DESDE OS IDOS DO SÉCULO XVIII
E TEM GENTE QUE PENSA QUE "SUBLIMINAR" É COISA MODERNA…
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Por esses dias eu tive a ingrata surpresa de ler uma obra literária que classifico como, no mínimo, desconcertante: “A Flauta Mágica – Ópera Maçônica”, de Jacques Chailley (1910-1999).
Ingrata   sim, pois até então eu julgava  que ouvir músicas clássicas era algo   “neutro”… quase santificante! Isso  serviu para comprovar que     “Há um caminho ao homem parece direito, mas o fim são os caminhos da morte.” (Provérbios 14:12 e     16:25).
     Jacques Chailley    era compositor, regente de coro, musicólogo e teórico – nasceu em    Paris, em 1910. Dedicando-se inicialmente à reconstituição e    revalorização da música da Idade Média, sua atividade orientou-se    progressivamente para o estudo da linguagem musical e de sua evolução,    dando assim grande impulso a uma nova disciplina: a Filologia musical. 
Esta   pesquisa teórica permitiu-lhe mostrar que a evolução musical  obedece   leis, e não ao acaso de certos arroubos individuais. (…)  Chailley   dedicou-se também a esclarecer a riqueza de significado de  algumas   obras essenciais da história da música como: “As Paixões” e os  Corais   para órgão de Bach, “Tristão e Isolda” de Wagner e “O Mandarim    Maravilhoso” de Bartók. (…) Estudou o papel desempenhado pela    franco-maçonaria em diversas obras capitais dos séculos XVII e XIX (“A    Flauta Mágica” de Mozart, “Viagem de Inverno” de Schubert e “Parsifal”    de Wagner) e chegou, neste domínio, a importantes descobertas[1].
     Devo   explicar que o autor da obra, senhor Jacques  Chailley, ao que tudo   indica, não era sequer protestante. Isso é algo  significativo, pois   impede que tal obra tenha sido escrito por um  “fanático” religioso e,   por isso, aumenta a credibilidade das  informações ali encontradas. Por   exemplo, se fosse eu a escrever tal  obra, ela sequer existiria: além  de  nem entender de música, a poderiam  me considerar um tendencioso.
Então,   após essa breve introdução, creio que a  melhor forma de abordar este   assunto é transcrever os trechos da obra  que me chamaram a atenção   antes mesmo de apresentar quaisquer  conclusões. A junção de pedaços e   capítulos terminou por formar um texto  extenso e de conteúdo bastante   técnico, podendo chegar a ser muito  cansativo, mas meu objetivo aqui é   permitir àqueles que estiverem lendo a  possibilidade de que cheguem às   suas próprias conclusões… e somente  então, após as citações da obra,   apresentarei minha diminuta análise. O  máximo que farei é destacar   (negrito e sublinhado) alguns pontos aqui e  acolá no texto…
Lembrem-se:   o texto a seguir (com fonte e cor  diferentes) NÃO É DE MINHA AUTORIA,   portanto, não me critiquem quanto a  seu conteúdo. Tudo o que aqui  será  apresentado também me era  completamente desconhecido até que me  fosse  apresentado através desta  obra. Vamos às passagens:
PRIMEIRO TRECHO |       
CAPÍTULO 8 — A MAÇONARIA NA VIENA DO SÉCULO XVIII      (páginas 56 e 57)
     O   leitor deve ter percebido que tudo o que foi dito  encaminha-se para o   mesmo ponto de convergência: a maçonaria, da qual a  “Flauta mágica”,   através de símbolos transparentes, pretende ser a  glorificação. Aos  que  não conhecem desse movimento senão a imagem  fornecida por seus   adversários ou aquela disponível ao tempo do  Ministério Combes, não há   de ser inútil descrevê-la recorrendo aos seus  próprios historiadores. 
A evolução política e muitas vezes anticlerical  que ela conheceu no século passado, pelo menos na França[2],    a violência dos slogans polêmicos que suscitou, as condenações    sucessivas que sofreu por parte de papas sucessivos, os escândalos,    enfim, a que seus inimigos não deixaram de procurar misturá-la com maior    ou menor boa fé, tudo isso é capaz de dar uma idéia falsa a um    “profano” de hoje do que poderia ser, na época de Mozart, um movimento    cujas idéias congregavam, numa proporção que mal podemos imaginar, tudo  o   que a Europa incluía de inteligência e de generosidade, e que  suscitou   em nosso músico, como em muitos outros, um entusiasmo de  prosélito de   que a Flauta mágica nos oferece um caloroso testemunho.
O   verdadeiro maremoto que constitui a história da  maçonaria no século   XVIII é um desses fenômenos compensatórios  inevitáveis e periódicos   produzidos quase obrigatoriamente por todo  enfraquecimento moral dos   grandes valores do espírito. Cismas, heresias,  grandes asceses não são   senão aspectos desse fenômeno de que está  pontilhada a história da   Igreja, e que põe lado a lado, com seus  destinos díspares, cátaros,   franciscanos e luteranos. No século XVIII,  uma vez mais, a Igreja já   não era, em muitos lugares, senão uma  instituição política, um   arcabouço social esvaziado (ou quase) de  substância espiritual. A   originalidade da maçonaria foi a de não se  revoltar contra essas   insuficiências, fazendo como se as ignorasse, e  oferecendo ela mesma a   seus membros uma contrapartida apropriada às  aspirações do seu tempo.
Como   pano de fundo, invocava um ensinamento  humanitário dos filósofos do   Aufklãrung, estabelecendo para si mesma a  missão de ultrapassar o   particularismo dos ritos e das religiões  catalogadas. Num momento em   que não apenas o mundo cristão da Europa,  mas a própria germanofonia se   via profundamente dividida pela cisão da  Reforma — de um lado os   Estados católicos, englobando a Áustria, de  outro, os Estados   protestantes, compreendendo a maior parte dos Estados  alemães — ignorar   estas barreiras tornava-se para muitos um verdadeiro  alívio. 
Num   momento em que já se esboçava um recuo dos horizontes, e  onde  começava  a filtrar-se a existência de outros mundos penetrados de   outras  religiões, o “Como se pode ser persa?” de Montesquieu tomava um    significado de caso de consciência para todos os homens que pensavam —  e   pensava-se muito no século XVIII. 
Decididamente religiosa, mas colocando em pé de igualdade, em seus altares,     a Bíblia, o Corão, os Vedas e alguns outros “Livros da Lei Sagrada”, a maçonaria estabeleceu a liberdade de cada um de seus membros para aderir a esta ou aquela confissão de sua escolha.    Quanto a ela, limitava-se a extrair um fundo comum apoiado num mínimo    de dogmatismo: a crença num Deus criador, “o grande arquiteto do    universo", qualquer que fosse a forma sob a qual se apresentasse. 
Mas    foi à margem desse Deus (daí as reticências, depois as condenações da    Igreja romana) que ela pregou as virtudes propriamente humanas em  nome   das quais deveria erguer-se a Revolução Francesa, e que ela  considerava   suscetíveis de trazer felicidade às sociedades futuras;  essa  felicidade  da qual a Flauta mágica, pela voz de Sarastro, cantará  o  idílico e,  infelizmente, utópico ideal.
