segunda-feira, 31 de maio de 2010

MARAVILHAS DA CIÊNCIA

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A Saga das Estrelas

UM olhar para o dossel tauxiado de estrelas que se ergue lá no alto, para a majestosa Via-Láctea, em-bastida de brilhantes cachos de pontos cintilantes, revela-nos uma estranha saga, cuja prolongada duração desafia qualquer conjetura. Algumas daquelas estrelas parecem agrupar-se naturalmente, e tais grupos são chamados constelações. Há quanto tempo vêm sendo essas constelações olhadas pelo Homem, ninguém sabe; mas foram anotadas desde o tempo de Ptolomeu (2.° século depois de Cristo). Contam-se ao todo oitenta e oito constelações. Doze destas têm exercido sempre peculiar fascinação sobre o pensamento dos homens. Possuem os deliciosos nomes de Aries (o carneiro), Taurus (o touro), Gemini (os gêmeos), Câncer (o caranguejo), Leo (o leão), Virgo (a virgem), Libra (a balança), Scorfrio (o escorpião), Sagiitarius (o besteiro), Cafiricornius (o bode), Aquarius (o aguadeiro) e Pisces (o peixe). Estas constelações devem sua preeminência à característica influência que sobre os negócios humanos, lhes assinalaram os antigos (e modernos!) astrólogos, e às efígies, um tanto maravilhosas, que passam por representar.

As estrelas são corpos quentes, incandescentes. Podem ser mesmo sistemas solares, tais como o nosso. Contudo, a mais próxima estrela está tão afastada que sua luz, viajando 300.000 kms. por segundo, leva cerca de 4 anos para chegar até nós. Um raio de luz da mais longínqua estrela pode alcançar a terra exatamente no prazo de
218.152 anos. Essas distantes estrelas ardentes, cuja temperatura pode alcançar a inacreditável cifra de 7.800 graus centígrados, devem ser corpos de inconcebível tamanho gigantesco, ao lado dos quais nosso próprio sol pareceria tão pequeno como uma noz, uma estrela baça, medíocre, um tanto mesquinha, indigna de ser mencionada, ao mesmo tempo que senhoras do céu, tais como Betelguese, Vega, ou Sirius, a Estrela da Canícula.

Não muita coisa se conhece atualmente a respeito das estrelas, porque os mais poderosos telescópios que possuímos, ou que, na verdade, poderemos esperar ainda possuir, muito pouco têm conseguido para anular as vastas distâncias do espaço. Não obstante, por meios um tanto indiretos, certos fatos concernentes às estrelas parecem estar bem estabelecidos. Em primeiro lugar, possuem as estrelas um movimento devido à atração gravi-tacional de todas as outras estrelas do universo. Esse movimento é inconcebivelmente pequeno e contudo, se voltásseis à terra daqui a uns cem mil anos e buscásseis no céu noturno a Ursa Maior, não mais a acharíeis; o, assim chamado, movimento próprio das estrelas que formam a constelação, tê-la-ia deformado irreconhecivelmntel Outro movimento, próprio do nosso sistema estelar, é uma imensa rotação de nossa galáxia, a porção do universo ocupada pela região, em forma de lentilha, que se chama Via-Láctea. Outros movimentos ainda se processam nas distantes regiões do espaço; outras galáxias estão girando ou recuando com tremenda velocidade, e grandes nuvens dispersas, as nebulosas, estão rodopiando e espiralando em torno de seus centros numa infindável dansa vertiginosa sobre o infinito tablado dos céus. À compreensão e explicação desses fenômenos, muitos dos mais brilhantes homens de nossos dias vêm devotando seus pensamentos ‘e suas vidas e é, graças aos seus infatigáveis esforços, que vamos gradualmente aprendendo a resolver o grande Enigma do Universo.

Quantas estrelas há no espaço? À olho nu, podem ser vistas apenas cerca de 2.500. Um telescópio de grande alcance pode descobrir um bilhão (1.000.000.000). Mas isto representa apenas um punhado das inumeráveis estrelas que habitam as incalculáveis dimensões de nosso universo, para não falar de outros universos. Porque nos infinitos espaços dos céus, há muitos outros universos ao lado do nosso, cada qual com seu inimaginável número de estrelas.

