quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O ESPÌRITO SANTO



Bela obra de Gian Lorenzo Bernini, que fica atrás da Cátedra de Pedro,
na Basílica de São Pedro, em Roma –

~ O Espírito Santo, o Dom de Deus ~

Na teologia cristã, o Espírito Santo — ou expressões equivalentes: Espírito de Deus, Espírito de Verdade ou Paráclito — é uma expressão bíblica que se refere a uma complexa noção teológica pela qual se descreve uma "realidade espiritual" suprema, que tem sofrido múltiplas interpretações nas diferentes confissões cristãs e escolas teológicas.

Desta realidade espiritual se fala em muitas passagens da Bíblia, com as expressões citadas, sem que se dê uma definição única. Este foi o motivo de uma série de controvérsias que se produziram principalmente ao longo de três períodos históricos: o século IV como século trinitário por excelência, as crises cismáticas do oriente e ocidente ocorridas entre os séculos IX e XI e, por último, as distintas revisões doutrinárias nascidas da reforma protestante.

Pelo Espírito Santo nós podemos dizer que "Jesus é o Senhor", quer dizer para entrar em contato com Cristo é necessário Ter sido atraído pelo Espírito Santo.

Mediante o Batismo nos é dado a graça do novo nascimento em Deus Pai por meio de seu Filho no Espírito Santo. Porque os que são portadores do Espírito de Deus são conduzidos ao Filho; mas o Filho os apresenta ao Pai, e o Pai lhes concede a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito não é possível ver ao Filho de Deus, e sem o Filho, ninguém pode aproximar-se do Pai, porque o conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus se alcança pelo Espírito Santo.

Vida e Fé.
O Espírito Santo com sua graça é o "primeiro" que nos desperta na fé e nos inicia na vida nova. Ele é quem nos precede e desperta em nós a fé. Entretanto, é o "último" na revelação das pessoas da Santíssima Trindade.

O Espírito Santo coopera com o Pai e o Filho desde o começo do Desígnio de nossa salvação e até sua consumação. Somente nos "últimos tempos", inaugurados com a Encarnação redentora do Filho, é quando o Espírito se revela e nos é dado, e é reconhecido e acolhido como Pessoa.

O Paráclito. Palavra do grego "parakletos", o mediador, o defensor, o consolador. Jesus nos apresenta ao Espírito Santo dizendo: "O Pai vos dará outro Paráclito" (Jo 14,16). O advogado defensor é aquele que, pondo-se de parte dos que são culpáveis devido a seus pecados os defende do castigo merecido, os salva do perigo de perder a vida e a salvação eterna. Isto é o que Cristo realizou, e o Espírito Santo é chamado "outro paráclito" porque continua fazendo operante a redenção com a que Cristo nos livrou do pecado e da morte eterna.

Espírito da Verdade.
Jesus afirma de si mesmo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6). E ao prometer o Espírito Santo naquele "discurso de despedida" com seus apóstolos na Última Ceia, diz que será quem depois de sua partida, manterá entre os discípulos a mesma verdade que Ele anunciou e revelou.

O Paráclito, é a verdade, como o é Cristo. Os campos de ação em que atua o Espírito Santo são o espírito humano e a história do mundo. A distinção entre a verdade e o erro é o primeiro momento de tal atuação.

Permanecer e atuar na verdade é o problema essencial para os Apóstolos e para os discípulos de Cristo, desde os primeiros anos da Igreja até o final dos tempos, e é o Espírito Santo quem torna possível que a verdade sobre Deus, a humanidade e seu destino, chegue até nossos dias sem alterações.

~ Nomes, dons e frutos do Espírito Santo ~

A Bíblia contém um conjunto de expressões que aludem a uma “realidade divina” nas quais creem o judaísmo e  o cristianismo. Eis uma lista dessas expressões:

Espírito Santo, Espírito de Santidade, Espírito de Deus, Espírito Santo de Deus, Espírito da Verdade, Espírito Reto, Espírito Generoso, Espírito de Cristo, Espírito de Adoção, Mente de Cristo, Espírito do Senhor, Senhor Mesmo, Espírito de Liberdade, Dedo de Deus, Paráclito.

De todas elas, "Espírito Santo" é a expressão principal, a mais conhecida e a que mais se usa no cristianismo. O Livro da Sabedoria caracteriza este Espírito nos seguintes termos:

    Espírito inteligente, santo, único e múltiplo, sutil, ágil, penetrante, imaculado, claro, inofensivo, agudo, livre, benfeitor, estável, seguro, tranquilo, todo-poderoso, onisciente, que penetra em todos os espíritos inteligentes puros e sutis. (Sb 7:22-23)

Existe uma citação do profeta Isaías onde se enumeram os "dons do Espírito Santo":

    Espírito de sabedoria, inteligência, conselho, força, ciência, piedade, temor de Deus. (Isaías 11:2)

Estes dons se completam com os "frutos do Espírito" que aparecem na Epístola aos Gálatas:

