
GUERRA NA SÍRIA.Ataque dos E.U.A. está próximo. 
Veja as últimas notícias sobre a guerra na Síria. 27/08/2013.
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Uma sedução fatal
Armas químicas e biológicas tornaram-se a "bomba atômica dos pobres"
Claudio Camargo                                                                               
Junto com o arsenal nuclear, as armas  químicas e biológicas constituem a demoníaca trindade das chamadas  “armas de destruição em massa”. Mas, ao contrário das bombas atômicas,  os agentes químicos e biológicos são baratos e relativamente fáceis de  ser manipulados; por isso, ficaram conhecidos como a “bomba nuclear dos  pobres”. Muitos países do Terceiro Mundo estocaram ou ainda estocam esse  tipo de armamento devastador e alguns, como o Iraque e o Egito, fizeram  uso deles. Mas a utilização militar de substâncias tóxicas letais, de  forma generalizada e sistemática, aconteceu pela primeira vez pelas mãos  das grandes potências: foi no front europeu durante a Primeira Grande  Guerra (1914-18), mais precisamente na batalha de Ypres (França), em  1915, quando os alemães bombardearam as tropas inglesas com gás de  cloro. Até o fim daquela carnificina, em 1918, Alemanha, França e  Grã-Bretanha usaram em larga escala gases letais, como o fosgênio e o  mostarda, principalmente. Quase 70 mil combatentes morreram, fixando no  imaginário ocidental aquela apocalíptica imagem de soldados com máscaras  contra gases.
     
O impacto foi tão devastador
 que impediu o uso dessas  armas no front da Segunda Guerra Mundial.
Mas as armas químicas não foram uma invenção dos tempos modernos. Em  História da Guerra do Peloponeso, sobre o longo conflito entre Atenas e  Esparta, de 431 a.C. a 404 a.C., Tucídides narra como as tropas  espartanas utilizaram, de maneira rudimentar, gases de enxofre para  atacar seus inimigos atenienses. Já as legiões do Império Romano tiveram  a idéia de jogar animais mortos em cisternas de água do inimigo, para  espalhar doenças e atingir o moral das tropas adversárias. No século  XIV, os tártaros da Criméia, na Ucrânia, catapultaram corpos humanos  infectados com peste bubônica para além dos muros da cidade de Kaffa,  (hoje Feodosiya), às margens do mar Negro, então dominada pelos  genoveses. Os resultados militares conhecidos foram pequenos, mas alguns  historiadores sustentam a tese de que a Peste Negra, pandemia que  assolou a Europa naquela época e dizimou um quarto de sua população,  teve origem nas cercanias de Kaffa.
Mas foram os britânicos os primeiros a devastar as fileiras inimigas  com a ajuda de métodos biológicos. A chance veio no final das guerras  Franco-Indígenas (1754-63), quando a Grã-Bretanha derrotou a França na  luta pelo Canadá. Lord Jeffrey Amherst, o comandante-em-chefe das forças  britânicas na América, mandou distribuir cobertores e mantas  contaminados com varíola para infectar as tropas indígenas do chefe  Pontiac, que lutaram ao lado dos franceses e não aceitavam seus novos  senhores. O general, que tratava os inimigos franceses derrotados com  dignidade cavalheiresca, nutria um ódio visceral pelos nativos e  prometia usar
 “qualquer método que possa servir para exterminar essa  raça execrável”. 
A alma britânica tem realmente razões que a razão  desconhece. 
Até mesmo o venerável Winston Churchill, implacável  adversário da barbárie nazista, jamais escondeu seu desprezo por povos  considerados “inferiores”. Em 1919, quando era secretário de Estado da  Guerra, Churchill ordenou o uso de armas químicas contra a minoria curda  do Iraque, que se rebelou contra a ocupação britânica.
“Eu não entendo  essa sensibilidade toda pelo uso do gás”, 
disse ele, entre uma baforada e  outra de seu charuto. 
“Sou fortemente favorável a usá-lo contra tribos  não civilizadas.”