O sol, fornalha celeste

SENTÍS calor quando a temperatura está a 37 graus à sombra? Pois bem, gostaríeis então de viver no sol, onde a temperatura é de mais de 6.000 graus? Causa-vos espanto um furacão que, ao desencadear-se, numa velocidade estupefaciente de 190 kms. por hora, leva de roldão árvores e casas? Então que pensaríeis de um furacão do sol, que se move sobre sua superfície, na inacreditável velocidade de 360.000 milhas por hora? Gostaríeis de participar dum certame atlético no sol? Se o fizésseis, vossos pés se comportariam como se estivessem grudados ao solo, tão poderoso é o puxão da gravidade do sol. Se fôsseis um atleta campeão mundial, vosso maior esforço na corrida de salto elevado vos faria erguer apenas três polegadas acima do solo.

Pensais que a terra em que vivemos é grande? Considerai então por um instante o tamanho do sol. Sua circunferência, comparada com os 140.000 kms. de circunferência da terra, é de 4.346.000 kms. Seriam precisas 1.333.000 terras para formar uma bola do tamanho do sol.
E contudo o sol é uma das menores estrelas. Parece-nos tão grande porque está tão perto de nós, a apenas 149.000.000 kms. Tão perto na verdade está o sol, na proporção das distâncias no céu, que se recebêssemos toda a força de seus raios, nos encolheríamos como um pedaço de papel dentro dum forno aquecido. Felizmente para nós, recebemos apenas a metade da bilioné-sima parte do calor do sol. (1/2.000.000).

E eis um fato muito peculiar. Os raios do sol são frequentemente mais quentes no inverno que no verão. Por que então trememos e gelamos de dezembro a março? Porque nesses meses a terra fica menos diretamente sob os raios do sol. Os raios são na realidade mais quentes, nós, porém, recebemos menos raios.
Estranha e misteriosa fornalha celeste é o nosso sol. Como conhecemos ainda tão pouca coisa a seu respeito! Mas uma coisa sabemos bem: que toda a nossa vida na terra depende da presença do sol nos céus. Não é de admirar que os antigos adorassem o sol como a um deus!
NAS profundezas dos céus jaz um grupo de corpos celestes, que podem ser chamados os primos-irmãos da terra. Em noites em que o ar estiver claro e o firmamento cintilar com a resplandescência de um milhão de pequeninas luzes, podereis ter o prazer de ver um grande e fixo ponto brilhante, tão brilhante que quase chega a formar sombras como a lua. Esse inalterável farol é Vénus, o planeta nosso irmão. Apenas menos brilhante, porém, não menos fixo, é o planeta Marte, que talvez seja habitado por seres vivos, como os que habitam a terra. Alguns de nossos vizinhos são invisíveis, mas estão todos ligados a um destino que tem íntima conexão com o nosso.

O romance dos planetas

O sistema solar é composto do Sol, dos planetas que se movem em torno do Sol, dos satélites que giram em torno de seus respectivos planetas (tais como a Lua em torno da Terra), dos asteróides, dos cometas e de certa poeira meteórica, que acontece reunir-se na vizinhança, fiste sistema é, como unidade, provavelmente o único de sua espécie no universo.

Ora, por planetas designamos os grandes corpos que giram em torno do sol, distinguindo-os daqueles outros menores, os asteróides. Há nove desses imensos planetas giratórios, descobertos até aqui. Não é fora de razão imaginar que a admirável perseverança e o gênio dos futuros astrônomos possam levá-los a descobertas ainda mais amplas. Esses nove planetas usam nomes tirados, com uma só exceção, dos deuses da mitologia romana. A exceção é, sem dúvida, a Terra. Enumerando os planetas, a começar pelo mais próximo do sol, temos Mercúrio, Vénus, a Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano Netuno e Plutão. Notai que a Terra não se acha nem à vanguarda, nem à retaguarda da procissão, mas ocupa um modesto lugar no meio.
A origem do sistema solar está mergulhada no mesmo mistério que cerca a origem de todos os sistemas estelares. Talvez tenham sido os planetas do sistema solar massas incandescentes, que afinal se resfriaram e foram destacadas do sol, há coisa de um bilhão de anos passados; talvez tenham sido massas arrancadas pela atração de algum gigantesco corpo celeste, que passou perto do nosso sol, na sua precipitada arremetida através dos espaços. Qualquer que tenha sido a catástrofe, essas massas resfriaram-se e, condenadas a girar eternamente em redor do sol, retomaram a sua ordenada marcha.