SEGUNDO TRECHO |              |       
CAPÍTULO 9 — MOZART E A MAÇONARIA      (páginas 66 e 67)
     No   dia 14 de dezembro de 1784, Mozart, com sua  iniciação, é oficialmente   admitido no seio da maçonaria. Vale a pena  lembrar aqui que toda a  sua  carreira desenvolveu-se num ambiente de  algum modo paramaçônico, e   seria pontuada por uma série de fatos  significativos a esse respeito.
Desde a idade de 11 anos,    Wolfgang, medicado devido a sintomas de varíola, oferece a seu  médico,  o  Dr. Wolff de Olmutz, uma pequena ária a título de  agradecimento (An  die  Freude K. 53), e     percebemos com surpresa que já se trata de um texto maçônico:  quam o teria fornecido ao menino? 
O   próprio médico, é a suposição de J.  e B. Massim; mas C. de Nys sugere   que o pároco de Olmutz poderia ter  sido ele mesmo maçom e ter parte   nesse assunto. Quando Mozart, no ano  seguinte, compõe Bastien und   Bastienne, sua pequena obra é representada  nos jardins do Dr. Mesmer,   apóstolo do “magnetismo animal”; mas Mesmer  também era maçom; chegou a   provocar, em seguida, um cisma que levou seu  nome (o mesmerismo) e que   levou em 1783 “ao estabelecimento de uma  sociedade maçônica que se   formou em Paris sob o título de “Ordem da  Harmonia Universal””; ela se   destinava a “purificar os adeptos pela  iniciação”, confirmando-os na   doutrina do fundador. 
Aos 16 anos, em 1772, Mozart compõe uma ária sobre as palavras de um hino ritual,    O heiliges Band. No ano seguinte (1773), é escolhido por Gebler, como    já vimos, depois da defecção de dois músicos maçons, um dos quais   Gluck,  para escrever a música de cena do drama maçônico “Thamos”, de   que já  fizemos notar a analogia de assunto com a Flauta, e que ele   remaneja em  1779. 
Quando   viaja a Paris, em 1778, leva no bolso uma recomendação de  von   Gemmingen para os maçons da capital francesa, especialmente para os    membros da Loja Olímpica cujos concertos estão ligados aos do Concerto    Spirituel, dirigido por Lê Gros, o qual é membro da Loja Saint Jean    d’Écosse du Contrat Social. Von Gemmingen o espera na volta, em    Mannheim, para propor-lhe a Semíramis de que já falamos. Van Swieten e    von Sonnenfelds são seus companheiros, bem antes que ele fique sabendo    das altas funções que desempenham na maçonaria vienense. E a lista    continua… 
Como se vê, a iniciação de Mozart 
não foi um gesto teatral, mas o termo 
de     uma evolução lentamente preparada, 
a mesma que ele procurará retratar simbolicamente 
no primeiro ato da “Flauta mágica”.
     A   14 de dezembro de 1784, ele dá o passo decisivo.  Apresentado no 5 de   dezembro à Loja À Benfeitora (zur Wohltätigkeit)  cujo Venerável não é   outro senão seu libretista de “Semíramis”, Otto von  Gemmingen, é aí   iniciado no grau de aprendiz, e atravessa, com uma     convicção de que é testemunha toda a sua obra posterior, as provas rituais que aparecem de maneira estilizada ao longo do segundo ato de sua ópera.
Esse fervor maçônico    é confirmado por um avanço rápido, porém não excepcional para a  época:   menos de um mês depois da sua entrada, a 7 de janeiro de 1785, é    iniciado no grau de companheiro, e três meses depois, no de mestre  (22   de abril).
Detalhe   importante se nos lembrarmos do que foi dito  sobre as relações entre   Mozart e von Born: é na Loja presidida por esse  último, Zur wahren   Eintracht, e não na de Mozart, que ocorreu a  iniciação do músico no   grau de companheiro. Com efeito, dez dias depois  de sua primeira   iniciação, a 24 de dezembro de 1784, Mozart fazia uma  visita oficial à   Loja de von Born, apoiando-se num pedido da Benfeitora,  e tendo em   vista sua admissão no segundo grau; a iniciação foi  celebrada a 7 de   janeiro de 1785. 
É   neste momento, observemos, que  Mozart compõe o seu famoso quarteto   chamado de “As Dissonâncias”, cuja  introdução desconcertou tantos   músicos, e que anuncia com fidelidade a  da futura abertura da Flauta   mágica. E é ainda nessa Loja que, duas  semanas mais tarde, será votada a   24 de janeiro a admissão de Haydn,  fixada para 28 de janeiro.
     A 28 de janeiro, Haydn é aceito e sua iniciação anunciada, mas Mozart está presente, como estava no dia 14 e como estará quando Haydn for efetivamente iniciado a 11 de fevereiro.
     TERCEIRO TRECHO |              |       
CAPÍTULO 11 — EXEGESE DE CINCO ACORDES      (páginas 81 a 88)
     Dissemos,   no início, como se mostrava curiosamente  deficiente a enorme   bibliografia mozartiana no que se refere à exegese  da Flauta mágica.   Até a publicação da primeira edição deste livro em  1968, só conhecíamos   nesse terreno uma única monografia francesa, a de  Maurice Kufferath  em  1914-1919. Ela contém indicações preciosas — em  particular quanto à   confrontação da partitura com o “Oberon” de  Wranitzky — mas não podia   ter, naquela época, a ambição de resolver os  problemas de explicação   propriamente dita. E as que vieram depois não  conseguiram avançar a   questão. 
Entre   todas as obras que podemos ler em  diferentes línguas, e elas são   numerosas, só encontramos duas que  buscaram uma explicação da Flauta no   sentido aqui desenvolvido: os dois  Mozart de Paul Nettl e de J. e B.   Massin. A exegese desses autores  representava um progresso  considerável  sobre todas as precedentes. Isso  não quer dizer que  apresente um  resultado definitivo. Nettl continua  preso à concepção do  libreto em  dois tempos; os Massin não superam a  antiga noção segundo a  qual a  Rainha da Noite é, algo sumariamente, a  encarnação do Espírito  do Mal. 
Eles   também falam de uma “reviravolta” no  meio da peça. Anteriormente   atribuída à mudança de plano ocorrida ao  longo da redação, ela seria,   dizem eles, uma ilusão     subjetiva: os fatos seriam apresentados ao   público não como são na  realidade, mas tal como Tamino os vê. Ainda não   iniciado, ele acredita  inicialmente nas mentiras da Rainha.
Idéia  engenhosa, mas um pouco  anacrônica, e sem dúvida mais próxima de   Pirandello e do cinema de Alan  Resnais que de um teatro de subúrbio   vienense do século XVIII.
Seria   assim necessário renunciar à compreensão?  Também cheguei a acreditar   nisso, quando, alguns anos atrás, o acaso das  minhas pesquisas me fez   descobrir, sobre um problema análogo, uma  solução inesperada.   Tratava-se então do Quarteto de cordas K. 465,  chamado “das   Dissonâncias”. Tive ocasião de demonstrar que as  singularidades   harmônicas da sua introdução, até então inexplicadas,  correspondiam a   uma tradição bem estabelecida de descrição da  obscuridade e do caos,   que remonta pelo menos aos “Elements” de  Jean-Ferry Rebel (1737), que   fala longamente sobre isso no seu próprio  comentário. 
