sábado, 30 de abril de 2011

FONTES DE CONHECIMENTO E CARACTERÍSTICAS


I.3. 

Fontes de conhecimento

e as suas características

O ser humano tem uma inata tendência para a aprendizagem.
O denominado conhecimento popular é tão amplo e complexo que utiliza expressões contextuais para transmitir conceitos que de outra forma seria muito complicado ou levaria demasiado tempo. Uma amostra interessante dos milhares de expressões é a curiosidade matou o gato, porque é muito semelhante à frase do parágrafo anterior mas não compromete nada. 

Pelo contrário, poderia começar a questionar-se a primeira questão: Porque só o ser humano? De certeza que é inata? Que parte se aprende e que parte é instintiva? É só uma tendência ou é uma característica intrínseca e permanentemente operativa? Produz-se só no âmbito do consciente ou também no do inconsciente? Poderíamos continuar assim até... Ah, já nos esquecíamos:  

O que é um ser?
Mais formalmente, se a origem do conhecimento provem exclusivamente da experiência (empirismo - Locke), ou o contrário (inatismo - Leibniz) ou um compromisso histórico de ambos (apriorismo - Kant). 

Vemos, pois, a eficiência do conhecimento popular, contudo, pelas suas características tem um grande inconveniente, não é de fiar, em numerosas ocasiões é irônico, uma pequeníssima variação contextual pode mudar de signo ou significado, noutros casos só pretender alegrar a vida com o humor mediante o cruzamento de ideias na mente, às vezes, inclusivamente inverte premeditadamente os elementos causa-efeito, etc.

Para evitar toda esta série de inconvenientes desenvolveu-se o método científico que, na sua versão estrita, conta com três métodos principais por estarem aceites com generalidade pela comunidade científica. Também se costumam apontar numerosos métodos particulares em função da matéria estudada com maior ou menor aceitação e normalmente costumam referir-se a sistemas com características complexas.

Poderia dizer-se que o conhecimento popular é ao método científico o que é a intuição à lógica. Ambos partilham as mesmas fontes do conhecimento: a percepção, a intuição e a lógica. Partilham os problemas relativos aos elementos contextuais e à dificuldade da separação causa-efeito.

Também se pode incluir como fonte do conhecimento tanto popular como científico a criatividade? Um exemplo como fonte do conhecimento popular seria a frase pensa mal e acertarás e um exemplo ilustrativo da criatividade como fonte do conhecimento científico seria a loucura do gênio. 

O desenho das características do método científico persegue a objetividade e a segurança das suas conclusões, por isso não costuma cometer erros; pelo contrário, o conhecimento popular sim comete mas, por vezes, é muitíssimo mais eficiente para transmitir uma ideia complexa; de fato, todos o utilizamos com assiduidade. 

Em relação às características das fontes do conhecimento, a lógica também não deveria cometer erros pois, caso contrário, deixaria de ser lógica e passaria a considerar-se como puras especulações. 

A fonte do conhecimento da intuição sim comete erros, pois apesar de não ter a segurança desejada dos raciocínios, não se detém e continua com argumentos parciais, chegando a conclusões que ela mesma não pode confirmar nem rejeitar. Ao libertar-se da escravidão da segurança, a sua potência é muito maior que a da lógica.

À medida que vai acumulando argumentos parciais, a sua margem de erro vai aumentando e, portanto, a sua eficácia vai diminuindo. Contudo, por vezes, depois de uma longa argumentação ou pensamento, em que a conclusão final tem associada uma elevada margem de erro, produz-se um fato interessante que permite melhorar a sua eficácia significativamente: à vista da conclusão, encontramos uma via diferente que nos incrementa a fiabilidade. 

Mas neste caso encontramo-nos
mais na linha da criatividade do que da intuição. 

Este poderia ser o caso da Teoria Geral da Evolução Condicionada da Vida, a sua posição filosófica é um tanto aventureira e choca com as crenças e posições mais comuns dentro da sociedade, as suas hipóteses do funcionamento genético são bastante atrevidas, etc., mas, afinal... Propõem-se meios de verificação empírica! E conseguem-se!

Claro que, em certos casos, a evidência contra uma posição pode ser abrumadora e ainda assim persistir em continuar o raciocínio com uma margem de erro quase insuportável, poderia dizer-se que, se no final se consegue descobrir um caminho para a validação empírica, uma 5ª fonte do conhecimento foi a loucura, o que em certa forma se poderia considerar o mesmo, o amor, ou melhor, a loucura do amor, ou... é melhor não pôr exemplos históricos.
Outra característica interessante e diferente do binômio percepção-realidade é a relativa à relação entre teoria científica e realidade, tratado amplamente pelo chamado Círculo de Viena

Existem três interpretações das relações entre teoria e realidade (observação): o reducionismo, o realismo e o instrumentalismo ou convencionalismo.
O reducionismo circunscreve a teoria científica ao mundo do observável, convertendo-se numa simplificação das observações. 

O realismo admite que determinadas entidades não sejam observáveis mas requer que sejam reais, ou seja, que existam independentemente da mente. Por seu lado, o instrumentalismo ou convencionalismo define-a como um instrumento útil que permite fazer vaticínios. 

Sinceramente, o utilitarismo que se antepõe à racionalidade parece-me mais técnico que científico, mas suponho que são questões de moda, ainda que possa, durar séculos.

O que é o método científico?

 Fonte:
Mª José T. Molina
 
MOLWICKPEDIA

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