terça-feira, 16 de julho de 2013

ABRAÃO - PATRIARCAS BÍBLICOS


A História das Religiões - 48min.
A História Judaica no Brasil - 51min.

Patriarcas bíblicos

Os patriarcas (em hebraico אבות pais) é o nome dado a Abraão, Isaque e Jacó, as três grandes personalidades que teriam sido ancestrais dos judeus e fundadores do judaísmo.1 O período em que viveram é conhecido como período patriarcal.
O termo também é às vezes utilizado em relação à pessoas proeminentes dentro da Bíblia como Noé, os doze filhos de Jacó e o rei Davi.

Abraão

Abraão e os três Anjos as portas do purgatório, gravura de Gustave Doré (1832-1883) segundo a concepção de Dante Alighieri relatada em Divina comédia publicada em 1321.
Abraão
Nome hebraico ou grego אברהם
Pais Terá
Filhos Ismael, Isaque, Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque, Suá
Anos de vida 175
Livros Gênesis, Livro de Abraão
Portal Bíblia

Abraão (em hebraico: אברהם, Avraham ou ’Abhrāhām) é um personagem bíblico citado no Livro do Gênesis a partir do qual se desenvolveram três das maiores vertentes religiosas da humanidade: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.1 No entanto, os arqueólogos não encontraram nenhuma prova da existência de Abraão.2 É o primeiro dos Patriarcas bíblicos e fundador do monoteísmo dos hebreus.3   
 Identidade
Identidade
Nome: Abraão
Significado: Pai ou Líder de Muitos4
Do Hebraico: אברהם Avraham ou ’Abhrāhām
Raiz familiar: Raiz de Noé linhagem de Sem
Avô: Naor
Pai: Terá
Mãe: ---?
Irmãos: Naor / Harã
Esposa: Sara / Quetura / (Agar)
Filhos: Ismael / Isaque / Zinrã / Jocsã / Medã / Midiã / Jisbaque / Suá
Netos: Esaú / Jacó / Seba / Dedã / Efá / Efer / Enoque / Abida / Elda
Sobrinhos:/Uz/Buz/ Quemuel/Quésede/Hazo/Pildas/Jidlafe/Betuel/Tebá/Gaã/Taás/Maaca.
Local de Nascimento: provavelmente Ur
Tempo de Vida: 175 anos
Motivo de Morte: Velhice
Local de Morte: Quiriate-Arba,Cova deMacpela,campo de EfromGênesis23Gênesis25.8-11)
Localização Temporal: Foi achado contrato Babilônico em nome de Abraão.
Este foi datado de 1800 - 2000AC. Discute-se a relação com o patriarca.


Status social: Rico (Gênesis 13:2)5

Registros da história de Abraão

Abraão é citado no livro de Gênesis como a nona geração de Sem, o qual foi um dos filhos do patriarca Noé que tinha sobrevivido às águas do dilúvio.

Segundo a Bíblia, a mais provável procedência de Abraão seria a cidade de Ur dos caldeus,6 situada no sul da Mesopotâmia, onde seus irmãos também teriam nascido. O final do capítulo 11 do primeiro livro da Torah, ao descrever a genealogia do patriarca hebreu, assim informa, mencionando o nome anterior de Abraão:

E estas são as gerações de Tera
Terá gerou a Abraão, a Naor e a Harã; e Harã gerou a
E morreu Harã, estando seu pai Terá ainda vivo, 
na terra de seu nascimento, em Ur dos caldeus. 
 (Gênesis 11: 27-28)7


O Livro dos Jubileus, considerado como uma obra apócrifa entre os judeus e cristãos, diz que Abraão, já aos catorze anos de idade, quando ainda residia em Ur dos caldeus com sua família, teria começado a compreender que os homens da terra haviam se corrompido com a idolatria adorando as imagens de escultura. Então Abraão não aceitou mais adorar ídolos com o seu pai Tera e começou a orar a Deus, pedindo-lhe que conservasse a sua alma pura do erro dos filhos dos homens e também a de seus descendentes.

Diz também o livro de Jubileus, no seu capítulo 12:10, que Abraão casou-se com Sara, no ano 49 de sua vida. E, quando o patriarca estava com 60 anos, ocorreu a morte trágica de seu irmão Harã, o pai de Ló.

Prossegue o texto bíblico informando que Terá, o pai de Abraão, após a morte de Harã, teria tomado sua família e organizado uma expedição para fixar-se em Canaã. Contudo, ao chegar numa localidade que veio a receber o mesmo nome do filho falecido, Terá permaneceu ali onde morreu com a idade de duzentos e cinco anos:

E tomou Terá a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de Harã,
 filho de seu filho, e a Sarai, sua nora, mulher de seu filho Abrão,
 e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã 
e habitaram ali. E foram os dias de Terá duzentos e cinco anos; 
e morreu Terá em Harã 
(Gênesis 11:31-32)8
Segundo a Bíblia, no capítulo 12 do livro de Gênesis, Abrão recebeu uma promessa divina para deixar a sua terra e a de sua família. Tal chamado de Deus pode ter ocorrido quando Abraão já se encontrava com sua família em Harã.

Estêvão, em seu discurso registrado no livro bíblico de Atos, informa que Deus apareceu a Abraão ainda na Mesopotâmia e Terá já havia falecido;

O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai,
 estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e disse-lhe: 
Sai da tua terra e dentre a tua parentela e dirige-te à terra que eu te mostrar. 
Então, saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã.
 E dali, depois que seu pai faleceu, 
Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora. 
(Atos 7:2-4)9

Viagem para Harã

Há suposições de que Abraão anuiu nesta jornada em direção a Salém, mas teria sido o seu irmão Naor, o qual não tinha conhecimento dos ensinamentos de Melquisedeque, que os persuadiu a ficar em Haran.

No entanto, sabe-se que Harã, na Antiguidade, foi um importante ponto de passagem para as caravanas do Oriente Próximo. E talvez a prosperidade do local tenha motivado a fixação da família de Abrão neste local em que acredita-se que o clã deveria abastecer o povoado com seus rebanhos.

É provável que, em Harã, Abrão tenha recebido talvez um segundo chamado divino para deixar a terra de sua família e se estabelecer na terra que Deus lhe indicasse. Nesta passagem, logo no começo do capítulo 12 de Gênesis, Deus anuncia diretamente ao patriarca bíblico que ele se tornaria uma grande nação e não há nenhuma menção expressa de que a terra prometida seria Canaã, muito embora esta teria sido o destino que o seu pai teria buscado e veio a ser confirmado posteriormente.

Ora, o Senhor disse a Abrão: 
Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai,
 para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, 
e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. 
(Gênesis 12:1-2)10

Todavia, é provável que devido à profecia proferida por Noé, quando castigou a Cam dizendo que Canaã seria escravo de Sem, existisse a ideia de que Abraão deveria seguir em direção à Canaã (Gn 9:25-27). Até mesmo porque no verso 31 do capítulo 11 de Gênesis diz que Terá e sua família deixaram Ur destinados a chegar em Canaã.11

A partida para Canaã

A partida de abraão, por József Molnár
A Bíblia diz que Abrão, obedecendo as ordens de Deus, saiu com Ló de Harã, juntamente com sua esposa e seus bens, indo em direção a Canaã.12 O texto informa que Abrão já teria setenta e cinco anos de idade e dá a entender que já tivesse pessoas a seu serviço, embora nenhum filho.

Depois dessa longa jornada de Harã até Canaã, o primeiro local onde Abraão esteve teria sido em Siquém, no carvalho de Moré, onde habitavam os cananeus. Ali Deus apareceu a Abraão e lhe confirmou a promessa de dar aquela terra à sua descendência.

Tendo edificado um altar para Deus em Siquém, Abraão parte para o Sul, fixando-se num lugar entre as cidades de Betel e Ai onde se estabelece com as suas tendas e constrói um novo altar.
Depois, prossegue Abraão para o sul, não havendo informações na Bíblia onde seria esse terceiro local de sua passagem, mas apenas diz que havia fome naquela terra.

Alguns, no entanto, interpretam que Abraão teria chegado a Salém, lugar que corresponderia hoje a Jerusalém. Porém, a Bíblia não diz claramente onde teria sido.

Informações não bíblicas relatam que, após a morte de Terá (Taré), o rei de Salém teria enviado um mensageiro a Abraão com o fim de lhe convidar a fazer parte do núcleo de estudantes/sacerdotes no seu reino. O mensageiro que encarregado da mensagem chamava-se Jaram e o convite era extensivo a Naor também, mas que teria optado por ficar, construindo naquele lugar uma poderosa fortificação. Abraão, contudo, partiu com o seu sobrinho de nome . Assim, ao chegarem a Salém, resolveram estabelecer o seu acampamento próximo da cidade e edificar guarnições nas colinas adjacentes, de forma a protegerem-se contra os furtivos ataques dos hititas, dos filisteus e dos assírios que privilegiavam estas zonas da Palestina nos seus ataques e saques.

No entanto, deve-se considerar que se Terá gerou Abrão e seus irmãos aos setenta anos 13 e faleceu aos duzentos e cinco anos14 , quando Abraão deixou Harã o seu pai certamente estava vivo com a idade de cento e quarenta e cinco anos já que o início da viagem do patriarca para Canaã ele tinha uma idade de setenta e cinco, ainda que naquela época a contagem de anos pudesse ser diferente.

A seca e a viagem para o Egito

Conselho de Abraão a Sara (aquarela cerca de 1896–1902 by James Tissot)
A Bíblia diz que houve fome na terra prometida que Abraão havia se estabelecido em Canaã e que, por causa disso, o patriarca e todo o seu acampamento retirou-se para o Egito.

Ao chegar no país, Abraão temeu que viesse a ser morto por causa da beleza de sua mulher e por isso combinou com ela que dissesse aos egípcios que seria sua irmã, não esposa.

Assim, o faraó veio a apaixonar-se por Sara e a levou para o seu palácio, passando a favorecer Abraão.15 Porém, Deus castigou o rei egípcio e este mandou chamar Abraão e lhe devolveu Sara, ordenando também que deixassem o país com os seus bens.

Tal parentesco de Abraão com o faraó egípcio não teria fundamentos na Bíblia porque Abraão era semita enquanto os egípcios teriam descendido de Cam [carece de fontes], não de Sem, assim como os cananeus, os filisteus, os hititas e os amoritas.

De acordo com o livro apócrifo dos Jubileus, Deus quis provar o coração de Abraão, e permitiu que Sara fosse tirada dele e levada ao palácio do faraó. Porém, a Bíblia nada diz a esse respeito.