Essa   tradução prossegue em obras como “Israel no Egito” de  Haendel (1739);   reaparece, depois de Mozart, na introdução da “Criação”  de Haydn. 
O   adágio introdutório do quarteto “das Dissonâncias” não podia  ser, na   ótica da época, senão uma imagem de obscuridade caótica, e esta  se   opunha violentamente à pintura contrária da ordem e da clareza que    explode logo depois no Allegro    “Ordo ab chao”, como diz uma das mais importantes expressões maçônicas. 
Ora,  esse Quarteto tinha sido dedicado a Joseph Haydn dois meses antes   que  este fosse conduzido à porta do templo “pela mão da amizade” de W.   A.  Mozart, e Mozart devia, nesse momento, falar-lhe     freqüentemente  de  um tal projeto. Era uma das primeiras obras  escritas por Mozart   depois de sua iniciação em dezembro de 1784, e na  própria ocasião em   que ele era recebido como companheiro. 
Era, por  conseguinte, uma das que deveriam trazer mais fortemente a marca da  impressão produzida por este acontecimento[3].    No decurso desta cerimônia, como ninguém ignora, introduz-se o    postulante, de olhos vendados, depois, bruscamente, essa venda é    arrancada, e ele se vê ofuscado por luzes brilhantes. Estas simbolizam a    brusca iluminação do Conhecimento, sucedendo sem transição à noite da    ignorância. Tudo parecia indicar uma evocação análoga no Quarteto,  que   aparecia assim, e por outros pontos, como uma obra  indiscutivelmente   maçônica[4].
Lembrando-me   desse trabalho já antigo, fiquei abalado  pela semelhança que oferecia  o  plano de abertura da Flauta com o início  das “Dissonâncias”.  Tornou-se  indiscutível para mim que o adágio tinha  uma significação  análoga à do  Quarteto, do qual apresentava as mesmas  características.  Ele devia  então, como o outro, traduzir a obscuridade e  a ignorância,  para  opô-las, em seguida, às sólidas arquiteturas da fuga  subseqüente.  Mas a  que correspondia essa obscuridade?
Era   evidente que, para ter resposta a essa pergunta,  os acordes do início   deveriam ter uma importância primordial, e os  comentadores não  deixavam  de sublinhar esse aspecto. Todos, sem exceção,  que eu  conheço,  expandiam-se sobre esses “três acordes”. Paul Nettl,  que em  outras  ocasiões é excepcionalmente perspicaz, chegava ao detalhe  de  dizer que  eles representavam um obstáculo ao grau de Aprendiz, o qual   “consiste  na pancada de três golpes, sobre um ritmo anapéstico… os três    ascendentes (indicando) a força crescentes dos três golpes”.    Anapéstico? No meio da abertura, sim, mas no início, onde está o    anapesto? 
E, além disso, por que essa descrição da obscuridade comandada  por pancadas de iniciação? A contradição era flagrante.
Desde   o início me pareceu evidente que a chave do  problema residia   precisamente nessa contradição. Regular no meio da  fuga, onde ela   assume, segundo a notação maçônica tradicional[5],    a forma rítmica oo-o, oo-o, oo-o, isto é, os 3x3 golpes anapésticos  da   descrição de Nettl, esta pretendida “bateria de três golpes” não   existe  no início do adágio, onde ela comporta exatamente três grupos,   mas não  absolutamente os “três acordes” da descrição habitual.   Trata-se, além  disso, de três grupos irregulares, já que o primeiro   abrange apenas um  acorde atacado sem anacruse[6].
Eu   tinha considerado diversas hipóteses, sem que  nenhuma me satisfizesse   plenamente, quando me veio uma revelação  singular: a da dificuldade   aparentemente insuperável de poder contar até  cinco. Pois afinal, esses   acordes em evidência, tão importantes para a  compreensão da obra, não   são nem 3x3, nem 2x2, como no “Thamos”, nem 3x3  como no meio da fuga.   Eles são cinco, apresentados num ritmo regular de  longas e breves   alternadas, L-BL-BL, ou, segundo a notação maçônica,  o-oo-oo.
A   força de sugestão das idéias recebidas é tal que eu  levara longos   meses para perceber isso e, bem depois da minha obra, a  tese dos “três   acordes” ainda encontrou defensores obstinados que não  recuam para   defendê-la diante dos argumentos mais extravagantes.
Ora,   como se pode ver  pelo fac-símile da página seguinte, o número cinco   tem um sentido bem  preciso. Opõe-se, no simbolismo adotado pela   maçonaria, ao número 3 do  princípio masculino, e designa assim o seu   contrário, o princípio  feminino[7].
Essa significação do Cinco    exigiria um estudo aprofundado que aqui só podemos esboçar. Na    aritmologia tradicional, onde o Três é efetivamente o número masculino    por excelência, o número feminino não é Cinco e sim Dois. Cinco é a    reunião do Três masculino e do Dois feminino, isto é, o casal. Mas, como    escreve Matila Ghika, o penta ou característica do Cinco é também o    Gamos, número de Afrodite, enquanto deusa da união fecundante, do amor    gerador, o arquétipo abstrato da geração.
Cinco   seria então feminino pelo  princípio gerador, mas no Casal, o feminino   isolado pertencendo aos  Dois. É possível que da noção do Cinco,   feminino fecundado, se tenha  passado por derivação à do Cinco, feminino   iniciado.
     Se não é o Número feminino a não ser no aspecto mencionado acima, o Cinco tem também outras acepções. 
É   ele especialmente que motiva a estrela de cinco pontas, tão        freqüentemente destacada na iconografia maçônica, “o eterno  pentagrama   pitagórico”, mediterrâneo que, transformado em “estrela  flamejante” já   presente nas atas das últimas Lojas operativas inglesas  do século  XVII,  assume o lugar de honra na maior parte dos documentos  maçônicos   propriamente ditos do século XVIII, e fulgura sobre o trono do  Mestre   da Loja ou do altar, tendo sempre em seu centro o enigmático G…  assim como no centro da composição simbólica que forma o frontispício  da edição original do libreto da Flauta. 
O pentagrama 
é também a  estilização geométrica 
das proporções harmoniosas do corpo humano. 
Quanto   ao Cinco, nós o encontramos também em alguns graus da maçonaria    masculina, mas sempre nos graus que, por seu simbolismo, evocam a    presença de um elemento feminino. Este, muitas vezes sob a dominante    lunar, é o necessário complemento do princípio solar masculino. 
É   por  essa razão que o Casal Perfeito Tamino-Pamina, passará lado a  lado  pelas  duas provas do Fogo (símbolo masculino) e da Água (símbolo   feminino),  enquanto no casal imperfeito, Papageno recusará a Água, e   Papagena não  enfrentará o Fogo. Ísis é invocada no mesmo plano que   Osíris pelos  iniciados de Sarastro.
Seja   como for, os rituais do século XVIII e do século  XIX são formais:   Cinco é a marcação feminina por excelência,  substituindo a marcação por   Três sempre que os iniciados masculinos a  tiverem empregado.
Nas assinaturas maçônicas,
 os cinco  pontos femininos estão colocados em quincunce,
 assim como os três pontos  masculinos 
estão colocados em triângulo[8].
     Restaria   saber, a partir de fontes maçônicas antigas  qual era o ritmo  “oficial”  da marcação quinária, e a esse respeito  ficamos infelizmente  na  incerteza, pois o seu uso hoje está abolido, e  os documentos que   podemos consultar não oferecem nenhuma precisão a esse  respeito. 
