Bach - Cantata 140 (1731) Chorus Wachet auf,ruft uns die...28m
- Perspectiva da Psicologia Humanista-Existencial
Tommy Akira Goto e Vanderlei Gianastacio
No
âmbito da Psicologia Humanista-Existencial existem diferentes enfoques
descritivos do psicológico, não por serem contraditórios, mas por essa
abordagem permitir uma abertura na interpretação da vivência
psicológica. O fundamento básico desta abordagem é sustentado pela
descrição do vivido no contexto do ser, isto é, a descrição da vivência
dentro de seus diversos modos-de-ser. Desta forma, a psicologia
humanista vê-se fortemente entrelaçada com a ontologia, pois seria
impossível falar do homem sem localizar sua existência no mundo.
Este
artigo tem como finalidade destacar fundamentalmente a posição da
psicologia humanista existencial ou fenomenológica em relação à
experiência religiosa. Em seguida, considerar outra descrição da
experiência religiosa, mesmo que antagônica à fenomenologia e mostrar
como podemos estabelecer correlações entre elas.
De
modo geral, podemos resumir alguns postulados norteadores ou
características ontológicas da análise do existir humano. São eles:
1) "toda pessoa é centrada em si mesma, e um ataque a este centro é um ataque à sua própria existência" [1] ;
2) "toda pessoa existente tem o caráter de auto-afirmação, a necessidade de preservar sua centralidade" [2] ;
3)
"todas as pessoas existentes têm a necessidade e a possibilidade de
sair de sua centralidade para participar de outros seres" [3] ;
4) "o lado subjetivo da centralidade é a percepção" [4] .
Essas
primeiras quatro características pertencem ao ser vivo em geral, isto
é, estão no modo de ser vivo. Entretanto ainda há outras
características que vão definir ainda mais o modo-de-ser homem e sua
distinção dos demais seres. "A forma exclusivamente humana de percepção é
a auto-consciência", isto é, "a capacidade de conhecer-me como pessoa
que está sendo ameaçada, a minha experiência própria como pessoa que
possui um mundo"
[5]
. E por fim, "a ansiedade. A ansiedade é o estado do ser humano na
luta contra o que poderá destruir seu ser. É na frase de Tillich, o
estado de um ser em conflito com o não-ser"
[6] .
Mas
onde está a manifestação da experiência religiosa? Se nos atermos a
estas descrições do existir humano não encontraremos diretamente a
experiência religiosa, porém ela vai se configurar como sentido e
significado atuando dentro das estruturas existenciais.
A
primeira colocação, no contexto ontológico, é que o homem vive a
partir de uma centralidade e esta só pode acontecer se houver um sentido
para a vida. A existência humana necessita de significações com o
mundo e com outros existentes, mas esta centralidade está
constantemente ameaçada pelo estado de não estar centrado. Podemos
retomar Tillich, então, dizendo que o ser do homem está sempre em
conflito com o não–ser.
O
homem é em sua existência um ser finito, porém seus projetos se
entrelaçam no caminho da infinidade e é neste estado que se manifesta o
conflito de sua ansiedade existencial perante todo significado do
vivido. A finitude passa a ser "o terror de perder sua vida".
A consciência da finitude
faz surgir a ansiedade e a angústia ontológica:
"ser finito é estar ameaçado."
As
condições existenciais (principalmente a da finitude) possibilitam a
abertura para a revelação e a pergunta sobre Deus. O ser-humano entra
em relação direta com a religião e passa a experienciar o seu
religioso.
"O choque existencial do não-ser implica
a pergunta pelo fundamento do Ser.
A ontologia desemboca no mistério do ser." [7]
Tillich complementa:
"só os que experimentam o choque
da transitoriedade, a ansiedade na qual se tornam
conscientes de sua finitude, e a ameaça do não ser,
podem entender o que significa a palavra Deus" [8] .
Surge
a necessidade de "curar" esta angústia ontológica. Assim, para
responder a esta indagação existencial o homem encontra a religião, pois
só nela temos a afirmação fundamental para o sentido da vida.
Ao
entrar na experiência religiosa o homem ressurge apoiando-se na força
da esperança, transformando sua covardia de viver pela coragem de ser
(que segundo Tillich, "é a auto-afirmação do ser a despeito do fato do
não-ser" ).
"Os laços rígidos de seu egoísmo são rompidos
pelo sabor da gratificação que o desprendimento traz.
A alegria brota e inunda sua dor.
E o amor entra na vida do homem
para aniquilar sua solidão. (...)
Tal é a transformação da neurose
na saúde da personalidade e, paralelamente,
é isso que significa viver a religião" [9] .
Na
sua radicalidade o homem possui um apelo ao transcendental, ao Divino,
pois é aí que busca a solução existencial de sua vida humana.
Nesta
transcendência é que o homem pode sentir sua experiência religiosa,
que passa a ser a vivência fundante do homem, porque é ela que realiza o
diálogo do homem com o mundo e principalmente com o significado último
das coisas e do homem em relação ao sagrado.
A experiência religiosa
segue de encontro direto com as principais questões
existenciais do homem e neste sentido podemos dizer
que a experiência religiosa faz parte
da experiência originária.