Regresso à Canaã

A Bíblia narra que Abraão, juntamente com sua esposa e com seu sobrinho , retornou do Egito para a terra de Canaã, para o mesmo local onde havia se fixado ao Sul de Betel (provavelmente Salém). Tornou-se muito rico, possuindo rebanhos de gado, prata e ouro.

Prossegue o texto de Gênesis dizendo que Abraão retornou para Betel onde procurou o altar que havia feito para Deus e o invocou. Ali, no entanto, Abraão e Ló resolvem separar-se devido às contendas que havia entre os seus pastores por causa do numeroso rebanho que possuíam.

Estudos não bíblicos explicam que Abraão, provavelmente, tinha interesse em se tornar um grande líder na Palestina - almejava até ser um poderoso rei naquelas terras [carece de fontes]. O seu retorno a Salém só poderia ter este objetivo. Melquisedeque teria recebido muito bem Abraão de volta a Salém. Assim, Abraão teria tornado-se carismático entre esse povo e um líder conquistador.

A separação de Abraão e Ló

A Bíblia relata que Abrão resolveu evitar desavenças com o sobrinho por causa do rebanho e lhe deu a opção de escolher planície que desejasse. Ló preferiu fixar-se na planície do rio Jordão, na região de Sodoma e Gomorra, que antes de ser destruída era comparada com o Jardim do Éden e com o Egito. Porém, Abraão preferiu permanecer em Canaã.

Habitou Abraão na terra de Canaã, e Ló habitou nas cidades da campina e armou as suas tendas até Sodoma. (Gênesis 13:12)16

Acredita-se que Ló tinha uma personalidade diferente e se inclinava mais para assuntos materiais ligados a negócios diversos, sendo esse o motivo pelo qual ambos se separaram, indo Ló para a rica cidade de Sodoma e se dedicando ao comércio e à criação de animais.
Após a separação de Ló, Deus apareceu novamente a Abraão confirmando dar aquela terra à sua descendência, ordenando-lhe que percorresse a região.

Dali, Abraão levanta novamente as suas tendas e se fixa junto aos carvalhais de manre, em Hebrom, onde edificou um novo altar a Deus.

Relação com os povos vizinhos

A Bíblia narra que houve uma guerra ocorrida envolvendo nove reinos. Os reinos de Sodoma, de Gomorra, de Admá, de Zeboim e de Zoar pagaram tributos a Quedorlaomer, rei do Elão, durante doze anos e haviam se rebelado. Assim, houve então uma guerra em que Quedorlaomer e mais três reis aliados atacaram a Palestina, ferindo a vários povos e confrontando-se finalmente com os reis de Sodoma e Gomorra que foram vencidos numa batalha em Sidim.

Com a derrota de Sodoma, Ló foi levado cativo com toda as suas riquezas. Sabendo disso, Abraão, com apenas trezentos e dezoito homens, lutou contra os inimigos e os perseguiu até as proximidades de Damasco, libertando Ló, sua família e o povo de Sodoma.

Provavelmente os povos vizinhos de Salém reverenciavam e respeitavam o Rei sábio Melquisedeque, mas de certa forma temiam o grande líder militar Abraão. As suas batalhas e conquistas tornaram-se conhecidas em toda aquela região, fazendo de Abraão um líder muito respeitado.

O rei de Sodoma, Bera, como recompensa pela libertação, chegou a oferecer os bens que foram saqueados por Quedorlaomer, mas Abraão recusou-se.

Melquisedeque partiu ao encontro de Abraão após a vitória em Sidim, já no seu triunfante regresso. A Bíblia diz que o rei de Salém trouxe pão e vinho para Abraão e lhe abençoou. Abraão, por sua vez lhe deu o dízimo de tudo que havia recobrado a Melquisedeque. Esta é a única parte no livro de Gênesis em que o personagem Melquisedeque é citado:

E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de tudo. Gênesis 14:18-20

Informações não bíblicas dizem que, após a batalha de Sidim, Abraão manteve-se fiel ao seu monarca e se tornou o dirigente militar de mais onze tribos vizinhas de onde todos pagavam tributos – o chamado dízimo. Abraão fracassou algumas tentativas de estabelecer alianças diplomáticas com o soberano de Sodoma. Porém, ao conseguir o resultado, houve uma aliança militar estratégica entre o Rei de Sodoma e outros povos de Hebrom. Abraão tinha mesmo intenção de formar um estado poderoso em toda a Canaã, o sábio rei de Salém convenceu Abraão a abandonar a sua tentativa de formar um reino material e se tornar aquilo que hoje o seu nome é significado – o Pai da Fé. Para persuadi-lo, utilizou a sua aliança, a promessa do seu reino, e tornou-o como sua própria descendência.

A Aliança de Abraão com Deus

No capítulo 15 de Gênesis, Deus aparece a Abraão. Tendo este oferecido um sacrifício a Deus, foi-lhe revelado sobre o futuro de sua descendência que suportaria a escravidão por quatrocentos anosNota 1 e que depois retornaria para a terra prometida.17

Então disse a Abrão: saibas, decerto, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua; e servi-los-á e afligi-la-ão quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente à qual servirão, e depois sairão com grande fazenda. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amoritas não está ainda cheia. (Gênesis 15:13-16)18

Informações não bíblicas falam de uma aliança entre Melquisedeque e Abraão. Tal aliança seria um reconhecimento de Melquisedeque da soberania de Abraão e a cedência do seu trono a este líder e à sua descendência, uma vez que este rei não tinha descendentes para o substituir. Esta referência também é mencionada na Bíblia no capítulo 7 da epístola aos Hebreus, onde se refere à falta de descendência deste personagem sábio de Salém.

Todavia, o texto bíblico em Gênesis é claro em demonstrar que o diálogo de Abraão e a sua experiência foi diretamente com Deus.

Nascimento de Ismael

Sendo Sara estéril e pretendendo dar um filho a seu marido, ofereceu sua serva egípcia Hagar para que gerasse o primeiro filho a Abraão. Hagar então gerou a Ismael, considerado pelos muçulmanos como o ancestral dos povos árabes.

O texto bíblico informa que Abraão teria sido pai pela primeira vez aos oitenta e seis anos. E, antes mesmo do nascimento de Ismael, surgiram conflitos entre Hagar e Sara, culminando na sua fuga do acampamento de Abraão.

Tendo Hagar fugido da presença de Sara, o Anjo do Senhor apareceu-lhe quando se encontrava junto a uma fonte de água, convencendo-a a retornar, sujeitar-se à sua senhora e lhe prometendo um futuro grandioso para seu filho.

A mudança no nome de Abraão e a instituição da circuncisão

Aos noventa e nove anos, novamente Deus aparece a Abraão, confirmando-lhe a sua promessa. Deus ordena que Abraão e todos os homens de sua casa fossem circuncidados. E que toda criança do sexo masculino que nascesse receberia esse sinal ao oitavo dia.

O filho de oito dias, pois, será circuncidado; todo macho nas vossas gerações, o nascido na casa e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua semente. (Gênesis 17:12)
É nesta ocasião que Deus muda também os nomes de Abraão ("pai de muitas nações") e de Sara, os quais até então chamavam-se Abrão e Sarai. A mudança do nome de Sarai para Sara é explicada na Bíblia com a promessa do nascimento de um filho, pondo fim à sua esterilidade.

A visita dos três anjos e a confirmação sobre o nascimento de Isaque

Abraão foi circuncidado com noventa e nove anos após Deus ter anunciado que Sara daria à luz um filho - Isaque, que seria o herdeiro da promessa. Isaque nasceu no ano seguinte a esse anúncio.
O capítulo 18 de Gênesis diz que mais uma vez Deus apareceu a Abraão quando este se encontrava nos carvalhais de manre, à porta da tenda, e viu três varões celestiais (anjos). Estes confirmaram o nascimento de um filho a Sara e estavam se dirigindo para Sodoma a fim de cumprirem a ordem divina de destruição da cidade.19

A destruição de Sodoma e Gomorra

Temendo pela vida de seu sobrinho Ló e de sua família, Abraão intercede a Deus para que não destruisse Sodoma. Deus então promete que se achasse pelo menos dez justos ali, pouparia a cidade.20
Os anjos vão até Sodoma, entram na casa de Ló e o retiram da cidade junto com sua família antes que começasse a destruição do lugar, permitindo que o sobrinho de Abraão se refugiasse nas montanhas.
E aconteceu que, destruindo Deus as cidades da Campina, Deus se lembrou de Abraão e tirou Ló do meio da destruição, derribando aquelas cidades em que Ló habitara. (Gênesis 19:29)

Abraão peregrina em Gerar

No capítulo 20 de Gênesis, Abraão parte de Hebrom para Gerar, que estaria situada entre Cades e Sur, região que corresponde à terra dos filisteus.

Temendo a Abimeleque, rei de Gerar, Abraão novamente comete o mesmo erro praticado quando esteve no Egito e diz que Sara seria sua irmã. Abimeleque apaixona-se por Sara e a toma de Abraão.
Deus então aparece em sonhos a Abimeleque e lhe adverte para que restituísse Sara a seu esposo.
Obedecendo a Deus, Abimeleque trás Sara de volta a Abraão, entregando-lhe também bens e riquezas. Abraão então ora por Abimeleque que é perdoado.

Fontes não bíblicas afirmam que, com o desaparecimento de Melquisedeque, Abraão modificou muito a sua forma de agir. Mesmo alguns historiadores defendem a ideia que era um outro Abraão que ocupou o seu lugar. Mas poderá ter sido apenas a tristeza pelo desaparecimento de Melquisedeque. 

 Não há registro da morte de Melquisedeque e mesmo o apóstolo Paulo faz menção a esse facto na Bíblia na carta aos Hebreus (cap.7). Abraão tornou-se mais inativo e temeroso. Tanto que ao chegar a Gerar, Abimeleque tomou-lhe a sua esposa Sara. Mas este período de aparente covardia foi curto. E logo Abraão compreendeu a herança proposta pelo seu antecessor no trono e começou a proclamar uma mensagem de um Deus único entre os povos filisteus e mesmo entre os súditos de Abimeleque. Segundo uma tradição judaica, Abraão chegou a crença em um só Deus ao refletir sobre a natureza do universo e ao rejeitar a idolatria. Assim, quebrou a cabeça de todos os ídolos que seu pai tinha em sua loja deixando somente um, o maior deles, deixando para este uma oferenda3
Depois do nascimento de Isaque, Abraão e Abimeleque fizeram um pacto em Berseba, isto é, realizaram um juramento de confiança.

