Sintra, 1980
É necessário aprender a matar a Morte.
Mário Roso de Luna
Quando
se adentra o Caminho da Verdadeira Iniciação de transformação da
Vida-Energia em Vida-Consciência, e pelo exemplo permanente se
influencia positivamente os semelhantes em Humanidade, cada vez mais,
pela espiritualidade inata, cresce a certeza de que a morte é uma grande
mentira no sentido de fim absoluto de tudo, pois se o fosse a
existência física com os seus multicoloridos de factos, progressos ou
retrocessos, seria a maior das incoerências e o ser vivo algo sem
sentido prático, se não e só o facto de existir porque existe, logo, só
teria lógica o niilismo e a anarquia existencialista produtos de uma
mecânica cega. Mas, até para um espírito pouco atento e sem quaisquer
necessidades metafísicas, é fácil aperceber que a Mecânica Universal não
é cega nem incoerente, pois que manifesta uma Inteligência lógica
regendo a tudo e a todos. Chame-se-lhe Deus, Consciência Cósmica,
Substância Universal, etc., o nome que se queira dar desde que se atenha
ao seu sentido real.
Após
adentrar o Caminho da Verdadeira Iniciação, o estudo e entendimento das
leis ocultas regendo a Mecânica Universal torna-se uma necessidade tão
premente para o Aspirante como a alimentação física, pois que na
realidade está alimentando o seu Ego Superior. Transportando o estudo
dessas leis da Natureza para o plano prático a fim de as experimentar
tangível e sensivelmente em si mesmo, o Aspirante entrega-se de seguida à
prática regular de uma série de exercícios espirituais (oração,
meditação, ritual, etc.), aprovados e reconhecidos pela Tradição
Iniciática para a tónica colegial a que se vincule por simpatia ou
afinidade às suas carências interiores, e assim unindo a teoria com a
prática satisfaz a sua fome de espiritualidade, ao mesmo tempo que abre
caminho através da espessa floresta negra da personalidade até ao âmago
mais profundo e divino de Si mesmo, percorrendo uma verdadeira Via
Cristocêntrica até à união final ao seu Cristo Interno e, a rigor,
afirmar: – Eu e o Pai somos Um!
Dessas
duas necessidades sobressai uma terceira, consequência do seu
refinamento mental e emocional, tendo pelos estudos superiores entendido
que só será inteiramente feliz quando a Humanidade também for:
preocupando-se com a evolução dos seus semelhantes, com as suas venturas
e desventuras, germina nele o ensejo premente de servir.
Mas, servir como?...
De uma maneira genérica, aponto três modalidades: 1.ª) Realizando a verdadeira Caridade
– o Amor incondicional aos seres viventes – através de meios materiais,
sem exageros para que não seja o próprio a ficar descarecido, e saber a
quem caridar, pois que muitos se escondem por detrás de uma pobreza
aparente para ocultar os seus vícios e alimentá-los às custas da boa
vontade alheia. E de maneira que o objecto ofertado vá impregnado das
impressões magnéticas positivas da alegria e desprendimento no acto de
dar, que descarece de ostentação e também de humilhação, tanto para o
que dá como para o que recebe, pois senão a Caridade corrompe-se em
esmolismo constrangedor e pueril.
2.ª)
Se o discípulo possui dificuldades económicas inibindo-o de dar
cumprimento à Caridade objectiva, pois então que a faça como Esperança, isto é, use da palavra consoladora e até, muitas vezes, curadora, semeando esperanças novas no ouvinte. Isto é verboterapia.
Um conselho fraternal dado na hora certa, acaba valendo mais que todo o
ouro do mundo e jamais será esquecido. Alguém está desalentado? Alguém
chora e sofre? Coragem, ânimo, tudo passa – por detrás das nuvens
pesadas de um dia carregado está sempre o Sol, e este não desaparece ao
contrário daquelas. A Abundância Divina nunca deixou um ser vivo por
atender, mesmo que nada pareça ser assim, pois quando os homens nos
fecham a porta, Deus nos abre a janela… Nada está perdido para sempre, e
só resta reconhecer que o sofrimento de hoje é a consequência do que
originámos ontem, por conseguinte, restando-nos aceitar o nosso destino,
não impassíveis de braços cruzados mas sim transformando a noite triste
de hoje no dia alegre de amanhã, fazendo com o futuro se apresente
sempre risonho trazendo melhores dias para um e todos. E isto é feito
entre todos num serviço impessoal de boa vontade.