A
vivência do homem no mundo ocorre sempre de forma fragmentada, por
isso, tende sempre à totalidade do ser, tanto em seus projetos como em
suas realizações. A superação dessa experiência de finitude existencial
vem com a experiência religiosa, fazendo o homem abrir-se para a
infinidade de seu ser, e é neste momento que aparece a vivência
religiosa, isto é, o surgimento do sagrado.
Nossa investigação do transcendente,
do divino na vivência da pessoa e na descrição do religioso não se
esgota por aqui, porque o religioso tem a possibilidade de se manifestar
de muitas maneiras. Outra analise do estado religioso surge na
Logoterapia, criada pelo psiquiatra austríaco Viktor Frankl.
A logoterapia afirma que a realidade,
vista como um todo, inclui a dimensão
sobre – humana onde reside o sentido último
da existência.
Para
Freud, a religião era classificada na categoria das neuroses da
humanidade. Já para Jung, a religiosidade do homem não é um sintoma de
neurose, mas possível meio de cura, por já estar fundada na natureza da
Psique. Abraham Maslow pensava ser anormal a pessoa que não se
interessasse por questões religiosas. Victor Frankl (fundador da
Logoterapia) entendia a religião como a busca do homem por um
significado, a manifestação do anseio por um sentido último. Em resposta
à pergunta: qual o sentido da vida humana? Albert Einstein disse que a
devida resposta a esta pergunta é ser religioso.
O
homem sempre teve conhecimento de uma dimensão inacessível à sua
natureza. Por mais que qualquer ser humano possa ter uma experiência,
uma visão direta, somente os profetas, místicos e os artistas
experimentaram visões desta intensidade e clareza extraordinárias.
As grandes religiões têm sua origem
geralmente na experiência de seu fundador,
que, ao longo dos anos, é transmitida aos seguidores
por meio de um conjunto de regras.
Joseph
B. Fabry lembra que a logoterapia distingue no homem três dimensões: a
biológica, a psicológica e a noológica (ou propriamente humana). A
logoterapia trabalha com a dimensão supra – humana que não pode ser
penetrada, cujos limites não podem ser tocados. Esta dimensão foi
definida como o "sentido último" ou "supra – significado".
A
compreensão que Frankl tem da dimensão suprema, é comparada com o
animal, ou seja, da mesma forma que a dimensão sobre – humana, que é a
dimensão mais universal e é infinitamente superior ao homem, compreende
todas as coisas e o ser humano, assim também o homem, que é um animal
infinitamente superior ao animal.
Assim como o animal não pode compreender
o mundo do homem da sua dimensão animal,
o homem também não consegue compreender
a dimensão sobre – humana e as finalidades
que a regem na sua dimensão de homem.
Por
mais que este conceito de homem ofereça uma explicação racional, ele
precisa de algo mais que o argumento intelectual: precisa de uma
experiência real da transcendência, que segundo Maslow pode ser
experimentada por qualquer pessoa. É esta experiência que se tornou
objeto de investigação psicológica, iniciada por Abraham Maslow, um dos
pioneiros nesta área.
Além disso, esta experiência pode ser
de tal intensidade, que traz ao homem
uma vivência de êxtase, onde se abre o seu sentido
para o cosmos, ou então, a compreensão da existência
e participar do todo, levando até mesmo a unir pessoas.
A
consciência (vivência) religiosa do ser humano, pode despertá-lo para
sentimentos de culpa, angústia, como também para a plenitude,
satisfação e felicidade. A descoberta de Maslow é que estas experiências
que provocam sensações de felicidade não necessariamente precisam ser
em locais sagrados.
A
compreensão da dimensão sobre – humana, pode trazer ao indivíduo uma
segurança de que existe uma ordem no universo. É dentro desta ordem ou
realidade, que cada indivíduo deve descobrir qual é o seu papel.
Se o indivíduo não tiver experimentado
esta realidade, ou seja, não tenha se integrado nela,
ele estará exposto a sofrer uma neurose.
Esta
busca pelo seu papel na realidade é uma convicção profunda e por mais
inconsciente que ela seja, permeia o lado religioso ortodoxo, liberal
ou o cientista agnóstico. O cientista também, porque até a própria
ciência parte de um pressuposto de que o universo integra um todo
coerente.
Mais
uma vez o autor faz uma comparação para ilustrar a existência e a
realidade sobre – humana. Ele diz que da mesma forma que a realidade
sempre existiu, ou seja, a água composta de hidrogênio e oxigênio, a
terra girar em torno do sol, o homem só passou a ter uma compreensão
disso após a descoberta. Mas isso não quer dizer que antes da descoberta
esta realidade era diferente.
Assim
também a realidade sobre – humana, existe mesmo que haja homens que
creiam ou não nela. Pelas mudanças radicais que o homem teve da
compreensão do mundo físico e religioso, torna-se cada vez mais difícil
abrir os olhos para a realidade transcendente
à nossa dimensão, podendo provocar um sentimento de vazio, angústia,
etc. A logoterapia apresenta a religião como um dos meios pelos quais a
humanidade consegue encontrar sentido. Como diz Frankl,
"a logoterapia limita-se a afirmar o seguinte:
o homem está buscando, mas jamais consegue
determinar se o que busca é um deus
que ele mesmo inventou, um deus que descobriu,
um deus que nunca poderá encontrar,
ou simplesmente se busca si mesmo".
