aceitar uma obra de arte não explicitamente religiosa.
Mas mesmo que o Cristianismo em si não apareça no trabalho, cruzes e outros símbolos da religião são visíveis em muitas outras de suas obras. Não é sem razão que Gerhard Richter recebeu, há dois anos, o prêmio da Arte e Cultura Católica Alemã.
A produção de um artista
Esta não é a primeira vez que o renomado artista internacional escolheu vidro colorido como seu material. Em 1991, por exemplo, ele criou detalhes artísticos para o Hypobank, em Düsseldorf, projetado pelo arquiteto de Colônia Oswald Mathias Ungers.
Richter tornou-se muito conhecido nos anos 60 por basear suas pinturas em fotografias, porém empregando linhas indistintas. Sua obra, que abarca uma carreira de mais de 40 anos, é estilisticamente diversa, como se pôde constatar no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 2002. Por ocasião dos 70 anos do artista nascido em Dresden, o museu organizou a maior mostra retrospectiva já dedicada a um artista vivo.
Fonte:
DW.WORLD.DE
DEUSTSCHE WELLE
http://www.dw-world.de/dw
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