3.ª) Pela Fé
inquebrantável expressa como trabalho dedicado ao mundo em aflição, com
a alma posta em Deus e os Deuses evocando-os a estenderem a sua
Presença a quantos sofrem, seja de que maneira for, e assim,
anonimamente, ajudando a secar as lágrimas do próximo infundindo-lhe
misteriosos e suaves alentos como se fossem beijos etéreos do Céu à
Terra.
Regra
geral, é por essas três modalidades que o Aspirante serve a Deus
servindo à Humanidade. Humanidade carente da Luz Mental da Sabedoria
Divina e da Luz Emocional do Amor Divino que é a Essência Única de Budhi, o Cristo Interno.
Tal carência gera nela os mais díspares conflitos interiores cuja
solução procurada leva a resvalar ou para o materialismo grosseiro ou
para o religiosismo idolátrico, mantendo-se a cegueira espiritual e com
esta as ilusões que, após desfeitas por um percalço qualquer da vida,
redundam em tremendas desilusões.
Seja
como for, a sabedoria retirada das experiências sofridas amplia a
consciência e com isso amadurece a alma até que desperta, finalmente no
momento próprio, para a vida superior do Discipulado, reconhecendo que
os seus erros passados a si mesma se deveram e que não deixaram de ser
preciosas lições de vida para maior crescimento da consciência.
O
estudante espiritual adiantado além de dar o seu contributo à
Felicidade Humana no Plano Físico, também o faz nos Planos subtis como Auxiliar Espiritual ou Invisível… aos olhos físicos, assim continuando a agir anónima e discretamente.
É precisamente sobre o Auxiliar Invisível
que irei discorrer neste estudo que já foi palestra várias vezes
repetida há muitos anos, cerca de trinta e três, tanto em Sintra como em
Lisboa e no Algarve (Lagos e Faro).
Dividirei
o tema dos Colaboradores Espirituais em três classes: 1.ª) o Auxiliar
inconsciente; 2.ª) o Auxiliar consciente; 3.ª) os Auxiliares
não-humanos.
O Auxiliar que apesar de não ter desenvolvida qualquer faculdade psicomental (sidhi) que o leve a agir fenomenicamente sobre a matéria, no entanto é capaz de dirigir pela meditação e pela visualização
a sua energia psicomental, pode colaborar de maneira simples mas de
grande eficácia: como a meditação aclara a Voz da Intuição ou Budhi, a Fala do Cristo Interno, Filia Vocis, foca a consciência nela e dela irradia os mais nobres ensejos de Paz e Amor a alguém corpóreo ou incorpóreo, dirigindo pela imaginação
ou “mente criadora” – a prática da mentalização acelera o
desenvolvimento natural da clarividência – a energia despendida. De
maneira que o Ser Crístico remete e o Auxiliar encaminha esse fluxo
espiritual, o qual inevitavelmente alcançará o ente em causa, porque,
como afirma o Mestre Djwal Khul, a energia segue o pensamento.
Por
exemplo, no meio católico é costume rezar-se pelas almas em provação no
Purgatório e no Inferno, neste caso, o Baixo Astral composto dos quatro
sub-planos inferiores desse Plano, as quais estão “encalhadas” entre a
Terra e o Céu, o Mundo Mental. Na Teurgia, antes, na Ordem do Santo Graal que a exerce – como nas demais doutrinas reconhecidas pela Tradição –, além de se cumprir o encaminhamento
canónico da alma que parte daquele ou daquela que a ela esteve
efectivamente ligado(a) pelos laços santos da Iniciação, também se faz o
apelo a Deus e aos Deuses para que distendam a sua Divina Luz a essas
regiões de sombra e dor e elevem as almas dos que aí estão.
Quando
nos momentos de pausa o corpo é entregue ao repouso reparador, o
Discípulo auxiliar não cessa a sua actividade. Isto porque ele já não se
sente só o corpo físico, tendo o estudo e a vivência
das “oitavas superiores” da sua consciência, símile microcósmico da do
Universo, lhe outorgado a certeza inabalável de que além de sangue,
carne e ossos é também uma inteligência subtil que se expressa pelo
órgão cerebral.
Antes
de se entregar ao sono reparador, o Discípulo volve o melhor do seu
pensamento e sentimento para o seu Deus Interno pedindo desculpa por
quanto fez de errado ao longo do dia e perdoando com sinceridade a
quantos o magoaram, seja física ou moralmente. Após, fixa o seu
pensamento em determinada imagem desejando firmemente realizá-la mal
adormeça e a alma se desprenda temporariamente do corpo. Claro que essa
intenção é variável: pode desejar encontrar-se com algum conhecido
encarnado ou desencarnado, deslocar-se a algum país próximo ou distante,
adentrar o Templo Interno cuja réplica física é aquele a que está
ligado fisicamente, e aí ir receber do seu Mestre ou de Irmãos mais
adiantados do seu Grupo Egóico, externamente representado pelo Grupo Esotérico, quanto necessita para a sua maior Realização Espiritual, etc., etc.