As
pesquisas cientificas não podem ir além da dimensão humana. Obras de
caráter científico afirmam que perguntar pela origem da matéria não é
fazer uma pergunta científica, sua presença tem que ser admitida. O
astrônomo George Gamov observou: "houve um momento no tempo no qual algo
se criou do nada, ou este momento da criação jamais ocorreu porque
este "algo" (ainda que fosse apenas em forma de energia) sempre
existiu" [10]
. Assim também é o tempo. A história é uma sucessão de fatos que
acontecem no tempo. Mas o tempo é anterior ao nosso nascimento, à
criação da terra e por mais que tudo isso termine um dia, o tempo
continua. A eternidade existe, em outra dimensão, além da nossa
compreensão, mas existe. Isto nos diz que o sentido, a verdade e o
infinito estão além da dimensão humana e por mais que caminhemos em
direção à dimensão sobre – humana, continuamos em nossa condição humana.
J.B. Fabry coloca que até mesmo as leis morais que não podem ser
experimentadas por completo aqui, podem existir em uma dimensão
diferente.
Considerando
que o sentido último (logos), reside na dimensão divina, o Evangelho
de João (1,1) afirma que "No princípio era o Verbo, o Verbo estava com
Deus e o Verbo era Deus" [11]
. Frankl traduz o termo "logos" por "sentido". Neste caso, Jo. 1,1
ficaria assim "No princípio era o sentido, o sentido estava com Deus e o
sentido era Deus" [12]
. Frankl diz que "ao caminharmos pelas veredas da existência, nos
movemos sempre em direção a um ponto de fuga, sem que jamais possamos
alcançá-lo". Com esta tradução do "logos" em Jo. 1,1, o verdadeiro
sentido da vida ou o sentido último sempre existiu. Frankl também
emprega o mesmo conceito do ponto de fuga para explicar a relação entre
os sentidos no nível humano e o sentido último na dimensão sobre –
humana, esta é a meta inatingível pela qual nos sentimos atraídos e
chamados.
J.B.
Fabry afirma que no mundo bíblico, e aqui eu consertaria, no mundo de
uma religiosidade cristã, mas não do verdadeiro cristianismo, pois as
palavras de Jesus foram "conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará" (Jo. 8,32), Deus foi considerado como um pai, logo como um
Deus pessoal. A Ele se prestava conta de todas as coisas, como também,
tudo que acontecia estava no controle dele. Algumas pessoas permanecem
nesta tradição religiosa, trazendo-lhes segurança, já outras, questionam
esta autoridade e descobrem que para se libertar deste "Pai", não se
deve fugir Dele e sim conhecê-Lo. O homem religioso diz "que Deus ajuda
quem se ajuda". Já o ateu diz que "a nossa consciência pode vigiar-nos
para nos tornar responsáveis, logo, a responsabilidade pessoal pode
substituir o Deus pessoal. Enquanto o homem religioso diz que quem quer
ser salvo deve responder a Deus e o ateu diz, que se homem para ter
moral deve responder à sua consciência, a logoterapia diz que se o homem
deseja ser saudável, deve responder, seja a um Deus pessoal ou à
consciência pessoal, isso cabe a ele decidir" [13] .
A
vida perde seu sentido quando negamos ou reprimimos nossa relação com o
sentido último. A base da religião, seja Deus ou o sentido último, não
pode desintegrar-se, diminuir ou desaparecer. Esta base não está
abaixo de nós e nem acima de nós, mas sim, somos nós que fazemos partes
dela como células temporais que integrassem um corpo. O importante para
o homem hoje, é viver diante de uma constante incerteza e encontrar
sentido e conteúdo em sua existência individual.
Segundo
Frankl "a religião é a consciência que o homem tem da existência de
uma dimensão sobre-humana e sua fé básica no sentido último que reside
nessa dimensão" [14]
. Mas para a consciência desta existência é necessário que haja uma
prova, neste caso, uma experiência. Frankl trabalha com o fenômeno do
amor, pois assim Descartes disse "Penso, logo existo", assim também o
amor: "Amo (a Deus), logo Ele existe" diz Frankl [15]
.
É lógico que esta afirmação da existência de Deus, não será bem aceita por aqueles que não estão predispostos às experiências religiosas. Frankl ainda afirma que "através de pegadas petrificadas você pode deduzir que os dinossauros existiram, mas através das coisas naturais, você não pode deduzir que as sobrenaturais existam. Deus não é um fóssil. Deus existe em uma dimensão diferente, ou, Ele próprio seja o sistema coordenado. Quando queremos respostas imediatas de Deus para provar a existência de Deus, é reduzir Deus ao ser humano. Frankl chama isso de "pensamento mágico" [16] . Sobre este assunto ele compara: "Se estamos a bordo de um navio e desejamos a profundidade do mar, emitimos uma onda sonora para que esta se reflita. Quando escutamos o eco, sabemos que provém do fundo do mar. Deus é, contudo, profundidade infinita". Quando Ele não nos responde, Ele não está morto, está em silêncio.