Não   é proibido pensar que esse ritmo devia ser aquele  fornecido por   Mozart, e que os maçons registrariam como o-oo-oo. Eles  seriam então   diferentes dos “pequenos golpes iguais” que vemos às vezes  mencionados   em algumas circunstâncias particulares, e que nos fornecem o  ritmo    
  da flautinha de Papageno e de algumas situações análogas.
A   mesma diversidade de ritmo encontra-se igualmente  na marcação  ternária  do meio da abertura e da música de cena do Conselho  dos  Iniciados no  segundo ato. Em ambas, ela mostra um ritmo oo-o,  repetido  por três  vezes, o que, aliás, é apenas aproximativo, pois,  formado de  três  notas, ele é de fato repetido três vezes, enquanto em  outras   circunstâncias numerosas serão enfatizados “três acordes” sem  ritmo   particular ou pelo menos com ritmo igualmente simples.
Vemos   aqui a inépcia do pobre Lachnit dos “Mistérios  de Ísis”: acreditando   numa negligência de Mozart na disparidade das duas  marcações no início  e  no centro, ele “corrigiu” friamente a segunda,  ligando as duas  mínimas  de modo a obter três golpes duplos regulares  oo-oo-oo    [9]!
O   ritmo ternário simples oo-o é em princípio o da  marcação para o grau   de aprendiz, e ele se transforma, se é triplicado,  na marcação para o   grau de mestre. É assim normal que ele seja  triplicado no Conselho dos   Iniciados[10].    Esse ritmo é adotado para a maior parte das obediências, mas não para    todas: assim é que o ritmo escocês o utiliza como Cinco mencionado    acima, por golpes iguais. 
A música de Mozart
nos oferece a confirmação  do rito 
com que trabalha sua Loja[11]. 
Quando,   três anos depois da Flauta, Schikaneder encomenda uma  “continuação” a   Winter, este retornará para O labirinto ou O combate com  os Elementos  o  mesmo ritmo utilizado por Mozart.
A   marcação quinária do início não é, assim, a inútil  repetição da que,   um pouco mais longe, ressoa no centro da fuga. Ela  define a ordem   feminina descrita pelo adágio introdutório, assim como a  segunda,   ternária, define a ordem masculina descrita pela fuga. A  primeira é   descrita, através de elementos     freqüentemente empregados com essa   finalidade, como o reino da  obscuridade e do caos (o “Reino da Noite”). 
A segunda, 
como sendo o da  ordem e trabalho construtivo. 
Estamos justamente no estágio 
da inscrição  desdenhosa: 
“Cosi fan tutte”.
     A   interpretação que oferecemos aqui seria ilusória?  Foi o que alguns   escreveram, e nós responderemos em apêndice a estas  objeções. Mozart,   entretanto, oferece uma confirmação séria para nossa  exegese que,   talvez, mesmo assinalando-a, tivéssemos valorizado  insuficientemente em   nossa primeira edição. 
É   que, pelo menos por quatro  vezes, encontramos essa marcação na   partitura, e ela se encontra ali em  momentos decisivos ligados à   exegese proposta, desempenhando um papel  de um verdadeiro leitmotiv. 
Inicialmente   no primeiro ato, quando Pamina  comparece pela primeira vez diante de   Sarastro:Herr! Ich bin zwar  Verbrecherin (página 197); depois no   segundo, na conclusão vingativa da  Rainha da Noite: Hõrt! Der Mutter   Schwur (cf. página 218); na penúltima  cena, quando a Rainha e seus   acólitos são fulminados:Zerschmettert,  zernichtet ist unsere Macht!   (cf. página 251) e finalmente (páginas  252-3) para enquadrar as   palavras de Sarastro: Die Strahlen der Sonne  vertreiben die Nacht.
Quatro coincidências sobre  O quatro.
Isso significa  alguma coisa…
     É   preciso observar que a marcação masculina na fuga,  assim como a sua   reaparição no segundo ato, está orquestrada de maneira  especial: é a   instrumentação de sopros própria às “colunas de harmonia”,  isto é, aos   conjuntos instrumentais que participam das cerimônias das  Lojas[12],  enquanto a marcação feminina inicial está orquestrada sem caráter  particular, em tutti de orquestra normal. 
Quem  quisesse levar a fundo a  exegese
poderia deduzir que a ordem feminina  do número 5 
não chega ao  conhecimento iniciático reservado
aos adeptos  do número 3.
Vimos    anteriormente com que reticência as Lojas masculinas tinham aceito a    presença das Lojas de Adoção. Por detalhes deste gênero — e existem    muitos na partitura — pode muito bem ser que Mozart nos tenha oferecido,    à sua maneira, a opinião que tinha sobre a questão, mesmo se esse  tipo   de observação deve ser apresentado com uma legítima prudência.
Mas   ao mesmo tempo, desenha-se um contraste bem  nítido entre os primeiros   compassos da ópera e os últimos, aqueles que,  retomando o mesmo tom  (o  mi bemol iniciático), diante de Tamino e  Pamina, revestidos de  enfeites  sacerdotais, revelarão a glorificação do  “Mistério do Casal”  pelo  acesso da mulher à mesma luz que beneficia seu  esposo, enquanto  que  mergulha nas trevas o reino da sua ignorância  original.
E a partir daí, 
conduzidos pelo próprio Mozart,
podemos abordar o estudo da sua última obra 
com espírito renovado.
     QUARTO TRECHO |       
SINAIS COMPLEMENTARES EM DIVERSOS TRECHOS
(páginas 94 e 95)
Maçonaria de Hiram = Maçonaria “tradicional” masculina — SARASTRO
     Ordem dos Mopses = Maçonaria “de adoção” feminina — RAINHA DA NOITE
     Assim   nós temos Sarastro-Rainha = Sol-Lua. Na  cosmogonia hermética, o homem   vive dominado pela alternância desses dois  planetas, as “duas   luminárias” do Quadro de Aprendizado Maçônico, que  são, na Natureza, as   mais próximas dele, e as únicas visíveis numa  escala supra-estelar. 
Esse   universo, por sua vez, é formado dos Quatro  Elementos, eles mesmos   agrupados pela tradição, segundo o ensinamento de  Empédocles confirmado   por Aristóteles, em duas duplas complementares:  Fogo e Água de um  lado[13],    Ar e Terra do outro. Como se pode ver pelo nosso quadro, o Fogo e a    Água, aparentados respectivamente ao Sol e à Lua, designam também o    Homem e a Mulher. 
Eles serão
evidentemente Tamino e Pamina. 
Sobra a  outra dupla, Ar e Terra. 
É   fácil ver que são as suas características  específicas que determinam   os aspectos aparentemente singulares dos dois  outros personagens   principais: Papageno e Monostatos.
Vejamos   o primeiro: caçador de pássaros habitante dos  ares, vestindo sua   plumagem a tal ponto que Tamino o confunde com um  deles, tocador de uma   pequena flauta (instrumento de sopro), leve e  inconseqüente como  essas  aves, Papageno possui todas as características  do reino do Ar. 