Tem-se
o exemplo, digno do maior louvor, no Discípulo de tónica mais
coracional, devocional, preocupado com a Paz no Mundo e consequentemente
com o bem-estar dos seus semelhantes. É seu costume, antes de
adormecer, visualizar as imagens de pessoas necessitadas (não importando
a sua posição social, racial, política ou religiosa) com que tenha
cruzado ao longo do dia, e desejar intensamente ir junto delas
auxiliá-las com as suas melhores vibrações de amor e sabedoria.
A
verdade é que incontáveis milhares de almas em sofrimento têm sido
assim, pelas mãos carinhosas e perseverante paciência desses Auxiliares
Espirituais, resgatadas ao limbo da dor para os páramos da Luz Eterna.
Apesar
de quando volvido ao corpo físico não ter lembrança do sucedido nos
Mundos subtis ou paralelos da Alma, excepto de quando em vez este ou
aquele sonho assombroso, mesmo assim confirma fortificar-se cada vez
mais nele a certeza da sua imortalidade. Se não detém a lembrança
cerebral imediata do acontecido, é porque a consciência física residente
nos dois éteres superiores do seu Corpo Etérico ou Vital ainda não
conseguiu desprender-se temporariamente dos dois éteres inferiores em
que reside a memória cerebral. De maneira que tem-se a memória imediata
ou de estado de vigília mas não a consciência contínua, mormente
acompanhando o estado de sono ou adormecimento da mesma memória cerebral
assim, por momentos, apagando-se, desligando-se da consciência física
da qual é repositório.
O Corpo Físico está composto da maneira seguinte:
Quanto ao Auxiliar Invisível que se desdobra
conscientemente
levando consigo a memória física ininterrupta que assim se liga à
memória astral e mental, conseguiu tal capacidade após ter desenvolvido à
máxima potência as cinco qualidades seguintes:
1.ª) Unidade de Espírito.
O reconhecimento e assimilação integral de que Espírito e Matéria são
essencialmente uma só e mesma Substância energética, liberta e
condensada, e da aceitação incondicional das ordens dos Grandes Mestres
quanto à Obra que querem que realize, o que implica o seu
auto-aperfeiçoamento ingerindo positivamente no de todos os seres
viventes.
2.ª) Perfeito domínio de si mesmo. Isto nos níveis do pensamento, da emoção, da reacção vital e da acção física.
3.ª) Calma.
Este é outro ponto importantíssimo: a ausência de toda a apoquentação e
de depressão. Grande parte do trabalho consiste em acalmar os que estão
perturbados e animar os que estão tristes. Como o poderá fazer um
Auxiliar se estiver no estado de apoquentação, de incerteza e depressão?
4.ª) Conhecimento.
O conhecimento exacto, tanto teórico como prático, dos Planos em que
tem de trabalhar, assim como da composição oculta do Homem e de todas as
coisas, animadas e inertes.
5.ª) Amor.
Esta a última e a maior de todas as qualidades. Só dotado de intenso
Amor genuinamente Espiritual o Auxiliar Invisível, em voluntário e
sublime sacrifício, é capaz de mergulhar nas trevas mais densas ante as
quais os próprios Anjos tremem, e arrancar daí para a Luz de Deus almas
desgraçadas em sofrimentos indizíveis.
Essa
última qualidade aporta-me à memória aquele episódio marcante ocorrido
com um discípulo junto do seu Mestre em suas viagens pelos Mundos
Internos. Em dado momento deparou-se-lhes uma alma dotada de rara beleza
multicolorida mas que, para estranheza do discípulo, apresentava o
semblante carregado de uma tristeza imensa. Inquirindo o seu Mestre
sobre o facto, a resposta foi: – Quando essa alma estava encarnada, no
mundo foi um homem de grande sabedoria, sabia de tudo e a tudo
respondia, mas… não aprendeu a amar. Por isso está triste…
Remata
o Professor Henrique José de Souza (JHS): "Tudo que morre cai na vida.
Nenhum corpo, nenhum acto, nenhum pensamento pode cair fora do Universo,
do Tempo e do Espaço… onde a Vida existe sempre. A dificuldade está
apenas em saber morrer, para puder viver no palco cénico da realidade".