O nascimento de Isaque

O capítulo 21 de Gênesis diz que Abraão com a idade de cem anos quando tornou-se pai de Isaque.
Informações não bíblicas dizem que foi numa cerimónia pública e solene que Abraão teria apresentado em Salém Isaque como o seu primogênito.
No entanto, a Bíblia relata que, quando Isaque deixou de mamar, Abraão teria promovido um grande banquete em comemoração.

Abraão despede-se de Hagar e de Ismael

Mesmo com o nascimento de Isaque, os conflitos entre Hagar e Sara continuaram, ameaçando a paz de sua família. Abraão então resolve despedir sua serva junto com o seu filho Ismael. A Bíblia diz que Deus amparou Hagar e seu filho durante a peregrinação no deserto de Parã.

Deus prova a fé de Abraão

Mais uma vez Deus falou com Abraão e lhe pediu uma verdadeira prova de fé, determinando que levasse o seu filho para oferecê-lo em holocausto no Monte Moriá que fica próximo a Salém.
Após ter viajado por três dias a partir de Berseba, Abraão avistou o local e subiu ao monte apenas na companhia de Isaque. Porém, quando levantou a mão para sacrificar seu filho, foi impedido pelo Anjo do Senhor e encontrou no mato um carneiro para ser oferecido em lugar de seu filho.

O Livro dos Jubileus, no verso 16 do seu capítulo 17, explica o sacrifício de Isaque dizendo que o diabo teria pedido a Deus que provasse Abraão em relação a seu filho, o que se assemelha um pouco à história de . Porém, a Bíblia nada diz a esse respeito, mencionando o fato como uma prova de obediência a Deus.

A morte de Sara

Segundo a Bíblia, Sara morreu em Hebrom com cento e vinte e sete anos. Abraão então adquire de Efrom, em Canaã, a Cova de Macpela por quatrocentos siclos de prata, que é considerada a primeira aquisição de uma propriedade do patriarca que sempre viveu como um peregrino em busca de melhores pastagens para o seu rebanho. A sepultura adquirida é posteriormente utilizada pelo patriarca e por seus descendentes.

Abraão manda buscar uma noiva para Isaque

Narra o capítulo 24 de Gênesis que Abraão enviou o seu servo Eliezer para que fosse à Mesopotâmia e trouxesse uma esposa para seu filho Isaque entre os seus parentes.
Ocorreu que Milca e Naor tiveram oito filhos e netos. Eliezer então, ao chegar na cidade de Naor, encontra a Rebeca, filha de Betuel e irmã de Labão. Rebeca consente em ir com Eliezer e este a leva para Isaque.

A união de Abraão com Quetura

A Bíblia registra uma segunda núpcia de Abraão após a morte de Sara. Com a união de Abraão e Quetura, foram gerados mais seis filhos,21 dando origem a outros povos, inclusive os midianitas.
E Abraão tomou outra mulher; o seu nome era Quetura. E gerou-lhe Zinrã, e Jocsã, e Medã, e Midiã, e Isbaque e Suá. (Gênesis 25:1 e 2)

Indaga-se se Abraão teria mesmo se casado com Quetura ou se ela foi apenas uma segunda concubina depois de Hagar. A Bíblia pouco fala a seu respeito, sendo possível apenas fazer a suposição de que ela teria vivido com o patriarca as últimas décadas de sua vida.

De acordo com o livro apócrifo de Jubileus, em 19:11, Abraão teria escolhido a Quetura entre os servos de sua casa porque Hagar falecera antes de Sara.

A morte de Abraão

A morte de Abraão é comentada no capítulo 25 de Gênesis, o qual teria vivido cento e setenta e cinco anos e foi sepultado na Cova de Macpela por Isaque e Ismael.22

Tudo o que tinha deixou de herança para Isaque, guardando apenas presentes para os filhos de Hagar e de Quetura. Os registros referem que todas as propriedades de Abraão foram para o seu filho Isaac, o filho de Sara que tinha o status de esposa. Agar não foi esposa de Abraão, mas sim uma concubina. Quetura foi esposa de Abraão após a morte de Sara.

Considerando que Isaque tornou-se o pai de Jacó e de Esaú aos sessenta anos, Abraão deve ter convivido com os netos durante quinze anos, muito embora o livro de Gênesis não mencione sobre esses contatos.

Explicação contextual

Alguns acreditam que os ensinamentos de Melquisedeque teriam sido de grande importância para aquilo que a religião tem transmitido hoje sobre Abraão. Porém, Melquisedeque é citado na Torah apenas uma vez e depois em Hebreus. O que o Antigo Testamento registra são diálogos entre Abraão e Deus, mas há quem defenda a tese de que Melquisedeque teria tido uma presença maior na vida de Abraão como um verdadeiro mensageiro de Deus na terra.

O apócrifo Evangelho Armênio da Infância de Jesus traz uma passagem na qual relata que o Senhor entregou a Set uma carta que foi retransmitida a Abraão. Este por sua vez a deu a Melquisedeque, rei de Salém. (Evangelho Armênio da Infância de Jesus, cap. X, 11) 23

Posteriormente, os escribas encararam o termo Melquisedeque como sinónimo de Deus. Os registros de tantos contatos de Abraão e Sara com o anjo do Senhor podem referir-se às suas numerosas entrevistas com Melquisedeque.

Supõe-se que muita informação teria sido perdido pelo menos até a época em que os registros do Antigo Testamento foram revisados em massa na Babilónia. Todavia, as narrativas dos escritos religiosos hebraicos sobre Isaque, Jacó e José são fontes mais confiáveis do que aquelas sobre Abraão, embora elas contenham muitos pontos divergentes do que é factual, nomeadamente com outras referências históricas.

Informações importantes sobre Abraão

Rembrandt, Sacrifício de Isaac, 1635
Acredita-se que Abraão teria vivido mais provavelmente entre os séculos XXI e XVIII antes de Cristo. Uma vez que não existe atualmente nenhum relato da sua vida independente das escrituras - especificamente, do Livro do Génesis -, é preciso ter fé para acreditar que ele tenha sido uma figura histórica ou um personagem exaltado por Moisés a fim de explicar a origem dos hebreus e motivar o êxodo de seu povo do Egito em direção à terra de Canaã para concretizar as promessas de Deus.
Segundo o livro Génesis, que compõe o Pentateuco do Antigo Testamento, Deus disse a Abraão para deixar Ur com a sua família em direcção à "terra que eu te indicar".24 Nesta terra, os seus descendentes formariam uma grande nação e herdariam uma terra "onde corre leite e mel". Sendo o povo escolhido de Deus, os hebreus conquistariam a terra prometida de Canaã, uma terra de fartura, em comparação com as que Abraão deixara para trás. Foi assim que Abraão deixou a sua vida sedentária para viajar para Canaã. Esta migração é de significado histórico comparável à epopéia de Moisés, mais tarde, trazendo os hebreus de regresso do Egipto, através do Mar Vermelho.

O Judaísmo considera a existência e a importância de Abraão. Abraão é considerado o fundador da nação hebraica.25 Maimônides, em seu livro "os 613 mandamentos" ensina com relação ao 3º mandamento, "Amar a Deus", que se deve fazer com que o Eterno seja amado pelos homens como foi feito pelo pai Abraão.26 Segundo uma tradição judaica, Abraão era o guardião da Torá inteira, incluindo até mesmo os acréscimos rabínicos, Nota 2 antes mesmo de ser revelada por Deus.3

O Islão também considera a existência e a relevância de Abraão (com o nome de Ibrahim) como sendo o ancestral dos Árabes, através de Ishmael. A data de 1812 é por vezes apontada. A tradição judaica também aponta que o patriarca teria vivido entre 1812 a.C e 1637 a.C (175 anos). O Judaísmo, o Cristianismo e o Islão são por vezes agrupados sob a designação de "religiões abraâmicas", numa referência à sua suposta descendência comum de Abraão. Há registros que apontam para o seu nascimento em 2116 a.C. [carece de fontes].

Abraão era filho de Terah, 20 gerações depois de Adão e 10 depois de Noé. E, considerando que Noé ainda teria vivido 350 anos após o dilúvio, Abraão poderia ter conhecido o seu ancestral e também a Sem.

O nome original de Abraão era Abram, uma brincadeira judaica com Ibrim, que significa "Hebreus", para soar como "Excelso Pai". Abraão era o primeiro dos patriarcas bíblicos. Mais tarde, respondeu pelo nome de Abraham (Ibrahim), (ابرَاهِيم em árabe, אברהם em hebraico), o que significa "pai de muitos" (ver Génesis 17:5). O nome Abraham era um nome comum de pessoas entre os amoritas (na forma Abamram).27

A história de Abraão começa quando o patriarca deixa a terra de sua família na cidade de Ur dos Caldeus e segue em direção a Canaã. A partir daí, a Bíblia relata diversas aventuras mais ou menos desconexas envolvendo Abraão, sua esposa Sara, seu sobrinho , sempre realçando a nobreza do personagem e a sua obediência a Deus.

Os episódios mais emblemáticos da narrativa são aqueles que contam de como Abraão se sujeitou ao rei do Egipto, que tomou sua mulher como esposa, para salvá-la de qualquer punição. O segundo episódio marcante da vida de Abraão ocorreu em sua velhice. Sara, sua esposa, já idosa ainda não havia lhe dado um filho (seu primeiro filho Ismael, ou Ishmael, era filho de uma concubina - Agar), quando Deus teria lhe concedido esta graça, e assim nasceu Isaque, ou Isaac, a quem Abraão mais amou. Porém, quando Isaque era ainda criança, Deus chamou Abraão e pediu que ele trouxesse seu filho ao alto de um monte chamado de Moriá ou Moriah, informando a ele, no meio do caminho, que gostaria que o velho patriarca o sacrificasse, para mostrar seu amor por Ele. Mesmo sendo Isaque o filho amado que tanto desejara por toda a vida, Abraão não relutou em sacar uma adaga e posicioná-la sobre o pescoço de seu filho. Deus então mandou um anjo para segurar o punho de Abraão, dizendo estar satisfeito com a obediência de Abraão. Em recompensa, Deus poupou seu filho, e prometeu que sua linhagem produziria uma nação numerosa que governaria toda a terra por onde Abraão havia caminhado em vida (Canaã, propriamente dita).