Massacre – Pobres curdos iraquianos: sempre ficam do “lado  errado”. Em 1988, quase no fim dos oito anos da sangrenta guerra  Irã-Iraque, a soldadesca do ditador Saddam Hussein bombardeou cidadelas  curdas no Iraque, principalmente Halabja, com gás mostarda e sarin. Pelo  menos cinco mil pessoas foram dizimadas, entre elas muitas crianças. O  tirano queria punir a guerrilha curda, que dera apoio aos iranianos. O  massacre chocou a opinião pública esclarecida, mas o governo dos EUA fez  ouvidos de mercador e não apenas manteve os créditos ao Iraque como o  então presidente Ronald Reagan vetou sanções econômicas que o Congresso  tentou impor a Bagdá. Afinal, na época Saddam era o queridinho da Casa  Branca, já que ele lutava contra a revolução islâmica que o Irã do  aiatolá Khomeini queria exportar à região. Relatórios secretos revelam  que Washington sabia, desde 1983, que o Iraque havia usado os mesmos  gases letais para tentar conter as gigantescas ofensivas de “ondas  humanas” dos iranianos. Sabia-se também que, com ajuda de  multinacionais, Saddam estava construindo um complexo industrial de  armas químicas.
As ditaduras, aliás, usaram e abusaram desse tipo de arma. As tropas  de Mussolini jogaram gás mostarda contra civis na Abissínia (atual  Etiópia) durante a invasão daquele país, em 1936. Os militares japoneses  utilizaram diversas armas químicas quando invadiram a China, em 1937, e  fizeram experiências biológicas com cobaias humanas durante a Segunda  Guerra, matando cerca de três mil pessoas.
 Os nazistas usaram o gás  zyklon-B para eliminar civis, 
principalmente judeus, nas tristemente  célebres câmaras de gás em campos de extermínio.
Mas nem mesmo a democracia americana escapou da tentação de fazer uso  desse tipo de arsenal. Durante a Guerra do Vietnã (1965-73),  bombardeiros dos EUA despejaram sobre o território vietnamita toneladas  de herbicidas como o Agente Laranja, um desfolhante que destruiu quase  10% da terra cultivável do Vietnã do Sul. E o governo americano também  chegou a fazer testes com a própria população civil, como a liberação de  mosquitos feita pelo Exército em áreas residenciais na Flórida e na  Geórgia, em 1956, ou a liberação de uma bactéria inócua, prima do  Bacillus anthracis, no metrô de Nova York em 1966.
 “Não se sabe o que ocorre no Iraque”
Hélio Contreiras
O médico paulista Roque Monteleone, 55 anos, participou do Comitê da ONU que supervisionou a destruição de parte do arsenal de armas químicas e biológicas do Iraque até 1998.
ISTOÉ – O sr. constatou a existência de armas químicas e biológicas no Iraque?
Monteleone – Sim, estivemos lá para isso mesmo. Entre 1996 e 1997, tudo o que se encontrou foi destruído. A destruição foi, até mesmo, documentada.
ISTOÉ – Como a ONU investigou a desativação dessas armas?
Monteleone – O que a comissão da ONU fez no Iraque foi verificar a veracidade das declarações. E destruir. Isso até 1998, quando, por uma série de circunstâncias, inclusive a denúncia feita pelo Iraque de que os EUA estavam usando a comissão da ONU para infiltrar agentes, esta comissão foi substituída por outra, que nunca foi ao Iraque. A partir de então, não se sabe o que está acontecendo no Iraque, que alega que todo seu arsenal já foi totalmente destruído.
Muitos têm , poucos assumem
Hoje, poucos Estados admitem a posse de arsenais de armas químicas e biológicas. Segundo um estudo de E. J. Hogendoorn, da Human Rights Watch, em anos recentes, apenas Estados Unidos, Rússia, Iraque e Índia fizeram tal admissão.
 Os EUA, que começaram a destruir seu arsenal, 
têm ainda um estoque de cerca de 30 mil toneladas 
e a Rússia, 40 mil toneladas.