A terceira classe de Auxiliares Espirituais é a não-humana, despossuída de corpo físico e até numa evolução paralela à Humana, podendo pertencer aos tipos seguintes:
1 – Homens desencarnados ou Elementares;
2 – Elementais ou “espíritos da Natureza”;
3 – Anjos;
4 – Iniciados incorpóreos;
5 – Mestres incorpóreos.
Sendo
tão-só o fenómeno natural da "morte a curva da estrada" (… da vida),
citando Fernando Pessoa, a vida prossegue avante além-túmulo, levando a
alma do falecido para o Plano da sua simpatia os mesmos vícios e
virtudes que cultivou quando encarnada. Se foi um ente de bom carácter,
virtuoso, amigo e leal, poderá, se for seu ensejo e para tanto estiver
capacitado, colaborar no despertamento interior dos que ainda estão
encarnados e inspirá-los aos estreitos mas rectos caminhos da vivência
sã, virtuosa e sábia, agindo como «guia», ou melhor, como conselheiro
invisível de uma só pessoa ou de toda uma família, ou, ainda, de um
grupo vocacionado ao estudo dos Mistérios da Vida, tudo conforme as suas
capacidades psicomentais (kama-manásicas). Segundo as
informações recolhidas pelos Auxiliares Invisíveis encarnados, a
actividade dessas entidades “não-humanas” (no sentido de estarem
despossuídas do veículo físico, entenda-se) é vastíssima, tendo mais ou
menos como base a afirmação positiva da imortalidade do Espírito Eterno e
a necessidade de identificação com Ele.
Isto
não tem nada a ver com as teorias espiritistas e até mesmo as desdiz:
tanto neste Plano Físico como nos subtis existem pessoas bastante
capacitadas para colaborar no auxílio à evolução dos que partem e dos
que já partiram, pelo que não é necessário recorrer aos perigos
físico-anímicos do mediunismo que mais aprisiona do que liberta as
almas, tanto encarnadas como desencarnadas!... Ademais, o «espiritismo»,
quer ou não se queira, não deixa de ser culto psíquico ou animista da
forma mayávica ou ilusória da personalidade subtil,
nomeadamente no seu aspecto astral ou emocional, não deixando de
arrastar a alma para baixo por ser centrípeto e lunar, desde logo, passivo (e é isto mesmo que a tradução grega da palavra médium
significa); já o Auxiliar Espiritual iniciado nos Mistérios da Vida,
impulsiona sempre à libertação do Mundo das Formas e à integração no
Mundo Informal do Espírito Único e Verdadeiro, assim se mostrando
centrífugo e solar, desde logo, activo.
Limito-me
a constatar os factos e não a atacar coisa alguma em jeito de
intolerância e despotismo para com as crenças alheias. Não, tanto mais
que este estudo serviu como palestra pública várias vezes dentro e fora
do meio Teúrgico e Teosófico, e foi assim que a sua primeira
apresentação oral, no ano de 1976, realizou-se no Centro Espírita
“Infante de Sagres”, na cidade de Lagos, Algarve, onde me defrontei com
cerca de duas centenas de espíritas meio-assombrados e
meio-decepcionados, com excepção de dois presentes: eu próprio e o
distinto teósofo, saudoso amigo, coronel João Miguel Rocha de Abreu.
Quanto
aos elementais, eles são os “espíritos da Natureza” de índole
muitíssimo inferior à humana por estarem ainda na Fase Involutiva ou de
descenso à Matéria na Cadeia em que vivemos. Inconscientemente, como
energias primárias que são, estabelecem laços com os humanos pelas
vibrações cegas de simpatia ou de antipatia. De maneira que os elementais mais desenvolvidos podem proteger e até auxiliar simpaticamente os homens cuja natureza seja afim às carências desses «espíritos», passando a funcionar, então, como «guias astrais».
Por
norma as crianças, até aproximadamente os sete anos de idade, são
extraordinariamente psíquicas, muitas até conseguindo ver os Mundos
invisíveis aos nossos olhos físicos. Geralmente os seus «imaginários»
companheiros de brincadeira, quando aparentemente estão sozinhas, são
graciosos elementais compartilhando dos seus folguedos. À luz da Teurgia e Teosofia, a imaginação fantasiosa infantil, com os sentidos físicos ainda muito interiorizados, deixa de o ser para se tornar clarividência inata penetrando esses Mundos invisíveis, desde o Etérico até ao Astral e, às vezes, até o Mental.