    ... caridade, gozo, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade. (Gl 5, 22-23)

Todos estes “nomes”, “dons” ou “frutos” vão implícitos na expressão “Espírito Santo” e fazem dela uma noção teológica muito rica. Apesar desta diversidade de nomes, na teologia cristã se diz, sem dúvida, que não existe mais que um e um mesmo Espírito, consideração para que os teólogos apresentem uma citação de Paulo em 1Co-12:4

~ Os dons ~
No judaísmo e no cristianismo acredita-se que o Espírito Santo pode aproximar-se da alma e transmitir-lhe certas disposições que a torna perfeita. Conhecidas como os “dons do Espírito Santo”. A relação de dons varia entre as diferentes denominações cristãs. A teologia católica e a ortodoxa reconhecem sete dons pois seguem tradicionalmente a citação de Isaías. São esses os sete dons:

    1. Sabedoria
    2. Entendimento
    3. Conselho
    4. Fortaleza
    5. Ciência
    6. Piedade
    7. Temor de Deus

~ Os frutos ~
Na teologia cristã, se diz que a proximidade do Espírito Santo induz na alma uma série de hábitos benéficos que se conhecem como “frutos do Espírito” e que vêm enumerados na Epístola aos Gálatas.

“o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio. Não há lei que condene estas coisas” (Gl 5:22-23)

ou, de acordo com a versão católica:

caridade, gozo, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade (Gl 5, 22-23 Vulgata)

Os frutos são produtos dos dons do Espírito. Os frutos são atos virtuosos e se distinguem pela alegria que causam em quem os realiza. O número de nove citados no Novo Testamento é só simbólico, pois, como afirma Tomás de Aquino, "são frutos de qualquer obra virtuosa na qual nos deleitamos".

~ Espírito de profecia ~
A teologia cristã e a judaica afirmam que o Espírito Santo inspirou os profetas bíblicos. Os principais profetas bíblicos são Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel. Todavia, são conhecidos como profetas menores Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. O seguinte exemplo foi tirado do livro de Ezequiel:

    Depois de falar essa voz, o Espírito entrou em mim e pude escutá-lo. (Ez 2,2)

Este outro exemplo é do Novo Testamento:

    Enquanto celebravam o ofício, disse o Espírito Santo: Escolhi Paulo e Barnabé para a obra que lhes vou encomendar. (At 13,2)

A tradição cristã herda do judaísmo esta tradição. No Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo inspirará em numerosas passagens aos apóstolos. Paulo falava do Espírito Santo em suas epístolas. Na primeira epístola aos Coríntios recomendava alcançar, pelo exemplo, o dom da profecia antes que o de línguas, por ser mais proveitoso (14:1).

A crença no dom da profecia do Espírito está refletida no credo cristão quando diz “... e que falou pelos profetas”.

~ O Espírito Santo na iconografia ~
As principais imagens do Espírito Santo foram criadas para representar a Santíssima Trindade ou os episódios do Batismo de Jesus, da Anunciação ou Pentecostes.

Desde o século X era costume representar a Trindade com três formas humanas masculinas. Estas imagens conseguiram se firmar — em meio de discussões e interpretações de todo tipo — até o século XVI. Pode se ver, por exemplo, no retábulo maior da igreja do Convento de Miraflores de Burgos, Espanha, talhado por Gil de Siloé em fins do século XV, ou na pintura da Coroação da Virgem de Diego Velázquez (Museu do Prado, Espanha). Sem dúvida, o Papa Benedito XIV proibiu toda representação em forma humana do Espírito Santo no ano 1745.

Desde então, passou-se a usar o símbolo de uma pomba que é mencionada com motivo do Batismo de Jesus e que já se vinha usando largamente na arte: por exemplo, Piero della Francesca em seu Batismo (1440-45). A pomba aparece também em representações da Santíssima Trindade (Rafael Sanzio em Peruggia (1504), em representações de episódios do Novo Testamento (especialmente, na Anunciação a Maria) e nas cenas da vida de alguns santos (a Coroação da Virgem, Gregório Magno escreve inspirado pela pomba ou são Remo recebe dela a crisma para batizar Clovis).

A forma de línguas de fogo mencionada nos Atos dos Apóstolos (At 2:3) é usada em representações do acontecido em Pentecostes. Todavia, as mais antigas pinturas de Pentecostes acrescentavam apenas uma pomba (veja, por exemplo, o Evangeliário Siríaco do monge Rábula de Florença).

~ Símbolos ~
O Espírito Santo é representado de diferentes formas:


  # Água: O simbolismo da água é significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, já que a água se transforma em sinal sacramental do novo nascimento.

  Unção: Simboliza a força. A unção com o óleo é sinônimo do Espírito Santo. No sacramento da Confirmação o confirmando é ungido para prepará-lo para ser testemunha de Cristo.

Fogo: Simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito

 Nuvem e Luz: Símbolos inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo. Assim desce sobre a Virgem Maria para "cobri-la com sua sombra". No monte Tabor, na Transfiguração, no dia da Ascensão; aparece uma sombra e uma nuvem.