Citações}

{Wikiquote|}
Avraham! « Eu sou Ha'Shem,
 que te fez sair de [Ur] dos Caldeus, para te dar esta terra como herança…
 Nesse dia,o Eterno estabeleceu uma aliança com Avraham nestes termos: 
"À tua descendência darei esta terra, desde o [Rio Nilo|rio do Egipto]]
 até ao grande rio, o Eufrates"» 

PROFETAS E SÁBIOS

ABRAÃO, NOSSO PATRIARCA


Abraão e os três anjos, Golden Haggadah

Nossos sábios ensinam:

“Cinco bens de Seu mundo,
 adotou especialmente para Si o Eterno, abençoado seja Ele.
São esses:
a Torá, o céu e a terra, Abraão, Israel e o Santuário Sagrado”
(Ética dos Pais 6:10).


Edição 37 - Junho de 2002

A longa jornada do povo de Israel se inicia com Abraão, o primeiro patriarca. Primeiro monoteísta da história, Abraão rebelou-se contra a idolatria reinante, foi também o primeiro a proclamar que D’us é Um e Único e que o mundo tem um único Senhor do Universo. Sem ter tido “ninguém para ensinar-lhe”, Abraão abandonou todos os ensinamentos e tradições de seus pais e a terra onde vivia para seguir a Voz que o levava a D’us. Segundo o Midrash, ele era chamado de Avraham, ha-Ivri, Abraão, o Ivri, que significava “o que passou para o outro lado”. Pois Abraão enfrentou o mundo sozinho: ele, o monoteísta, de um lado; o resto do mundo, politeísta e idólatra, do outro.

Abraão foi o primeiro judeu. Com ele e através dele D’us selou uma aliança sagrada e perpétua com o povo de Israel, assegurando-lhe que seus descendentes seriam numerosos como as “estrelas do céu“ e herdariam a Terra Sagrada. Nosso primeiro patriarca ensinou a Verdade à sua família e a todos ao seu redor, mas, principalmente, a seu filho Isaac, que a transmitiu a Jacó e este, a seus filhos, que deram origem às doze tribos. Assim, a herança de Abraão passou de pai para filho em uma corrente espiritual que atravessa os séculos. O legado de Abraão é sinônimo de fidelidade, lealdade, bondade, fé e coragem, pois sua fé em um Único Criador, Justo e Bom, exigia do homem integridade absoluta – em relação a D’us e aos outros homens. Seus atos moldaram e inspiram a Nação Judaica, que se refere a ele como Avraham Avinu, nosso pai, Abraão.

A vida do primeiro patriarca é narrada no primeiro livro da Torá, Bereshit (Gênese). O texto e os estudos adicionais no Talmud, no Midrash e nos livros da Cabala revelam ainda mais sobre a vida de Abraão, as lutas, as vitórias e os desafios que teve que enfrentar ao longo do caminho que o levou a D’us. Os eventos da vida do patriarca prenunciam a história do Povo de Israel, pois, como ensinam os nossos sábios: “Os atos e episódios ocorridos durante a vida dos patriarcas são um sinal para os seus descendentes”.

O que sabemos sobre Abraão, o nosso patriarca? Quais as virtudes que possuía para ter sido escolhido por D’us como o fundador da Nação Judaica?

Abraão: um homem em busca da verdade

O Abraão revelado pela Torá não é retratado como um sábio imerso em contemplações metafísicas ou um visionário. Era um homem à procura da Verdade, dotado de uma mente independente, um coração generoso, uma alma fervorosa e uma coragem indomável. Apesar de ter adquirido, ainda jovem, uma consciência intuitiva sobre a existência de um Único Criador – de acordo com o Midrash, a partir dos três anos de idade – sua primeira experiência profética só ocorreu aos 75. Somente após anos de persistente busca pela Realidade Absoluta, D’us se revelou a ele pela primeira vez, e o instruiu.

Nossa tradição lhe confere inúmeros talentos e virtudes: sabedoria de um justo, bondade lendária, poderes e riquezas de um rei e força e coragem de um grande guerreiro. Sua figura imponente, porte real e clareza de idéias impressionavam a todos a seu redor, assim como sua eloqüência em espalhar a Verdade.

Segundo os livros, Abraão era conhecido em seu meio como um sábio místico que acreditava na existência de uma Única Divindade – um D’us misterioso do qual recebia instruções. Seus contemporâneos diziam que anjos sussurravam em seu ouvido e que ele usava tanto seus poderes místicos quanto sua sabedoria prática para ajudar os outros.

Profundo conhecedor de segredos místicos, estudara na Academia de Shem e Eiver, em Jerusalém, na época denominada Shalem. Foi lá que aprendeu a tradição sobre a Criação do mundo que Noé aprendera de seu pai – e transmitira a seus filhos, em especial a Shem.

Primeiro a compreender os segredos da Criação do mundo, Abraão registrou seus ensinamentos e observações no primeiro texto místico da humanidade – o “Livro da Criação”, Sefer Yetsirá. A obra é, até hoje, considerada a mais importante fonte sobre os segredos da Criação do Universo. Nela está revelado que D’us criou o mundo por meio das 22 letras do alfabeto hebraico e de 10 emanações divinas chamadas de sefirot.
 Abraão, o primeiro monoteísta

O nome original do primeiro patriarca era Abrão (Avram), até D’us mudá-lo para Abraão (Avraham), que quer dizer “pai de muitas nações”. De fato, somos proibidos de chamá-lo de Abrão, seu nome de nascimento.

Abraão nasceu por volta do final do segundo milênio antes da era comum (a.E.C.) na cidade de Ur Casdin, na Mesopotâmia, região localizada no Crescente Fértil, berço da civilização ocidental. Na época em que Abraão nasceu, o politeísmo – a crença em várias divindades – reinava supremo no mundo. Segundo a Torá, seu pai, Terach, apesar de descender de Noé e de Shem, servia a “deuses estranhos”. Considerado o principal idólatra da região, mantinha uma loja onde vendia estátuas e representações de divindades. Mas o filho de Terach não sucumbiu às práticas de seu pai.

Segundo as nossas tradições, Abraão descobriu a existência de um Único D’us observando o sol e a lua, que se alternam no céu, e a natureza a sua volta. Sua intuição aliada a sua mente sagaz, fizeram-no concluir que devia haver um Ser Supremo que governava todo o universo e estabelecera e geria as leis da Natureza. Só um Ser Supremo e Perfeito poderia ter criado algo tão perfeito. Sua percepção estava de acordo com os ensinamentos que havia adquirido na Academia de Shem, em Jerusalém.

Abraão passou a tentar convencer seu pai Terach e a população de sua região sobre a falsidade do politeísmo. Mas suas atitudes, seus questionamentos e sua eloqüência em transmitir a Verdade que descobrira, de que há um Único D’us, Senhor do Universo, chocavam-se com todos ao seu redor. O rei de Ur, Nimrod, sentiu-se particularmente ameaçado e insultado, pois ele mesmo queria ser considerado um deus. Furioso com as atitudes de Abraão, o rei condenou-o a uma fornalha ardente. “Se seu D’us realmente existe, Ele que o salve”, declarou o rei Nimrod a Abraão.

Abraão foi salvo por D’us e emergiu do fogo da fornalha sem a menor queimadura. Foi um dos dez testes aos quais Abraão foi submetido durante sua vida. Um teste de fé no Todo-Poderoso, do qual Abraão emergiu triunfante como em todos os demais que enfrentou.

“Lech Lechá”

Somente aos 75 anos, após décadas de absoluta e total devoção, o Eterno Se revelou a Abraão pela primeira vez, apresentando-Se com o chamado Divino “Lech Lechá” – “Sai da tua terra, da tua pátria e da casa do teu pai para a terra que Eu te mostrarei” (Gênese 12). As palavras Lech Lechá literalmente significam “Vai por ti mesmo”.

No momento em que D’us se revelou pela primeira vez, Abraão já havia realizado feitos sem precedentes. Descobrira a verdade do D’us Único, desafiara o rei mais poderoso da época e também sacerdotes, sobrevivera à fornalha ardente e convertera milhares à fé monoteísta. Tudo isso conseguiu por si mesmo. Não tinha um mestre nem uma tradição para guiá-lo, nem uma voz celestial para dirigi-lo. Nada além de seu intelecto e de sua incansável busca pela Verdade Absoluta.

Mesmo assim, quando finalmente obteve a revelação Divina, ele recebeu a ordem de “Vai por ti mesmo: deixa de lado teus talentos (“tua terra”), tua personalidade enraizada em teu meio ambiente (“teu local de nascimento”) e tua sabedoria fenomenal (“da casa de teu pai), e segue D’us até “a terra que Eu te mostrarei”. D’us ordena a Abraão abandonar todas as influências externas para segui-Lo. A partir do momento em que D’us revelou a Abrãao Seu caráter único, Abrãao passa a cumprir Suas instruções e a seguir Suas ordens, que o levariam mais próximo de D’us e de Sua Verdade.

E então prometeu o Todo-Poderoso: 


“E farei de ti uma grande nação. Eu te abençoarei e engrandecerei teu nome. Tu serás uma bênção. Eu abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”
 (Gênese 12:1).

As promessas Divinas

Após obedecer a Ordem Divina, Abraão seguiu em direção a Canaã com sua esposa Sarai, seu sobrinho Lot e todos aqueles a quem tinha convertido à nova fé. Uma vez em Canaã, D’us lhe revelou Sua Vontade e fez uma série de promessas a Abraão, selando com ele pactos que iriam ligar para sempre o povo de Israel a D’us. Promete a Abraão que seus descendentes herdarão a terra. “Eu darei esta terra a teus descendentes” (Gênese 12:1), repete D’us em várias ocasiões.

Mas Abraão não tinha filhos e, sendo um grande astrólogo, sabia que só a Vontade Divina poderia fazer com que tanto seu destino e como o de Sarai, sua esposa, fossem revertidos para que, assim, pudessem conceber um filho. Se não tivesse um filho, a quem poderia transmitir sua herança espiritual? – perguntou Abraão ao Eterno. Quem iria propagar a fé entre todos os povos? D’us assegurou-lhe que iria ter filhos e prometeu multiplicar a descendência de Abraão, dizendo que seria tão numerosa quanto “as estrelas do céu”.