Ele   encontrará a sua antítese simétrica em Monostatos,  negro símbolo da   obscuridade tônica, guia da Rainha e de suas Damas  através dos   subterrâneos que lhe são familiares, obstinado em querer  colocar em   todo mundo os grilhões forjados no antro subterrâneo de algum  Vulcão[14].
Conclusão:   Papageno e Monostatos são o Ar e a Terra; Tamino e Pamina,  o Fogo e a   Água. Acima deles, com todos os seus adereços, Sarastro e a  Rainha da   Noite representam o Sol e a Lua: a cosmogonia tradicional está  assim   representada com fidelidade.
Pode-se   resumir tudo isto no quadro ao lado, que  situa bem o   inter-relacionamento dos personagens ao longo da ação  (Note-se que, no   início da peça, Papageno e Monostatos estão invertidos  neste quadro:   Papageno serve à Rainha da Noite, e Monostatos a  Sarastro):
A   ação tem como conseqüência precisa dar a cada um a  sua verdadeira   atribuição: Papageno, ligado a Tamino, será iniciado por  Sarastro, e   Monostatos retornará ao território da Rainha da Noite. Assim  serão   restabelecidas as afinidades dos Elementos que eles representam, e    estará compensada a desordem a ser abolida pela Idade de Ouro. O mesmo    acontece, aliás, num grau menor, em relação a Tamino:
Lembremo-nos de  sua admiração,
no início do primeiro ato, pela Rainha 
“recoberta de  estrelas”.
Independente de sua significação elementar,
os  personagens da Flauta estão, além disso, 
encarregados de diversas  missões simbólicas.
         RESUMO DAS PROVAS (página 265)
Este quadro (resumo do capítulo 16) esclarece a perfeita ordem das provas:
     | TAMINO | PAMINA  |       PAPAGENO  |       PAPAGENA  |      |||
DESFALECIMENTO INICIAL  |       Desfalece diante da serpente  |       Desfalece diante de Monostatos  |       Desfalece ao sair do Gabinete de Reflexão  |       Os sacerdotes fazem com que desapareça  |      ||
SILÊNCIO  |       Impõe silêncio a Papageno e recusa-se a falar com     as três damas  |       Recusa todo diálogo com Monostatos  |       O cadeado castiga sua tagarelice  |       Convida Papageno a uma conversa vazia  |      ||
PEDIDO DE ADMISSÃO  |       Corre diante dos três templos  |       Decide enfrentar Sarastro  |       Diz que não está pedindo nada  |       Não faz nenhum pedido  |      ||
TERRA  |       O Gabinete de Reflexão. Recusa-se a acreditar nas     três damas  |       O leito de rosas. Recusa-se a acreditar no que a     Rainha diz de Sarastro  |       O jarro de vinho e o glockenspiel  |       Entra batendo na terra com seu bastão  |      ||
AR  |       Prefere a flauta a um bom almoço  |       Deambula com o punhal na mão, conforme o ritual  |       Sobe a um montículo para enforcar-se  |       Chega na máquina voadora  |      ||
ÁGUA  |       Prova na luz  |       Prova na luz  |       Recusa o copo d'água de Papagena  |       Papageno joga-lhe água no rosto  |      ||
FOGO  |       Prova na luz  |       Prova na luz  |       Foge ante um mundo de chamas  |       Não há prova: não será associada ao Homem     Perfeito  |      ||
| CONCLUSÃO | O Casal Perfeito (iniciado) | O Casal imperfeito e prolífico (não iniciado) |   |      |||
QUINTO TRECHO |              |       
OBJEÇÕES E RESPOSTAS (páginas 266 a 269)
O   assunto deste livro torna inevitável que ele  suscitasse oposições.   Estas foram pouco numerosas, embora violentas. Até  onde sabemos,   limitam-se a três autores, cuja qualidade exige que  examinemos os seus   argumentos.
     Expusemos   no capítulo 2 as diferentes interpretações  propostas para o libreto  da  Flauta Mágica. Na nossa primeira edição  (1968), tínhamos concluído  que  o caráter maçônico da obra já não era  hoje contestado por ninguém.
Essa   contestação, bastante inesperada, foi,  entretanto, numa primeira   instância, insinuada por Norbert Dufourcq  (Journal Musical Français, nº   178, março de 1968), depois, dez anos mais  tarde, transformada em   contradição sistemática da nossa obra numa  emissão radiofônica de Rémy   Stricker. 
Esta foi, por sua vez,  desenvolvida, quase nos mesmos termos, por Jean-Victor Hocquard no livro  citado em nota[15], depois incluída, em 1980, no “Mozart e Suas Obras”, do próprio Stricker[16].
Pode-se   perguntar se esses autores leram o livro que  atacam. É assim que, na   página 313, o senhor Stricker faz ironia a nosso  respeito a partir do   fato que, entre os autores ou inspiradores do  libreto, “ninguém cita o   próprio Mozart”. Sem dúvida ele não leu o que  escrevemos nas páginas  15  a 30. Na mesma página, falando da influência  do romance “Sethos”  sobre  a Flauta, ele escreve que “de tudo isto não há  a menos prova”.  Essas  provas ocupam seis páginas (294 a 300 na edição  francesa de  1958) no  livro de Dent (que citamos), existindo até mesmo  uma frase de  “Sethos”  copiada palavra a palavra na Flauta. Seria  possível  multiplicar os  exemplos.
Os argumentos de Stricker e Hocquard podem ser reduzidos a três:
     1º -   Mozart não enxerta alusões maçônicas em todos os  seus textos, e não   faltam “Três” ou “Cinco” irredutíveis a uma tal  análise. Isto é   verdade, mas é apenas a repetição do que nós mesmos  dissemos em   diversas ocasiões (por exemplo, nas páginas 141 e 247). O  fato de que   Mozart não espalhe alusões por toda a parte significaria que  elas não   existem em parte alguma?
2º -   São realmente 3 acordes e não 5 no início da  Abertura. O fato de que   esses acordes se distribuam em 3 grupos com 3  longas e 3 harmonias   sucessivas reduz a zero (sic) toda especulação  sobre o número 5. Nesse   contexto, Stricker, que certamente não tomou  conhecimento do  documento,  apresenta um longo raciocínio de tratado  elementar que  provoca em  Hocquard o entusiasmo de uma “clara  demonstração”. Com o  risco de nos  repetirmos, voltaremos a essa questão  logo adiante.
3º - Não   há nenhum sentido a ser descoberto numa ação  tão descosida, já que se   trata de um conto (Märchen) destinado a um  público de subúrbio. Que   esta nossa opinião seria algo sem importância  se não tivéssemos   demonstrado (página 29) que esta também não era a  opinião de Mozart.
De maneira bastante desajeitada[17],   Hocquard, na página 247 do seu livro, quer acreditar que fomos   “subornados por idéias extra-musicais”. É o caso de perguntar se ele não   teria lançado um bumerangue.
Interrompemos   aqui uma discussão que não tem  interesse, lamentando que ela pareça   situar-se num nível que não é digno  de outros trabalhos dos mesmos   autores.
Bem diferente é a campanha dirigida contra nós desde 1984 por Philippe A. Autexier[18],    que até então parecia fazer uma opinião elogiosa de nosso livro. Com    uma única exceção (que discutiremos), seus argumentos limitam-se à    correção de algumas distrações[19],    retificadas nesta edição. Generalizando-as, Autexier deixa entender   que  nosso livro seria repelido por todos os “verdadeiros conaisseurs”, e    numa redação ambígua cita o nº. 32 dos “Mitteilungen” do Mozarteum   como  justificativa para esta afirmação. 