É lógico que esta afirmação da existência de Deus, não será bem aceita por aqueles que não estão predispostos às experiências religiosas. Frankl ainda afirma que "através de pegadas petrificadas você pode deduzir que os dinossauros existiram, mas através das coisas naturais, você não pode deduzir que as sobrenaturais existam. Deus não é um fóssil. Deus existe em uma dimensão diferente, ou, Ele próprio seja o sistema coordenado. Quando queremos respostas imediatas de Deus para provar a existência de Deus, é reduzir Deus ao ser humano. Frankl chama isso de "pensamento mágico" [16] . Sobre este assunto ele compara: "Se estamos a bordo de um navio e desejamos a profundidade do mar, emitimos uma onda sonora para que esta se reflita. Quando escutamos o eco, sabemos que provém do fundo do mar. Deus é, contudo, profundidade infinita". Quando Ele não nos responde, Ele não está morto, está em silêncio.
Comparando a religião com a linguagem, J.B. Fabry diz que a
"religião é tão universal
como a linguagem humana,
e tão pessoal como sua forma de falar"
[17] .
Ele
acredita que o sentimento de uma religião universal vai se
fragmentando à medida que as pessoas crescem em determinada tradição
religiosa. Já Frankl, acredita que uma pessoa não consegue a autêntica
fé permanecendo à margem de todas as seitas religiosas, mas que cada um
de nós deve descobrir sua própria linguagem de se comunicar com Deus
numa determinada tradição religiosa.
Seguindo
a proposta inicial, a Psicologia Humanista-Existencial não pára em sua
leitura do modo-de-ser do homem, pois o compreende como aparecer de
muitas maneiras. Assim, temos a psicologia de Emilio Romero [18] que na sua análise da experiência e da existência humana, coloca a religião como uma das dimensões do existir humano.
A
proposta de Romero é de sistematizar, integrar, reformular os
conceitos fundamentais, geralmente oriundos da filosofia, para que se
tornem aplicáveis e vigentes no campo da psicologia. As ferramentas para
isso seriam: conceitos, métodos, postulados e princípios bem
formulados. Romero ainda entende que alguns colegas não aceitam uma
doutrina geral, ou macroteoria, ainda mais se for de cunho existencial.
Para eles, o existencialismo é o tipo da filosofia que tem uma
compreensão da condição humana sem pressupostos metafísicos. Mas Romero,
pretende partir para uma psicologia centralizada na noção de
experiência, e logo, uma filosofia existencial pode oferecer os
alicerces antropológicos mais seguros. Ele quer mostrar como enfatizar
as grandes áreas ou dimensões da existência que caracterizam o plano
humano.
O
objetivo da proposta é de oferecer um modelo teórico para compreender
os fenômenos existenciais e psicológicos, situando-os num mapa geral
que permita captar suas relações, articulações, movimentos e sentidos.
Aqui, entendemos o quanto Emílio Romero quer ampliar a visão de sua
pesquisa, não se limitando só ao existencialismo, mas também
reconhecendo os sentidos das criações culturais (os mitos, as artes, as
religiões).
Por mais que seja um esboço preliminar de uma concepção geral, esta visão em conjunto permite estabelecer os postulados [19]
básicos e os princípios que cada um deles exige, e por isso
trabalha-se com um referencial obrigatório de todos nós, o cotidiano.
Assim
como se caracteriza o espaço por suas três dimensões básicas
(comprimento, altura e largura), a vida humana pode ser caracterizada
por oito dimensões. Estas dimensões se entrecruzam, se influenciam entre
si, de modo que fica difícil discriminar num determinado fenômeno qual
delas é predominante, pois todas elas estão presentes em um fenômeno
qualquer. Romero acredita que as oito dimensões da vida humana sejam
suficientes para apresentar a realidade humana em toda a sua
complexidade, pois nesta concepção, algumas funções são importantes,
pois estão presentes em todas as dimensões.
São elas: a imaginação, a linguagem e o simbólico.
Estas funções são conhecidas como psicológicas, que se expressam
influenciadas, padronizadas e condicionadas pela experiência, a qual
Romero considera função global da pessoa, que articula e sustenta na
direção e configuração de todas as dimensões.
As
noções chaves que singularizam a abordagem psicológica do autor, se
articulam partindo de uma concepção do homem, de cunho existencial – em
sentido amplo, não restrita a um determinado pensador – seguindo um
mapeamento da existência em termos de dimensões (planos ou âmbitos),
tornando em seguida como via formadora do sujeito a sua experiência, que
se estrutura e se organiza em formas de vivências, constituindo assim
diversas modalidades.
As vivências formam a trama
e a estrutura do sujeito.
Enquanto tal, o sujeito se caracteriza por organização e padronização relativamente estáveis, porém abertas e mutáveis.