 O Iraque impede a ONU de verificar a destruição dessas armas e a Índia há poucos anos admitiu ter armas químicas para “propósitos defensivos”. Abaixo, os principais países que ainda possuem esse arsenal.
Egito - Primeiro país do Oriente Médio a usar armas químicas – fosgênio e gás mostarda, contra o Iêmen, em meados dos anos 60. Tem pelo menos uma fábrica e continua a desenvolver pesquisas com agentes químicos.
Israel -  Seu programa de armas químicas ofensivas – operacional desde 1974 – foi desenvolvido em reação ao programa egípcio. Tem uma fábrica de testes de armas químicas no deserto de Negev.
Síria - Começou a desenvolver armas químicas nos anos 70, em resposta à ameaça israelense. Tem um grande estoque delas, guardadas em pelo menos dois depósitos. As armas podem ser lançadas por aviões ou por mísseis Scud.
Irã - Desenvolveu seu programa em resposta ao uso de armas químicas pelo Iraque. Possui peças de artilharia e bombas com agentes químicos e está desenvolvendo mísseis balísticos com a ajuda da China e Coréia do Norte.
Iraque - Desde o fim da Guerra do Golfo (1991), a ONU destruiu mais de 480 mil litros de agentes químicos e 1,8 milhão de litros de percursores químicos. Acredita-se que o país ainda tenha um grande número de depósitos secretos.
Líbia - Comprou agentes químicos do Irã e os usou contra o Chade em 1987. Iniciou sua própria produção em 1988 em Rabta. A instalação foi destruída por um incêndio em 1990 e acredita-se que o país esteja construindo uma segunda fábrica.
Arábia saudita-  O país tem uma capacidade limitada de armas químicas. Adquiriu 50 mísseis balísticos CSS-2 da China, pouco precisos e portanto aptos apenas para carregar ogivas químicas.
Coréia do Norte - Os estoques deste país são os maiores da região e os norte-coreanos possuem um programa de armas químicas desde os anos 60. As armas podem ser lançadas por artilharia, lançadores de foguetes, morteiros e tanques.
Coréia do Sul-  Os EUA suspeitam que o país tenha armas químicas.
China-  Tem um avançado programa de armas químicas e pode lançá-las a partir de vários tipos de veículos, inclusive mísseis balísticos. Acredita-se que a China exporte armas e tecnologia para outros países.
Formosa-  O país desenvolveu um programa de armas químicas “defensivo e ofensivo” que estaria operacional desde 1989.
Índia - Admitiu em 1997 que produziu e estocou munições químicas para “propósitos defensivos”. Muitas empresas indianas estão envolvidas na construção de fábricas em Estados que desenvolvem armas químicas.
Paquistão - Pode produzir agentes químicos e munições com precursores químicos produzidos em outros países. O Paquistão estaria agora buscando a auto-suficiência.
junho- 1989                
Tecnologia
Armas químicas e biológicas
A mesma ciência que inventou os inseticidas produz uma praga terrível: as armas químicas.
por Fátima Cardoso
             Qualquer guerra é um espetáculo sangrento e abominável. Mas até  para matar há limites: as armas não devem causar ferimentos supérfluos,  cruéis, desumanos ou degradantes. Isso em teoria. Pois o homem inventa,  produz, armazena e está pronto para usar um arsenal tão perverso que  até a tênue ética da mortandade fica manchada. São as armas químicas,  chamadas "bomba atômica dos pobres", pois podem ser preparadas em  qualquer país que disponha de uma indústria de fertilizantes químicos ou  pesticidas medianamente desenvolvida.
Meses atrás, por exemplo,  descobriu-se na Líbia uma fábrica de armas químicas disfarçada de  indústria farmacêutica. E uma mostra real desse pesadelo ficou  registrada em março do ano passado no ataque iraquiano com gás mostarda à  aldeia de Halabja, um lugarejo em seu território que havia sido  invadido pelo Irã, habitado pelos curdos. Cinco mil civis foram mortos.  Sete mil ficaram feridos. As imagens das vítimas paralisadas em agonia  horrorizaram o mundo. Por sua vez, a União Soviética foi acusada de usar  gases incapacitantes contra os rebeldes no Afeganistão.
