O Labirinto
Um dos símbolos mais antigos do planeta, presente nas mais diversas culturas e civilizações, o labirinto está diretamente relacionado com a experiência espiritual.
Por Helena Gerenstadt
Qual será a origem do labirinto? Nosso corpo humano poderá ser a resposta, com suas múltiplas formas, com as circunvoluções do cérebro, do ouvido interno, as palmas das mãos, as plantas dos pés, o sistema circulatório, o ventre materno; todos são labirintos complexos. Os babilônios já associavam os labirintos com os intestinos dos animais sacrificados.
Por Helena Gerenstadt
Qual será a origem do labirinto? Nosso corpo humano poderá ser a resposta, com suas múltiplas formas, com as circunvoluções do cérebro, do ouvido interno, as palmas das mãos, as plantas dos pés, o sistema circulatório, o ventre materno; todos são labirintos complexos. Os babilônios já associavam os labirintos com os intestinos dos animais sacrificados.
O insondável núcleo de um labirinto tem algo em comum com as entranhas da terra e com as cavernas, que são labirintos naturais com complexos corredores de acesso. Em todos os povos do mundo antigo, o labirinto também está relacionado a locais de rituais religiosos e iniciáticos, à vida e à morte.
As antigas espirais gravadas nas pedras foram as primeiras marcas de rituais espirituais e de proteção, mas muitos pesquisadores sugerem que os labirintos simbolizavam diagramas do céu, como os ciclos orbitais dos planetas.
As origens do labirinto são diversas: foram encontrados desenhos no norte da Europa, na Índia, no Tibete, na Patagônia e no continente africano. Assim, a presença dessas expressões na consciência primitiva do homem, em várias partes do planeta, surgiu com os conhecimentos geométricos dos sacerdotes ou mediante práticas de meditação.
Com freqüência, muitos desenhos rupestres incluem o labirinto, como é o caso dos desenhos de Val Camonica, nos Alpes italianos, que datam da Era Neolítica. Eles também se encontram gravados em várias câmaras funerárias do País de Gales. Um pequeno labirinto em forma de espiral foi encontrado na Índia, juntos às ruínas de Kundini, distrito de Salem (Madras). A forma desse labirinto apresenta um desenho hindu registrado na saga épica Mahabharata, que tem paralelismos mitológicos com as lendas européias do labirinto.
Na Índia, era costume se fazer a tatuagem do desenho labiríntico, e o povo kita, das montanhas de Nilgiri, tinha o costume de gravar desenhos labirínticos nas fachadas de suas casas. Esses desenhos recordam em muito os labirintos que figuram nas moedas encontradas em Cnosos (Creta).
Na América do Norte também foram encontrados labirintos gravados em rochas. Em seus trabalhos artesanais, os índios navajos, papagos e pimas utilizavam o labirinto de estilo cretense, com sete círculos; e, entre os hopis, se conhecia tanto o labirinto circular como o labirinto quadrado.
Outros exemplos de desenhos em forma de espiral foram descobertos no México e na Venezuela. Em Nazca, no Peru, foi encontrado o maior labirinto artificial que existe sobre o planeta; em sua totalidade, cobre uma área de 96 quilômetros de comprimento por 16 quilômetros de largura. O desenho mais famoso é o do macaco, que tem o seu rabo em forma de labirinto; mas todos eles formam um enigmático sistema de marcas paralelas e cruzadas, compondo triângulos, retângulos e silhuetas de outros animais. Todos os desenhos formam mais de 100 espirais, que medem de 4 a 80 metros de diâmetro.
Os primeiros monumentos funerários construídos com o princípio do labirinto foram as tumbas egípcias, como a do Faraó Amenemhet III, da XII Dinastia (1842-1797 a.C.). Essa construção foi destruída na época romana, mas a descrição nos chegou através do historiador grego Heródoto, que descreve o monumento como sendo rodeado de muralhas, com um plano quadrangular de 200 metros de comprimento por 170 metros de largura; estava composto por três mil quartos, distribuídos em dois andares, um deles subterrâneo, onde se guardavam os sarcófagos reais e os crocodilos sagrados. Não se conhece o objetivo original desse edifício, mas todos os indícios apontam que se tratava de um monumento sepulcral e, ao mesmo tempo, um centro de iniciação e culto.