As dimensões da vida humana, segundo Romero, são:
- o homem como ser-no-mundo;
- o social e interpessoal;
- corporalidade;
- da práxis;
- motivacional;
- afetividade;
- temporal;
- espacial;
e a valorativa.
Interessa
aqui trazer a dimensão que tem relação direta com a experiência
religiosa, apesar de ter sempre a compreensão de que todas as dimensões
fazem parte em relação com a experiência. Esta dimensão é a
valorativa, nas quais estão os valores e o sentido da vida humana.
Nossa
conduta é regida em grande medida por normas sociais, que impõem a
forma de agir numa série de situações de interação grupal e bipessoal.
Há uma estreita relação entre normas de caráter social e valores. É
possível captar uma vigência da norma coletiva, mas em relação às
realidades últimas, como por exemplo: Deus, o infinito, consciência, a
causalidade, a existência, etc., São apreensíveis de maneira intuitiva,
sem o rigor conceitual que impõe a análise reflexiva.
Romero trabalha com três teses sobre aspectos discutíveis desta dimensão da existência [20] . São elas:
Os
valores são criação humana, são os sinais que o homem inscreve na
superfície das coisas como um modo de hierarquizar e "avaliar" seu campo
vital. Embora todos os valores levem o selo humano, tendem a adquirir
uma certa autonomia com respeito a seu Criador, determinando por se
impor em formas de normas e ditames sociais. Esta é a chamada
objetividade dos valores.
O valor é o fator inerente à estimativa,
que fazemos quando preferimos ou escolhemos, ou simplesmente quando
julgamos o bem possível de certas realidades, objetos, seres e conduta.
A conduta é adequada ou não ao seu fim. A conduta que permite a
obtenção da finalidade proposta, está para além do bem e do mal. Todo
comportamento pode implicar um juízo ético.
Quando agimos
segundo determinados princípios
que orientam nosso comportamento,
regulando e estabelecendo sua validade,
estamos agindo em termos éticos.
Quando
esses princípios são universais são as expressões concretas do valor.
Quando são regionais, adquirem a feição de normas.
Segundo Romero, é este conjunto de normas e valores que nos faz classificar os objetos ou relações.
Os valores estão em nós,
não nos objetos.
Não
há atividade humana que não seja regulada por algum tipo de norma. As
normas religiosas mandam e impõem certa conduta para os fiéis tanto nos
recintos eclesiásticos como na vida pública e privada.
O
valor é o fator inerente à estimativa que fazemos quando preferimos ou
escolhemos, ou simplesmente quando julgamos objetos, seres e condutas.
A escolha revela a escala de valores que a pessoa sustenta; as
prioridades de sua forma de hierarquizar os objetos e as relações.
O
autor postula dois princípios que regem a manutenção dos valores: a
manutenção hierarquicamente mais alta e a manutenção de valores
hierarquicamente mais altos. A pessoa orienta sua vida segundo
determinados valores que dão sentido à sua existência. É o valor que
estabelece o sentido e o grau de transcendência que os objetos, os seres
e os comportamentos, têm para uma pessoa. Quanto maior é a exigência
que impõe a manutenção de um valor, maior é sua hierarquia.
Desta
forma, o autor defende que os valores se objetivam em atos e
comportamentos, em objetos e obras. Quando se afirma que há valores mais
transcendentes que outros,
afirma-se que determinadas realidades, refletidas em comportamentos e
obras, possuem um grau de perdurabilidade e de influência no todo da
vida pessoal e social maior que outras.
Trabalhando
sobre os conceitos de Eduardo Spranger, Romero não apresenta primeiro
quais são os argumentos de Spranger para depois discordar. Simplesmente
ele aborda o assunto, como se o leitor de sua obra já tivesse lido
Spranger. Parece que Spranger defende a idéia de comportamentos com
base no amor. Isso não é aceito por Romero visto que atualmente as
pessoas agem mais orientadas por simpatias. Contudo não descarta a
tipologia de Spranger e passa a descrever fenomenologicamente cada tipo
valorativo na dinâmica do existir humano.
O
Homem Teórico: Romero afirma que para este indivíduo, o valor
prioritário e predominante é o conhecimento. Trata-se do conhecimento
objetivo, universal e racional. O homem teórico é um intelectualista: só
uma paixão deve continuar viva nele, a paixão pelo conhecimento. Em
sua índole espiritual mais pura, só conhece um padecer: o padecer com o
problema, com a questão que reclama explicação, consistência e
teorização.
Depois
de mencionar este homem teórico em vários campos, o autor trabalha no
âmbito religioso, onde este tipo de indivíduo cognitivo é adverso a
qualquer forma de misticismo e contra os aspectos puramente
sentimentais da religião.
O
Homem Econômico ou Pragmático: Para este indivíduo o valor supremo que
orienta sua vida e o princípio de utilidade é a sua atitude
predominante e o practicismo. Romero o denominaria de tipo pragmático,
pois o pragmatismo não se interessa pelo conhecimento puro. Novamente
trabalhando com várias áreas, o autor afirma que em matéria de religião o
economicista deve mostrar um interesse formal e instrumental pelo
sagrado. Romero lembra Spranger afirmando que o utilitarista concebe
Deus como um ser poderoso, como senhor de toda a riqueza, como o
dispensador de todas as dádivas úteis. Esses indivíduos sabem que a
religião oficial santifica o poder vigente e justifica a ordem
dominante.