Uma vez que estão frios, esses planetas não têm luz própria, mas brilham simplesmente refletindo o esplendor solar.

É bastante plausível que todos os planetas girem em torno de seu eixo, como faz a terra. Isto significa que cada planeta tem aquilo que corresponde ao nosso dia. Esses dias planetários são de diferentes durações. Marte tem um dia, ou período de rotação, como é chamado, de pouco mais de vinte e quatro horas, surpreendentemente aproximado do nosso próprio dia aqui na Terra. Saturno, por outro lado, tem um "dia" de quase somente dez horas. Essa rápida rotação causa o interessante anel visto no equador de Saturno, por meio de um telescópio. Uma vez que todos os planetas giram em redor do sol, têm estações e aquilo que corresponde a um ano; mas um ano, no caso de Mercúrio, dura apenas oitenta e oito dias, enquanto que um ano em Urano seria na verdade fatigante, pois vale mais de 164 de nossos anos! Muitos dos planetas possuem satélites, ou luas. Por isso têm feríodos lunares ou meses. Estes meses, todavia variam tremendamente desde os vinte e oito dias, que são o período da nossa Lua. Muito embaraçante deve ser o caso de Júpiter com seus nove satélites e daí as várias espécies de meses!


O mistério da luz

PRECIOSAS gemas brilham, cintilam, lançam chispas; sais de rádio retratados no mostrador dum relógio produzem um clarão pálido e espectral; os sinais neon mostram-se incandescentes, com uma brilhante irradiação vermelha. Estes e outros incontáveis fenômenos de nossa vida familiar são, ao mesmo tempo, escravos e senhores da coisa que chamamos Luz.
Qual a estranha natureza da luz? Um raio de luz parece precipitar-se através do espaço, como uma flecha lançada dum arco. Há cerca de trinta anos, o detentor do prêmio Nobel, Michelson, fez primorosas e cuidadosas medidas que mostram que a luz se propaga com a enorme cifra de cerca de 300.000 km. por segundo. Com esta terrífica velocidade, um raio de luz pode dar a volta ao globo em menos de um oitavo de segundo. Do sol à terra, um raio de luz pode chegar no tempo, espantosamente curto, de cerca de oito minutos, e a distancia que os separa é de 149.000.000 km.
A ciência estabeleceu notável fato: que a luz atravessa o espaço com tremenda velocidade. Mas que é a luz? Para esta desnorteadora pergunta não encontrou ainda a Ciência uma resposta. Sabemos que a luz deve ser uma agitação qualquer, porque produz certos efeitos. Essa agitação, ou movimento, da luz chega até nós em forma de ondas. Estas ondas movem-se sobre o oceano de luz, exatamente como as vagas de água ondulam sobre o oceano Atlântico, o Lago Superior ou o rio Mississipi.

Considerai, se quiserdes, uma pedra lançada num plácido lago. Imediatamente, do ponto de contacto, um crescente círculo de ondas se espalha pela superfície. Observai cuidadosamente esse círculo, e notareis um estranho fenômeno. As partículas de água não se espalham com a onda. Simplesmente oscilam para cima e para baixo, enquanto a crista da onda passa sobre elas.. Logo que passa a onda, as partículas de água permanecem tranquilas. Não é a água que se move no círculo das ondas, mas simplesmente a agitação que passa sem cessar, em consequência da pancada do seixo que foi lançado na água. As ondas de luz se movem, ou vibram, exatamente da mesma maneira.

E dessa forma descobriram os cientistas como se move a luz. Move-se em ondas. Mas justamente o que é, qual é a natureza do misterioso oceano sobre o qual se move, são questões que ainda estão intrigando os melhores pensadores científicos de nossa geração. Deram o nome de Eter ao oceano do espaço, através do qual a luz viaja do sol à terra. Mas Eter é simplesmente um nome. Não é uma explicação. Com toda a nossa ostentosa sabedoria, não passamos ainda além da classe primária, em nossos conhecimentos dos mistérios do céu e da terra.

Assombrosos fatos a respeito do tempo e do espaço

VIVEMOS em meio dum número infinito de mistérios.
Que somos nós? De onde viemos? Para onde estamos indo? Para que vivemos? E que lugar é esse em que estamos vivendo? Que coisa é o que chamamos espaço? E que é o tempo? A estas e a outras muitas perguntas semelhantes, milhares de respostas têm sido dadas. Essas respostas, contudo, não nos satisfazem. As perguntas continuam tão irrespondíveis como dantes.

