sábado, 18 de setembro de 2010

A ORIGEM DO MEDO


Como o medo – do amanhã, de perder o emprego, da morte, da doença, da dor – é gerado?
O medo envolve um processo de pensamentos sobre o futuro, ou sobre o passado. Tenho medo do amanhã, do que pode acontecer.

Tenho medo da morte que ainda está longe, mas mesmo assim me amedronta. Bem, o que é que gera esse medo?
O medo sempre existe em relação a alguma coisa. Se não fosse assim, não haveria medo. Temos medo do amanhã, do que passou e do que está por vir.

O que cria o medo? Não é o pensamento?
O pensamento é a origem do medo

O pensamento gera o medo. Penso que perdi o emprego, ou que poderei perder, e esse pensamento cria medo. O pensamento sempre se projeta no tempo, porque pensamento é tempo. Penso na doença que tive, e como não gostei de sofrer tenho medo de que o sofrimento possa voltar. Senti dor, e pensar nisso, não querer senti-la de novo, cria medo.

O medo está estreitamente relacionado ao prazer.
A maioria de nós é guiada pelo prazer. Para nós, assim como para os animais, o prazer é da máxima importância e faz parte do pensamento. Quando penso em algo que me deu prazer, esse prazer aumenta. Concorda? Já notou isso?

Você teve uma experiência de prazer – olhando o pôr-do-sol, ou fazendo sexo-, e pensa naquilo. Pensar na experiência aumenta o prazer, assim como pensar na dor que teve gera medo. Então, o pensamento cria o prazer e o medo, não é verdade?

O pensamento é responsável por desejarmos o prazer e querermos que ele continue, da mesma forma que é responsável por sentirmos medo. Qualquer um pode ver isso, é um fato real, experimentável.
Então, alguém pergunta: “É possível deixar de pensar no prazer e na dor, é possível pensar apenas quando o pensamento é requisitado, nunca de outro modo?” Quando você está trabalhando em um escritório ou fazendo qualquer outro trabalho, o pensamento é necessário; do contrário, nada poderia ser feito.

Quando você fala, escreve, vai para o trabalho, o pensamento é necessário. Mas o pensamento é necessário em qualquer outro campo de ação?
Por favor, preste atenção. Para nós, o pensamento é muito importante, pois é o único instrumento que temos.

O pensamento é a reação da memória, que se acumulou através de experiência, conhecimento, tradição. A memória é o resultado do tempo, foi herdada do animal. E é com essa formação que reagimos. Essa reação é pensar

O pensamento é essencial em certos níveis , mas quando se projeta psicologicamente como futuro e passado, cria o medo, assim como o prazer. Nesse processo a mente fica entorpecida e, desse modo, a inação é inevitável. Senhor, o medo, com já dissemos, é criado pelo pensamento. Pensamos na possibilidade de perder o emprego, de a esposa fugir com alguém, pensamos na morte, pensamos que já passou e assim por diante. Pode o pensamento parar de pensar no passado ou no futuro, psicologicamente, autodefensivamente?
Atenção sem um centro
 
Alguém pergunta:
“ É possível o pensamento acabar de modo que se possa viver plenamente?
” Você já notou que quando dá atenção completamente a alguma coisa não há nenhum observador e, portanto, nenhum pensador, não há um centro onde você se coloca para observar?

A atenção elimina o medo
Quando você presta essa atenção, não há absolutamente nenhum observador. E é o observador que gera medo, porque é o centro do pensamento, é o “mim”, o “eu”, o ego. O observador é o censor. Quando não há pensamento, não há observador. Esse estado não é inerte. Exige muita investigação, nunca aceita coisa alguma.

Do livro: O que você está fazendo com a sua vida? < Passagens selecionadas sobre as grandes questões que nos afligem – Capítulo: Medo. pág. 81 a 87>

 Fonte:
Krishnamurti

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