Ora,   este número só contém, na página  128, uma breve resenha do próprio   Autexier, repetindo as mesmas  acusações mais ou menos nos mesmos   termos, e nos censurando por citar o  trabalho de nossos antecessores   quando nós o utilizamos, o que nós  achamos que seria um cumprimento[20].
“Renunciando   a nos citar” a não ser para nos  denegrir, não deixa de conservar   aproximadamente todas as nossas  conclusões, com exceção da   interpretação dada à introdução da Abertura.
Ele  vê ali, como nós, assim como na do quarteto chamado das   Dissonâncias,  uma antítese entre a obscuridade que precede a retirada da   venda na  cerimônia iniciática e a iluminação que corresponde à sua   retirada,  mas segundo ele, esta antítese se referia à passagem do   primeiro grau  (aprendiz) para o segundo (companheiro), e é neste momento   que se  colocaria a retirada da venda; ele oferece como prova uma   alocução de  Blumauer comparando a viagem do Aprendiz sobre um “caminho   acidentado e  repleto de espinhos” ao do Companheiro “sobre um caminho   plano e  florido”.
Não   sendo, como profanos, qualificados nesse terreno,  submetemos a  objeção  a diversos maçons, que se mostraram surpresos.  Todos  confirmaram que o  episódio da venda poderia ter lugar no primeiro  grau  da iniciação.
O  próprio Autexier, na página 13, menciona a retirada  da venda a   propósito da iniciação de Haydn no primeiro grau, o que  elimina no seu   espírito a hipótese de uma singularidade vienense[21].    Aliás, não damos a esse fato a importância que ele lhe atribui: que   ele  se situe num grau ou em outro não muda em nada o valor simbólico do    gesto, o único que está em causa aqui.
Este  valor se mantém em qualquer  das duas interpretações. Mas se a  segunda  é, num sentido estrito,  plausível para o quarteto, ela já não é  tanto  para o início da Flauta,  cujo tema não é a passagem do primeiro  ao  segundo grau, mas a oposição  entre os dois reinos da Noite (a  Rainha) e  do Dia (Sarastro). 
A nossa  exegese
pode ser confirmada pelo menos
cinco vezes na partitura.
     Entre   as três dezenas de flechas despachadas por  nossos contraditores, só   podemos localizar duas ou três observações  pertinentes. Agradecemos aos   autores. Elas tratam todas de detalhes  mínimos, mas quanto aos pontos   importantes, não encontramos nada em suas  observações que  prejudicasse  as conclusões do nosso trabalho.
     O TRÊS E O CINCO
A   insistência com que alguns se dedicam a contar 3  acordes e não 5 no   início da Abertura nos obriga a voltar um pouco a  esta questão,   examinando os argumentos. 
Estabelecendo   como todo mundo  (nós mesmos, na página 86) uma ligação entre os   acordes iniciais e os  que aparecem no meio da Abertura, e reconhecendo   esse parentesco, eles  sublinham que nesses últimos (que são   efetivamente 3, e mesmo 3x3), não  há 3 acordes diferentes no sentido   harmônico do termo, mas um único  repetido 3 vezes. 
A “lógica simples”   reclamada por Stricker (página 313)  deveria levar à conclusão que se   Mozart fala de dreimaliger Akkord para  um conjunto de 3x3 golpes sobre   uma única harmonia, é que ele se  preocupa com o número de golpes e  não  com a sua harmonia, e podemos  maravilhar-nos com as acrobacias   realizadas para chegar à conclusão  contrária. Voltemos então ao   problema.
Semelhantes   na aparência, diferentes nos seus ritmos  respectivos, os dois grupos   de acorde (início e meio da Abertura) foram,  durante muito tempo,   considerados o que achamos que eles são: o que se  costuma chamar de uma   conclamação, e que no costume maçônico, que usa  muito isso, chama-se   uma marcação.
Uma conclamação
não é nunca definida  por uma harmonia,
mas pela organização dos golpes. 
Os   livros maçônicos  chegaram a inventar uma anotação para isso, que não   fala de harmonia e  que só leva em conta o número e o agrupamento  desses  golpes (tratamos  disso na página 83).
Que no enunciado da marcação inicial figurem harmonias diferentes, isto é evidente[22] e não seriam necessárias longas explicações para arrombar esta porta aberta.
Assim,   ou esta série de acordes, como o acorde  tríplice central, evoca uma   conclamação ou não a evoca. Se não evoca,  nem o número de golpes nem o   de harmonias tem importância, e não se vê  por que os meus   interlocutores insistem de tal maneira em contar os  “três golpes”. Se   fosse preciso, como eles garantem, examinar as  harmonias, não somente   não seria mais uma marcação, como o dreimalige  Akkord não seria mais       dreimalige e sim einmalige. 
Se,   em vez disso, é preciso contar os  golpes como é normal para uma   marcação, o que aconteceria se  acrescentássemos 1 mais 2 mais 2 ao   total de 3?
É preciso ignorar as  anacruses, responde Hocquard: as  anacruses,  segundo ele, não têm nenhuma  importância, pois Mozart tem o  hábito de  começar as suas aberturas  sobre o tempo forte (página 247).
Esta   última observação é verdadeira, mas por que, se  ele raciocinasse   assim, Mozart teria respeitado as anacruses quando ele  cita claramente a   marcação ternária do dreimalige Akkord?
Mozart, garante Stricker,
“nunca se preocupou, ao contrário de Bach, 
com o simbolismo dos números”
(página 315).
     Eis   uma afirmação ligeira. Por que então a orquestra,  quando Sarastro   proclama Die Stunde schägt, faria soar, como o faz, os  12 golpes do   meio-dia ritual?
     Fez-se   objeção, finalmente, à anomalia que seria a  presença de três Damas e   não de cinco, e o fato de que, se o cinco é um  sinal de iniciação   feminina imperfeita, esta não deixa de ser uma  iniciação, o que   contradiria a maldição que ela suscita. Comentamos este  aspecto na   página 102. 
Observe-se,   além disso, que cada vez que elas  participam de um conjunto, as três   Damas adicionam 2 outros personagens  para formar um quinteto: Tamino e   Papageno no primeiro ato, a Rainha e  Monostatos no segundo. A única   exceção está no trio inicial.  Coincidência? Talvez, mas existem muitas…
     Outro   fato que, ao que saibamos, nunca foi  assinalado: esta mesma marcação   de 5 golpes aparece pelo menos 5 vezes  na ópera, e a cada vez, isto   corresponde a uma passagem especialmente  importante para o papel e para   o destino das mulheres.
Depois da  Abertura, onde ela anuncia a introdução lenta e tortuosa que conhecemos:
     
Nós a ouvimos no primeiro ato, quando Pamina se encontra pela primeira vez na presença de Sarastro:
     
Depois 3 vezes no segundo ato: primeiro no final da Ária da Rainha, quando esta impõe à sua filha a ordem de matar Sarastro:
     
Em   seguida, quando a Rainha, ladeada por Monostatos e  pelas Três Damas  (o  que faz o quinteto), vê-se engolida pelo subsolo do  Templo  (“destruído  está o nosso poder”):
     
O que Sarastro confirma, celebrando a vitória do Sol sobre a Noite:
     
A   convergência desses exemplos é muito forte para que  se possa falar em   simples coincidência. Observe-se também que, se o  ritmo é constante[23], não existe uniformidade de harmonia, o que confirma que não é ela que está em causa.
