terça-feira, 2 de agosto de 2011

A ALQUIMIA NA HISTÓRIA DO PERFUME



EGITO
Os primeiros perfumes surgiram no Egito por volta do ano 3.000 AC e eram produtos exclusivos dos deuses só podiam se utilizados em rituais religiosos. Sua fabricação era considerada um dom divino e era confiada apenas aos sacerdotes, que os utilizavam diariamente nos rituais.

Os egípcios davam muito valor á limpeza e a higiene corporal, tinham o hábito do banho diário de se higienizar antes das refeições. Essa “vaidade” fez com que os perfumes, antes exclusivos dos deuses, adquirissem uma nova função, e passassem a perfumar seus corpos.

No início apenas os faraós e os sacerdotes podiam usar, mas com o passar do tempo seu uso foi se “popularizando” digamos assim e por volta do ano 2.000 AC, os sacerdotes egípcios transformaram seus templos em autênticos laboratórios de perfumaria abertos ao público. Para se ter uma idéia, a essência se tornou tão fundamental que a primeira greve da história da humanidade, por volta de 1.330 AC, foi feita por soldados do faraó, que pararam de fornecer essências aromáticas para a fabricação de perfumes.

GRÉCIA
Os gregos também foram grandes admiradores dos perfumes, valendo-se das essências de plantas aromáticas tanto para o prazer, como para tratamento de doenças. Incensos e fórmulas aromáticas eram usados com a intenção de atrair a atenção dos deuses.

Os perfumes eram utilizados até na preparação de pratos: pétalas de rosas moídas eram ingredientes de receitas sofisticadas. O vinho era aromatizado com mirra, essências de flores até o mel perfumado. Uma lenda grega, cita a bebida favorita de Baco, deus do vinho era preparada com violetas, rosas e jacintos.

Por volta do ano 800 AC, as cidades de Atenas e Corinto já exportavam óleos de flores e plantas maceradas: rosa, lírio, íris, sálvia, tomilho, manjerona, menta e anis. Desde então, os perfumes eram populares entre os gregos, eles eram usados por atletas e amados pelos poetas, além de tornarem ainda mais atraentes as mulheres de Atenas.

BABILÔNIA
Por volta de 650 AC a cidade da Babilônia, na Mesopotâmia, tornou-se o centro comercial de especiarias e perfumes da época ao ponto de ser considerada a capital mundial dos perfumes da antiguidade. Lá foi criado um tipo de “água de colônia”, obtida pelo esmagamento de pétalas de rosas.

Conquistado dois séculos mais tarde por Alexandre, o grande, rei dos persas, o império caldeu tornou-se parte da civilização helênica. A influência persa na vida grega incentivou a apreciação de plantas exóticas e o uso de perfumes e incensos. 

Alexandre entregou sementes e mudas 
de plantas da Pérsia ao seu professor em Atenas,
Teofrasto, que criou um jardim botânico 
e foi autor do primeiro tratado 
sobre cheiros da história.

Esse livro detalhava receitas de preparados aromáticos e perfumes, descrevendo prazos de validade e indicando usos terapêuticos. O texto diz que os perfumes deviam ser protegidos do sol, pois a luz e o calor alteravam seu odor. Lição válida até hoje. Após sua morte, Alexandre foi cremado em uma pira cheia de olíbano e mirra.

Graças à riqueza de alguns manuscritos, 
resgatados pelo historiador Heródoto, 
ficaram conhecidas as primeiras experiências 
na extração de perfumes de pétalas, 
raízes e folhas e de seus usos no preparo 
de ungüentos, loções e perfumes.

IMPÉRIO ROMANO
O vasto império conquistado pelos romanos contribuiu muito para a expansão da perfumaria, pois eles consumiam aromas de maneira intensa. O comércio de matérias primas perfumadas foi estimulado pela criação de rotas comerciais para a Arábia, Índia e China. No período imperial, o gosto dos romanos por incensos e perfumes passou dos limites imagináveis, e criou um desequilíbrio na balança de pagamentos do império.

Aproximadamente 500 toneladas de mirra e 250 toneladas de olíbano chegavam a Roma pelo mar. Até os cavalos eram perfumados! No século III, Roma se tornou a capital mundial do banho, luxuoso ritual jamais visto em qualquer outra cultura. O banho incluía poções aromáticas variadas. Os cidadãos mais ricos tinham até as solas dos pés perfumadas por escravos. Na cidade podiam ser encontradas mais de 100 casas de banho públicas e privadas, freqüentadas por todas as classes sociais.

