domingo, 5 de junho de 2011

PROMETEU - O CRIADOR DOS HOMENS






Na mitologia grega, Prometeu (em grego: Προμηθεύς, "antevisão")[1] é um titã, filho de Jápeto (filho de Úrano e Gaia[2]) e irmão de Atlas, Epimeteu e Menoécio.[3][4] Algumas fontes citam sua mãe como sendo Têmis, enquanto outras, como Pseudo-Apolodoro, apontam para Ásia.[3], também chamada de Clímene, filha de Oceano.

Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência, responsável por roubar o fogo de Zeus e o dar aos mortais.[5] Zeus tê-lo-ia então punido por este crime, deixando-o amarrado a uma rocha por toda a eternidade enquanto uma grande águia comia todo dia seu fígado - que crescia novamente no dia seguinte. 

O mito foi abordado por diversas fontes antigas (entre elas dois dos principais autores gregos, Hesíodo e Ésquilo.[6]), nas quais Prometeu é creditado - ou culpado - por ter desempenhado um papel crucial na história da humanidade.
Pai de Deucalião,[7], em algumas versões teria criado os homens usando água e terra, além de ter-lhes dado o fogo.[8]

Titãs

Oceano        Céos          Crio
Hipérion     Jápeto     Cronos
Tétis     Téia     Febe     Reia
Mnemosine                 Têmis
 

História

Segundo Hesíodo[9] foi dada a Prometeu e seu irmão Epimeteu a tarefa de criar os homens e todos os animais. Epimeteu encarregou-se da obra e Prometeu encarregou-se de supervisioná-la. Na obra, Epimeteu atribuiu a cada animal os dons variados de coragem, força, rapidez, sagacidade; asas a um, garras outro, uma carapaça protegendo um terceiro, etc. Porém, quando chegou a vez do homem, formou-o do barro. Mas como Epimeteu gastara todos os recursos nos outros animais, recorreu a seu irmão Prometeu. Este então roubou o fogo dos deuses e o deu aos homens. 

Isto assegurou a superioridade dos homens sobre os outros animais. Todavia o fogo era exclusivo dos deuses. Como castigo a Prometeu, Zeus ordenou a Hefesto que o acorrentasse no cume do monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia (ou corvo) dilacerava seu fígado que, todos os dias, regenerava-se. Esse castigo devia durar 30.000 anos.

Prometeu foi libertado do seu sofrimento por Hércules que, havendo concluído os seus doze trabalhos dedicou-se a aventuras[8].

No lugar de Prometeu, 
o centauro Quíron deixou-se acorrentar no Cáucaso, 
pois a substituição de Prometeu era uma exigência 
para assegurar a sua libertação.[10]

Versões do mito

Hesíodo

Prometeu leva o fogo à humanidade, tela de Heinrich Friedrich Füger de 1817
 
O mito de Prometeu apareceu pela primeira vez na Teogonia (versos 507 a 616), obra do poeta épico grego do fim do século VIII a.C., Hesíodo. Filho do titã Jápeto com Clímene, umas das oceânides, era irmão de Menoécio, Atlas e Epimeteu. Na Teogonia, Hesíodo descreve Prometeu como um desafiante inferior à onipotência e onisciência de Zeus.

Num célebre episódio, durante um banquete destinado a selar a paz entre mortais e imortais, Prometeu foi responsável por aplicar um estratagema em Zeus (545-557), ao colocou duas oferendas diferentes diante do deus olímpico: uma delas consistia de uma seleção de carne escondida dentro de um estômago de boi (alimento escondido dentro de um exterior repulsivo), enquanto a outra consistia dos ossos do boi totalmente envoltos em "reluzente gordura" (algo impossível de ser consumido dentro de um exterior atraente). Zeus escolheu a segunda, abrindo assim um precendete para os futuros sacrifícios, e a partir de então os humanos teriam passado a ficar com a carne dos animais que sacrificavam, dedicando aos deuses apenas os ossos, envoltos numa camada de gordura. 