Nisto   tudo pareceria que estamos diante de um desses  casos de auto-sugestão   coletiva, fazendo com que um erro, à força de ser  repetido, termine  por  fazer parecer errônea toda evidência que lhe é  contrária.  Conhecemos a  experiência dos nove comparsas enquadrando uma  inocente  “cobaia”. 
Pede-se sucessivamente a cada uma das nove pessoas  que diga qual é a mais curta numa série de linhas desenhadas no quadro. 
Todas,  com segurança, apontam uma delas, que não é visivelmente a mais    curte. A experiência mostra que quando chega a vez do décimo, que não    faz parte do “arranjo”, só uma percentagem ínfima de cobaias ousará    mostrar como mais curta a que o é com toda evidência. A maioria repetirá    o que ouviu nove vezes anteriormente, e em muitos casos, terminará  por   acreditar sinceramente nisto.
Assim com os “três” acordes da Flauta Mágica, 
como talvez em muitas outras coisas, 
e infelizmente, não só em música…
     CONCLUSÃO |       
FINALMENTE… A ANÁLISE!
Parece   até trabalho de preguiçoso, mas essa análise é  tão e somente composta   pelas conclusões simples e diretas que pude  tirar após a leitura  destas  páginas. Admito que não consegui ler todo o  livro,  principalmente por  ter sentido um profundo mal estar ao conhecer   coisas que nada me dizem  respeito, estando em oposição direta a tudo   aquilo que creio e  encontra-se gravado na palavra do único e verdadeiro   Deus, pai de Jesus  Cristo.
Até   poderia ter prosseguido na leitura, mas  aí seria mera curiosidade   humana e perderia o propósito para o qual Deus  tem me dirigido:   descobrir como o povo de Deus tem se deixado atingir e  infiltrar.   Prosseguir na leitura não iria me fundamentar mais do que  estas páginas   já haviam feito.
     Tive provas suficientes para afirmar que:
UM SERVO LEAL 
DO SENHOR JESUS CRISTO
NÃO PODE SER MAÇOM!
 (???)
     Como   alguém que diz servir ao Senhor dos senhores  pode participar de uma   organização onde a Bíblia é colocada em pé de  igualdade ao Corão, aos   Vedas e a outras “escrituras sagradas”? Será que  esse suposto “cristão”   nunca leu     I Coríntios 10:21? Não tem ele conhecimento de     II Coríntios 6:14-18?!
Não   pretendo aqui nem entrar nas questões de  “juramentos secretos”,   “justiça humanitária” e nem “tradição dos  homens”… recomendo apenas a   leitura de     Marcos 7:7-9, 13;     Mateus 5:34-37; Mateus 19:17;     Atos 4:12; Romanos 3:23;     I Coríntios 5:11-13… 
esses   são alguns  textos bíblicos aplicáveis aos temas citados. Mas o mais   engraçado que  nessa busca pela “verdadeira luz” esses cristãos   desnorteados esquecem  de     João 8:12 e passam a seguir a luz de     II Coríntios 11:14…
Gostei   bastante desse último trecho, onde o autor  afirma categoricamente que   esse tipo de mensagem não está oculta apenas  na música, mas em muitas   outras coisas… isso é lenha para a fogueira da  “teoria da conspiração   satânica”, que vem sendo planejada desde a queda  de Lúcifer e muitos   fazem questão de não querer acreditar, inclusive  alguns cristãos!
Será  que um estudioso das coisas do mundo consegue ver  mais do que  aqueles  que deveriam estudar a Bíblia? Parece que o senhor  Jacques  Chailley  conseguiu…( ?????)
         SIMBOLOGIA
Quer   dizer que existem (ou existiram…) mulheres  dentro da maçonaria? Será   que alguém percebeu a referência sobre a  assinatura destas mulheres  ser  em “quincunce”? Eu fiquei querendo saber o  que seria isso e fiz  uma  pesquisa no Google sobre esse termo: encontrei  a imagem ao lado… 
Será que isso não lembra uma letra a vocês?
 Seria mera coincidência “juntar os pontos” e marcar um X?
     E   o fato desses mesmos cinco pontos serem  numericamente análogos ao   pentagrama, símbolo máximo da conjuração  satânica… é só mais uma   coincidência?  E formas utilizadas para embutir esta complicada   simbologia nas músicas  então? 
Desde   aquela época já se ocultava nas músicas mensagens  diferentes do   pretexto inicial… não seriam estas também chamadas  “mensagens   subliminares”?
     E as pessoas nas igrejas 
andam acreditando nas afirmações
desses falsos profetas,de que todos os ritmos
e músicas vêm de Deus!
     Admito   que essa está sendo uma das análises mais  curtas já colocadas aqui,   mas ao mesmo tempo não tenho muito a  acrescentar… só sei que, depois   dessa leitura, eu nunca mais vou  conseguir ouvir músicas clássicas na   inocência que um dia tive.
Vejam:   também estou chocado com estas revelações e  não gosto nem de pensar  no  que farei com meus discos de Mozart, Haydn e,  talvez, Beethoven…  mas  essa é uma típica questão cuja resposta não é  muito agradável:
O HOMEM TEM DE SE ENQUADRAR
AOS PRECEITOS BÍBLICOS 
E     NUNCA O CONTRÁRIO!
A    Bíblia é a única e verdadeira palavra de Deus e eu não posso   distorcê-la  para dar vazão à realização de meus desejos carnais ou   minha satisfação  pessoal…
     Por   outro lado, definitivamente não vou morrer por  causa desses     CDs… a   importância deles vai até o ponto em que eu permitir que vá!  Eles não   são e nunca serão maiores que o meu Deus! Logo, se eles prestam    homenagens a uma organização secreta que adora a outros deuses, para    mim eles deixaram de prestar e, mesmo que os mantenha, não conseguirei    mais ouvi-los com o antigo prazer inocente e original…
“Tende cuidado,
para que ninguém vos faça presa sua,
por meio de filosofias e vãs sutilezas, 
segundo a tradição dos homens,  segundo os rudimentos 
do mundo, e não segundo Cristo.”
(Colossenses 2:8)
“Não desprezeis as profecias. 
Examinai tudo. Retende o bem. 
Abstende-vos de toda a aparência do mal.” 