No mesmo lugar onde foram encontrados os Manuscritos do Mar Morto - as grutas de Qumram, os escavadores encontraram 50 mililitros de um líquido oleoso e avermelhado bem guardado em um frasco de argila da época do Rei Herodes. Trata-se do único vestígio concreto do perfume que encantava os imperadores romanos.

MUNDO ÁRABE
Os árabes têm importância fundamental na nossa história, além de suas maravilhosas descobertas, como a bússola e a álgebra. Eles foram os primeiros “investir” em experiências, que pretendiam extrair as propriedades essenciais das plantas.

No século X, Avicenna alquimista árabe criou a serpentina de resfriamento desta forma, a planta selecionada era destilada uma infinidade de vezes, até que as suas qualidades passassem a outro estado. Com este método de destilação ele preparou a primeira água de rosas do mundo, isolando o perfume das pétalas em forma de óleo (o attar, produzido na Síria). Esse conhecimento, que foi sendo transferido de geração em geração, representou um grande passo na história da perfumaria.

Os árabes não só compreendiam e apreciavam os prazeres dos perfumes, como também tinham conhecimentos avançados de higiene e medicina. Como desenvolveram técnicas de destilação de plantas em larga escala, eles produziam elixires partindo de plantas e animais com propósitos cosméticos e terapêuticos. A sua chegada à Península Ibérica, fez com a perfumaria se expande pelo resto da Europa.

Os países mediterrânicos, com um clima adequado ao cultivo de plantas aromáticas, principalmente o jasmim, o alfazema e o limão, viram as suas costas ocupadas com plantações, cujas flores e frutos eram aproveitados pelos árabes na produção de perfumes, a sua principal ferramenta de comércio.

ORIENTE

Os perfumes foram também introduzidos no Japão, através da China, que já tinha desenvolvido grandes mestres em perfumaria. Os chineses atribuem grandes poderes aos perfumes e ao sentido do olfato, sempre desprezado em relação aos outros sentidos, é colocado na posição de relevo que lhe pertence. Os chineses foram pioneiros na extração de álcool etílico das frutas e a utilizá-los na perfumaria.

ÍNDIA
A Índia sempre se destacou na produção de essências, desde tempos remotos, suas essências encartaram e encantam os amantes de perfume de todas as épocas e em todo o mundo.
Em função de sua cultura as fragrâncias são usadas mais com finalidade espiritual do que cosmética por isso ela não tem muita tradição no processo de produção de perfumes, infelizmente há pouquíssimas informações sobre a história do perfume na Índia.

IDADE MÉDIA
Durante a Idade Média, utilização de perfumes foi subordinada a pressão da Igreja e ficou adormecida quase dois séculos. As mensagens de humildade e pudor impostas pelo catolicismo fizeram com que o uso de perfume caísse em desuso para a maioria da população.

Porém, isso não impediu que as classes mais favorecidas (e o clero) continuassem a utilizá-los em larga escala. Neste período negro de nossa história os conhecimentos de alquimia foram restritos aos monastérios e quem ousasse praticá-los era acusado de prática de bruxaria e queimado vivo. Práticas de higiene como o banho (tão difundidas pelas culturas egípcia, mesopotâmica, grega e romana) foram esquecidas.

A ausência de higiene era tanta que para disfarçar o mau cheiro de seus corpos as mulheres se usavam essências com fragrâncias fortes e persistentes. O mau cheiro era tanto que nos castelos eram colocadas fragrâncias em alguns cômodos pra disfarçá-lo. As noivas (como não podiam se perfumar) levavam um boque à sua frente para disfarças seu mau cheiro.

Os banhos quando eram tomados, obedeciam a hierarquia da família, primeiro o pai e os filhos homens, segundo a mãe e as filhas mulheres e por último as crianças. Detalhe, todos tomavam banho na mesma tina e a água não era trocada. Isso permitiu a proliferação de doenças e principalmente o surgimento da Peste Negra que assolou a Europa durante séculos e matou milhões.

Com as cruzadas a Igreja incorpora os conhecimentos de alquimia do mundo árabe e passa a empregá-los construindo em seus monastérios imensos jardins para estudo e "descoberta" das propriedades terapêuticas das plantas. A utilização do álcool com finalidade terapêutica foi muito útil. Extratos alcoólicos vegetais contendo alecrim e resinas eram administrados via oral, na luta contra a Peste Negra. Pelas crenças da época, o banho (aquele) devia ser evitado a qualquer custo, pois a água era considerada uma fonte de contaminação.