Pertencendo
a um esquema evolucional paralelo ao Humano, os “espíritos da Natureza”
repartem-se, de modo geral, em quatro classes: gnomos e fadas,
habitando a terra; ondinas e ninfas, habitando a água; silfos e sílfides
para o ar; por fim, as salamandras e os vulcanos para o fogo, sendo a
forma de todas essas criaturas constituídas das partículas subtis
etéricas, astrais e mentais do respectivo elemento natural.
As fadas são formosas e prodigiosas criaturinhas que vivem nas florestas e têm a ver com o desenvolvimento da vegetação.
Os
gnomos ostentam estatura pequena e atarracada. Operam sobre os minerais
e vivem junto ou dentro das cavidades subterrâneas. Podem ser
engenhosos e afáveis ao homem quando com ele simpatizam, mas
perseguem-no implacáveis quando com ele antipatizam.
As ondinas e ninfas vivem nos arroios, lagos, rios e mares e apresentam grande beleza a par de intensa voluptuosidade.
Os
silfos volitando nos ares acercam-se do mental humano, e quando
simpatizam com este são dóceis e interessados pelos conhecimentos
aglutinados na mente, pelo que sentem atracção pelos sábios; pelo
contrário, são antipáticos e até hostis para com os ignorantes e os
fracos cujo sistema cerebral e nervoso dominam à-vontade.
As
salamandras rodopiando como chamas crepitantes e brilhantes,
afinizam-se com os filósofos e religiosos de puras intenções e
inflamam-se, furiosas e terríveis, com todos aqueles de paixões
desregradas onde o emocional predomina sobre todos os sentidos.
Já
disse que os elementais podem até viver séculos, mas não são imortais:
são forças subhumanas que só num futuro muito longínquo alcançarão o
grau evolutivo semelhante ao Humano.
Quanto
aos Anjos, são imensamente superiores à Humanidade comum pertencendo a
uma Evolução paralela à nossa, alguns deles não deixando de ser
dedicados Auxiliares Invisíveis da Vaga Humana, principalmente daqueles
cujas tradições consagradas a eles se liguem, apesar de só uma minoria
da Classe Angélica estabelecer contacto com a Humana, principalmente
através dos rituais e cerimónias tanto de cariz iniciático como
religioso.
Bem parece que a principal missão dos Anjos (Barishads)
é a de unir Mónadas inter-relacionadas pelo Karma para que formem um
agregado familiar, e depois ligar os componentes humanos desse agregado
por meio do sangue (a expressão mais densa do corpo etérico
que, por sua vez, é o corpo mais denso dos Anjos e pelo qual actuam
junto dos homens) e afinidade psicomental. A segunda fase deste trabalho
é a de unir todas as famílias numa só, como organismo celular único do Logos Planetário.
A
Vaga Angélica divide-se em sete Linhas de acordo com a tónica
planetária de cada um dos sete Arcanjos principais dirigindo cada uma
das mesmas, sendo:
1 – Anjos do Poder ou do Cerimonial = Sol – Mikael
2 – Anjos da Maternidade ou da Forma = Lua – Gabriel
3 – Anjos da Ordem e da Arte = Marte – Samael
4 – Anjos da Cura ou Hospitalares = Mercúrio – Rafael
5 – Anjos da Natureza ou dos Elementos = Júpiter – Sakiel
6 – Anjos da Música ou da Harmonia = Vénus – Anael
7 – Anjos do Lar ou Domésticos = Saturno – Kassiel
Já
o ente humano muito espiritualizado, verdadeiro Iniciado na Sabedoria
Divina que avista em tudo quando existe aos olhos físicos e não físicos,
estando o seu Ego Superior irreversivelmente ligado a algum Mestre de
Amor-Sabedoria, só por si é um precioso e dedicadíssimo Colaborador
Espiritual da Humanidade, esta que, descarecida de verdadeira
espiritualidade, erra e sofre no limbo contínuo da dúvida e do ateísmo.
De maneira que ele desce voluntário dos páramos de Luz às regiões
sombrias da matéria, indo inspirar os homens a encarreirar decisivamente
pelo caminho do Bem, do Bom e do Belo.
Fazendo
do Cristo Interno ou do Budha Interior o ideal supremo de Realização de
um e todos, o Servidor é ele mesmo um Ser Crístico, um Ser Búdhico como
a invisível mas sensível Panaceia Viva viável e extensível a todos os
males do corpo e da alma.