Mas Abraão, temeroso pelo futuro de seus descendentes, pediu uma prova tangível de que a Terra Sagrada lhes pertenceria. D’us então lhe mostrou o futuro de seus descendentes – as provações que teriam que enfrentar, os sucessivos impérios que se levanta-riam contra eles. Ressaltou, no entanto, que Israel sobreviveria a todos os perigos e os venceria. Foi esta a promessa do Eterno. Como a promessa de D’us é irrevogável, a Terra Sagrada caberá, em última instância, a Israel, mesmo se este – por não cumprir a Vontade Divina – a perder por algum tempo.


 A promessa do Todo-Poderoso de que Abraão seria uma bênção e geraria bênçãos implicava também que receberia Sua proteção. Portanto, o Eterno é o Escudo de Abraão, Magen Avraham, e, como seus descendentes, pedimos a D’us, todos os dias, em nossas orações, que também seja nosso Escudo.

A Aliança Eterna entre D’us e o povo de Israel

Quando Abraão tinha 99 anos, D’us Se revelou novamente para selar com o patriarca, através do brit milá, Sua Aliança Eterna com o povo de Israel. Diz o Eterno a Abraão: “Eu sou D’us, Todo-Poderoso, anda diante de Minha presença e sê perfeito” (Gênese 17). “Até agora não foste perfeito diante de Mim”, disse D’us a Abraão, mas ”circuncida-te, então andarás diante de Mim (à vista dos homens) e serás perfeito“. E o Eterno ordenou: “E vós sereis circuncidados na carne de vosso prepúcio. E será o símbolo de uma aliança entre Mim e vós...” (Gênese, 17:11). “E vós mantereis Minha aliança, vós e todos os vossos descendentes, por todas as gerações” (Gênese, 17:9-12).

Tão forte é a ligação que existe entre Abraão e a circuncisão que, ao ser realizada, incluímos na berachá pronunciada no ato a frase “Abençoado és Tu, Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificaste com os Seus Mandamentos e nos ordenaste introduzi-lo na Aliança de Abraão, nosso patriarca”.

Até então o nome de nosso patriarca era Abrão (Avram), que significa av Aram – “pai de Aram”, sua terra natal, mas a partir desse momento D’us lhe dá um novo nome, Abraão – (Avraham), contração de duas palavras – av hamon, que significa “pai de uma multidão”. A mudança de nome indica seu novo status, “perfeito” perante D’us e pai de uma multidão de nações que seriam fundadas por ele. Tão significativa foi esta mudança que somos determinantemente proibidos de chamá-lo pelo seu nome anterior. D’us também mudou o nome de sua esposa, nossa primeira matriarca. Sarai, que significava “minha princesa”, foi mudado para Sarah – “princesa para todas as nações do mundo”. 


Foi nessa ocasião em que mudaram seus nomes, que D’us revelou-lhes o futuro nascimento do filho tão desejado – Isaac, nosso segundo patriarca.

Principais características: fé e amor


Abraão, ensina o Talmud, era bom com os Céus e com os homens. Nos textos místicos, é a personificação do atributo de chesed – bondade – a emanação divina (sefirá) da benevolência, generosidade e amor infinito. As duas características principais da personalidade do patriarca eram guemilut chassadim e emuná: atos de bondade e fé em D’us.

Abraão servia a D’us principalmente através do amor que se manifestava tanto em sua devoção a Ele como através de um contínuo e incessante amor por seus semelhantes. Exemplo supremo do homem bondoso e justo, Abraão estava sempre preocupado com o bem-estar dos outros, respeitando e amando todos os seres, cercando-os de atos de bondade e generosidade. Abraão mantinha o seu lar sempre aberto a todos, sem perguntar quem eram ou por que o visitavam. Oferecia a todos – anjos ou mendigos – abrigo e alimento. Em troca, só pedia que seus hóspedes agradecessem a D’us, o verdadeiro Provedor de tudo no mundo. A Torá afirma que D’us escolheu Abraão porque ele seria capaz de ensinar seus filhos a praticar a caridade e a justiça (Gênese18:19).

Abraão também possuía um senso imenso de responsabilidade com as pessoas ao seu redor. Apesar de todas as dificuldades e obstáculos que enfrentou durante sua vida nunca questionou o Criador; sua fé em D’us era absoluta. Mas, mesmo assim, não hesitou em contestar e até enfrentar o Eterno para salvar alguém do sofrimento e da morte. Relata a Torá que ao ser informado por D’us de que a destruição de Sodoma e Gomorra era iminente, Abraão implorou pela vida de seus habitantes, apesar de saber que eram malvados e cruéis. O Talmud, então, afirma que “qualquer um que tenha compaixão pelas pessoas, certamente descende de Abraão, nosso patriarca”.

E o Eterno testou Abraão

O amor e a fé de Abraão em D’us permaneceram inalterados e inabaláveis durante toda a vida de nosso patriarca, apesar dos testes e obstáculos que teve que enfrentar. Para testar a sua devoção, D’us submeteu Abraão a dez testes. Entre estes, o patriarca enfrentou o fogo, a fome e reis idólatras, lutou contra poderosos exércitos e foi obrigado a abandonar o seu lar e a sua terra. No seu último e mais difícil desafio, o único que a Torá relata, Abraão prova estar disposto até a sacrificar o seu tão amado filho, Isaac, para obedecer a ordem Divina. Nenhum relato da Torá foi – e ainda é – mais analisado e comentado por sábios e filósofos do que o sacrifício de Isaac.

A Torá nos diz: “Após esses eventos, D’us testou Abraão” (Gênese 22:1). O Eterno ordenou ao patriarca que tomasse o seu filho Isaac, dizendo: “Vai para a área de Moriá. Traze-o como um holocausto...” (Gênese 22:2).

A Torá relata os acontecimentos: a viagem do pai com o filho, os preparativos e o fatídico instante quando Abraão estende a mão e toma a faca para cortar a garganta de seu filho único e um anjo de D’us o chama: “Abraão! Abraão!” “Eis-me aqui”, responde o patriarca.


E então o anjo de D’us lhe revela que tudo fora um teste, o último e mais difícil de sua vida: “Não faças mal ao menino. Pois agora sei que temes a D’us. Tu não Lhe recusaste teu único filho” (Gênese 22: 11-12). O anjo de D’us transmite ao patriarca a promessa Divina: “Eu jurei por Minha própria Essência que, por teres realizado tal ato e não me teres recusado teu único filho, Eu te abençoarei bastante e aumentarei tua semente como as estrelas do céu. Todas as nações do mundo serão abençoadas através dos teus descendentes – tudo porque tu obedeceste a Minha voz” (Gênese 22:15-18).

Todos as manhãs, lemos esta porção da Torá em um relato que precede as nossas orações, quando pedimos que sejam realizadas as bênçãos prometidas pelo Eterno a Abraão. É importante lembrar que em Moriá – no exato lugar onde Abraão preparou seu filho para o sacrificar – foi construído o Beit Hamikdash, o Grande Templo de Jerusalém. O Templo era o núcleo da Presença Divina na Terra e o local de onde todas as rezas subiam aos Céus. Foi uma das recompensas de D’us pela devoção de Abraão.

De fato, não poderia haver provação mais difícil para Abraão do que o sacrifício de Isaac. Abraão havia ensinado ao mundo que a vida é uma sagrada dádiva divina e que D’us odeia os sacrifícios humanos. O assassinato, mesmo a mando do Divino, representava a antítese da bondade de Abraão. E mais ainda, D’us havia prometido a Abraão que sua recompensa seria grande: seu filho Isaac seria pai de uma grande nação que disseminaria e perpetuaria seus ensinamentos.

O sacrifício de Isaac representava o oposto de tudo aquilo que Abraão ensinou, praticou e sonhou em sua vida. Apesar disso, o homem que desafiou D’us para salvar os povos malévolos de Sodoma e Gomorra, calou-se e preparou-se para cumprir a mais difícil ordem Divina. Por tudo isto, a Torá nos relata que o Todo-Poderoso encontrou em Abraão lealdade e devoção absolutas: “Tu és o Eterno, o D’us que escolheu Abraão, e Tu encontraste seu coração fiel” (Neemias 9:7).

Com Abraão e através dele se iniciou a história do povo judeu, uma nação eterna que influenciou toda a humanidade. Em nossas orações diárias, chamamos o Criador de “D’us de Abraão, D’us de Isaac e D’us de Jacó”. Pedimos proteção, bondade e misericórdia Divina pelo mérito dos nossos patriarcas. 


Pois antes de Abraão, ensinam os nossos sábios, “D’us reinava nos Céus. 
Foi Abraão quem O trouxe para a Terra.”

Bibliografia:
Rabbi Elie Munk, Sefer Bereishis. The Call of the Torah, an anthology of interpretation and commentary of the Five Books of Moses. Mesorah Publications.---Rabino Aryeh Kaplan. A Torá Viva. Ed. Maayanot--Irving M. Bunim. A Ética do Sinai, ensinamentos dos sábios do Talmud. Editora Sefer--Rabbi Avigdor Miller. Behold a People, a didactic history of scriptural times. Balshon Printing and Offsets Co.--Paul Johnson. A História dos Judeus. Ed. Imago


HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
NA CELEBRAÇÃO EM RECORDAÇÃO
DE ABRAÃO, "PAI DE TODOS OS CRENTES"

Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2000

1. "Eu sou Javé, que te fez sair de Ur dos Caldeus, para te dar esta terra como herança... Nesse dia, Javé estabeleceu uma aliança com Abraão nestes termos: "À tua descendência darei esta terra, desde o rio do Egipto até ao grande rio, o Eufrates"" (Jo 15, 7.18).

Antes de Moisés ter ouvido no monte Sinai as célebres palavras de Javé: "Eu sou Javé teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa da escravidão" (Êx 20, 2), o Patriarca Abraão já ouvira estas palavras: "Eu sou Javé, que te fez sair de Ur dos Caldeus". Portanto, devemos dirigir-nos com o pensamento rumo a esse importante lugar na história do Povo de Deus, para ali buscar os primórdios da aliança de Deus com o homem. Eis por que, neste ano do Grande Jubileu, enquanto com o coração remontamos ao início da aliança de Deus com a humanidade, o nosso olhar se volta para Abraão, para o lugar onde ele ouviu a chamada de Deus e lhe respondeu com a obediência da fé. Juntamente connosco, também os judeus e os muçulmanos olham para a figura de Abraão como para um modelo de incondicional submissão à vontade de Deus (cf. Nostra aetate, 3).