Muitos textos clássicos citam outros labirintos de grandes proporções, como o grego da Ilha de Lemnos, construído por Rhoekos e Teodoros, com 150 colunas; o etrusco de Clusium, adornado com uma grande pirâmide em cada ângulo e outra no centro; e o especial labirinto de Cnosos, na Ilha de Creta, que é o modelo de todos os que foram construídos posteriormente.
Esse mítico labirinto foi construído por Dédalo, procurando imitar o egípcio, por ordem do Rei Minos (1.600 a.C.), para albergar o Minotauro, um ser híbrido, metade homem e metade touro, fruto dos amores entre a Rainha Pasífae, esposa de Minos, e um touro. A lenda mais conhecida relata que o herói Teseu conseguiu matar o Minotauro e fugir do labirinto com a ajuda de um novelo de lã, que lhe foi entregue por Ariadna, filha do rei Minos.
Uma vez que na Creta minóica se praticava o culto solar ao touro – que se associava a ritos de iniciação e de fertilidade – o mais provável é que a morte do Minotauro fosse mais simbólica do que real. O Minotauro simboliza todos os terrores da experiência labiríntica, ou o labirinto do inconsciente humano, e a incursão de Teseu no recinto se relaciona com a descida aos infernos, constante em diferentes tradições. O simbolismo é de uma prova iniciática: a vitória da morte no centro e o retorno à vida.
As imagens de labirintos – desenhadas nos pisos ou paredes de várias igrejas e catedrais européias na Idade Média – foram motivo de muitas especulações. Alguns interpretaram como um emblema do Caminho a Jerusalém; outros acreditam que serviam para realizar peregrinações. Os fiéis percorriam o labirinto ou as linhas marcadas no chão, descalços ou de joelhos, como forma de compensação por não terem conseguido realizar a peregrinação em si.
Alguns autores e pesquisadores apresentaram o conteúdo mítico-hermético dos labirintos, como Fulcanelli (famoso e enigmático escritor e alquimista do século 20, conhecido pelo livro O Mistério das Catedrais), que os considera como algo emblemático de todo o trabalho da Grande Obra alquímica, que aspirava a purificação e transmutação do Ser.
De acordo com químico e político francês Marcellin Berthelot (1827-1907), o labirinto das catedrais, ou o labirinto de Salomão, é “uma figura cabalística que se encontra no início de certos manuscritos alquímicos, e que forma parte das tradições mágicas atribuídas ao nome de Salomão. É uma série de círculos concêntricos, interrompidos em certos pontos, de maneira que formam um trajeto chocante e inextricável". A influência oculta de alquimistas se deixou sentir na construção destes templos na Idade Média".
A experiência de um labirinto – qualquer que seja sua forma: gravado em pedra, pintura, mosaico, caminho de jardim – produz sempre o mesmo efeito psicológico: uma alteração temporal da orientação consciente que pode confundir aqueles que percorrem o caminho, fazendo com que se perca; simbolicamente, a pessoa perde o seu caminho e, ao mesmo tempo, abre novas dimensões cósmicas da natureza transcendental.
Atualmente, o termo labirinto continua sendo muito estudado por sua mensagem simbólica, provando que continua sendo uma figura universal forte, assim como uma representação de experiência espiritual.
Símbolos e Peregrinação
Os símbolos e sinais fazem parte da memória do ser humano, constituindo parte da ciência, pois revelam o curioso mecanismo da Terra e do céu, conduzindo o homem até o átomo, narrando também a história das raças e da evolução da humanidade.
Quando a pessoa está preparada, ela sabe ver e compreender os sinais; assim, pode fazer sua “peregrinação” em qualquer local. A peregrinação é um caminho de aperfeiçoamento interior, é uma busca contínua.
Em Glastonbury, Inglaterra, temos a Torre, que está situada na colina, e para chegar a ela é necessário subir os sete níveis, que são os terraços artificiais em forma de labirinto. Os primeiros cristãos relacionavam esses terraços com as sete estações de Jesus Cristo. Os druidas subiam esse caminho como um ritual para chegarem ao santuário.