Sobre
o que seja, afinal de contas, um discípulo, o Professor Henrique José
de Souza descreveu-o em poucas mas induvidosas palavras: "O verdadeiro
discípulo é aquele que não faz perguntas indiscretas, que não vê erros
nem crimes em ninguém, preferindo ver os seus próprios. Um ladrão que
salve uma criança com o perigo da sua própria vida, vale mais que um
religioso que passa a vida a examinar os erros alheios, achando mesmo
que a sua religião é melhor que a dos demais. Pelo que, NÃO É A RELIGIÃO
QUE FAZ O HOMEM, MAS O CARÁCTER"!...
Servir
traz ao discípulo a Iniciação. Servir implica em dar, e dar acarreta
uma maior expansão da consciência. "É dando que recebereis", já dizia
Jesus.
Acerca do que seja, no sentido verdadeiramente iniciático, um Mestre,
este é o Ser que alcançou a pleniconsciência da Supra-Inteligência
(Espírito), da Supra-Emoção (Alma) e da Supra-Vontade (Corpo) atingindo o
pico da Perfeição Humana. É o Mahatma, a “Grande Alma” ou Super-Homem como Jivatmã,
“Vida-Consciência” integral. Superou para sempre o ciclo das
necessidades ou reencarnações e só voltará a reencarnar se for seu
ensejo, graças a ter desenvolvido e desabrochado todas as suas
potencialidades interiores de tal maneira que, ante qualquer homem comum
e até o discípulo, ele é verdadeiramente um Deus Perfeito, em verdade e
pela razão indicada da sua libertação definitiva do Mundo das Formas,
um Adepto Independente. Desde já fique a advertência: todo
aquele, no meio da sociedade humana, que se afirma “mestre” e se
comporta de maneira avessa a tamanha condição espiritual, certamente não
o é, pois… "pelo fruto (produção) se conhece a árvore (produtor)",
afirmava o mesmo Jesus.
Os
Mestres Reais constituem-se numa Organização Hierárquica
tradicionalmente conhecida pelo nome de Excelsa Fraternidade Branca,
Grande Hierarquia Oculta, Hierarquia Santa e outros nomes similares mas
cujo sentido é sempre o mesmo.
A
origem da Fraternidade Oculta é antiquíssima, anterior mesmo à
Civilização Atlante recuando aos meados da 3.ª Raça-Mãe Lemuriana. A sua
Missão mais geral é a de impulsionar a Evolução, ensinando aos homens a
direcção que têm que tomar em cada nova etapa ou ciclo. Outra Missão,
mais restrita, é a de ser mantenedora das Consciências e Forças Cósmicas
na face da Terra.
Os
Grandes Mestres a que me refiro, formando a Hierarquia Oculta, nada têm
a ver com os «espíritos superiores» das doutrinas espiritistas. Claro
que eles são Seres altamente espiritualizados com consciência
supra-humana, mas dotados de corpos físicos resguardados nos seus
Retiros Privados, logo não sendo almas incorpóreas de simples defuntos
que em suas vidas foram pessoas virtuosas. Não, os Mestres Reais são
infinitamente mais que isso… e mesmo quando consciente e livremente
encarnam, tomando o aspecto de um homem comum, a sua evolução coloca-os
em níveis de consciência e actividade insuspeitadamente muitíssimo acima
do comum vulgar. Para alcançar esse altíssimo grau do Adeptado, tiveram
que passar por quantas Iniciações existem no Caminho, transpondo todos
os seus portais, adquirindo todas as experiências que a vida individual e
colectiva pode proporcionar, aplicando integralmente as Leis Universais
às suas acções, ao seu modo de sentir e de pensar.
A
Excelsa Fraternidade Branca, como qualquer outro organismo hierárquico,
possui uma Suprema Direcção, cabalisticamente constituída. O Supremo
Dirigente, além do seu nome pessoal, possui um nome funcional, que é Manu
(Legislador). É auxiliado por outros dois Seres da mesma craveira
espiritual, os quais, em virtude das suas funções, denominam-se de Colunas Vivas: uma, o Mahachoan (Director), a Coluna B, e outra, o Bodhisattva (Instrutor), a Coluna J. Em seguida, um Ministério, constituído de sete Ministros, os Dhyanis-Budhas. Cada um desses Ministros é o Chefe de um determinado Grupo de Mestres, Grupo de quantidade sete que se denomina Linha de Adeptado.