O
Homem Estético: Romero afirma que este corresponde à figura do
artista., em todas as áreas da criação. Em algum grau, até o mais sábio
dos homens mostra um mínimo de sensibilidade às formas. O homem
estético encontra nas diversas manifestações da arte um apelo do ser
para o sentido supremo de sua existência. É muito difícil determinar a
essência do estético. Estesia em grego significa sensação. Estético,
seria, em sua origem, aquilo que estimula a sensorialidade e, por esta
via, a sensibilidade. A estética também já foi definida como a teoria
do belo.
O
indivíduo que tem uma postura estética perante a vida, tem uma postura
contemplativa descobrindo a íntima unidade do ser e da existência, da
vida e do cosmos, do espírito e da natureza. Esta atitude torna-se numa
espécie de fé, de vivência religiosa e harmônica do todo. No indivíduo
contemplativo há algo de religioso, de tranqüila devoção por todas as
manifestações da criação humana e natural.
O
Homem Social: o psicólogo discorda de Spranger, pois este afirma que o
que motiva o tipo social é o amor ao próximo. Para Romero, isto é
apenas um ideal de vida, pois existe uma vasta gama de motivações que
levam os indivíduos a preocupar-se e interessar-se pelo próximo. Por
isso, o autor acredita que no homem ético é que se dá um ideal de
retidão que rege a sua vida de relação interpessoal e isso é o que mais
se aproxima do amor ao próximo que Spranger mencionou.
No
Sermão da Montanha, Jesus coloca o homem justo como paradigma do homem
ético, pois nele está a fome e sede de justiça porque percebe e vive o
seu não cumprimento no reino dos homens, e inclusive nele mesmo.
Contudo, Romero acredita que amor, mesmo entre os cristãos, se dá
somente em um pequeno círculo de seres mais próximos (pais, amigos,
parentes, etc.), pois um amor ao próximo sem distinções como ensina
Jesus, é pouco comum. Em vez de amor, o autor prefere simpatia. Ele
acredita que a simpatia pelo próximo é a motivação básica pelo homem
sociável. Acredito que o autor não se define muito bem, pois não
apresenta definições de amor. Já a simpatia, ele acredita ser olhar o
próximo com benevolência, com boa vontade, colocando-se no lugar da
outra pessoa para assim compreendê-la melhor.
O
HOMEM RELIGIOSO: Para Romero é possível haver a prática de um culto
religioso sem haver a fé religiosa. A fé, para ele, é o principal
ingrediente do espírito religioso. Os fariseus, na época de Jesus,
apresentavam um culto com ritos que fazem parte dos aspectos
institucionais e sociais de uma religião, mas eram dissociados do estilo
de vida religiosa. As pessoas que procuram esta prática, geralmente
utilizam as crenças para seu benefício material, fingindo uma suposta
espiritualidade.
Fé,
fidelidade e confiança, são manifestações de um mesmo fundo comum. O
autor afirma que a fé não é uma atitude que se manifesta somente
perante o divino, mas há também a fé como atitude existencial básica,
havendo em ambos os casos, uma fidelidade a princípios reitores que
orientam e sustentam a vida da pessoa com plena confiança na verdade
destes princípios.
Assim
sendo, no sentido existencial, a fé torna o indivíduo voltado a
princípios reitores e confiantes na verdade de sua posição, capaz de
enfrentar a adversidade que sua condição humana lhe possa gerar. Já a
religiosa ou religiosidade, que não é muito diferente, religa o homem
religioso com um princípio supremo que rege e que dá sentido a tudo que
existe. Com este princípio, o homem religioso quer que sua vida
cotidiana esteja em consonância com esta ordem cósmica, refletindo-a até
mesmo em sua ética.
Por outro lado, o indivíduo pode ser muito devoto aos ritos, mas sem uma prática cotidiana da virtude, continuará sendo apenas um iludido ou um farisaico, conforme Romero. O religioso atribui a sua vida a uma direta ligação com a divindade, pautando sua conduta de acordo com os preceitos que ele julga sagrado. A infração ou descuido destes preceitos gera o sentimento de culpa. Destarte, para Romero, o homem religioso não precisa freqüentar uma igreja ou estar inscrito numa congregação de crentes.
Por outro lado, o indivíduo pode ser muito devoto aos ritos, mas sem uma prática cotidiana da virtude, continuará sendo apenas um iludido ou um farisaico, conforme Romero. O religioso atribui a sua vida a uma direta ligação com a divindade, pautando sua conduta de acordo com os preceitos que ele julga sagrado. A infração ou descuido destes preceitos gera o sentimento de culpa. Destarte, para Romero, o homem religioso não precisa freqüentar uma igreja ou estar inscrito numa congregação de crentes.