O labirinto é considerado uma via iniciática, ou seja, o começo de um caminho com retorno obrigatório, e uma forma de compreender a própria natureza interior. Fazendo um pequeno paralelo, a espiral é um emblema da vida universal e está no DNA, a célula mãe do corpo humano.
A colina de Silbury, também na Inglaterra – que é a maior colina da Europa criada pela mão do homem, no período Neolítico – é simbolicamente representada como o ventre da Deusa grávida. Os antigos desenhos do local apresentam o perfil do corpo feminino.
A tradição britânica guarda reverência à terra, que também está representada na lenda do Santo Graal.
ESPIRAIS E LABIRINTOS
ARQUÉTIPOS UNIVERSAIS
A Terra nasceu a partir do movimento em espiral de uma nuvem de gás e pó cósmico. Desde então, as espirais formam parte de nosso entorno cotidiano. Podemos contemplar-las em todas as escalas possíveis, tanto no espaço como no tempo. A própria natureza elegeu essa forma para seu crescimento e desenvolvimento.
A forma helicoidal está presente no mais profundo dos seres vivos, como na dupla hélice do DNA (ácido desoxirribonucléico) que codifica nossa herança. O corpo humano também contém a tripla hélice do cordão umbilical – formado por duas artérias e uma veia. Temos rodamoinhos no cabelo.
As marcas de nossos dedos, as glândulas sudoríparas, e os folículos pilosos, assim como a estrutura torsionada de alguns ossos e o caracol de nosso ouvido interno – uma das espirais mais perfeitas – também evocam a mesma forma, que assim mesmo observamos nas ondas que culminam enroscando-se, nas conchas dos caracóis, o movimento dos ciclones ou tornados e as curvas espirais divergentes ou centrífugas das galáxias.
Todos estes casos constituem exemplos de como a natureza repete uma e outra vez este movimento que nos acompanha desde que nasceu o sistema solar. Esta espiral integra outra muito maior; o imenso rodamoinho da Via Láctea, que gira vertiginosamente no espaço repetindo o mesmo movimento.
O Labirinto é uma chave arquetípica ....
HELENA GERENSTADT CONVIDA:
VIVENCIA DO LABIRINTO
– O JOGO DA OCA
Nesta vivência será apresentada a origem, história e significado deste símbolo. O labirinto não é somente um tipo de mandala sobre a qual podemos meditar. É um símbolo que pode nos conduzir às profundezas de nosso inconsciente, abrindo caminho para verdades cósmicas. O "Jogo da Glória", ou "Jogo do Ganso", foi criado durante a Idade Média. Simbolicamente representa o percurso da vida de um ser humano, onde a virtude e o vício se interpõem em nosso caminho sem que necessariamente os desejemos.
O Jogo Iniciático da Oca
O labirinto é um dos símbolos mais conhecidos em todo o mundo.Pertence aos rituais de iniciação, de formação esotérica, além de simbolizar a descoberta do centro espiritual oculto, onde os mestres se encontram e seu vagar termina.
O Jogo da Oca é um jogo da Idade Média; representa um elo entre o simbolismo medieval, por meio do labirinto, e os modernos jogos de corrida, em forma espiral, para se obter a vitória final. Ele possui 63 casas, distribuídas em forma espiral. O número 63 era considerado, na Antiguidade, o ponto culminante da vida do homem, a soma das Sete Idades, cada uma formada por nove.
Já a casa 42, chamada de Labirinto, representa o número dos Juízes Mortos, no Livro dos Mortos do Antigo Egito. Esse número é também a soma das gerações bíblicas de Adão a Cristo.
Seja também um peregrino, faça a sua caminhada através do Jogo da Oca.
Data: 20 de Novembro
- sábado - das 14.00 às 17.00 horas
Investimento: R$ 60,00
Local: Pax Universal - Av. Braz Leme, 1353
- São Paulo - Tel.: (11) 2236.2726
- 2236.0244 - 2256.8002
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