Aplica-se o esquema seguinte:
Até
ao ano de 1924, havia no Oriente, no Tibete, uma representação
prodigiosa do Manu e suas duas Colunas Vivas, nas pessoas do 31.º
Buda-Vivo, do Dalai-Lama e do Traixu-Lama, cujo poder repercutia até aos
confins do Ocidente noutras tríades representativas. Nesse ano, foi
transferida para o Ocidente a Missão que o Oriente vinha desempenhando
desde o início da actual 5.ª Raça-Mãe Ariana. Três centros geográficos
acham-se ligados àquelas personagens, a saber: ao 31.º Buda-Vivo (cujo
nome pessoal foi Bogdo Gheghen), a cidade de Urga, na Mongólia;
ao Dalai-Lama, a cidade de Lhassa, no Tibete, e ao Traixu-Lama, a
cidade de Chigat-Tsé, no Pamir. Em certos meios menos adiantados nos
estudos iniciáticos, julga-se que essa tríade era a própria Directora da
Excelsa Fraternidade Branca, quando na realidade era a representação
viva sobre a Terra da Suprema Tríade Directora - Brahmatma, Mahima e
Mohima.
A
Excelsa Fraternidade Branca nada tem de semelhante ou comum às
organizações de natureza clerical ou eclesiástica, tampouco às sociais
recreativas. O trabalho dos Mestres é, na mais ampla acepção do termo,
eclético e universal. Eles não se limitam a determinado país ou região,
nem professam determinada doutrina religiosa à qual desejem converter os
homens.
Assim,
há hoje e houve sempre Mestres em todas as regiões do Globo. Onde a
História aponta uma determinada civilização, uma efervescência social,
um núcleo cultural e humano, aí se encontram Eles.
De
facto, se observar-se a vida e a obra dos seres superiores que deixaram
o seu nome na História, os filósofos, os artistas, os grandes
estadistas, os sociólogos, os cientistas, enfim, todos aqueles titãs que
através de lutas sobre-humanas procuraram criar e estabelecer novas
instituições, novos padrões de civilização, ter-se-á uma visão de como
se faz a História.
Então,
poder-se-á perguntar: mas por detrás de tudo isso haverá Seres ainda
mais conscientes que sabem de antemão o que há-de vir, determinam as
directrizes através das quais esses homens superiores agem para realizar
um certo trabalho?
Sim,
pois que é esse o trabalho oculto da Fraternidade Branca através dos
melhores da Humanidade. São os componentes dessa Fraternidade os Mestres
Vivos que preparam os homens, quando não são Eles a agir pessoalmente,
desviando os obstáculos do Caminho da Evolução e do Progresso
verdadeiros do Género Humano, para que assim o Mundo possa seguir a
corrente marcada pelos ciclos da Natureza. E é assim que os
acontecimentos vão surgindo…
Em
face dessa jurisdição universal exercida pela Grande Fraternidade
Branca, o Mestre não deve ser forçosamente, como muitos pensam, um
oriental vestido com as roupagens características daquelas regiões, de
longas barbas e apoiado num bordão. Há Mestres de todas as raças e de
todas as nacionalidades – chineses, mongóis, hindus, etíopes, semitas,
eslavos, latinos, saxónicos, etc. Os Mestres do Ocidente são tão
ocidentalizados como qualquer um de nós, e tem-se registo de Mestres
Orientais que, ao viajarem pelo Ocidente, assumem tão bem a atitude de
um ocidental que não haverá quem os possa distinguir. Isto é válido,
também, para o Adepto do Ocidente que indo ao Oriente, assume-se um
oriental a pouco de confundir-se com um vulgar hindu ou tibetano...
excepto na Consciência Superior que o distingue do humano ordinário.
Cada Adepto possui um número certo de discípulos, os quais, por sua vez, podem constituir um número qualquer de estudantes, primeiro laicos e depois aceites.
A não ser a própria Fraternidade Oculta, cuja constituição só pode ser
alterada em períodos muitíssimo lentos e espaçados entre si, o número de
Adeptos e dos respectivos discípulos e estudantes pode variar mais
amiúde, em face das circunstâncias locais e temporais.
Agora,
o seguinte: quem procura feitos e factos fantásticos dentro desta Obra
Divina, esquecendo ou ignorando que a sua doutrina e praxis são
inteiramente vocacionadas à realização espiritual e nada à satisfação
de qualquer curiosidade profana de acontecimentos extraordinários
acontecidos no interior da mesma, inevitavelmente acaba tombando nas
maiores desilusões, porque… nada de fantástico e extraordinário
encontrará. O método não é esse, o de interpretar o espiritual à luz do
material, pois que assim nunca resultará e, ademais, é prova cabal da
imaturidade de consciência de quem se arremessa nesses «realismos
fantásticos». Fique esta advertência, que certamente ajudará muitos a
evitar dissabores desnecessários e desilusões dispensáveis.
