quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

SOLIDARIEDADE & FRATERNIDADE - Delmar Domingos de Carvalho



Mozart: Sinfonia Concerto K. 364 part 1
http://www.youtube.com/watch?v=rJuabueEqb4

Belíssima energia
verdadeira mente restaura
- conserto  concertante

Mozart: Sinfonia Concerto K. 364 part 2
http://www.youtube.com/watch?v=j4DAcNspYHI

Ao abrir caminho
 vê desenho estampado
- no  brilho do olhar.



Delmar Carvalho <dmrosa@netvisao.pt>



Solidariedade? Não e Sim
Fraternidade? Sim 


Título do novo Livro a sair em Fevereiro 2010, com a chancela da Editorial Minerva, em que estes temas são abordados, nas suas diversas faces, no caso da solidariedade, algumas negativas e outras positivas e em que se defende, claramente, que a Fraternidade é a solução.
Tudo caminha para a Fraternidade Universal que será uma realidade daqui a pouco mais de três mil anos.
Juntamos a Prefácio do nosso querido amigo, professor, músico e poeta, Eduardo Aroso, e as notas introdutórias da nossa responsabilidade.

PREFÁCIO

Ainda que o autor tenha recorrido a diversas fontes para a elaboração desta obra, estamos em crer que ele não pretendeu fazer uma espécie de tratado ou estudo em forma de tese sobre a Solidariedade e a Fraternidade, adicionando-o aos que porventura já existam sobre o assunto. Todavia, Delmar de Carvalho fez muito mais do que isso. Diz-nos ele que “este trabalho vive há mais de 50 anos em nosso interior; muitas das vezes no silêncio interno, com os anos e experiências da vida, ele foi ganhando mais clareza (...)”. Está bem patente nesta obra que, a clareza a que se refere, é o produto das experiências da sua vida que foram depurando o profundo sentimento de solidariedade e de fraternidade com que Delmar já veio a este mundo. Mas essa flor – a mais bela flor, a do aroma da rosa – não podia (pode) viver sozinha, apesar da sua beleza. É bem verdade que ninguém vive só para si, e já na expressão aristotélica que nos fala do homem como ser sociável, encontramos a raiz da fraternidade e da solidariedade. E, pela maravilhosa filosofia rosacruz, dada ao mundo pelos Irmãos Maiores a Max Heindel, sabemos que como espíritos virginais somos unos com Deus. Daí a solidariedade e sobretudo a fraternidade serem “destino fatal” do ser humano, ou como alguém disse “o homem está condenado a amar o seu irmão”.

O leitor, provavelmente antes de chegar ao fim da leitura deste livro, sentirá que as palavras do autor são antes de mais um imperativo do coração que foi construindo uma ponte certeira com a razão, pelo estudo e vivência dos ensinamentos rosacruzes. Assim, consciente do actual estado do mundo, Delmar de Carvalho sabe que é possível, desejável e que, por fim, será atingida a verdadeira solidariedade e fraternidade. Um dos traços deste livro é o da clara destrinça entre a “solidariedadezinha” e a verdadeira solidariedade. A primeira surge mais ou menos em todo o lado, animada por emoções fugazes, por interesses de pouco alcance, quantas vezes com a anulação da liberdade individual, sendo uma manifestação típica da Era de Peixes; a segunda é uma tarefa hercúlea que demanda esforço sábio e organizado, bem como conhecimento oculto sobre a constituição física, emocional, mental e espiritual do Homem. A dádiva, sem o dador, poderá ter algum alcance nos outros, consoante cada caso, mas, do ponto de vista evolutivo, tudo fica na mesma.
A verdadeira solidariedade assenta no estudo do passado do Homem, na análise das condições presentes e no conhecimento oculto sobre a sua futura evolução. Este conhecimento deve tomar uma forma organizada na acção que devemos empreender neste mundo; nunca é demais insistir que a filosofia rosacruz está particularmente indicada para os discípulos ocidentais, que deverão levar a cabo a tarefa do Espírito Santo, enquanto canais de energia organizadora e criadora no plano mais denso.

O autor, elaborando este livro numa linguagem clara e directa, vai burilando conceitos de solidariedade, fraternidade, misericórdia, mutualismo, humanitarismo, sem que se confundam, embora muitos se cruzem entre si na maravilhosa e amorosa tapeçaria dos sentimentos.

