As criações positivas, no seu conjunto, formam aquilo que chamamos o nosso Ego, nosso EU superior, nossa alma divina. O corpo físico é uma das inumeráveis obras-primas da Natureza; do seu equilíbrio depende o Ego, para a sua expansão. É o corpo humano miniatura do universo; dele, pois, depende, também, o equilíbrio do próprio Cosmos.
O Ego é a Tríade Superior,
a Individualidade, o espírito, com vida,
com o estado vivo, funcionando como ação
de viver em corpo físico.
Ego e Nova Consciência dependem um do outro?
Jorge Antonio Oro
é nosso convidado.
EGO - Segundo JUNG
A relação do self com o ego
é comparada àquela do
“que move com o que é movido”.
Inicialmente o ego está fundido com o self, porém, depois, dele se diferencia. Jung descreve uma interdependência dos dois: o self possui uma visão mais holista e é, portanto, supremo, mas a função do ego é confrontar ou satisfazer às exigências dessa supremacia.
O confronto entre o ego e o self
foi identificado por Jung como característico
da segunda metade da vida
(ver EIXO EGO-SELF; ESTÁGIOS DA VIDA).
O ego também é visto por Jung como resultante do choque entre as limitações corporais da criança e a realidade ambiente. A frustração ajuda a formar ilhotas de consciência que se juntam no ego propriamente dito. Aqui, as idéias de Jung sobre a data da emergência do ego refletem uma contínua tendência das idéias anteriores de Freud.
O ego, assevera Jung, adquire sua plena existência durante o terceiro ou quarto ano. Psicanalistas e psicólogos analíticos hoje concordam em que um elemento de organização perceptiva está presente ao menos a partir do nascimento e em que, antes do final do primeiro ano de vida, uma estrutura de ego relativamente sofisticada se encontra atuando.
A tendência de Jung de equiparar o ego à consciência torna difícil a conceitualização de aspectos inconscientes da estrutura do ego, ou seja, das defesas. A consciência é a característica distintiva do ego, porém isso é proporcional à inconsciência. De fato, quanto maior for o grau de consciência do ego, maior a possibilidade de se sentir o que não é conhecido. A tarefa do ego com relação à SOMBRA é reconhecê-la e integrá-la, mais que dividi-la mediante a PROJEÇÃO.
Jung concebia a PSICOLOGIA ANALÍTICA como uma relação a uma abordagem super-racional e superconsciente que isola o homem de seu mundo natural, inclusive sua própria natureza e, assim, limita-o. Por outro lado, insistia em que os SONHOS e as imagens de FANTASIA não podem ser usados diretamente para intensificar a vida. São uma espécie de matéria-prima, uma fonte de símbolos, que podem ser traduzidos para a linguagem da consciência e integrados pelo ego.
Neste trabalho a FUNÇÃO TRANSCENDENTE estabelece os vínculos entre as oposições. O papel do ego é discriminar os OPOSTOS, resistir a suas tensões, permitir que se resolvam e, e finalmente, proteger aquilo que emerge, que expandirá e intensificará o que antes eram os limites do ego.
No que concerne à PSICOPATOLOGIA, existe determinado número de perigos reconhecidos:
(1) De que o ego não venha a emergir de sua identidade primária como self, o que o tornará incapaz de satisfazer às exigências do mundo externo.
(2) De que o ego venha a ficar equiparado ao self, levando uma INFLAÇÃO da consciência. (3) De que o ego possa vir a assumir uma atitude rígida e extremada, abandonando como referencial o self e ignorando a possibilidade de transformação pela função transcendente.
(4) De que o ego possa vir a não ser capaz de se relacionar a um COMPLEXO em particular devido à tensão gerada. Isso acarreta a dissociação do complexo e sua dominação da vida do indivíduo.
(5) De que o ego poderá ser subjugado por um conteúdo interno oriundo do inconsciente.
(6) De que a FUNÇÃO INFERIOR poderá permanecer não integrada e não disponível para o ego, levando a um comportamento claramente inconsciente e um empobrecimento geral da personalidade (ver TIPOLOGIA).
CONSCIÊNCIA : JUNG
Este é um dos mais importantes conceitos para compreensão da psicologia junguiana. A distinção entre consciente e INCONSCIENTE já tinha sido centro da atenção nos primeiros tempos da investigação psicanalítica, mas Jung favoreceu e refinou a teoria
(1) postulando a existência de um inconsciente coletivo como de um pessoal,
(2) atribuindo ao inconsciente uma função compensatória em relação à consciência (ver COMPENSAÇÃO) e
(3) reconhecendo a consciência como pré-condição para a humanidade, bem como para o tornar-se um indivíduo. Consciente e inconsciente foram identificados como OPOSTOS primordiais da vida psíquica.
A definição de consciência, de Jung, realçou a dicotomia entre o consciente e o inconsciente e enfatizou o papel do EGO na percepção consciente.