Neste
ponto, entendo que Romero esquece que só numa comunidade, seja qual
for a religião, com uma mesma fé e doutrina, é possível haver um
aprimoramento destas práticas. Pois o código criado ou seguido por
aquela comunidade, só tem sentido e apoio na comunidade. Fora dela, este
código é entendido por algumas pessoas, por outras em partes e por
outras não é entendido. Não ser entendido, ou ser entendido por algumas
pessoas, também acontece dentro da comunidade, mas numa escala menor.
Romero procura apresentar uma definição de sagrado que para ele é um conceito chave no mundo religioso.
"Sagrado é todo o objeto,
ato (cerimônia, rito, prece) e intenção
que se relacione com o divino" [21] .
O
Homem do poder: o político, que segundo o autor, entende que de todos
os tipos humanos, o homem de poder é o que mais nos inspira sentimentos
contraditórios. Ele apresenta dois tipos de poderes:
1)
aquele em que o poder é outorgado pelos liderados, sendo que estes
reconhecem a necessidade de alguém para orientá-los em suas vidas.
Geralmente isto se dá no aspecto religioso e
2)
o poder por imposição, sendo através de uma ditadura ou através de
discursos e manobras na lei para legitimar seu poder. A este último, o
autor denomina de temporal.
O
que não se sabe de um indivíduo político é sobre os seus limites. Até
onde ele considera o próximo e não o utiliza para atingir seus
objetivos? Pois para um homem ético e de conhecimento, a verdade norteia
a sua vida.
A afirmação de Jesus
"eu sou o caminho, a verdade e a vida" [22] ,
representa para Romero três fatores,
que se conjugam num só no homem ético.
Há
a possibilidade também do cognitivo do indivíduo atingir um nível
superior a de seus companheiros, a ponto de exigir deste maior
subserviência, podendo ser até castrador. Fatos semelhantes a estes
acontecem na história da religião, quando na época da Inquisição
massacrava-se o herege em nome da pureza da fé. Neste caso, o elemento
de poder está antes do elemento religioso.
A
psicologia Humanista-existencial não se restringe apenas em suas
descrições, mas também, analisa e considera outras que existem, mesmo
diferenciando-se do corpo teórico. Podemos citar como exemplo neste
texto a consideração dialógica entre a psicologia humanista e a Psicologia analítica de Carl G.Jung.
O
nosso intuito neste sentido, não é expor o diálogo destas ciências,
mas mostrar como a experiência transcendental pode a partir da
fenomenologia alcançar o diálogo inter-religioso, mesmo no aspecto
teórico. Esta questão de primeiro momento parece-nos impossível de
realizar, por termos modelos epistemológicos diferente e convergentes,
contudo isso não impede que haja uma interdependência entre tais
concepções.
A
Psicologia Analítica (Psicologia Profunda) tem seus postulados nas
concepções filosóficas do Idealismo alemão (Kant, Schelling,
Schopenhauer), entendendo o homem possuidor de uma essência (essência
humana) que são as características fundamentais que o tornam humano.
Esta essência se encontra dada no homem como um a priori.
Na psicologia de Jung,
temos o inconsciente como este a priori
que guarda toda herança humanitária (arquétipos)
trazendo os conteúdos essenciais
da possibilidade da vivência humana.
Desta
maneira, o homem se configura possuidor de uma psique fundada na
natureza humana e determinado por certas predisposições.
Essa psicologia possibilita uma teologia
de um Deus imanente, que conduz
todo o desenvolvimento espiritual do ser-humano.
Se
o homem é possuidor de uma natureza e determinado por ela, a partir de
predisposições, a natureza religiosa do homem também terá está
configuração. Jung vê na religiosidade uma função psíquica fundada nas
profundezas da psique e expressa por símbolos religiosos. Nisso
encontramos estruturas essenciais que passam a elaborar a personalidade.
Na
Psicologia Fenomenológica-Existencial, o homem é entendido como
postula a corrente filosófica do Existencialismo. A primazia vai ser
dada à existência humana, sendo a essência um desinteresse por não ser
um a priori humano. O seu principal postulado é que a existência precede
a essência, isto é, é preciso o homem existir, estar no mundo e numa
condição humana, para poder se constituir. E toda a sua análise segue-se
para a descrição destas condições humanas, tais como: tempo, espaço,
finitude, estranhamento, ansiedade, angústia, etc.
O homem está numa condição existencial
e é nesta condição que o religioso aparece,
passando a constituir a vivência dele.
É
pela tomada da sua condição finita que o homem eleva-se acima do mundo
e acima de seu próprio eu. Podemos retomar Karl Jaspers, que diz que
quando deparamos com determinadas situações-limites nossa existência
transcende para o "Absoluto".
O religioso do homem
pode ser entendido como uma condição
que lhe reconduz a um novo sentido
ou a uma nova situação; é pelo estado religioso
que o homem transcende sua existência,
mas
sempre a partir da vivência que o homem experimenta, sem estar
vinculado com estruturas a priori. Assim, a vivência (existência) se
configura como um a priori da constituição dos significados ordenados
pela consciência. Resumindo: é pela vivência que se tem a certeza de um
mundo e de um eu e é pela vivência que meus atos intencionais se
estruturam, ordenando-se e dando sentido e significações ao meu
existir.