Entre as mais enganosas dessas perguntas, contam-se as do tempo e do espaço. O tempo parece ser ainda mais misterioso do que o espaço. No espaço podemos ir para a frente e para trás. Podemos viajar de Nova York a Boston, ou de Boston a Nova York. Mas no tempo podemos apenas ir para diante. Podemos mover-nos de 1910 a 1920, mas não podemos voltar de 1920 a 1910. Podemos atravessar Londres num dia, e atravessá-la novamente noutro dia. Mas uma vez que tivermos passado um dia de nossas vidas, não podemos mais passá-lo novamente. Qual o sentido de tudo isso? Por que é o tempo tão diferente do espaço? Por que encontramos nosso caminho no espaço, enquanto que nos perdemos tão irremediavelmente no tempo ?

A estas perguntas deram os cientistas recentemente uma maravilhosa resposta. O tempo, disseram, não é uma coisa mais misteriosa do que o espaço. Não é diferente do espaço. De fato, é espaço, ou antes, a quarta dimensão do espaço. O espaço, como sabeis, tem três dimensões: comprimento, largura e espessura. Mas nisso vêm os modernos cientistas e nos dizem que, na realidade, há quatro dimensões para o espaço: comprimento, largura, espessura e duração. Esta teoria é um tanto difícil de explicar, mas a seguinte ilustração a simplificará: Suponde ter diante dos olhos um homem de meia idade, a quem chamaremos de João Smith. Suponde em seguida que esse homem tem lm,80 de altura, 0m,60 de largura da costela direita à esquerda, e 0m,30 de espessura do peito ao dorso. Considerámos as três dimensões de João Smith. E’ uma descrição completa de seu tamanho? Decerto que não. Diz-nos qual é seu tamanho de hoje. Mas não nos diz qual era seu tamanho há trinta anos passados, quando era uma criança, ou qual será de agora a trinta anos, quando se tornar um velho. Por outras palavras, quando desejais ter uma descrição completa do homem, deveis considerar o elemento tempo tanto quanto o elemento espaço, porque as dimensões de um corpo, vão mudando constantemente de dia para dia. Essa constante mudança, esse crescimento, essa decadência — em suma, esse aumento e essa diminuição de um corpo através do tempo, pode chamar-se a quarta dimensão do espaço.

Esta teoria da quarta dimensão estimulou não somente a ciência, mas a literatura de nossa atual geração. Muitas histórias divertidas têm sido escritas em torno dessa idéia. Umas das mais interessantes, a de Algernon Blackwood, fala-nos dos apuros dum professor de matemática e de seu mais brilhante aluno que, por meio dc complicados cálculos, conseguiram encontrar seu caminho para dentro da quarta dimensão, mas nunca puderam encontrá-lo para fora dela. E assim se acharam perdidos num mundo estranho, gritando lastimosamente por socorro, sem que contudo pudessem explicar precisamente onde se encontravam. Esta é, na verdade, a perplexidade de todos nós que tentamos seguir os grandes matemáticos nos labirintos da Quarta Dimensão.

A idéia da Quarta Dimensão foi levada às suas mais vertiginosas alturas na teoria da Relatividade, de Alberto Einstein. Diz-se que somente doze homens foram ca-
pazes de compreender Einstein. Não entraremos na discussão da teoria neste livro. Basta dizer que revolucionou o quadro do mundo em que vivemos. Em breve resumo, a teoria está baseada no fato de que as coisas se movem e no seu movimento vão mudando constantemente seu tamanho e sua forma e sua posição em relação umas às outras. Não há consequentemente dimensões absolutas no espaço. Todas as dimensões são relativas. Daí o nome Relatividade.

De acordo com a teoria da Relatividade, as linhas "retas" não são retas, mas curvas; as linhas "paralelas" não são paralelas, mas se encontram em um ponto; e o universo "infinito" não é infinito, mas um mundo finito, com a forma da concha duma ostra. O que nós chamamos "via-láctea" é o grupo de estrelas e constelações, no lugar em que as válvulas da "concha" do universo se juntam. De acordo com Einstein o espaço é curvo. Se partirdes numa excursão direta pelo ar, e conservardes a mesma direção sem cessar, digamos por muitos bilhões de anos, voltareis afinal ao mesmo lugar donde havíeis partido. Se não acreditardes, fazei a experiência.