Solidariedade e justiça. Conceitos que só aparentemente não se podem coadunar. A figura de olhos vendados, que tem funcionado como símbolo da justiça, é uma espada de dois gumes: se por um lado representa a melhor condição para não se ser afectado por diferenças de cor, credo ou condição social perante a justiça, por outro lado pode ser a cegueira interior a outros elementos necessários para não cair no paradigma do “olho por olho, dente por dente”. A menos que os olhos do coração (não do coraçãozinho) estejam bem abertos, vigilantes! Parece-nos que a verdadeira justiça deverá ser, simultaneamente, rigorosa e fraternal, modelo da entrante Era de Aquário. E nisto está a dificuldade gigantesca, mas que pode ser vencida. Um novo desafio do homem! Ver-se-á que a verdadeira solidariedade (baseada na responsabilidade e interiorização espiritual do beneficiado) evitando cada vez mais situações de “punição cega”, típicas do Velho Testamento, fará surgir um sentido mais alargado de justeza em vez de justiça.

Por último, cremos que as palavras deste livro brotaram mais facilmente da pena de Delmar Domingos de Carvalho, também pelo facto de sua esposa Maria Amélia, comungando os mesmos ideais, ter, em jeito de diapasão do mesmo tom, uma vivência em comum que, por certo, muito tem ajudado a dar aroma a estes capítulos sobre solidariedade e fraternidade. Que estes anseios - que já vivem plenamente no coração de quem os escreveu – possam florescer aos olhos de todos, como a beleza de uma rosa deslumbra a quantos a contemplam.
Coimbra, 18 de Novembro de 2009

Eduardo Aroso
(Professor de Música e Escritor)

Notas Introdutórias



Na realidade somos todos irmãos.
Só que o egoísmo, o orgulho e o individualismo
nos cristalizou e cristaliza, a tal ponto
que é mais ou menos desdenhado todo
o que defende a Fraternidade Universal.
Como esta coloca ponto final
na exploração dum ser humano
por outro, seu irmão ou irmã,
porque encerra sentimentos de igualdade e de liberdade
não tolerados por muitas mentes e instituições,
embora, algumas, demagogicamente,
falem e escrevam sobre essa trindade,
Ela, tal como os seus seguidores e defensores,
são alvo de ostracismo.
Por isso, cada vez mais se fala em solidariedade,
a caridadezinha laica e religiosa da actualidade.

Delmar Domingos de Carvalho




Perde-se na noite dos tempos os sentimentos e as acções de solidariedade, como de fraternidade.
Quando analisarmos a Memória da Natureza onde tudo está escrito, relacionado com a nossa actividade, a Verdade Histórica será muito mais perfeita e profunda, e, em alguns casos, totalmente diferente da que, hoje, é apregoada aos quatro ventos.

Nas antigas culturas desde a egípcia, à judaica, até às mais orientais, da suméria à hindu e à chinesa, há menções, há actos que encerram o espírito de solidariedade.

Tudo isso tem evoluído, com a civilização greco-romana, com as que foram criadas após Cristo, na Idade-Média até ao século XXI, onde cada vez mais se fala e se procura praticar a solidariedade.
Há alguns séculos, foram criadas Instituições que fomentaram a actividade da caridade, religiosa e laica, como um certo espírito de Irmandade; algumas com leis muito avançadas em altruísmo e justiça.

Contudo, ela era restrita, por vezes, apenas para os que pensavam do mesmo modo, somente era exercida para os membros da sua Associação, do seu feudo, da sua raça. Tais factos dependiam do carácter de cada qual, como em tudo.

Actualmente, assistimos à criação de Cooperativas, de Associações, nas mais diversas áreas socioeconómicas, cívicas, religiosas, culturais, políticas e noutras, em que o solidário é a nota principal.
Por todo o lado, fala-se em solidariedade, nos órgãos de comunicação social até aos sindicatos. Podemos afirmar mesmo que o seu uso se vulgarizou, e, nesse campo, o Solidarsc, polaco, de Lech Walesa, mais tarde seria Presidente deste País da U.E., teve um papel fundamental na sua divulgação.

Ao mesmo tempo, a palavra Fraternidade e tudo o que ela encerra é, em grande parte, colocado em segundo plano, muito embora, tenham sido criadas várias Associações com o nome de Fraternidade desde a Fraternidade Rosacruz de Max Heindel, em 1909; até à Grande Fraternidade Universal, à Fraternidade de S. Francisco de Assis e muitas outras.