A idéia  de aniquilar o inimigo por envenenamento é bem antiga. Já na Índia de  2000 a.C. era comum empregar nas guerras cortinas de fumaça,  dispositivos incendiários e vapores tóxicos. O historiador grego  Tucídides conta que na Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) os espartanos  colocavam madeira impregnada com enxofre e piche ao redor dos muros das  cidades inimigas, criando vapores sufocantes.
No fim do século XIX, na  Guerra dos Bôeres, na África do Sul, as tropas inglesas inventaram um  artifício para lançar ácido pícrico, um explosivo. O engenho não  funcionou, mas começaram aí as tentativas de ganhar combates com armas  tóxicas. No entanto, com o desenvolvimento da ciência, começou também a  fabricação de substâncias poderosamente venenosas para fins militares.
A  Primeira Guerra Mundial (1914-1918) marcou a entrada da química nos  campos de batalha. Em 1915, o cientista alemão Fritz Haber teve uma  idéia para obrigar as tropas inimigas a sair da proteção das trincheiras  e aceitar o combate a céu aberto: espalhou gás cloro num front perto da  cidade belga de Ypres. Foi uma devastação - 5 mil desprevenidos  soldados franceses foram mortos e outros 10 mil ficaram feridos. O cloro  pertence ao grupo dos gases sufocantes, que irritam e ressecam as vias  respiratórias. Para aliviar a irritação, o organismo segrega líquido nos  pulmões, provocando um edema. A vítima morre literalmente afogada.
Como  se não bastasse o cloro, a desenvolvida indústria química alemã  -especialmente a tristemente famosa IG Farben - redescobriu o gás  mostarda, inventado meio século antes na Inglaterra. Além de atacar o  revestimento das vias respiratórias provocando feridas e inchaço, esse  gás com cheiro de mostarda (daí o nome) provoca bolhas e queimaduras na  pele e cegueira temporária. Inalado em grande quantidade, mata. Os  franceses retrucaram como cianeto de hidrogênio e o ácido prússico,  chamados gases do sangue. Quando inaladas, as moléculas desses gases se  unem à hemoglobina do sangue, impedindo-a de se combinar com o oxigênio  para transportá-lo às células do corpo, causando a morte.
Ao  todo, as mortes provocadas por gases venenosos na Primeira Guerra  Mundial somaram perto de 100 mil; os feridos, em torno de 1,3 milhão. A  fama de vilão porém recaiu exclusivamente sobre Fritz Haber, o mentor do  ataque alemão a Ypres. Pouco lhe valeu ser contemplado com o Prêmio  Nobel de Química em 1918 - sob protesto dos cientistas - por ter  conseguido a síntese da amônia, inventando assim os fertilizantes  químicos. Quando Hitler chegou ao poder na Alemanha em 1933, Haber, por  ser judeu, emigrou para a Inglaterra. Ao encontrá-lo em Londres, logo em  seguida, o físico inglês Ernest Rutherford , também Prêmio Nobel,  recusou-se a apertar-lhe a mão. O criador da guerra química morreu no  ano seguinte, de ataque cardíaco. Em 1925, a Liga das Nações, precursora  da ONU, havia proibido no Protocolo de Genebra o uso militar de gases  asfixiantes, tóxicos e outros, assim como o de agentes bacteriológicos.
A  Liga omitiu-se, porém, quanto a fabricação e estocagem desses venenos.  Mal tinha secado a tinta do protocolo, a Espanha reprimiu a gás mostarda  uma revolta em Marrocos, então sua possessão. E em 1931 o Japão usou  fartamente armas químicas na invasão da Manchúria, onde também  realizaria horrendas experiências de  guerra bacteriológica. Em 1936, as  tropas italianas jogaram gás mostarda na Etiópia, matando homens,  animais e envenenando rios.