O truque enfureceu Zeus, que retirou o fogo dos humanos como forma de retribuição. Prometeu, por sua vez, roubou o fogo dentro de um gigantesco caule de funcho, devolvendo-o à humanidade. Isto enraiveceu ainda mais Zeus, que enviou Pandora, a primeira mulher, para viver com os homens.[11] Forjada por Hefesto a partir do barro, e trazida à vida por obra dos quatro ventos, todas as deusas do Olimpo reuniram-se para adorná-la. 

Escreveu Hesíodo,
"Dela descende a geração das femininas mulheres,
dela é a funesta geração e grei das mulheres,
grande pena que habita entre homens mortais, 
parceiras não da penúria cruel,
porém do luxo."

Prometeu por sua vez, como castigo eterno, foi acorrentado a uma rocha no Cáucaso, onde seu fígado era devorado cotidianamente por uma águia,[12] apenas para vê-lo regenerar-se durante a noite, segundo a lenda, devido à sua imortalidade.[13] Anos mais tarde, o herói grego Héracles (o Hércules romano) abateria a águia e libertaria Prometeu de seus grilhões.[14]
 
Hesíodo abordou novamente a história de Prometeu em sua obra Os Trabalhos e os Dias (versos 42 a 105). Nela, o poeta fala com maior detalhe da reação de Zeus ao roubo do fogo. O deus olímpico não apenas retira o fogo dos homens, mas também os "seus meios de subsistência" (42).

Não tivesse Prometeu provocado a ira de Zeus (44-47), "comodamente em um só dia trabalharias para teres por um ano, podendo em ócio ficar; acima da fumaça logo o leme alojarias, trabalhos de bois e incansáveis mulas se perderiam." Hesíodo também expande a história da primeira mulher, citada na Teogonia, chamando-a agora explicitamente de Pandora ("A de todos os dons").

Após Prometeu roubar o fogo, Zeus envia-a aos homens como retaliação; apesar dos avisos de Prometeu, seu irmão Epimeteu aceita o "presente" dos deuses. Pandora então abre a jarra que Epimeteu guardava sob encargo lhe dado por Prometeu, de onde saíram "males, (...) difíceis trabalhos, (...) terríveis doenças que ao homem põem fim."[15] Pandora fechou a tampa da jarra tarde demais, e não pôde evitar que todos os males saíssem de lá; porém a esperança ainda permaneceu ali.

O professor de literatura grega da Universidade de Florença, Angelo Casanova,[16] vê em Prometeu uma reflexão da figura antiga, pré-hesiódica, do trapaceiro (trickster), que servia para mostrar a mistura do bem e do mal que existe na vida humana, e cuja confecção do homem a partir do barro já seria um motivo oriental familiar, citado no Enuma Elish; como oponente de Zeus era análogo aos titãs, e, como eles, foi punido. Como defensor da humanidade conquistou um status semi-divino em Atenas

O episódio da Teogonia na qual ele é libertado[17] é interpretado por Casanova como sendo uma interpolção posterior a Hesíodo.[18]

Ésquilo

Talvez o mais famoso tratamento do mito possa ser encontrado na tragédia grega Prometeu Acorrentado (Prometheus desmotes), tradicionalmente atribuída ao dramaturgo grego Ésquilo, do século V a.C.. No centro do drama estão as consequências do roubo do fogo cometido por Prometeu e sua subsequente punição, por Zeus; a dependência do autor no material de Hesíodo como fonte fica claro, embora a peça também contenha diversas alterações em relação à tradição recebida.[19] 

Antes de roubar o fogo, Prometeu desempenha um papel decisivo na Titanomaquia, assegurando a vitória para Zeus e outros deuses olímpicos. A tortura cometida por Zeus em Prometeu, assim, é vista como uma traição particularmente brutal. O escopo e o caráter das transgressões de Prometeu contra Zeus também são ampliados nesta versão; além de dar o fogo à humanidade, Prometeu alega ter ensinado aos homens as artes da civilização, como a escrita, a matemática, a agricultura, a medicina e a ciência.