O mistério da lua

BEM alta no claro céu noturno, banhando a Terra com a irradiação prateada que afogou o primeiro homem há centenas de milhares de anos, está o mais próximo de todos os nossos vizinhos celestiais. Somente à distância de 380.000 km. se encontra a nossa Lua. Digo nossa Lua, porque é muitíssimo nossa. De fato, é a única lua que possuímos. Nesse particular fomos mais mal servidos que os demais planetas. Para Marte há duas Luas; Urano tem quatro e Júpiter e Saturno, nove cada um.

A origem de nossa Lua é tão obscura quanto a origem de nossa Terra. Todavia, não parece demasiado improvável que tenha surgido da mesma catástrofe que deu origem à terra. E desde então foi destinada a girar em torno da Terra, encadeada à sua órbita pela força da atração gravitativa, precisamente como a nossa terra, que está acorrentada à órbita que descreve em redor do sol.
Nossa Lua é uma pequeníssima parcela de matéria no universo. Tem apenas um centésimo do tamanho da Terra e a Terra é um dos menores planetas. Pequena, porém, como é a Lua, sua relativa proximidade da terra, tem permitido que façamos cuidadosos estudos de seu caráter. Sem dúvida, o fenômeno chocante associado à Lua, o fenômeno notável que foi primeiro observado na antiguidade, é o mês lunar. E’ o tempo que leva a Lua, de pouco mais de vinte e nove dias e meio, para fazer uma completa revolução em torno da Terra. E assim tivemos o mês como medida de tempo.

A Lua é um corpo frio. Por espaço de muitos milhões de anos que não dá mais luz própria. Como então a vemos? A Lua age mais ou menos como um gigantesco espelho que reflete a luz do Sol. Quando o Sol ilumina toda a face da Lua, ao tempo em que está voltada para nós, dizemos que há "lua cheia". À proporção que a Lua vai lentamente girando em redor da Terra, vemos gradualmente cada vez menos a sua face iluminada, até que se torna apenas visível o crescente, em forma de cimitarra.
A Lua, como a Terra, roda em torno de seu próprio eixo. Mas, por uma misteriosa razão, gira ela de tal maneira que conserva sempre a mesma face voltada para a terra. Por causa desse movimento curioso, nunca vemos o reverso da Lua. Se difere apreciavelmente d® verso, podemos apenas imaginar.
Desde que o primeiro telescópio foi construído por Galileu, tem sido a face da Lua submetida a uma investigação cada vez mais cerrada. Em consequência, temos agora um retrato bastante nítido da face da Lua. Apresenta magnífico e variado aspecto, altas serranias, soberbas montanhas de muitas milhas de altura, e imensas crateras em grande número, semelhantes às crateras vulcânicas da Terra. Nenhum sinal de regularidade ou plano geométrico se patenteia e é certo que a lua não possue vida como a que conhecemos. Esta certeza é corroborada pelo fato de não ter a Lua atmosfera como a nossa, ou se tem, a atmosfera é tão tênue que não torna a vida possível.

O enigma do universo

VI DA cm Marte? Absurdo, direis. Mas será tão fan-
tástico que haja vida em qualquer outra parte do incomensurável universo? E’ verdade que a questão tem sido debatida durante séculos, mas a sua solução permanece agora quase tão enigmática como no começo.
Vejamos o que a antiga e exata ciência da Astronomia, pode dizer-nos a respeito desses assuntos.
Marte, o planeta nosso irmão, é o nosso vizinho mais próximo no céu (com exceção da Lua). Dista apenas 72.000.000 km. Por várias razões, parece ser logicamente um lugar onde se pode viver. Mercúrio e Vénus estão demasiado próximos do Sol, e são por conseguinte demasiado quentes para permitir a vida. Os planetas, além de Marte, são por certo excessivamente frios, se dependerem apenas da irradiação do Sol para se aquecer. Somente Marte, em todo o sistema solar, parece ser, pela sua posição, um lugar habitável por criaturas vivas.