Naquele mesmo ano, na IG Farben  alemã, um químico chamado Gerhard Schrader estava incumbido da pacífica  tarefa de desenvolver inseticidas. Trabalhando com organofosforados -  compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio misturados ao fósforo -,  Schrader sintetizou um produto tão mortífero que era impossível usá-lo  como inseticida. Estava criado o tabun, o primeiro dos gases  neurotóxicos (que agem sobre os nervos), até hoje a mais terrível  espécie de arma química já inventada. Dois anos mais tarde, Schrader  inventou o sarin; e já nos estertores da Segunda Guerra Mundial, em  1944, criou o soman, oito vezes mais letal que o primeiro e duas vezes  mais que o segundo.
Os gases dos nervos matam em minutos. Atuam  inibindo uma enzima chamada acetilcolinesterase, necessária ao controle  dos movimentos musculares. Essa enzima bloqueia os impulsos nervosos que  ativam os músculos. Quando o gás neurotóxico é absorvido, por inalação e  contato com a pele, a produção da enzima cessa imediatamente. Todos os  músculos então se contraem sem parar e acabam estrangulando os pulmões e  o coração. É mais ou menos assim, por asfixia, que morrem os insetos  atacados com inseticidas.
Os gases mortíferos dos nazistas não  chegaram aos campos de batalha, mas foram empregados em larga escala no  assassínio de populações inteiras: a IG Farben desenvolveu o zyklon-B, o  gás usado pelos nazistas para matar milhões de judeus nas câmaras dos  campos de extermínio. Terminada a guerra, os aliados se apoderaram das  técnicas e dos estoques da IG Farben. Em pouco tempo, carregamentos  secretos de gases dos nervos chegaram aos Estados Unidos e à União  Soviética. Ainda havia o que aperfeiçoar nessa área.No começo da década  de 50, a empresa química inglesa ICI criou a chamada família V, com os  gases VE e VX, muitas vezes mais tóxicos que os dos alemães se é que é  possível imaginar isso.
A praga continuou a cruzar novas  fronteiras. Durante os sete anos da Guerra Civil no Iêmen do Norte, de  1962 a 1969, as tropas egípcias que participavam do conflito usaram  armas químicas vindas da União Soviética. O maior escândalo, porém,  aconteceu do lado americano. Na Guerra do Vietnã, os Estados Unidos  jogaram, além do conhecido incendiário napalm, toneladas de gás  lacrimogêneo, que irrita os olhos e as vias respiratórias, deixando as  vítimas fora de combate por algum tempo.
O gás lacrimogêneo é usado
 em  muitos países para dispersar manifestações de rua.
Pior que isso  foi o emprego dos desfolhantes, conhecidos como agentes laranja, azul e  branco.
Os desfolhantes haviam sido inventados no fim da Segunda Guerra,
 no principal laboratório de pesquisa do Exército dos Estados Unidos, em  Fort Detrick. 
Tais herbicidas servem para destruir ervas daninhas nas  plantações. O agente laranja, o mais usado no Vietnã, mistura de dois  herbicidas, tinha o objetivo de destruir plantações e florestas,  principalmente matas fechadas à beira dos rios, de onde os guerrilheiros  vietcongues fustigavam tropas americanas.
Dessa vez, porém, os  cientistas honraram a ética da profissão e pressionaram o Congresso  americano a proibir a fabricação de armas químicas. De fato, a produção  dessas armas chegou a ser suspensa em 1969. A população despertou para o  problema um ano antes, quando durante testes com gases neurotóxicos na  base militar de Dugway, no Utah, um vazamento do produto matou 6 mil  carneiros das redondezas.O perigo de viver perto dos armazéns de veneno  já não podia ser subestimado. A notícia do acidente só chegou ao  conhecimento da opinião pública por causa da morte dos carneiros, que  não pôde ser ocultada. Mas é virtualmente impossível, nos Estados Unidos  ou em qualquer outro país, identificar os cientistas a serviço do mal.
Em  nome da segurança nacional, eles permanecem sempre anônimos, da mesma  forma que os laboratórios envolvidos nas experiências. Mas, como os  gases, informações vazam.
Na Universidade da Pensilvânia, em 1965,
 a  desconfiança de um estudante levou à descoberta
 de dois contratos  secretos com o Pentágono 
para pesquisa em guerra química e biológica. 