O autor da Carta aos Hebreus escreve: "Pela fé Abraão, chamado por Deus, partiu para um lugar que deveria receber como herança. E partiu sem saber para onde" (11, 8). Eis que Abraão, que o Apóstolo Paulo denomina "nosso pai na fé" (cf. Rm 4, 11-16), acreditou em Deus e confiou n'Aquele que o chamava. Acreditou na Sua promessa. Javé disse à Abraão: "Sai da tua terra, do meio dos teus parentes e da casa de teu pai, e vai para a terra que Eu te mostrar. Farei de ti um grande povo e abençoar-te-ei; tornarei famoso o teu nome, de modo que seja uma bênção... Em ti, todas as famílias da terra serão abençoadas" (Gn 12, 1-3). Estamos porventura a falar do trajecto de uma das múltiplas migrações, típicas de uma época em que a pastorícia era uma fundamental forma de vida económica? 

Provavelmente sim. Porém, sem dúvida não se tratava só disto. Na vicissitude de Abraão, com quem teve início a história da salvação, já podemos captar outro significado da chamada e da promessa. A terra, rumo à qual começa a caminhar o homem guiado pela voz de Deus, não pertence exclusivamente à geografia deste mundo. Abraão, o crente que recebe o convite de Deus, é aquele que caminha na direcção de uma terra prometida que não é deste mundo.

2. Na Carta aos Hebreus, lemos: "Pela fé Abraão, colocado à prova, ofereceu Isaac; e justamente ele que havia recebido as promessas ofereceu o seu único filho, do qual fora dito: "De Isaac sairá uma descendência que terá o teu nome"" (11, 17-18). Eis o apogeu da fé de Abraão. Ele é posto à prova por aquele Deus em quem depositara a própria confiança, por aquele Deus de quem recebera a promessa concernente ao longínquo futuro: "De Isaac sairá uma descendência que terá o teu nome" (Hb 11, 18). Porém, é chamado a oferecer em sacrifício a Deus precisamente Isaac, o seu único filho, a quem estava ligada toda a sua esperança, conforme de resto à promessa divina. Como poderá cumprir-se a promessa que Deus lhe fez de uma descendência numerosa, se Isaac, o seu filho unigénito, deverá ser oferecido em sacrifício?

Mediante a fé, Abraão sai vitorioso desta provação, uma prova dramática que punha em questão directamente a sua fé. "De facto, Abraão pensava escreve o autor da Carta aos Hebreus que Deus é capaz de ressuscitar os mortos" (11, 19). Nesse momento humanamente trágico, em que já estava pronto a infligir o golpe mortal contra o seu filho, Abraão não cessou de acreditar. Pelo contrário, a sua fé na promessa de Deus alcançou o ápice. Ele pensava: "Deus é capaz de ressuscitar os mortos". Assim pensava este pai provado, humanamente falando, para além de toda a medida. E a sua fé, o seu total abandono em Deus, não o desiludiu. Está escrito: "Por isso, Abraão recuperou o seu filho" (Ibid.). Recuperou Isaac, porque acreditou em Deus até ao fim e de maneira incondicional.

Aqui o autor da Carta parece exprimir algo mais: toda a experiência de Abraão lhe se manifesta como uma antologia do evento salvífico da morte e da ressurreição de Cristo. Este homem, que se encontra na origem da nossa fé, faz parte do eterno desígnio divino. Segundo uma tradição, o lugar onde Abraão estava prestes a sacrificar o próprio filho é o mesmo lugar em que outro pai, o Pai eterno, teria aceite a oferta do seu Filho unigénito, Jesus Cristo. Assim, o sacrifício de Abraão apresenta-se como anúncio profético do sacrifício de Cristo. "Pois Deus escreve São João amou de tal forma o mundo que entregou o seu Filho único" (Jo 3, 16). Sem o saber, o Patriarca Abraão, nosso pai na fé, introduz de certa forma todos os crentes no desígnio eterno de Deus, no qual se realiza a redenção do mundo.

3. Certo dia, Cristo afirmou: "Garanto-vos: antes que Abraão existisse, Eu sou!" (Jo 8, 58), e estas palavras surpreenderam os ouvintes, que objectaram: "Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?" (Ibid., v. 57). Quem reagia assim, raciocinava de maneira meramente humana, e por isso não aceitava quanto Cristo dizia. "Acaso és maior que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram. Quem é que pretendes ser?" (Ibid., v. 53). Jesus retorquiu-lhes: "Abraão, vosso pai, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria" (Ibid., v. 56).

A vocação de Abraão, parece estar inteiramente orientada para o dia de que Cristo fala. Aqui, não contam os cálculos humanos; é preciso aplicar a medida de Deus. Só assim podemos compreender o justo significado da obediência de Abraão que, "esperando contra toda a esperança... acreditou" (Rm 4, 18). Esperou tornar-se pai de numerosas nações, e hoje sem dúvida alegra-se connosco porque a promessa de Deus se realiza ao longo dos séculos, de geração em geração.

O facto de ter acreditado, esperando contra toda a esperança, "foi-lhe creditado como justiça" (Ibid., v. 22), não só em consideração dele, mas também de todos nós, seus descendentes na fé. Nós "acreditamos n'Aquele que ressuscitou dos mortos, Jesus nosso Senhor" (Ibid., v. 24), condenado à morte pelos nossos pecados e ressuscitado pela nossa justificação (cf. v. 25). Abraão não o sabia; todavia, mediante a obediência da fé, dirigia-se para o cumprimento de todas as promessas divinas, animado pela esperança de que estas se realizassem. E existe por ventura maior promessa do que aquela que se cumpriu no mistério pascal de Cristo? Verdadeiramente, na fé de Abraão, Deus todo-poderoso entreteceu uma aliança eterna com o género humano, e o cumprimento definitivo dessa é Jesus Cristo. 

O Filho unigênito do Pai, da sua mesma substância, fez-Se homem para nos introduzir, mediante a humilhação da Cruz e a glória da ressurreição, na terra de salvação que, desde o princípio, Deus rico de misericórdia prometeu à humanidade.

4. Modelo insuperável do povo remido, no caminho rumo ao cumprimento desta promessa universal, é Maria, "Aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu" (Lc 1, 45).

Filha de Abraão segundo a fé e a carne, Maria participou pessoalmente na sua experiência. Também Ela, como Abraão, aceitou a imolação do Filho, mas enquanto a Abraão não foi pedido o sacrifício efectivo de Isaac, Cristo bebeu até à última gota o cálice da amargura. E Maria participou pessoalmente na provação do Filho, acreditando e esperando com firmeza aos pés da cruz (cf. Jo 19, 25).

Era o epílogo de uma longa expectativa. Formada na meditação das páginas proféticas, Maria pressentia o que estava à sua espera e, exaltando a misericórdia de Deus, fiel ao seu povo de geração em geração, exprimia a pronta adesão ao seu desígnio de salvação; expressava de modo especial o seu "sim" ao evento central daquele projecto, o sacrifício daquele Menino que Ela trazia no seio. Como Abraão, aceitou o sacrifício do Filho.

Hoje, unimos a nossa voz à sua e, juntamente com Ela, a Virgem Filha de Sião, proclamamos que Deus se recordou da sua misericórdia, "conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e da sua descendência para sempre" (Lc 1, 55).

© Copyright 2000 - Libreria Editrice Vaticana
    A História do Profeta Abraão (A.S.).

Por Kamal al-Sayyd
Traduzido por Ismail Ahmed Barbosa Júnior

Quando a primavera chegava, os rios Tigre e Eufrates enchiam. O povo ficava muito satisfeito, assim, celebrações ocorriam na cidade de Ur e em outras cidades da Babilônia. Quando a primavera chegava e o nível da água nos rios subia, os agricultores ficavam alegres, pois suas colheitas prosperariam. O povo de Ur ia a Zaqqura, um templo piramidal. Levavam com eles oferendas a serem consagradas aos seus deuses , especialmente ao deus Murdoch. O povo da Babilônia celebrava fora de suas cidades. Escolhiam lugares bonitos para dançarem, comerem e beberem. Quando as festas acabavam, retornavam para as cidades e iam ao templo. O templo era no topo de Zaqqura na cidade de Ur. Havia uma longa série de ídolos feitos de pedra. O povo da Babilônia adorava o sol, a lua, as estrelas, Vênus e o Rei. Naquele tempo, há mais de quatro mil anos atrás, Nimrod Bin Kanaan era o rei. Ele aprisionava e matava pessoas. Pegava tudo o que queria de suas colheitas. Algumas pessoas lhe prestavam culto por temerem seu poder. Na primavera as pessoas iam ao templo levando suas oferendas, tais como cabras e trigo. As ofereciam aos deuses de maneira que estes se agradassem e os abençoassem. Alguns eram adivinhos e astrólogos, assim, o próprio rei se aconselhava e o povo em geral os presenteava, pois também os temiam.

O Nascimento de Abraão (A.S.)
Um dia, os adivinhos do templo foram a Nimrod e disseram: "As estrelas dizem que uma criança nascerá e que porá fim a teu reinado." Nimrod perguntou com ansiedade: "Quando nascerá ?" Responderam os adivinhos: "A criança nascerá este ano."

Naquele ano, Nimrod ordenou que todos os meninos recém-nascidos fossem mortos. Nosso Profeta Abraão, chamado "o Amigo de Deus", nasceu naquele ano. A mãe de Abraão temeu por sua segurança, então, ela levou o bebê para uma caverna. Ela o pôs ali e foi para casa.

Ninguém sabia o que estava acontecendo. Nimrod assassinou muitos meninos recém-nascidos naquele ano. As mães choravam por seus bebês. Alguns deles tinham poucos meses, outros tinham poucas horas de vida. Nimrod estava com medo do bebê anunciado pelos adivinhos. O ano passou, assim Nimrod ficou calmo, pois pensou que tinha matado a todos os meninos recém-nascidos.

Nosso Profeta Abraão (A.S.) nasceu na cidade de Kawthariya, nas proximidades de Ur e da Babilônia. Ele cresceu na caverna. Deus, Nosso Senhor, cuidou dele. Ensinou-lhe como sugar seus dedos para que sobrevivesse. Nimrod quis matá-lo, mas Deus quis que ele vivesse. Deus queria que ele guiasse o povo pagão de maneira que abraçassem a adoração ao Deus Único. Abraão cresceu na caverna e um dia, sua mãe veio até a caverna. Ela lhe abraçou, beijou e levou para casa. Os soldados de Nimrod pensaram que Abraão tinha dois ou três anos de idade. Não perceberam que ele tinha apenas poucas semanas, assim, não o levaram embora.