(I Tessalonicenses 5:20-22)
“… MAS UMA COISA FAÇO, 
E É QUE, ESQUECENDO-ME DAS  COISAS
QUE ATRÁS FICAM, E AVANÇANDO PARA AS 
QUE ESTÃO DIANTE DE MIM,  PROSSIGO PARA O ALVO,
PELO PRÊMIO DA SOBERANA VOCAÇÃO DE DEUS EM CRISTO  JESUS.”     (FILIPENSES 3:13B-14)
Teóphilo Noturno
| Notas | 
[3] Segundo   Ph. Autexier (Les  aeuvres témoins de Mozart, página 52): “o aprendiz   não vê a luz do  conhecimento por ocasião da sua iniciação, mas somente   no 2º grau  (companheiro)”. Todos os maçons consultados a esse  respeito  mostram-se  surpresos com a afirmação. Além disso, a  composição do  Quarteto, e com  maior razão da Flauta, não é anterior a  esta segunda  iniciação, o que  faz com que, para a compreensão musical,  o resultado  seja o mesmo (ef.  P. 267-8)
[4]   Lembremos que o nosso  estudo sobre esse tema (Diss.) concluía   igualmente em favor do caráter  maçônico do Quarteto nº. 7 de Beethoven.   Mais tarde, eu descobriria  possibilidades semelhantes na “Viagem de   Inverno” de Schubert (ef. P.  68). Nenhum documento de arquivo permite   afirmar que Beethoven ou  Schubert tenham sido maçons (ou talvez membros   de uma associação  paralela), mas estava-se então em pleha   Hochmitternacht, e os arquivos,  por prudência, costumavam ser mais que   discretos. Além disso, as idéias  maçônicas podiam circular fora das   dependências imediatas da Grande Loja  da Áustria, e isso é o que elas   faziam.
[5] Esta notação indica as batidas por O; os hífens separam entre eles os grupos de batidas vizinhas.
[6]   Esses acordes, em Mozart,  não aparecem só aqui. Nós os encontramos,   por exemplo (sobre uma única  harmonia) no início da ária “Vado, ma   dove?” (K.583), e, além disso, em  mi bemol maior. Não é certo que eles   possuam uma significação  particular: trata-se de um desarranjo amoroso   no meio de uma comédia  bufa extraída de Goldoni; e a ária é   contemporânea de Cosi fan tutte. A  dedicatária, Mlle. Villeneuve,   preparava-se para criar o papel de  Dorabella. Haveria aí uma alusão   escondida?
[7] “Na   Maçonaria de Adoção,  isto é, feminina, o número 5 substituía o nº.  3.”  Allec Mellor,  Dictionnaire de l
[8]   Esse hábito, entretanto,  não é muito antigo. No século XVIII, os três   ou cinco pontos eram muitas  vezes colocados em linha em seguida do   nome, ou algumas vezes chegavam a  substituí-lo.
[9]   Sem o saber,  provavelmente, Lachnith redescobria o ritmo que o  próprio  Mozart já  introduzira no início da sinfonia terminal do 1º ato  de  “Thamos”.  Mozart, então, não era iniciado; pode-se supor que ele  só  conhecia as  marcações rituais em segunda mão, o suficiente para   utilizá-las, muito  pouco para reproduzi-las corretamente.
Encontra-se   igualmente esta marcação, nas  cordas, no início do “Carmen Seculare”,   de Phildor (1779), mas as  madeiras a enunciam sem anacruse, enquanto  os  metais assinalam o número  3, como o próprio Mozart o fará por  diversas  vezes. O “Carmen Seculare” é  muito provavelmente uma obra  maçônica,  como assinalou Roger Cotte. Sua  primeira audição teve lugar  em três  “noites” seguidas, a 26, 27 e 28 de  fevereiro de 1779, na  Grande Loja  de Londres (Freemasons Hall), para a  qual foi  provavelmente composto.
Na lista de subscritores, impressa no  início  da obra, figura, nos diz  R. Cotte, uma importante maioria de  maçons, e  o texto, incomum para a  época, é formado, em que pese o título   enganador, de uma seleção de  versos de Horácio escolhidos tendo em   vista a possibilidade de  interpretação maçônica. 
O  “Carmen” propriamente  dito não é senão a  parte final da obra (4ª  parte, p.133; os precedentes  comportam: no  prólogo, p.23, a 1ª estrofe  da Ode II, 1; na 1ª parte, p.  26, as  estrofes 8-11 da ode IV, 6; na  2ª parte, p. 37, as estrofes 1-7  da  mesma ode; na 3ª parte, p.100, a  Ode I, 21).
[10] Entretanto,   desde o  primeiro grau emprega-se a batida tríplice em algumas  ocasiões  como  sinal de alegria. J. Palou cita como exemplo uma canção  maçônica  do  Primeiro Império que não era exclusividade dos Mestres:  Buvons donc,  mês  frères, buvons / Par trois fois em vrais Maçons.
[12]   Nas Lojas francesas, a  composição usual das Colunas de harmonia era o   sexteto de sopros: 2  oboés, 2 fagotes, duas trompas. Em Viena, ela   parece ter sido menos  rígida, mas sempre composta de sopros. Um   instrumento especial, o basset  horn (espécie de clarinete alto),   desempenha uma função específica  (Mozart o introduz em diversas cenas   iniciáticas da Flauta).
     Não   somente muitas obras maçônicas são  escritas para instrumentos de   sopro, mas ainda esta sonoridade especial é  empregada muitas vezes   pelos músicos iniciados a título de alusão ou de  homenagem recôndita. 
Quando eu estudava regência com Pierre Monteux,  ele me fez observar um   dia (sem ter em mente, ao que parece, qualquer  aproximação desse   gênero) que todas as sinfonias de Beethoven continham  em seu   desenvolvimento pelo menos um episódio para sopros solistas.
[13] Contrariamente   às  aparências, o Fogo e a Água são considerados não como   incompatíveis, mas  como complementares: sem o fogo, a água seria gelo. 
[14]   Correntes ou cordas  significam tudo que prende o postulante ao mundo   profano que ele está  deixando. Em alguns ritos, o postulante é   introduzido carregado de  correntes que depois são retiradas. Acontece   assim especialmente na  iniciação feminina. 
[17] Lembre-se aqui, mais uma vez (cf. página 20), que o autor deste livro não pertence à maçonaria. 
[19]   Distrações sem  gravidade de que ninguém está isento, nem mesmo o  nosso  crítico. Porque  na página 21 ele traduz 1/2 7 Uhr (6 horas 1/2)  por 7  horas 1/2; ou, na  página 41, ele conta 8 dias entre o 17 de  novembro e o  15 de dezembro;  ou ainda, na página 24, se ele copia uma  terça muito  alta sem perceber a  parte inferior de uma linha inteira,  deveríamos  deduzir daí que todos  os seus trabalhos devem ser  recusados? 
[20] No   nosso “Prècis de  musicologie” (ed. 1984, página 29) evocávamos “uma   regra de honestidade  moral, a saber, que não somente toda descoberta ou   todo resultado de  pesquisas, ou ainda toda idéia ainda não  considerada  de domínio público e  que, no conhecimento do autor, não é  exposta pela  primeira vez, deve  ser acompanhada, na sua apresentação,  da menção de  quem a enunciou  anteriormente”. O valor dos trabalhos de  Autexieur não  seria diminuído  se ele respeitasse essa regra (cf.  página 21n). 
[21]   Numa canção  destinada ao fechamento dos trabalhos num atelier de   mestres, canção que  Autexier cita na página 37 atribuindo (sem dúvida   com razão) a música a  Mozart, a 4ª. Estrofe evoca essa retirada da   venda como aplicando-se  também aos mestres. O que indica sem dúvida uma   significação global  independente do grau que está em causa. 
[22] Ainda   que fosse  possível contestá-lo, já que a 3ª harmonia é apenas a   inversão da  primeira: pode-se assim dizer que são apenas duas.
[23] Que ele se apóie nos exemplos 3 e 5 sobre o tempo inicial da voz e não sobre a orquestra não muda em nada a sua percepção.    
Pablo Picasso
Li



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