Por consciência entendo a relação de conteúdos psíquicos com o ego, desde que essa relação seja percebida pelo ego. Relações com o ego não percebidas como tais são inconscientes. A consciência é a função da atividade que mantém a relação de conteúdos psíquicos com o ego (CW 6, parág. 700).
Como conceito útil, a consciência foi amplamente aplicada e, conseqüentemente, se presta a incompreensões.
A percepção, neste sentido, não é resultado da intelectualização e não pode ser obtida apenas pela mente. É o resultado de um processo psíquico em contraste com um processo de pensamento. Em várias ocasiões Jung equiparava a consciência com conscientização, intuição e APERCEPÇÃO, ressaltando a função de REFLEXÃO em sua consecução. A obtenção da consciência pareceria ser o resultado da recognição, reflexão sobre a experiência psíquica e retenção desta, possibilitando ao indivíduo combiná-la com o que ele havia aprendido, a sentir emocionalmente sua relevância e seu significado para sua vida.
Em contraste, os conteúdos inconscientes são não-diferenciados e não há esclarecimento sobre o que pertence ou não pertence à própria pessoa de um indivíduo. DIFERENCIAÇÃO “é a essência, o sine que non da consciência” (CW 7, parág. 339). SÍMBOLOS são vistos como produtos inconscientes que se referem a conteúdos capazes de entrarem na consciência.
Jung considerava a mente natural como não-diferenciada. A mente consciente era capaz de discriminação. Portanto, a consciência começa com o controle dos INSTINTOS, possibilitando ao homem adaptar-se de uma forma ordenada.
Porém, a ADAPTAÇÃO e o controle de comportamentos naturais e instintivos podem apresentar perigos, levando a uma consciência unilateral fora de contato com componentes mais obscuros e mais irracionais (ver SOMBRA).
Desde que qualquer coisa dissociada se torna autônoma e incontrolável, afirmando-se negativamente a partir dos recessos da SOMBRA, Jung percebia uma unilateralidade da consciência como sendo a atual condição do homem ocidental, identificável nas neuroses de seus próprios pacientes, mas também nas epidemias psíquicas COLETIVAS, tais como guerras, perseguição e outras formas de repressão em massa (ver NEUROSE).
A chamada Era do Iluminismo, enfatizando, como fez, a atitude racional de uma mente consciente e considerando a iluminação intelectual como a mais elevada forma de discernimento e, por isso mesmo, do máximo valor, pôs em sério perigo a existência humana em sua totalidade.
“Uma consciência inflada
é sempre egocêntrica e consciente
apenas de sua própria existência”
(CW 12, parág. 563).
Paradoxalmente, isso leva a uma REGRESSÃO da consciência para a inconsciência. O equilíbrio só pode ser restabelecido se a consciência então levar em conta o inconsciente (ver COMPENSAÇÃO).
Contudo, apesar do risco, a consciência não deve e não pode ser dispensada. Isso acarretaria uma inundação por forças inconscientes, solapando ou obliterando o ego civilizado (ver ENANTIODROMIA). A marca oficial da mente consciente é a discriminação; quando é necessário estar cônscio das coisas, devem ser separados os OPOSTOS, pois na natureza os opostos se fundem um com o outro. Todavia, uma vez separados, os dois devem ser conscientemente relacionados um com o outro.
Chegando à conclusão de que a coisa mais individual do homem era sua consciência e baseada na suposição de que a INDIVIDUAÇÃO é uma necessidade psíquica, a psicologia junguiana ficou equiparada com o aumento da consciência, e na ANÁLISE a suposição era de que a consciência se deslocaria da centralização pelo ego para um ponto de vista mais consistente com a totalidade da personalidade (ver SELF).
Assim, a “consciência” da psicologia de Jung esbarrava em todos os perigos identificados com a busca da própria consciência: unilateralidade, inundação, desintegração, INFLAÇÃO, REGRESSÃO, alienação, DISSOCIAÇÃO, divisão (ver POSIÇÃO ESQUIZOPARANÓIDE), egocentrismo e NARCISISMO, lado a lado com a intelectualização. É neste contexto que as proliferações e os cismas da psicologia analítica podem ser vistos (Samuels, 1985a).
Numa tentativa de apresentar paralelismos entre processos individuais e coletivos de se chegar à consciência, Neumann escreveu The Origins and History of Consciousness (1954). Singer (1972) produziu a esse respeito uma obra já considerada clássica. Hillman (1975) define a consciência como “reflexão psíquica do mundo psíquico sobre nós e parte de adaptação àquela realidade”. Ele critica a Psicologia Analítica por se limitar a uma visão demais estreita da consciência.
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com Eustáquio Patounas
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Fontes:
Publicado em 24/01/2013
Licença padrão do YouTube
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/conscien.htm
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