RENASCENÇA
Nos séculos XIV e XV, novas rotas de comércio foram abertas após as cruzadas possibilitaram o acumulo de riquezas e levaram prosperidade às cidades italianas principalmente Roma e Florença, estimularam grandes investimentos em artes e cultura. Neste período a perfumaria volta a se destacar, as fragrâncias anteriormente obtidas em pilhagens feitas durante as cruzadas, agora eram livremente comercializadas, e os nobres podiam agora podiam se perfumar livremente. Como isso a Officina Profumo di Santa Maria Novella (criada em 1221por frades dominicanos e inaugurada oficialmente em 1612) passa a oferecer a comercializar suas essências, pomadas, bálsamos e outros produtos medicinais. 

Muitas dessas fórmulas, produzidas até os dias de hoje.
A opulência, o esplendor, a extravagância e o refinamento ressurgiram nas famílias e tomavam conta das cortes européias, assim como o interesse pela medicina, saúde e higiene, há muito esquecidos, voltaram e inclusive estimularam novos hábitos de higiene, surgia aí a Renascença.

PERFUMES NA FRANÇA

Ao contrário do que muitas pessoas pensam até meados do século XVI, era a Itália que se destacava na produção de perfumes, a França ainda não possuía tradição nesta arte.

A história da perfumaria na França começa a ser escrita, por volta de 1533, quando a nobre Catarina de Médicis, se muda para a França para se casar com Henrique de Valois, futuro rei da França Henrique II. 

Na caravana que a acompanhou estava seu perfumista pessoal, Renato Bianco, de Florença, que ficou conhecido como René, le florentin. Incumbido pela nobre, de encontrar na França uma região com características similares à região da Toscana, para cultivar flores. Ele escolhe na região de Provence no sul da França, aos pés dos Alpes mediterrâneos, a aldeia de Grasse, como local ideal para iniciar os seus trabalhos.

E sua escolha foi muito acertada, nesta região as plantas do Oriente e da península ibérica cresciam maravilhosamente bem, especialmente as frutas cítricas e as flores, como rosa, cravo, tuberosas e jasmim.
René ensinou aos franceses as primeiras lições na arte da perfumaria. E fundou a primeira boutique de perfumes da França em Paris e deu o impulso decisivo, para a produção e comercialização de perfumes na França.

GRASSE
René se instalou em Grasse e transformou a região de Provence, que até então se dedicava produção de couro. Até aquele momento não havia nenhum produto para limpar ou perfumar o couro, especialmente as delicadas luvas de senhoras. Surgem então os maîtres gantier parfumeurs (mestres perfumistas de luvas), esta arte refinada se prosperou em torno de Grasse, que se torna mais trade o maior centro produtor de perfumes da França. Os perfumes dos reis e de sua corte eram todos preparados ali.

RENASCENÇA - A CORTE PERFUMADA
Os centros culturais dessa época estimularam a difusão dos perfumes franceses por toda a Europa. Na França, do século XVIII esse conceito foi intimamente associado ao rei Luiz XV e à sua amante Madama Pompadour. Sua "corte perfumada" ditava a moda e os padrões de beleza e arte da época. Com seu generoso estímulo, a realeza proporcionou a prosperidade de Grasse, e a aldeia passou da fase artesanal para a da indústria da perfumaria. Com a descoberta de novas técnicas de extração de matérias primas perfumadas, muitas fábricas se desenvolveram nessa região.

Na Renascença a preocupação com a higiene e os cuidados com o corpo se tornaram uma constante principalmente na corte. Madame Pompodour usou seu poder para influenciar a corte de Versailles, a estimular a popularização do banho. Ela mesma gastava horas no toalete se banhando com sabonetes de flores, usava adstringentes e incrementava o penteado com pomadas perfumadas. 

Nesta época até a mobilha dos palácios era perfumada.
No início do século XVIII foram lançados diversos livros sobre plantas, abordando inclusivo o uso medicinal dos perfumes.

O sueco Carl Von Lineu
foi um dos primeiros 
a desenvolver um sistema 
de classificação de odores. 

Em 1714, italiano Giovanni Maria Farina, conhecido depois como Jean-Marie Farina, registrou na cidade de Colônia, na Alemanha, um produto batizado de Kölnisch Wasser (Água de Colônia). Ele era feito com essências naturais da Itália diluídas em álcool neutro. Começava aí a jornada mundial da água de colônia, que comercializada até hoje pela Roger Gallet.

Por volta de 1760, acontecia a Guerra dos Sete Anos e, Colônia passou a ter um grande movimento já que tropas de francesas utilizavam a cidade como base.

Neste momento a "Água de Farina" ganha um excelente "garoto propaganda", Napoleão Bonaparte. De acordo com a história, Napoleão despejava todas as manhas um frasco inteiro de Água de Colônia em sua cabeça. Um frasco chegou ser desenvolvido especialmente para que ele pudesse levá-lo dentro de sua bota, mesmo quando estivesse em batalha.