Face ao estado evolutivo da Humanidade, entendemos as razões porque é muito mais fácil falar sobre Solidariedade, do que falar e viver a Fraternidade Universal com um âmbito muito mais vasto e profundo.
Sabemos que muitas pessoas, incluindo sacerdotes cristãos que consideram, como utopia, a criação da Fraternidade Universal; é que esta exige uma profunda renovação de cada ser humano e uma incomensurável transformação em todas as estruturas existentes, desde as leis, às mudanças socioeconómicas, às relações entre pessoas individual e colectivamente, entre povos, de tal modo que as nações irão perdendo parte das suas competências e soberanias, para lentamente passarem para Organismos Supranacionais (Continentais e Mundiais) para uma eficaz solução dos problemas ambientais, de saúde, de segurança, da droga, dos crimes económicos, do tráfico de menores e mulheres e outros, até vivermos sob um Governo Mundial, como um Parlamento Mundial e assim por diante, estruturas que já foram idealizadas pelo Rosacruz, João Amós Coménio, no século XVII, como por Bertrand Russell, no século XX.
  
Tudo tem o seu tempo, até lá pratiquemos a solidariedade, e dentro das nossas capacidades, exercitemos a amizade fraterna em obras e nas Instituições, sejam quais forem os credos ou condições sociais de cada qual, de modo a que, no mais curto espaço de tempo, vivamos na Harmonia, na Justiça, na Sabedoria, no Amor, na Paz da Fraternidade Universal.

Em Portugal, na Primeira República, a correspondência oficial terminava em Saúde e Fraternidade; depois, com o salazarismo, A Bem da Nação; após 25 de Abril de 1974, Com os melhores cumprimentos.
Acerca destas mutações, cada qual pode fazer as suas análises, extraindo as suas conclusões, como contribuir para a renovação libertadora na comunicação entre os Serviços e as pessoas.

Tempos virão, mais breves do que muitos pensam, em que a palavra Fraternidade e a dinâmica fraterna, serão cada vez mais generalizadas, e a seu tempo, universalizadas, com uma força e uma actividade que substituirão, definitivamente, a Solidariedade.

Até lá, solidariedade, sim, para resolvermos alguns casos pontuais, nesta fase evolutiva em que a Fraternidade Universal ainda está para além do lugar, é utopia; e não, na sua generalização ou em assuntos em que o amor fraterno devia ser a nota principal, já devia ser topia, isto é, já devia ser colocada no seu lugar, do grego, topos, local.

Fraternidade, sim, porque a Humanidade só pode estar bem, no seu todo, se cada uma das suas partes o estiver. E isto exige amor constante, que dá sem nada pedir, nem sequer um obrigado, que dá de si mesmo, e não daquilo que é dos outros, uso real e efectivo da liberdade em todos os aspectos, justiça perfeita, sem haver direitos e honras especiais seja de quem for; plena igualdade na diversidade, sem superioridade ou inferioridade.

Na Fraternidade todas as actividades são valiosas, respeitadas, e não havendo líderes, mas trabalho de grupo, cada qual, cheio de amor fraternal em seu coração, ajudará a que cada ser humano se liberte por si, unindo-se na Vida Una e Única, no todo, sem perder a sua individualidade singular.

Temos consciência que tudo tem o seu tempo e que Roma e Pavia não se fizeram num só dia.
Este trabalho vive há mais de 50 anos em nosso interior; muitas das vezes no silêncio interno, com os anos e a experiência da vida, ele foi ganhando mais clareza, de um pequeno arquétipo mental, ia aumentando, subindo até mundos mais subtis, graças ao estudo da filosofia rosacruz e de leituras de obras universais de outros que venceram a Lei da Morte, como devido à nossa experiência interna e às mutações no nosso interior.

Por diversos motivos, teve de aguardar o seu tempo, incluindo, profissionais, depois, o nosso programa sobre a prioridade dos trabalhos, até que chegou a Hora. Não está como desejávamos, mas do ideal à prática vai um longo caminho, do nosso canal espiritual até ao mental, vai um trajecto em que este fica algo ofuscado e não permite a comunicação de mensagens mais elevadas, mais claras, para a solução dos nossos problemas.