Empresas como a Dow Chemical e a Monsanto foram acusadas de fabricar  desfolhantes. Na Alemanha, pelo menos treze empresas fornecem pesticidas  aparentemente inocentes a países do Terceiro Mundo. A rigor, raras  armas químicas conhecidas foram criadas em laboratórios exclusivamente  militares - cientistas acadêmicos ou empregados em indústrias sempre  estiveram por trás dessas pesquisas.
Não é preciso construir  instalações especiais para fabricar armas químicas. Para a vida ou para a  morte, a indústria química funciona do mesmo modo, com dois processos:  conversões químicas e operações unitárias. Conversões são reações entre  produtos químicos nos reatores, recipientes de aço inoxidável revestidos  às vezes de materiais cerâmicos ou plásticos. Operações unitárias são  as conversões físicas, como destilação, evaporação ou filtração. A  grande diferença entre uma indústria química qualquer e uma produtora de  gases venenosos está no cuidado de quem lida com o material.
Naturalmente, quanto mais tóxicos os produtos, maior a necessidade de  segurança. Já lançar armas químicas é uma operação semelhante a um  ataque normal de artilharia - com a diferença de que as bombas não  carregam apenas explosivos, mas também gases. Como os venenos químicos  são perigosos também para quem os joga, os atacantes devem estar  protegidos contra eles. Pensando nisso, os americanos desenvolveram as  chamadas armas binárias. Estas têm dois compartimentos, cada um com uma  substância por si só pouco tóxica. A mistura ocorre na hora da explosão,  formando gás mortal.
Mesmo que os combatentes estejam protegidos  com máscaras e roupas emborrachadas, a luta prolongada no front  envenenado pode ser cruel. As roupas, extremamente desconfortáveis,  tendem a provocar desidratação. Estudos soviéticos mostraram que, depois  de usar a roupa protetora por dezoito horas seguidas, um soldado fica  totalmente fora de combate.
Os soldados britânicos, de seu lado, levam  presos ao uniforme pequenos papéis que mudam de cor na presença de gases  tóxicos. Ao perceber que foi atacado com gás dos nervos, o soldado se  aplica imediatamente uma injeção de atropina, um antídoto que traz  consigo. A atropina, substância derivada de uma planta chamada beladona,  faz no organismo o papel da acetilcolinesterase inibida pelo gás.  Porém, se o alarme for falso, a atropina fará com que a pessoa sinta os  mesmos efeitos que o gás lhe provocaria.
O serviço de  inteligência americano, CIA, calcula que vinte países têm armas químicas  e outros dez estão na fila para começar a produzi-las.
Os arsenais  conhecidos estão nos Estados Unidos (30 mil toneladas), na União  Soviética (40 mil toneladas), na França e no Iraque. Os países que  provavelmente têm mas não confessam são Egito, Síria, Líbia, Israel,  Irã, Etiópia, Birmânia, Tailândia, Coréia do Norte, Coréia do Sul,  Vietnã, Formosa, China, África do Sul e Cuba. Nas mãos das  superpotências nucleares, pouca diferença fazem os estoques químicos.
O  equilíbrio pode romper-se, porém, com a propagação de armas semelhantes  pelo mundo afora - o mesmo temor, por sinal, inspirou os esforços  contra a proliferação nuclear. A indignação causada pelo ataque  iraquiano a Halabja serviu ao menos para disparar uma nova investida  pelo desarmamento químico. No começo do ano, em Paris, representantes de  149 países condenaram o uso de armas químicas como passo inicial para  futuro acordo de completo banimento. Quem viver verá.
Um bombardeio de doenças.
Existe  algo ainda mais cruel que os gases venenosos. São as armas biológicas -  bactérias para matar o inimigo de doença. As mais cotadas propagam  males como dengue, botulismo, antraz e peste. O dengue, uma febre  tropical causada por vírus, é comum no Brasil e provoca principalmente  dor e rigidez nas juntas do corpo. Pelo menos não é fatal. Já o  botulismo é um envenenamento por uma toxina segregada por uma bactéria.
