quarta-feira, 23 de novembro de 2011

EGITO ONTEM E HOJE


Sabedoria - Honra - Riqueza
Verdade - Beleza


O que fazer para acabar com o impasse no Egito?


O discurso feito na noite de terça-feira por Mohamed Hussein Tantawi, chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF) do Egito, não teve rigorosamente nenhum efeito positivo sobre os manifestantes que continuam se concentrando na praça Tahrir, no centro do Cairo.

A foto acima, feita logo pela manhã, mostra os manifestantes que dormiram na rua. Novos protestos devem ocorrer nesta quarta e crescer até a sexta-feira, dia em que tradicionalmente são mais agitados.

E os confrontos com as forças de segurança continuam.

No discurso de terça, Tantawi fez algumas concessões importantes, que foram aceitas por muitos partidos políticos, especialmente os religiosos (de olho no sucesso eleitoral iminente), mas rejeitadas pelos manifestantes. Isto mostra o descolamento entre uma parcela da “massa” (a disposta a ir para as ruas) e políticos, militares e as classes mais altas do Egito, que apesar de terem certos interesses congruentes, também divergem entre si.

E as soluções  para este impasse 
residem em reformas, não apenas nominais 
ou simbólicas,mas palpáveis para a maioria dos egípcios.

No campo político, a exigência é que Tantawi e o SCAF como um todo deixem o poder, abrindo mão do controle sobre o período de transição em favor de um governo de “salvação”. Essa possibilidade ainda é remota, mas pode ser a única solução se as manifestações se intensificarem e os militares realmente não tiverem a intenção de desgastar sua posição massacrando os protestos. Em artigo publicado no The Guardian, a escritora egípcia Ahdaf Soueif afirma que as concessões não foram aceitas pelos manifestantes pois os militares mantiveram a brutalidade do regime de Hosni Mubarak e pretendem manter o novo parlamento “sem força, assim como faz com o governo civil atual.

Para ela,
enquanto esta condição existir, 
a única solução é ir para as ruas:

 Então a coisa crucial agora 
é se manter firme até que o SCAF ceda o poder.

   A quem?     

                                                                                       
 A um governo de salvação nacional 
chefiado por um ou mais de nossos potenciais
candidatos presidenciais – e este governo iria comandar as eleições.

É para isso 
que a revolução está de volta 
às ruas do Egito.

O analista marroquino Issandr El Amrani, um dos maiores especialistas em Egito atualmente, escreve em seu blog The Arabist, que a raiva direcionada a Tantawi é fruto da necessidade que os egípcios têm atualmente de “sentir que realmente tiveram uma revolução”, e de experimentar reformas reais. Ele diz que esteve na praça Tahrir e que, depois do discurso de Tantawi, quem mantém os confrontos são os ativistas, e não as forças de segurança –

“Eles podem ser violentos, 
mas não estão na ofensiva”.

El Amrani afirma que os egípcios estão bravos e têm direito de se sentir assim, pois há uma dimensão social na origem dos protestos que reside na desigualdade da sociedade egípcia, que continua imóvel nos últimos nove meses. Ele culpa o SCAF por esta situação, mas não apenas ele.

[A falha na transição]
é em boa parte da classe política
que não disse nada quando figuras importantes
do regime Mubarak ficaram em paz por meses
e Mubarak estava [no balneário de]
 Sharm al-Sheikh com seus filhos.

[A falha na transição]
é da elite egípcia
 que voltou para seu estilo de vida privilegiado
 e não fez nada para lidar com a injustiça social do país

– (…) na Tunísia,
 o setor privado, sindicatos e o governo, juntos,
negociaram um aumento salarial generalizado de 10% a 15%.    

Eles compraram a paz social
renegociando o contrato social.

No Egito você tem o sentimento de que a classe alta ignorou completamente as raízes sociais do levante de janeiro, e que ao mesmo tempo apoiaram uma volta ao mesmo tipo de política de apadrinhados, na qual os partidos e os movimentos tentam comprar os pobres com doações e vendas de carne barata no Eid [feriado muçulmano que encerra o período de jejum do Ramadã].

 As pessoas não querem caridade,
elas querem direitos sociais.


Isto também é político – não é sobre má administração econômica.
Não é sobre um levante do pobres.
É sobre a visão política de uma economia social.

Foto: Mohammed Abu Zaid / AP

José Antonio Lima
Quem se habilita?
 

 
{ [A falha na transição ]não seria articulação externa
e bem visível para o mundo todo , a "demo-cratização"
do Oriente Médio pelos imperialistas atuais
sedentos de invasões,guerras e petróleo?}
 

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