DESPERTAR PERFUMADO

No século XVIII a França ganha fama mundial com suas essências e matérias-primas produzidas em Grasse o que posteriormente ocasionou na formação de empresas produtoras de fragrâncias sólidas e tradicionais. O mercado foi crescendo e surgiram as primeiras grandes marcas da perfumaria francesa: Guerlain, Pinaud e Roger & Gallet. Destaca-se, também, a Hermès, famosa na época por suas luvas perfumadas, e Molinard.

Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, proclamou-se imperador como o tio, e assumiu o título de Napoleão III, em 1851. Esposa de Napoleão III, a requintada espanhola Eugênia provocou o retorno triunfal da moda. Ela apresentou um novo modelo de vestir, com os ombros de fora e saiotes. Seu estilo se deve ao inglês Charles Worth, o primeiro grande criador de moda moderno, que havia emigrado para Paris. No campo das fragrâncias, a eleita de Eugênia era a casa Guerlain. Os espartilhos utilizados na época eram tão apertados que chegavam a provocar desmaios nas mulheres. Elas eram reanimadas com a inalação de sais, misturas de fragrâncias e vapores de amônia levados em charmosos frascos de cheirar.

A imperatriz veio socorrer as mulheres, lançando um novo estilo de perfume: Eau Impériale, uma mistura de notas cítricas e lavanda, fragrância reanimadora criada em 1861 por Guerlain. A Eau Impériale foi apresentada em embalagem de vidro decorado com o brasão dos Bonaparte: abelhas pintadas à mão em ouro. O amor de Eugênia por esta arte deu impulsiona novamente o desenvolvimento da perfumaria francesa.

INDÚSTRIA DO PERFUME

Quando, a fronteira da perfumaria tradicional estava para ser superadas nos laboratórios, com a descoberta das estruturas das moléculas perfumadas para posterior síntese química.

As mulheres estavam mudando, celebravam a arte de viver. A Belle Époque agitou a arte, a moda e a perfumaria de 1870 até a I Guerra Mundial (1914-1918). Surgiram a luz elétrica, o telefone, o automóvel, o cinema e a moderna arquitetura (a Torre Eiffel era erguida em Paris). Em 1900, perfumes e artigos de toalete ganharam espaço pela primeira vez na Exposição Internacional de Artes Decorativas, evento que agitou a cidade. Vieram visitantes de todos os cantos da Europa. 

As francesas saíram às ruas. Mulheres elegantes lotavam os cafés parisienses exalando os mais variados perfumes criavam uma atmosfera sensual. Com a chegada do século XX, Paris era a mais chique das cidades. Em cada esquina havia cabeleireiro, loja de luvas perfumadas, butiques de lingerie finas. Todos os objetos de desejo estavam disponíveis para atender a uma demanda crescente, que permaneceria assim até a década de 40.

MODA E PERFUMARIA
Na década de 20 a ousada estilista francesa Coco Chanel, buscou reviver o fascínio e a sedução que os perfumes provocavam no século XVII. Para isso encomendou ao perfumista Ernest Beaux uma fragrância que ela batizou de Chanel n° 5 porque ele era o quinto em na linha de fragrâncias que ele a apresentou.

Há uma "lenda" que diz que o Chanel n° 5 é fruto de um erro. Um dos assistentes de Ernest Beaux, deveria ter colocado apenas 1% de aldeído, mas ao invés disso colocou 10%. Mas o que realmente importa é que esta fragrância foi considerada extraordinária e deu início à utilização em larga escala dos aldeídos na perfumaria. 

Trinta anos mais tarde na década de 50, o Chanel n° 5 fica novamente evidencia quando a atriz Merilym Monrooe, declarou que usava apenas umas gotinhas dele para dormir. Enfim este perfume marcou a historia do perfume ao resgatar a associação entre moda e perfumaria no jogo da sedução.

Na famosa Exposição Internacional das Artes Decorativas e das Indústrias Modernas, realizada em Paris em 1925, a perfumaria francesa, já definitivamente ligada à moda, se consagrou como um rico universo a ser continuamente explorado.

Os anos de 1930 viram a chegada da família de fragrâncias de couro. As florais também ficaram bastante populares com o aparecimento do Worth's Je Reviens (1932), Caron's Fleurs de Rocaille (1933) e Jean Patou's Joy (1935). Com a perfumaria francesa no auge nos anos 50, outros designers como Christian Dior, Jacques Fath, Nina Ricci, Pierre Balmain, entre outros, começaram a criar suas próprias fragrâncias, como acontece até hoje.

Fonte:
O ALQUIMISTA
http://www.oalkimista.com.br/perfumes_na_historia.htm
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Que tal comentar agora?