Um dos mais poderosos venenos conhecidos, 
a toxina danifica o sistema  nervoso, causando a morte
 pela paralisia dos músculos respiratórios.
Bacilo  nocivo aos animais,
 o antraz pode ser fatal ao homem se for ingerido ou  inalado. 
Dentro do organismo, o bacilo ataca o coração e outros órgãos  vitais. 
As bombas de peste seriam das formas bubônica e pneumônica. 
A  primeira não é fatal, mas a pneumônica mata por edema pulmonar. 
Aperfeiçoados pela engenharia genética, mesmo os vírus e bactérias não  mortais podem se tornar resistentes a qualquer antibiótico ou outra  defesa conhecida, vitimando populações inteiras. Na Segunda Guerra  Mundial, o Japão atacou onze cidades chinesas com bombas  bacteriológicas. Além disso, japoneses e alemães usaram prisioneiros  como cobaias em experiências com agentes infecciosos.
 A Convenção  das Armas Biológicas e Toxinas, de 1972, proíbe o seu desenvolvimento,  produção e estocagem. A despeito disso, calcula-se que uma dezena de  países fabricam tais armas. Ao contrário das suas parentes químicas,  essas nunca foram usadas em larga escala nos campos de batalha. Para o  especialista inglês Julian Perry Robinson, da Universidade de Sussex,  uma explicação pode estar no fato de que o uso de um organismo vivo para  atacar outro dá margem a todo tipo de situações imprevisíveis "e os  militares não gostam de armas que não possam controlar".
 Armas Químicas      
Randy MontoyaO pesquisador Maher Tadros demonstra a aplicação da espuma contra armas químicas e biologicas, criada pelo laboratório americano Sandia.
Há relatos do uso de armas químicas desde a Antiguidade. Os gregos usaram flechas envenenadas em suas guerras há mais de 2 mil anos. Mas foi na Primeira Guerra Mundial que as armas químicas foram usadas em larga escala. O cientista alemão Fritz Harber, ganhador do Prêmio Nobel de Química por suas pesquisas sobre a síntese da amônia, propôs, em 1915, o uso de gás cloro contra os inimigos. Sua idéia foi posta em prática na Batalha de Ypres, na Bélgica. Ainda na Primeira Guerra Mundial, o gás mostarda foi usado pelos alemães contra os inimigos e os ingleses e franceses utilizaram gases do sangue. Estima-se que nessa guerra houve mais de 100 mil mortos vítimas de armas químicas.
Após a Primeira Guerra Mundial, em 1925, o Protocolo de Genebra procurou limitar o uso de armas químicas, mas elas continuaram a ser utilizadas em vários conflitos do século XX. Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, os nazistas usaram o Zyklon B e o gás cianídrico no extermínio de judeus.
Em 1972, a Convenção de Armas Biológicas e Químicas proibiu a produção e estocagem de armas químicas e biológicas no mundo, mas, desde então, houve casos de desrespeito a essa lei, como durante a invasão do Afeganistão pela ex-URSS, na luta dos iraquianos contra os curdos e na Guerra do Golfo.
Agente laranjaDesfolhante usado na Guerra do Vietnã pelas tropas norte-americanas e sul-vietnamitas. Calcula-se que tenham sido lançados 45,6 milhões de litros do produto durante os anos 60, cobrindo dez por cento do território do Vietnã.
Categoria: Desfolhante
O que causa: Derruba as folhas das árvores, impedindo que os soldados se escondam na mata. Causa sérios danos ao meio ambiente.
Gás cloro (Cl2)Em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, o cientista alemão Fritz Haber teve a idéia de usar gás cloro para obrigar as tropas inimigas a sair das trincheiras e aceitar o combate a céu aberto. Os alemães lançaram gás cloro no front perto da cidade belga de Ypres. Foi uma devastação — 5 mil soldados franceses desprevenidos foram mortos e outros 10 mil ficaram feridos.