Sucede o mesmo no caminho do amor, como expressão emocional, que tem o seu assento no nosso corpo de desejos, veículo das emoções, até chegarmos ao Amor, como expressão do Espírito de Vida que está intimamente ligado ao nosso coração. Quando Ele dominar a circulação do sangue, nesse caso, teremos não só o domínio de nós mesmos, como amamos em Verdade. O Amor elevado, eterno, viverá em nosso coração e, nesse caso, a Fraternidade é vivida em cada momento, eternamente.

Todos, uns mais do que outros, temos sido actores e actrizes neste grande palco que é a Terra, a Vida. Todos uns mais do que outros temos participado em determinados acontecimentos que marcam a História da evolução da Humanidade, no sentido de se criar uma civilização mais livre, mais fraterna, mais justa.
Quantos marcos já passámos? Contudo, onde está a Fraternidade Universal?

O problema é que vivemos as questões, os momentos, pelo amor, expressão emocional e não com o Amor,
expressão do Espírito de Vida, onde a Unidade da Vida é uma realidade, o veículo mais inferior de Cristo.

Por isso, acaba por se diluir, e passado algum tempo, o nosso egoísmo, o nosso orgulho, o nosso materialismo, os nossos credos separatistas, acabam por fazer esquecer essa fraternidade que se viveu em determinado momento, como na queda do muro de Berlim, em que segundo testemunhos de pessoas que o viveram, havia um sentimento de Fraternidade, de abraços cheios de alegria, de amor, só que, passado um ano, esse sentimento tinha murchado! E isso porque voltou, ao de cima, toda a nossa realidade interna.

Enquanto não vencermos em nosso interior, os diversos muros desde a intolerância, o egoísmo, a insegurança, por vezes, o ódio, a inveja, o ciúme, a vaidade, o orgulho, jamais haverá fraternidade vivida para sempre. Vão continuar a existirem diversos muros a separar-nos, e infelizmente, vamos criar mais muros, mais leis separatistas, como, agora, está sucedendo em diversas zonas, de novo, separando povos, irmãos e irmãs!

Face a esta realidade, falar em solidariedade é hipocrisia; falar em Fraternidade, então, é melhor não sermos tão mentirosos.

Em 1995, seis anos depois da queda do muro em Berlim, fomos visitar a antiga Alemanha Oriental, que abrangia diversos Estados desde o de Brandeburgo, como o de Berlim no Centro, uma cidade única e ímpar, a Saxónia Anhalt, a Saxónia, a Turíngia. Em relação à parte Ocidental havia muita diferença. A zona Leste é mais rural, a zona Leste de Berlim, estava ainda em obras, havia casas sem janelas, etc, etc.

Ouvimos um irmão nosso, um português que ia connosco e que tinha vivido o dantesco panorama da destruição de Berlim no final da II Grande Guerra. Era jovem funcionário da Embaixada de Portugal, em Berlim. São testemunhos que deviam ter sido ouvidos e devidamente registados. Os nazis, que também existiam em outros países, fizeram sofrer muito, imenso, foi uma guerra monstruosa, mas muitos milhões de alemães também sofreram e de que maneira, como os austríacos, quantos não lutaram contra o nazismo, dando as suas vidas. Vejam o Museu da Liberdade em Viena, Áustria; leiam a luta dos estudantes alemães com o seu símbolo da Rosa Branca, etc, etc. E o que sucedeu na antiga URSS? O que sofreu este povo russo e o que sofreram os povos por ela dominados?

De tudo isto, uma pergunta veio ao nosso interior: até quando continuamos com guerras? Até quando haverá indústrias de armamento, até quando haverá pessoas monstruosas, guerreiras, por vezes, paranóicos terroristas, suicidas, até quando temos ditadores, demagogos, vendilhões dos Templos?

A conclusão a que chegarmos é que há muito a mudar, no nosso interior, nas Instituições, tem de haver mais justiça social a nível mundial e isso exige Instituições Supranacionais com mais meios, com maior capacidade para intervir a nível universal, mais fraternidade real.

A Liberdade é uma flor que devemos dar muito alimento, e se não houver o pão de cada dia, para todos os seres humanos, como está sucedendo em todos os países, adeus Liberdade, e muito menos Fraternidade porque esta é que engloba aquela, é a sua base e o seu corpo.

Aprendamos com a História.     
É tempo.

Delmar Domingos de Carvalho



 

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