Ora, o que se segue parece razoável, em resultado das muitas observações telescópicas que têm sido feitas para provar este ponto: que algum gênero de existência é perfeitamente provável. Em torno da região equatorial de Marte há regiões escuras, cuja côr muda constantemente com as estações. Isto se assemelha bastante às variações periódicas da côr da vida vegetal. A existência de vida vegetal parece indicar a possibilidade, pelo menos, de algumas formas de baixa vida animal.

Mas haverá vida inteligente em Marte? Esta questão depende somente da interpretação dos chamados "canais" marcianos. Em 1877, Schiaparelli anunciou, em primeiro lugar, a descoberta daquelas muito estranhas e belas linhas que listam a superfície alaranjada de Marte. Avançou a teoria de que aquelas linhas fossem canais. Se assim fôr, parece isso mostrar a existência duma raça de seres pensantes, porque a natureza, em geral, não possue linhas tão retas e regulares como as que podemos ver em Marte. Tais linhas parecem trincheiras artificiais, feitas pela mão humana, e não os leitos dos rios ou os desfiladeiros naturais. Além disso, sabemos, por meio de observação astronômica, que Marte possue unia atmosfera, ou ar, respirável por criaturas humanas. Tudo isso, de acordo com certos cientistas, parece provar que há vida em Marte.

Por outro lado, contudo, há um respeitável grupo de astrônomos que sustentam que as chamadas "linhas retas" não são nada retas, mas tão irregulares como os vales e as gargantas da Terra. Aquelas trincheiras, insistem eles, têm sido cavadas pelas forças da natureza e não pela mão do homem.
E assim, a controvérsia se acende. Algum dia, talvez, possamos saber se há ou não vida inteligente em Marte. Presentemente, estamos ainda em trevas.
Mais incerto mesmo que o nosso conhecimento a respeito de Marte é a nossa informação acerca de planetas mais distantes, particularmente dos que se acham fora do nosso sistema solar. Talvez seja possível que algum deles tenha uma atmosfera como a nossa. Mas sua enorme distância conservá-los-á envoltos num impenetrável mistério, por muitos séculos vindouros.

O fascínio da astrologia

ASTROLOGIA é a arte de predizer a sorte futura dos seres humanos, por meio das posições e conjunções dos corpos celestes. E’ talvez a mais antiga de nossas pseudo-ciências. Foi praticada no tempo dos babilônios, há cerca de 5.000 anos, e talvez mesmo mais cedo ainda. E em nossa era, foi popular até fins do século XVI, particularmente nas cortes da Europa Ocidental, onde os astrólogos, que eram também mágicos, prolongavam uma precária existência pela sua finura e pela sua sagacidade política. Procuravam sempre "descobrir nas estrelas" um destino feliz para seus senhores.
A astrologia é uma falsa "ciência". E contudo foi até certo tempo considerada um legítimo campo de pesquisas. Muitos dos mais eminentes filósofos e cientistas do passado andavam metidos, dizem, com a astrologia. Mesmo o grande Kepler caiu vítima de seu fascínio. Mas ultimamente desceu ela ao seu lugar, isto é, às mãos dos charlatães.

E’ fácil compreender porque essa falsa ciência exerceu tão poderosa fascinação sobre a mente popular. Porque parece estar firmada sobre uma sólida base, embora altamente romântica: os doze signos do Zodíaco, aquelas doze cintilantes constelações que cobrem o grande círculo do céu.
No correr do ano, a Terra em suas viagens passa através de cada uma dessas constelações e, de acordo com os astrólogos a Terra é influenciada pelas "conjunções" dessas constelações. Outrossim, asseveram os astrólogos, essas constelações se relacionam com os vários órgãos do corpo humano. Assim, por exemplo, Aqua-rius é o guarda das pernas; Aries, da cabeça e da face; Leo, do coração; e assim por diante. Uma teoria bem engenhosa, como vedes. A única coisa a dizer contra ela é que não é verdadeira. Contudo tão poderoso é o fascínio dessa falsa "ciência" que tem milhares de adeptos até mesmo hoje. Porque é agradável sentir que nosso próprio destino está ligado ao destino das estrelas. Na verdade, os astrólogos denominam-se a si mesmos, filhos e intérpretes das estrelas. São, como dizem, os Aristocratas dos Dizedores de Buena Dicha, os únicos verdadeiros profetas dos nossos dias.