O maior feito do titã pela humanidade, no entanto, parece ter sido salvá-la da destruição completa. Numa aparente variação do mito das chamadas Cinco Idades do Homem, encontrada nos Trabalhos e Dias de Hesíodo (durante as quais Crono e, posteriormente, Zeus, criam e destroem cinco raças sucessivas de mortais), Prometeu afirma que Zeus desejara obliterar a raça humana, e que ele, de alguma maneira, teria impedido que isso acontecesse. 

Ésquilo ainda introduz na história de Prometeu, de maneira artificial e anacrônica, Io, outra vítima da violência de Zeus, ancestral de Héracles

Finalmente, assim como Ésquilo dá a Prometeu um papel crucial na ascensão ao poder de Zeus, também lhe atribui um conhecimento secreto que pode levar à derrocada de Zeus: Prometeu ouvira de sua mãe, Gaia, sobre um casamento cujo filho destronaria Zeus.

Evidências fragmentárias indicam que Héracles, como na versão de Hesíodo, liberta o titã na segunda da peça da trilogia, Prometeu Liberto. Apenas quando Prometeu revela este segredo sobre a queda de Zeus, na peça final da trilogia, Prometeu Portador do Fogo, é que os dois se reconciliam.

Prometeu Acorrentado também inclui duas inovações míticas em termos de omissão; a primeira é a ausência da história de Pandora, restando apenas uma alusão oblíqua a ela e a seu jarro, que continha a Esperança (252): "[Prometeu] fez com que esperanças cegas vivam nos corações dos homens." A segunda é que Ésquilo não faz qualquer menção ao truque preparado por Prometeu contra Zeus durante o sacrifício, presente na Teogonia.[20]

Estas inovações refletem a inversão temática da peça, a partir do mito de Hesíodo. Neste, a história de Prometeu (e, por extensão, a de Pandora) serve para reforçar a teodiceia de Zeus: ele é um soberano justo e sábio do universo, enquanto Prometeu é culpado pela existência ininvejável da humanidade. Em Prometeu Acorrentado esta dinâmica é transposta: Prometeu se torna o benfeitor da humanidade, enquanto todos os personagens do drama (com exceção de Hermes) denunciam Zeus como um tirano cruel e perverso.

Outros autores

Ao longo da Antiguidade, até por volta do século IV d.C., cerca de uma dúzia de outros autores greco-romanos recontaram e ampliaram o mito de Prometeu. O detalhe mais significativo acrescentado ao mito, e que pode ser encontrado em autores tão diversos quanto Safo, Platão, Esopo e Ovídio - é o papel central de Prometeu na criação da raça humana. De acordo com todas estas fontes, Prometeu teria forjado os humanos a partir do barro

No diálogo Protágoras, o personagem-título afirma que os deuses criaram os humanos e todos os outros animais, porém coube a Prometeu e seu irmão, Epimeteu, dar a cada um deles as características definitivas. Como nenhuma característica física ainda existia quando chegou a vez dos humanos, Prometeu decidiu lhes dar o fogo e outras artes da civilização.[21]

Embora isto talvez tenha ficado explícito apenas na Prometheia, autores como Higino, Apolodoro e Quinto de Esmirna mencionam que Prometeu teria avisado a Zeus que não se casasse com a ninfa marítima Tétis

Assim, ela acaba por desposar o mortal Peleu, com quem tem um filho maior que o pai - Aquiles, o herói grego da Guerra de Troia. Apolodoro ainda esclarece uma declaração críptica (1026–29) feita por Hermes em Prometeu Acorrentado, identificado o centauro Quíron como aquele que assumiu o sofrimento de Prometeu, morrendo em seu lugar. [21]

Refletindo um mito presente em pinturas de vasos gregos do período clássico, Apolodoro menciona o titã, armado com um machado, no nascimento de Atena, explicando deste modo como a deusa teria brotado a partir de uma rachadura na cabeça de Zeus.[21]

Outros detalhes menores ligados ao mito incluem: a duração do tormento de Prometeu, que varia de 30[22] a 30.000 anos;[23] a origem da águia que comia o fígado do titã (descrita em Apolodoro e Higino); o casamento de Pandora com Epimeteu (em Apolodoro); os mitos em torno da vida do filho de Prometeu, Deucálion (em Ovídio e Apolônio de Rodes); e o papel secundário de Prometeu no mito de Jasão e os Argonautas (em Apolônio de Rodes e Valério Flaco).[21]