Os ídolos
Naquela época o povo adorava os ídolos. Adoravam Murdoch, o que chamavam de deus dos deuses, Ay, o deus da justiça e da lei, Seen, o deus do céu, Ishtar e muitos outros. Muitas pessoas adoravam a Venus, a lua e o sol. Naquela época, ninguém adorava a Deus, o Glorioso. Nosso Profeta Abraão (A.S.) nasceu e cresceu nesse tempo.

Azar
Azar era um astrólogo que fabricava ídolos que representavam diferentes divindades. O próprio Nimrod o consultava. Nosso Profeta Abraão vivia na casa de Azar, pois Azar era seu avô, por parte de mãe. Por esta razão, nosso Profeta Abraão o chamava de pai. Quando Abraão se tornou um jovem, Deus, o Glorioso, o abençoou com grande inteligência. Como ele tinha um coração puro, não acreditava nos ídolos nem se prostrava a eles. Ficava surpreso ao ver o povo prestando culto aos próprios ídolos que tinham fabricado com suas próprias mãos. Ele sabia que Deus era maior do que aqueles ídolos. Quando anoitecia, Abraão ia a cidade à procura da verdade. Havia luz apenas no templo. As pessoas que adoravam a Vênus olhavam para o céu de modo submisso. Pensavam que Vênus era seu deus e que os proveria com o sustento e os abençoaria. Abraão ficava de pé com eles olhando para o céu. Ele estava procurando pela verdade. Buscando pelo verdadeiro Criador do mundo. Nisso, a lua brilhava. Surgia no céu com sua luz prateada.

Nosso Profeta Abraão era um jovem sábio. Desejava que as pessoas corrigissem suas crenças. Queria dizer a elas que Deus era maior do que os ídolos. Portanto, ele disse: "A lua é meu Senhor!" Os que adoravam a Vênus se viraram para ele e perguntaram: "Por que escolheste a lua por teu Senhor?"
Abraão respondeu: "Vênus se pôs, assim não é o deus verdadeiro, o deus verdadeiro não deve se pôr." O tempo passou e a lua atravessou o céu e desapareceu. Depois de algum tempo o sol brilhou, então Abraão disse: "Eis o meu Senhor! Eis o Maior!" Algumas pessoas acreditaram em suas palavras e disseram entre si: "Talvez ele esteja certo porque o sol nos dá luz e calor." Quando o sol se pôs e escureceu de novo, Abraão olhou para o céu e disse: "Eu me afasto da adoração ao sol, pois ele se põe e o verdadeiro Deus não se põe! Então, adorarei a Deus, quem criou Vênus, a lua, o sol, a terra e todos nós!"

O Jovem Crente
Abraão disse: "Não temo os ídolos e não temo a Nimrod."

Estas suas palavras se propagaram pela cidade, assim, todo o povo soube que ele zombava dos ídolos. Quando Abraão completou 16 anos de idade, todo o povo da Babilônia soube que ele não adorava os ídolos e que zombava deles.

Um dia, Azar, o avô de Abraão, o viu fabricando um ídolo mais bonito do que aqueles que ele fabricava. No começo, azar ficou contente, pois pensou que Abraão zelaria pelos ídolos no templo, mas, depois, ficou triste quando o viu fazendo o ídolo em pedaços.

Azar se irritou com Abraão, e disse a ele: "Abraão, por que quebraste este deus? Não temes a ira dos deuses?" Abraão educadamente respondeu: "Pai, por que adoraste o que não lhe ouve e nem lhe vê, tampouco pode beneficiá-lo afinal? Pai, não adoreis a Satã. Em verdade, Satã é desobediente para o Mais Misericordioso." Azar disse com ira: "Tu detestas meus deuses, Abraão? Se não desistires, apedrejar-te-ei, afasta-te de mim."

Abraão era um jovem educado, amava seu avô, assim, chamava-o: "Pai." Abraão saudou Azar antes de deixar seu lar, dizendo: "A paz esteja sobre ti. Orarei a meu Senhor para que te perdoe. Em verdade, Ele é o Mais Afetuoso para mim."

Abraão orou a Seu Senhor para que guiasse Azar a luz e a fé. Ele separou-se de seu povo para adorar Deus, O Único. As pessoas iam a seus templos continuamente. Curvavam-se aos ídolos e faziam oferendas, mas Abraão não se curvava aos ídolos e nem fazia oferendas a eles.

A Primavera
Todas as pessoas ali adoravam os ídolos, as estrelas, o sol e a lua. Também adoravam a Nimrod, o Rei. Assim, nosso Profeta Abraão (A.S.) pensou numa maneira de guiá-los a adoração a Allah, o Deus Único. A primavera chegava, flores desabrochavam e o rio estava cheio. O povo estava alegre com a primavera: celebrava sua chegada, a fertilidade e a prosperidade. Naquele tempo o povo se retirava da cidade para celebrar. Eles comiam, dançavam e se divertiam. Em seguida, retornavam a cidade para fazer oferendas aos deuses e aos adivinhos.

Quando o povo se aprontava para sair da cidade o Profeta Abraão não foi com eles, então perguntaram a ele: "Abraão, por que não vens conosco?" "Eu estou doente.” respondeu Abraão.

Nosso Profeta Abraão (A.S.) estava triste por seu povo, pois não conheciam a Senda Reta (da verdade). Abraão era diferente de seu povo, pois suas roupas eram limpas e ele aparava suas unhas e seus cabelos. Todo o povo, inclusive Nimrod e os adivinhos, saíram da cidade para a celebração da primavera. O Profeta Abraão permaneceu na cidade. Ele pegou um machado e foi ao grande templo. Havia muitos ídolos de barro no templo. Alguns pequenos e outros grandes. Havia um ídolo bem grande. O povo o chamava de Murdoch, o deus dos deuses.

O templo estava completamente vazio quando Abraão entrou. Não havia nada lá dentro, exceto ídolos e um mau cheiro de sangue e carne. O Profeta Abraão (A.S.) olhou para os ídolos e então disse para si mesmo: "Por que o povo adora ídolos que não podem ajudá-los?" Os ídolos estavam imóveis em seus lugares. Não se moviam, falavam ou faziam coisa alguma. Abraão perguntou aos ídolos, zangado: "Por que não comem?" Não houve resposta, senão o eco de suas palavras no templo vazio.

O Profeta Abraão (A.S.) queria destruir os ídolos para mostrar ao povo que não eram nada mais do que pedras. Ele sacou seu machado e começou a desfigurar as faces dos ídolos e em seguida os fez em pedaços. Quando chegou ao maior deles, não o destruiu. Apenas deixou o machado pendurado no ombro do ídolo e saiu do templo. Ele olhou e viu pombos brancos voando calmamente no céu. Quando as celebrações da primavera terminaram, o povo da Babilônia voltou à cidade. A noite já tinha caído, de maneira que era tempo do povo levar suas oferendas. As pessoas foram ao Grande templo numa longa procissão carregando tochas e oferendas. Os adivinhos a lideravam.

Os adivinhos e o povo ficaram atônitos ao ver seus deuses destruídos. Os deuses tinham sido reduzidos a pedaços. Todos eles exceto o maior. O maior dos ídolos tinha ficado imóvel em seu ligar por muitos anos. Porém, agora tinha um machado sobre um dos ombros. Ninguém foi até o maior dos ídolos para perguntar o que tinha acontecido. O ídolo maior estava silencioso, como sempre, pois era apenas uma pedra.

A confusão irrompeu quando os adivinhos perguntaram-se: "Quem destruiu nossos deuses sagrados?" Um deles respondeu: "Eu sempre ouvi um rapaz chamado Abraão zombando dos deuses. Ele diz que são inúteis. Eu acho que ele foi quem os quebrou." Com isso, os adivinhos ficaram muito irados com Abraão.

O Julgamento
Nimrod veio ao templo porque algo de muito grave tinha ocorrido. Ele temia por seu trono, portanto, ordenou que Abraão fosse detido e que fosse julgado no templo. O Juiz sentou-se junto a Nimrod no templo, que estava tomado pelo povo. Os soldados trouxeram o jovem Abraão. Fizeram-no ficar de pé diante de Nimrod e o Juiz. O julgamento se iniciou com as perguntas do Juiz.

Ele perguntou a Abraão: "Sabemos que tu zombas de nossos deuses. Também sabemos que não celebras a chegada da primavera como o povo da Babilônia faz. Então, dize a nós quem quebrou nossos deuses. Tu os quebraste, Abraão?" Abraão respondeu calmamente: "Não, o maior deles os quebrou. Pergunta, se ele puder responder." Todo o povo olhou para o ídolo maior, que carregava um machado em seu ombro. Eles sabiam que não podia responder.

O Juiz disse a Abraão: "Tu sabes que os deuses não podem falar e que não podem responder." Abraão perguntou (a todos): "Então por que adoras o que criastes com vossas próprias mãos? Por que adoras o que não pode prejudicar nem beneficiar a ninguém, nem falar ou receber vossas oferendas?"

Todos abaixaram suas cabeças. O juiz também. Perguntavam entre si: "Abraão está certo. Os deuses não deveriam ser feitos de pedra. Por que adoramos ídolos que não possuem vida tampouco alma?"

Os adivinhos estavam irritados com Abraão. Eles não queriam que o povo seguisse o caminho certo, pois seu poder chegaria ao fim. Assim, eles gritaram: "Não perdoem a Abraão! Ele destruiu os deuses sagrados! Não o perdoem! Destruiu nossos deuses que nos abençoavam e nos davam fertilidade!

Nimrod apoiou os adivinhos. Ele lembrou a profecia deles: "Uma pessoa nasceria e destruiria seu reinado." Enraivado, Nimrod disse: "Abraão cometeu um crime! Juiz, deves puni-lo!" O povo todo concordou com Nimrod. Então, ele disse: "Devemos proteger nossos deuses sagrados! Devemos punir Abraão lançando-o no fogo!"

O povo e mesmo Azar, o avô de Abraão, ficou contra Abraão. Poucas pessoas sentiram pena dele. Dentre elas estavam Sarah, prima de Abraão e Lot. Sarah era uma sábia jovem. Ela acreditou nas palavras de Abraão. Lot também era um homem sábio. Ele acreditava em Allah, o Deus Único, e na mensagem de Nosso Profeta Abraão (A.S.).