Estranhas "reencarnações" nos céus

ESTRANHO fenômeno novo ocorre de vez em quando para quebrar o tédio dos cálculos astronômicos. De repente, uma brilhante luz cintila nos céus, onde somente uma pálida estrela luzia antes, e diante disso o observador lança-se a uma frenética atividade para obter dados importantes, antes que a luz desapareça tão misteriosamente como apareceu.
Essas Novae, como são chamadas, são estrelas variáveis, cuja luminosidade temporária excede de muito seu brilho normal. O espantoso aumento de luminosidade é um fenômeno repentino, vindo sem aviso. Muitas vezes o aumento é de muitos milhares por cento em um par de dias. Parece que a estrela renasceu de repente para nova vida. Depois vem uma pequena diminuição da intensidade, acompanhada de flutuações irregulares no brilho, até que a luz finalmente fenece. Muitas dessas Novae são encontradas na Via-Láctea. O brilho atingido por essas "estrelas renascidas" é maravilhoso. Algumas delas ardem num esplendor que é 30.000 vezes tão grande como o dos mais brilhantes planetas.

A pergunta surge naturalmente: qual a causa desse imenso e subitáneo jorro de luz? Seguindo Newton e Laplace, várias teorias tem sido propostas. Talvez a mais razoável seja a que dá. a explosão de luz das Novae, como o resultado duma colisão entre uma estrela e uma nebulosa, na Via-Láctea. Contudo, as várias Novae diferem entre si, em aspecto e maneira de ser, e isto suscita talvez mais de uma explicação para o fenômeno. No estado atual da questão, é preferível manter-se imparcialidade e relegá-la para o meio dos outros insolúveis, porém belos e temíveis segredos da natureza.

O Destino da Terra

É UMA questão puramente especulativa, como vedes. Contudo, o cientista pode fazer, se não uma predição, pelo menos algumas observações interessantes. Afinal de contas esta terra é nossa casa, uma casa que se move, uma espécie de carro-reboque a correr pela cintilante estrada das estrelas. Nada mais natural do que perguntarmos: "Para onde estamos indo?"

Dum estudo da dinâmica do sistema solar, podemos inferir certas coisas. As grandes marés oceânicas que se erguem sobre a terra e recuam, estão gradualmente retardando a rotação da Terra. Ao mesmo tempo, a Lua está se afastando pouco a pouco da Terra. Isso tende a tornar os meses mais longos. O mesmo se está dando com relação ao Sol, que se vai afastando lentamente da Terra, o que concorre para aumentar a duração do dia. A cifra de aumento é desprezível. Apenas 1/1.000 de segundo por século. Mas os séculos no céu passam num piscar de olhos e tempo virá, daqui a vários milhões de anos, em que o dia e a noite terão exatamente a mesma duração, cerca de quarenta e sete dos nossos dias atuais.

E então terá lugar um estranho fenômeno. Como o dia crescerá de duração, o mês há de tornar-se mais curto. Por outras palavras, a Lua poderá começar a se aproximar cada vez mais da Terra, até que afinal haverá um choque e toda a vida se extinguira como uma vela.
Ou então, outra catástrofe pode acontecer aos nossos distantes descendentes aqui na Terra. O Sol, como sabemos, está gradualmente esfriando. Poderá chegar o tempo em que não nos dê êle mais nem luz, nem calor. A vegetação cessará então de crescer, uma eterna noite de gelo e geada cairá sobre a Terra e os poucos derradeiros sobreviventes se misturarão aterrorizados, e lentamente morrerão de frio e de inanição.
E então a derradeira e desgraçada criatura humana terá desaparecido da face da terra e o nosso outrora belo planeta, gerador de vida, rolará pelos céus, indiferentemente, massa gelada e sem vida na infinita escuridão.
Mas para que nos afligirmos agora? Isso pode acontecer, se acontecer, talvez, de hoje a bilhões de anos. E mesmo então, será possível que o engenho do homem tenha encontrado outro planeta mais hospitaleiro, e uma grande emigração -levará todos os habitantes da Terra para outro lar, talvez mesmo com mais brilhantes e mais belas constelações, suas vizinhas de "paredes meias". Até agora tem a mente humana descoberto meios de sair de todas as dificuldades do passado. Podemos razoavelmente ter a certeza de que não deixará de o fazer no futuro.


Fonte: Maravilhas do conhecimento humano, 1949. Tradução e Adaptação de Oscar Mendes.
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