O
passo seguinte é validar estas duas concepções que parecem tão
distintas. E tentar dialogar e conciliar estes dois modos de entender o
fenômeno psicológico do religioso. Este diálogo já foi iniciado,
principalmente por Paul Tillich, em alguns de seus escritos sobre a
Psicanálise (como também sobre a chamada Psicanálise Existencial).
Neste
contexto, Tillich coloca duas questões: É possível um essencialismo
religioso puro? E é possível descrever existencialmente a natureza do
homem sem se referir a certo essencialismo ?
A
primeira questão vem dizer se é possível que o homem não necessite da
experiência do mundo para a realização do sagrado em sua vida, pois
como se sabe a essência é algo que é, um objeto atemporal e eterno. Toda
a tradição filosófica tentou defender esta concepção essencialista.
Mas para chegar ao que algo é, necessitamos da experiência do homem no
mundo para podermos descrever a sua essência nos diferentes
modos-de-ser.
Além
disso, para entendermos estes modos-de-ser do homem seria preciso um
conceito que abrangesse todos os homens, pois só assim poderíamos falar
de condições humanas.
O homem ao vir ao mundo
possui condições que o faz ser humano
e esta condição deve se vincular a algo essencial.
Tillich
analisa ambas as concepções e chega a destacar que possuem um
interesse comum: a descrição da natureza do homem. Se pudermos
descrever a natureza essencial do homem, também se podemos descrever as
condições existencias do mesmo.
Para
isso a metodologia mais indicada seria o método de correlação de Paul
Tillich. O método de correlação é a explicação da interdependência
mútua das questões existenciais com a unidade essencial do ser. "A
capacidade do ser humano de fazer perguntas a respeito do infinito ao
qual pertence é sintoma, a um tempo, da unidade essencial e da separação
existencial do homem finito em relação à sua infinitude: sem união não
poderia questionar, sem separação não deveria interrogar". [23]
Este
conceito de correlação se torna então a saída para o diálogo que
estabelecemos desde então, pois há uma dependência mútua das estruturas
essenciais com as existenciais. Assim, por exemplo a noção de Deus, que
é a resposta às perguntas existenciais, estará correlacionada com a
ameaça de não-ser.
A noção de Deus virá
da correlação entre perguntas existenciais
e respostas teológicas, porém estas respostas
teológicas vêm das questões implicadas
na existência humana.
A
questão da correlação se expressa na forma de uma ‘relação
experiencial’ entre o Eu (nós) e o mundo. "A interdependência do eu e do
mundo é estrutura ontológica básica. Ela implica em todas as outras". [24]
Com
isso, devemos permanecer no conflito entre estas duas concepções,
entre a essência e a existência da vivência religiosa, porque ambas têm
suas contribuições e também são interdependentes. Estaríamos sempre
correlacionando a existência com a essência, apesar de suas polaridades, como também fica correlacionada a Imanência com a Transcendência.
A
vida religiosa que é a manifestação da religiosidade tem seus vínculos
com condições humanas de existir, mas também está inscrita no
psiquismo. De um lado é necessário ter estruturas psíquicas para compor a
potencialidade do homem em buscar o Divino e poder penetrar no âmbito
do sagrado. Contudo não podemos descartar que o homem ao vir-ao-mundo,
encontra um mundo pronto e em movimento, sendo isso a abertura para a
sua possibilidade de ser-alguém e de ter uma religiosidade.
"Significa que a experiência imediata
do próprio existir revela algo da natureza
da existência em geral." [25]
Para
finalizar, temos aqui apresentado diferentes concepções que descrevem a
experiência religiosa, com o intuito de primeiro identificar este
fenômeno tão presente em nossos dias e segundo, colocar em questão as
diversas abordagens para que este estudo não se feche definitivamente.
O
diálogo entre estas concepções não se limita a estas considerações,
porque há um movimento dinâmico muito significativo na relação entre
estas duas posturas. Entretanto ainda há entre os estudiosos e
sacerdotes dificuldades de manter um diálogo, justamente por que talvez
ele nunca termine.
Concluímos
esta resumida apresentação de algumas descrições feita pela Psicologia
Fenomenologica-Existencial da dimensão religiosa do humano,
compreendendo – como dito anteriormente – que não devemos limitar-nos
somente a estas.
O homem possui infinitas possibilidades
dentro de seu ser-no-mundo.
Assim,
a vivência religiosa se manifesta de muitas maneiras no existir
humano. De todas as vivências do homem, as existenciais são as que
aparecem no fundamento de ser, que direcionam o projeto de ser humano.
– Professor de Psicologia da Universidade São Marcos,
Doutorando em Psicologia pela PUCCAMP,
Mestre em Ciências da Religião (UMESP) –
Membro-secretário da Sociedade Paul Tillich do Brasil.
– Professor de Teologia Prática da Faculdade
de Teologia Batista de São Paulo,
Mestre em Ciências da Religião e
Graduando em Letras pela UNIFAI
Fonte:
UniversidadeMetodista de SãoPaulo
http://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio03/a-transcendencia-divina-na-vivencia-do-homem-perspectiva-da-psicologia-humanista-existencial
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