De maneira anedotal, o fabulista romano Fedro atribui a Esopo uma etiologia simples para a homossexualidade, no episódio em que Prometeu teria se embebedado enquanto criava os primeiros humanos e se confundido ao distribuir as genitálias.[24]

 Na literatura moderna

Ao longo de séculos, vários autores[25][26] retomaram a história de Prometeu e o colocaram como figura que representa a vontade humana por conhecimento (mesmo tendo que passar por cima dos deuses). A captura do fogo[27] é visto como a busca do conhecimento pela ciência.[28]

Dentre esses autores, o poeta romântico alemão Goethe escreveu um pequeno poema de 8 estrofes sobre a lenda de Prometeu intitulado de Prometheus (1774) do qual segue-se um trecho:

Hefesto acorrentando Prometeu (1623)- tela de Dirck van Baburen

"Encobre o teu Céu ó Zeus
com nebuloso véu e,
semelhante ao jovem que gosta
de recolher cardos
retira-te para os altos do carvalho ereto
Mas deixa que eu desfrute a Terra,
que é minha, tanto quanto esta cabana
que habito e que não é obra tua
e também minha lareira que,
quando arde, sua labareda me doura.
Tu me invejas!
(...)
Eu honrar a ti? Por quê?
Livraste a carga do abatido?
Enxugaste por acaso a lágrima do triste?
(...)
Por acaso imaginaste, num delírio,
que eu iria odiar a vida e retirar-me para o ermo
por alguns dos meus sonhos se haverem
frustrado?
Pois não: aqui me tens
e homens farei segundo minha própria imagem:
homens que logo serão meus iguais
que irão padecer e chorar, gozar e sofrer
e, mesmo que sejam parias,
não se renderão a ti como eu fiz"
 
Goethe descreve
um homem extraordinário,
que se nega a venerar deuses e, como ato de rebeldia, 
se prontifica a fazer homens segundo à própria imagem 
que não precisem venerar os deuses. 

Essa questão de rebeldia aos deuses 
e de criação de vida é um tema que permeia 
a sociedade moderna até hoje.

Alguns anos depois da publicação de seu poema, surgia na Inglaterra a figura de Frankenstein, ou o Moderno Prometeu, que é um ser criado de vários humanos que ganhou vida através de seu cientista. Porém essa liberdade de criar homens é muito discutida e não tem consenso geral da sociedade, como é o caso da clonagem, que começou com a ovelha Dolly e até hoje causa discussão entre as sociedades, sobre até onde o homem pode ir.
Goethe, em sua fase mais madura, parece mudar de opinião, pois escreve outro poema intitulado "Limite da Humanidade" (Grenzen der Menschheit)[29], onde faz elogios aos deuses e faz um reconhecimento da incapacidade humana.

Além dos românticos, Prometeu também era um homem modelo de Marx.
Proudhon também recorria constantemente a figura de Prometeu nas suas obras sobre economia e ciência social.

Cultos
Prometeu tinha um pequeno santuário na região de Kerameikos, o bairro dos ceramistas de Atenas,[carece de fontes] a pouca distância da Academia - onde também existia um pequeno altar dedicado a ele.[30] De acordo com o autor grego Pausânias, do século II d.C., no local ocorria uma corrida em que os participantes empunhavam tochas, dedicada ao titã.[30]
Pausânias também menciona que as cidades de Argos e Ópos alegavam ser o local de repouso de Prometeu, e ambas ergueram sepulturas em sua homenagem.
Pausânias também menciona que na cidade grega de Panopeu havia uma estátua venerada que alguns alegavam ser Prometeu, homenageado ali por ter criado a raça humana naquele local.[21]

Astronomia

Em homenagem ao personagem mitológico, deu-se o nome de Prometeu a um dos 56 satélites de Saturno (ver Prometeu).

                          Árvore genealógica

                               Árvore genealógica baseada em Apolodoro.


















































































































































































































































































































































































Prometeu









































































































































































Fonte:
Wikipédia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Prometeu
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Que tal comentar agora?