Quanto à relação humana e espiritual da Ordem do Santo Graal, através da Ritualística canonicamente consignada para o efeito, com a Hierarquia Espiritual do Novo Pramantha a Luzir, isto é, o Novo Ciclo de Evolução Universal, ela mesma dispõe-se na ordem seguinte:
Sendo para os da Obra do Eterno na Face da Terra (Teurgia) a figura de Henrique José de Souza
a magistral de um Adepto Vivo, coloca-se a questão pertinente a ver com
o que disse atrás sobre a curiosidade das manifestações fenoménicas: se
ele e uns quantos raros (se contados, sobram dedos das mãos…)
mantiveram contactos directos com os Grandes Mestres da Excelsa Loja
Branca, então, como os mesmos se teriam processado?
Pois bem, houveram oito modos de inter-relação, a saber:
1.º) Os Adeptos projectavam o seu corpo Causal (Mental Superior, cujo átomo-semente é a causa
dos restantes corpos constitutivos da personalidade ou “quaternário
inferior”) na consciência mental (superior e inferior) do recipiendário,
e aconteciam as mensagens e revelações.
2.º) O recipiendário projectava-se conscientemente ao Plano Causal, e daí trazia as mensagens e revelações dos Adeptos.
3.º) Os Adeptos projectavam escritos e objectos no ambiente do recipiendário, servindo-se do Éter (Akasha)
da Natureza para os desmaterializar nos seus Retiros Privados e
rematerializar junto do destinatário. Nisto não havia algum custo de
energia vital (etérica, fluindo pelo chakra esplénico) do próprio, pois
se tratava dum acto mecânico, apesar de oculto, manipulador das energias
naturais.
4.º)
O recipiendário, servindo-se da sua energia vital (esplénica, ligada ao
baço) e do Éter da Natureza, com a sua vontade muito desenvolvida e
pelo atrito de ambas as energias (a sua e a do ambiente) provocava os
fenómenos de materialização de objectos junto a si, ou, então,
desmaterializava-os para que aparecessem junto dos Adeptos visados no
momento.
5.º)
Os Adeptos visitarem fisicamente o recipiendário, trazendo-lhe, visível
e tangivelmente, a sua presença, mensagens, revelações e objectos.
6.º)
O recipiendário visitar fisicamente os Adeptos nos seus Retiros, e de
lá trazer o testemunho da sua presença, mensagens, revelações e
objectos.
7.º)
O recipiendário ser visitado fisicamente por Emissários dos Adeptos
que, por esta ou aquela razão, não puderam deslocar-se pessoalmente.
8.º)
O recipiendário visitar fisicamente, em lugares predeterminados,
Emissários dos Adeptos que, por esta ou aquela razão, não puderam estar
presentes.
Para
qualquer uma dessas modalidades, de certo modo todas interpenetradas, o
recipiendário só poderá ser uma pessoa muito especial, um Verdadeiro e
Grande Iniciado, tanto mais que a Hierarquia dos Adeptos Vivos se escusa
veementemente a contactos directos, e até indirectos, com a Humanidade
comum… hiper-poluída psicomentalmente, já para não falar fisicamente.
Resta ao Discípulo, ao Munindra,
esforçar-se por ser, também ele, um Grande Iniciado da craveira de JHS,
pois que assim, imitando o Mestre, ele mesmo é a manifestação visível e
tangível do próprio Mestre. E tudo o mais advirá por acréscimo…
E é assim que
Ó Vida Oculta, vibrando em cada átomo!
Ó Luz Oculta, brilhando em cada ser!
Ó Amor Oculto, abraçando tudo numa Unidade!
Que cada um de nós
Compreenda que é Um contigo,
Sinta que é Um com todos os seres,
Viva para servir a Humanidade!
Bijam
OBRAS CONSULTADAS
Cartas dos Mahatmas M. e K.H., tradução portuguesa por Vitor M. Adrião da versão francesa de 1962. Edição particular, Lisboa, 1999.
Cartas dos Mestres de Sabedoria,
anotadas por G. Jinarajadasa. Tradução portuguesa por Vitor M. Adrião
da versão francesa de 1979. Edição particular, Lisboa, 1999.
Luzes da Iniciação Eubiótica,
colectânea de textos de António Castaño Ferreira e Sebastião Vieira
Vidal. Nova Brasil Gráfica e Editora Ltda, São Lourenço (MG), primeira
edição em Fevereiro de 2006.
C. W. Leadbeater, Auxiliares Invisíveis. Editora Pensamento, São Paulo, 1976.
C. W. Leadbeater, O que há além da morte. Editora Pensamento, São Paulo, 1979.
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