Selo: é um símbolo próximo ao da unção. Indica o caráter indelével da unção do Espírito nos sacramentos e falam da consagração do cristão.

A Mão: Mediante a imposição das mãos os Apóstolos e agora os Bispos, transmitem o "Dom do Espírito".

A Pomba: No Batismo de Jesus, o Espírito Santo aparece em forma de pomba e posa sobre Ele.



Pentecostes
Pentecostes (do grego pentekosté (heméra) "o quinquagésimo dia" é o símbolo do Cenáculo, onde os Apóstolos se reuniram, pela primeira vez, à espera do Espírito Santo, inspirador de todos os seus trabalhos na Igreja. No Cenáculo, desde a sua fundação, a comunidade cristã aí se reúne, para ser conduzida pelo Sopro Inspirador, compartilhando o amor em Cristo. Atualmente o 50.º dia após a Páscoa é considerado pelos cristãos o dia de Pentecostes.

Na liturgia católica é a festa mais importante depois da Páscoa e o Natal. A liturgia inclui a sequência medieval Veni, Sancte Spiritus (Vinde ou Venha, Espírito Santo).

O fundo histórico de tal celebração se baseia na festa semanal judia chamada Shavuot (festa das semanas), durante a qual se celebra o quinquagésimo dia da aparição de Deus no monte Sinai, portanto no dia de Pentecostes também se celebra a entrega da Lei (Mandamentos) ao povo de Israel.

Nas igrejas ortodoxas existe, além disso, a celebração das Três Divinas Pessoas ou da Santíssima Trindade; as igrejas ocidentais celebram esta ocasião desde o século XIV sua própria festa chamada Trinitatis (a festa da Santíssima Trindade) uma semana depois de Pentecostes.

Nas narrativas sobre o Pentecostes nos Atos dos Apóstolos (2,1-41) são atribuídas ao Espírito Santo, em sintonia com o Antigo Testamento, características milagrosas (carismas): Ele dá fortaleza e liberdade, possibilita a compreensão (glossolalia) e fortalece uma comunidade universal.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o Espírito Santo é a "Terceira Pessoa da Santíssima Trindade". Quer dizer, havendo um só Deus, existem nele três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta verdade foi revelada por Jesus em seu Evangelho.

O Espírito Santo coopera com o Pai e o Filho desde o começo da história até sua consumação, quando o Espírito se revela e nos é dado, quando é reconhecido e acolhido como pessoa. O Senhor Jesus no-lo apresenta e se refere a Ele não como uma potência impessoal, mas como uma Pessoa diferente, com seu próprio atuar e um caráter pessoal.

~ Em síntese (sobre Pentecostes) ~
Pentecostes é uma festa adotada pelo Cristianismo ao Judaísmo. Em primeiro lugar, a palavra festa (hag, no hebraico) significa fazer um círculo. Isso revela o sentido primitivo de festa, isto é, uma reunião comunitária (Êx 5.1). Nela, o povo celebrante reunia, especialmente, para estudar os textos sagrados que, mais tarde, viriam a ser a Bíblia.

Em segundo lugar, o nome Pentecostes vem da língua Grega e significa cinquenta dias depois, a saber, da festa da Páscoa. Originalmente, esta festa possuía três nomes hebraicos: festa das Semanas, festa das Colheitas ou Dia das Primícias. Estes três nomes revelam um pouco do conteúdo da festa: era agrícola e situada no período das colheitas. A troca de nome para Pentecostes deu-se a partir do período grego (333-63 anos antes de Cristo), quando a Grécia dominou culturalmente o mundo. O mais primitivo motivo desta festa foi gratidão a Deus pelo dom da terra. Posteriormente, o povo bíblico incorporou o motivo de gratidão pela doação da Torá (450 anos antes de Cristo). A Torá é a instrução divina por excelência, contida no Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia). Provavelmente, a festa de Pentecostes, descrita em Atos dos Apóstolos 2, celebrava a doação da Torá. Os salmos 19 e 119 mostram que a manifestação do Espírito Santo está diretamente relacionada ao estudo da Torá.

~ Relato bíblico ~
Atos dos Apóstolos 2,1-11

Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém judeus devotos, de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua. Cheios de espanto e de admiração, diziam: "Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que nós os escutamos na nossa própria língua? Nós que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia, próxima de Cirene, também romanos que aqui residem; judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!"

Palavra do Senhor

Evangelho de João 20,19-23

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: "A paz esteja convosco". Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: "A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio". E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos".

Palavra da Salvação.
Arnaldo Poesia


Bibliografia: Arquivo Starnews 2001 – Bíblia Sagrada, 
Edição Pastoral-Catequética, Editora Ave-Maria, 165ª Edição, 
Edição Claretiana, 2005 – Catecismo da Igreja Católica.

~ Arnaldo Poesia ~ Equipe Starnews 2001
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