Categoria: Asfixiante
O que causa: O cloro pertence ao grupo dos gases sufocantes, que irritam e ressecam as vias respiratórias. Para aliviar a irritação, o organismo segrega líquido nos pulmões, provocando um edema. A vítima morre literalmente afogada.
Tratamento: Inalação de oxigênio úmido e intubação traqueal ou traqueostomia em pacientes com obstrução das vias aéreas ou hipoxemia grave.
Gás cianídrico (HCN)O ácido cianídrico é um gás incolor que mata imediatamente se inalado numa concentração superior a 300 mg/m³ de ar. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi utilizado pelos nazistas para o extermínio de judeus em câmaras de gás.
Uma curiosidade: o cianeto de potássio, quando ingerido, reage com a acidez do estômago e gera gás cianídrico. Por isso, foi utilizado na Segunda Guerra Mundial como uma alternativa de suicídio rápido em situações de emergência. O líder nazista Goering, por exemplo, suicidou-se engolindo uma cápsula de cianeto pouco antes de ser levado ao enforcamento em Nuremberg.
Categoria: Agente do sangue
O que causa: Combina-se com a hemoglobina, bloqueando a capacidade do sangue de transportar oxigênio. Provoca a morte rapidamente quando inalado.
Tratamento: A ação do gás cianídrico é muito rápida. O tratamento só é possível se a quantidade inalada não atingir a concentração fatal. O Na2S2O3 aplicado por via intravenosa reage com o cianeto, formando sulfocianeto, que é atóxico e eliminado pela urina. Outros produtos podem ser usados, como 4-dimetilaminofenol, piruvato de sódio e oxigenoterapia.
Gás mostarda (Cl - CH2 - CH2 - S - CH2 - CH2 - Cl)O gás mostarda foi produzido em 1822, na Inglaterra, mas seu uso como arma química só aconteceu bem mais tarde. Além de atacar o revestimento das vias respiratórias, provocando feridas e inchaço, esse gás com cheiro de mostarda (daí o nome) provoca bolhas e queimaduras na pele e cegueira temporária. Se inalado em grande quantidade, mata.
O gás mostarda foi usado pelos alemães na Primeira Guerra Mundial.
Categoria: Agente vesicante
O que causa: Provoca irritação nos olhos e feridas na pele e pode matar por asfixia se for inalado.
Tratamento: O tratamento com corticosteróides tem valor incerto, mesmo quando são aplicados por via intravenosa.
NapalmO napalm foi largamente utilizado no Sudeste Asiático durante a Guerra do Vietnã. Mistura de gasolina com uma resina bastante espessa da palmeira que lhe deu o nome, o napalm, em combustão, gera temperaturas superiores a 1.000 ºC.
Categoria: Agente carbonizante
O que causa: O napalm em combustão adere à pele, queimando os músculos e fundindo os ossos. Além disso, libera monóxido de carbono, fazendo vítimas também por asfixia.
SarinO sarin é um composto organofosforado. Essa classe de compostos foi sintetizada pela primeira vez em 1936 pelo químico Gerhard Schrader, que tentava desenvolver pesticidas de uso agrícola. O caso mais recente de utilização de sarin foi um atentado terrorista ao metrô de Tóquio, no Japão, em 1995. A seita japonesa radical Verdade Suprema foi a responsável pelo atentado, que deixou doze mortos e 5 mil feridos. Outro composto organofosforado de efeito devastador é o tabun.
Categoria: Agente dos nervos
O que causa: Os compostos organofosforados agem sobre o sistema nervoso e inibem uma enzima que controla as contrações musculares, o que leva a um curto-circuito no sistema nervoso. A vítima morre por estrangulamento de órgãos vitais como o pulmão e o coração, causado pela contração descontrolada dos músculos.
 Fontes:
                                                                         Publicado em 27/08/2013 - Licença padrão do YouTube
http://www.educacional.com.br/reportagens/armas/quimicas.asp
 http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/42168_UMA+SEDUCAO+FATAL/3
 http://super.abril.com.br/ciencia/armas-quimicas-biologicas-ciencia-servico-mal-439032.shtml





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