domingo, 18 de setembro de 2011

As faces do contemporâneo: Globalização e Pós-Modernidade em Fredric Jameson » cpfl cultura





Por 
 Victor Costa,

Nesta quinta-feira (26 de maio 2011), o Café Filosófico CPFL recebeu em Campinas a ilustre visita do norte-americano Fredric Jameson, filósofo e crítico literário. Jameson é um dos mais importantes pensadores da atualidade, seus estudos sobre a pós-modernidade são referência em todo o mundo. De abordagem marxista, seu pensamento articula economia, política, estética e diversas áreas da vida contemporânea. Jameson é, com segurança, o principal nome da reflexão sobre a Globalização.

No Café Especial, Jameson apresentou a palestra Tendências Culturais Contemporâneas. De modo muito informal, em formato de bate-papo guiado pela professora da USP, Dra. Maria Elisa Cevasco, ele apresentou ideias que foram desde as Artes à gastronomia, passando pelo tema das recentes crises econômica e política.

A vinda de Jameson a Campinas é resultado de uma parceria inédita entre CPFL Energia e o Seminário Internacional Fronteiras do Pensamento, programa criado em Porto Alegre que reúne conferencistas nacionais e internacionais das mais diversas áreas do conhecimento. A edição 2011 do Fronteiras, realizada pela primeira vez na cidade de São Paulo, conta com oito conferências na Sala São Paulo. Entre os convidados desta edição, Zygmunt Bauman, Alain de Botton, Luc Ferry, entre outros. Confira a programação em www.fronteirasdopensamento.com.br.

Na quarta-feria (25), Jameson abriu a programação do Fronteiras em uma conferência para mais de mil pessoas na Sala São Paulo. No dia seguinte, reuniu cerca de 270 pessoas no Café Filosófico CPFL, na palestra especial, com entrada gratuita e transmissão ao vivo pelo site da CPFL Cultura para mais de 300 internautas.


No Café, Jameson começou caracterizando a globalização: “a face cultural de nosso momento econômico”, e continuou “a globalização e a pós-modernidade são as duas faces do nosso tempo: pós-modernidade é a esfera cultural e globalização é a esfera econômica”.

Tempo e Espaço
Tempo e espaço são conceitos essenciais na Filosofia. Para Jameson, a pós-modernidade é caracterizada justamente pela re-significação da temporalidade e da espacialidade. Segundo ele, na modernidade coexistem temporalidades plurais. Havia vários tempos. O tempo do campo, onde normalmente se nascia e se viviam os primeiros anos da existência; o tempo da cidade, onde se estudava ou se trabalhava. O tempo do casamento, da velhice, da morte. As pessoas passavam de uma temporalidade a outra. Assim era a vida. O tempo foi marca distintiva da modernidade.

Hoje, na pós-modernidade, o espaço ganha maior relevância que o tempo. A Natureza (caracterizada pelo tempo) deixa de existir e é substituída por aquilo que é feito pela mão do homem (a espacialidade). Não há mais, atualmente, o mesmo tipo de sensibilização de variações do tempo conforme havia antigamente. Agora, temos apenas em nossa volta um espaço construído.

Política
Portanto, a noção de espaço é a marca distintiva da pós-modernidade. Para Jameson, “a política pós-moderna: disputas por causa de terra, enobrecimento das cidades”. Há uma política do espaço.
E a experiência existencial: qual o status do tempo no regime do tempo? “O tempo é reduzido ao presente: ao corpo”. Assim, há o desaparecimento do senso do passado e do futuro. A isso Jameson chamou de “a eterna presentificação do corpo”, que Maria Elisa caracteriza como “eterno presente”.

Arte e Filosofia
Sobre o caos contemporâneo, sobre as angústias resultantes de viver em um eterno presente, Jameson lançou possíveis soluções. No mundo pós-moderno fragmentado, totalizar (dar sentido à vida e às relações com os outros e com o mundo) é um caminho possível. Mas como totalizar, ou seja, achar nexos entre elementos que aparentemente não têm relação alguma (eis o caos contemporâneo)? Aqui Jameson se valeu da arte, ou, para fiel ao autor, da “estética da singularidade”.

Segundo ele, a instalação é a principal forma artística da pós-modernidade. Isso porque a instalação é uma construção de elementos singulares, e de múltiplos sentidos, aparentemente, sem nexos entre si. Dar sentido à relação dos elementos de uma instalação, lançar compreensão sobre o que uma coisa tem a ver com a outra, é totalizar resguardando a singularidade.

Nas Artes, é o artista que produz os sentidos. O objeto do artista não é mais a “obra em si”, mas o sentido que dará à sua obra. Se a noção de temporalidade está dilacerada na pós-modernidade, as obras não podem mais durar para sempre, perdem-se no tempo perene. 

A arte é efêmera. Em uma instalação, os objetos em uma sala, por exemplo, não têm um estilo definido. Diferentes tipos de objetos juntos não representam um estilo típico do artista. “O estilo não é mais uma consideração na arte pós-moderna”. Não é mais o estilo a expressão da arte, do artista.

A instalação é efêmera 
e está sempre pronta para a mutação,
para a (re)significação.

O exercício de significar os objetos de uma instalação é como o exercício de significar – guardada a metáfora – as singularidades do mundo contemporâneo, a fim de encontrar o sentido das coisas, da vida.


 
Fonte:
comunicação CPFL Cultura
 Café Filosófico CPFL

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