O Profeta Abraão (A.S.) foi aprisionado enquanto o povo juntava um monte de lenha para fazer uma grande fogueira para lançá-lo nela. Então, Nimrod quis discutir com Abraão sobre Allah, o Deus Único. Abraão foi levado ao palácio de Nimrod. Ele ficou em pé diante do Rei. Nem se curvou, tampouco se prostrou a ele. Nosso Profeta Abraão (A.S.) não temia ninguém senão Deus. Não adorava nada e ninguém exceto Deus, o Glorioso.

Nimrod perguntou com arrogância: "Abraão, quem é o deus que tu adoras?" O Profeta Abraão (A.S.) respondeu: "Eu adoro a Deus, quem dá a vida ao que está morto e faz morrer o que está vivo." De novo, de maneira arrogante Nimrod disse: "Eu também faço com que as pessoas vivam e as faço morrer!" Ele bateu palmas e ordenou a seus guardas: "Tragam-me dois prisioneiros: um que tenha sido sentenciado a prisão e um que tenha sido condenado à morte."

Os guardas trouxeram dois prisioneiros acorrentados. Nimrod ordenou a um guarda que portava uma espada: "Cortai a cabeça deste prisioneiro. Depois, libertai aquele que tinha sido condenado à morte." Nimrod se voltou para Abraão e perguntou: "Viste o que fiz. Dei a morte aquele que apenas tinha sido condenado à prisão e dei a vida a outro, que havia sido sentenciado à morte."

O Profeta Abraão (A.S.) não discutiu com Nimrod sobre esta questão, pois aquilo que o Rei tinha feito estava errado. Por esta razão, Abraão perguntou: "Eu adoro meu Senhor, que faz o sol nascer no oriente, podes acaso fazer com que nasça do ocidente?" Nimrod ficou surpreso com a pergunta de Abraão, ninguém jamais tinha feito semelhante pergunta a ele. Porém, Nimrod ficou calado e não foi capaz de responde-la.

Os Quatro Pássaros
De novo, Nimrod voltava a debater com Abraão sobre as questões da vida e da morte. E disse: "Eu posso dar vida e provocar a morte. Entretanto, teu Senhor não é capaz de fazê-lo. Tu apenas afirma isso." Abraão, posto novamente de pé diante do Rei pelos guardas, foi perguntado por Nimrod: "Tu não dizes que teu Senhor dá a vida e a morte? Vamos, demonstre isso!" O Profeta Abraão (A.S.) olhou para o céu e disse: "O poder de Meu Senhor está sobre todas as coisas!" Em seguida, Abraão (A.S.) ergueu suas mãos ao céu e disse: "Ó Senhor meu, mostra-me como ressuscitas os mortos." Deus, Nosso Senhor, respondeu: "Acaso, ainda não crês?" Abraão disse: "Sim, porém, faze isto, para a tranqüilidade de meu coração." Então Deus, o Altíssimo, ordenou a Abraão que pegasse quatro pássaros, que os sacrificasse e os cortasse, dividindo em quatro partes seus corpos e as colocasse sobre quatro montanhas.

Ninguém seria capaz de dar vida aquelas aves mortas, exceto Deus, que criou todas as coisas e dá vida ao homem, aos animais e as plantas. Nosso Profeta Abraão ficou numa das montanhas e gritou com toda sua voz: "Pássaros sacrificados venham a mim com a permissão de Deus!" Então, algo extraordinário aconteceu. As cabeças, as asas e o espírito das aves retornaram formando seus corpos. Os corações daquelas aves recomeçaram a pulsar. Suas asas começaram a bater. Então, as aves voaram alto no céu. Rapidamente elas pousaram aos pés de Abraão e ele se prostrou a Deus, o Criador Todo-Poderoso. Todavia, Nimrod não acreditou neste sinal e ordenou aos guardas que levassem Abraão (A.S.) para a prisão.

A Grande Fogueira

O povo da Babilônia possuía muito combustível, alcatrão e enxofre. Portanto, decidiram fazer a maior fogueira de seu país para castigar o Profeta Abraão (A.S.), que havia destruído seus deuses. Eles juntaram lenha fora da cidade por mais de um mês e derramaram alcatrão e combustível sobre ela. O dia de cumprir a punição de Abraão chegou, assim, o povo da Babilônia foi assistir sua execução. Os soldados de Nimrod trouxeram Abraão e em seguida os adivinhos chegaram e fizeram uma grande fogueira. A lenha se incendiou rápido por ter sido encharcada de alcatrão e óleo combustível. As chamas da fogueira tinham dezenas de metros de altura. O povo da babilônia recuou para que o fogo não os queimasse. Quanto a Abraão, olhava calmamente para a fogueira, pois acreditava em Deus e não temia ninguém senão Ele.

As mãos de Abraão estavam atadas. Os adivinhos achavam que ele temeria o fogo e pediria desculpas por ter destruído seus deuses. Entretanto, Abraão esperava com serenidade seu destino. Então, um problema surgiu, pois ninguém conseguia se aproximar daquela grande e furiosa fogueira. Os adivinhos perguntavam-se: "Como poderemos lança-lo na fogueira?" Eles se reuniram e pensaram num meio de resolver o problema. Um deles sugeriu uma idéia demoníaca: "Devemos colocá-lo numa catapulta." Os adivinhos fizeram um desenho de uma catapulta no chão. O desenho era satânico, pois a catapulta seria capaz de atirar Abraão no fogo à distância. Os trabalhadores começaram a construí-la. Quando já estava pronta, os soldados trouxeram Abraão e o puseram nela, mas ele continuava muito calmo.

As pessoas olhavam para aquele jovem. Estavam surpresas com sua paciência e firmeza. Naquele momento crítico um anjo veio a Abraão e perguntou: "Necessitas de alguma ajuda ?"Abraão não pensava em nada senão em Deus, o Glorioso. Apenas a Ele pediu por socorro. Ele rogou a Deus, o Grandioso e Todo-Poderoso, para que suprisse sua necessidade e disse ao anjo: "Eu não necessito de ninguém senão Deus, não pedirei a ninguém senão Ele para que me socorra em minha necessidade." Abraão era leal a Deus e acreditava Nele. Portanto, Deus, o Altíssimo, examinou sua fé e lealdade. Os soldados puxaram para trás as cordas da catapulta. Num instante, Abraão foi lançado no ar e impulsionado para o meio daquela grande fogueira.

Como Deus, o Glorioso, criou o fogo e lhe deu a capacidade de queimar, Ele também era capaz de retirar-lhe esta capacidade. Deus, o Glorioso, ordenou ao fogo: "Ó fogo, sê conforto e paz para Abraão." As labaredas continuaram crepitando mas, de modo extraordinário, não queimaram Abraão. O fogo não feriu Abraão. Apenas queimou as cordas com que os soldados o tinham amarrado. O local onde ele caiu se transformou num jardim florido, enquanto o fogo o rodeava. As labaredas continuavam ardendo no ar, mas eram conforto e paz para Abraão.

Deus, o Glorioso, testou Abraão. Ele conhecia sua fidelidade. Ele honrou-o, salvou-o do fogo e amparou-o contra seus inimigos. Nimrod esperou que o fogo se extinguisse. Queria saber o destino final de Abraão a fim de celebrar sua vitória sobre ele. A fogueira era muito grande, assim continuou ardendo por dias e noites. Então, gradualmente diminuiu e se apagou.

Nimrod veio até a fogueira para ver o que tinha acontecido a Abraão. Queria saber se ele tinha sido reduzido a cinzas ou não. Nimrod e o povo da Babilônia ficaram atônitos ao verem Abraão vivo. Eles compreenderam que o Senhor de Abraão era poderoso, Grande e soberano. Assim, deixaram que Abraão vivesse em paz.

A Emigração
Depois de alguns anos, o Profeta Abraão casou-se com sua prima Sarah (que acreditara em sua Mensagem). Sarah era uma jovem abastada, possuía terra e rebanhos, ela doou tudo a seu esposo Abraão. O Profeta Abraão (A.S.) trabalhou em suas terras e cuidou de seu rebanho. Deus o abençoou, de modo que sua terra prosperou e seu rebanho cresceu.

Abraão era generoso, ele era hospitaleiro e amava os pobres. Dessa maneira, viveu entre seu povo e conseguiu convocá-los a adoração a Deus e a que se afastassem da adoração dos ídolos. Os adivinhos o odiavam, Nimrod temia por seu reinado. Portanto, decidiu banir a Abraão da Babilônia e confiscar suas propriedades, dizendo que tudo pertencia a Babilônia. O Profeta Abraão (A.S.) disse a Nimrod: "Se queres tirar minhas propriedades então devolvei a mim os anos que passei neste país." A questão foi submetida ao Juiz da Babilônia. Este, decidiu que Abraão (A.S.) deveria entregar toda sua propriedade ao Rei em troca, o Rei deveria compensar a Abraão os anos que tinha passado na terra da Babilônia.

Nimrod permitiu que Abraão levasse seus pertences e emigrasse. Ao deixar a Babilônia, nosso Profeta Abraão (A.S.) disse: "Eu irei para meu Senhor, Ele me guiará.' Abraão foi para uma outra terra. Ali, ele convocou o povo a adoração a Deus e a que se afastassem da idolatria.

Hajar
O Profeta Abraão (A.S.), seu esposa Sarah e Lot chegaram ao Reino dos Egípcios. Abraão teve que pagar 10% de suas propriedades ao Faraó do Egito. Depois de pagar isso, al-Ashir (o responsável da cobrança dos impostos) permitiu que ele entrasse no país. Al-ashir percebeu a beleza de Sarah e quis levá-la para o Faraó. O Profeta Abraão (A.S.) se irritou com o al-Ashir e disse: "Darei a ti todos os meus bens mas, não aceitarei que me tire Sarah." E disse ainda: "Lutarei contra ti a fim de proteger minha esposa!" Al-Ashir informou isso ao Faraó. Portanto, o Faraó intimou a Sarah e a Abraão. Quando o Faraó do Egito viu Sarah, ele quis tocá-la. O Profeta Abraão (A.S.) estava só e muito triste. Ele virou sua face para não ver alguém tocando sua esposa. Abraão pediu a proteção de Deus para Sarah contra a perversidade do Faraó. Deus, o Glorioso, atendeu sua prece. Ele socorreu Seu profeta Abraão e paralisou a mão do Faraó.

O Faraó do Egito não conseguiu tocar em Sarah. Ele percebeu que o Senhor de Abraão o impedia de fazer aquilo. Ele perguntou a Abraão: "Teu Senhor me impediu de fazer isso?" Abraão respondeu: "Sim, em verdade Meu Senhor é Misericordioso." O Faraó disse: "Teu Senhor é Misericordioso. Tu também o és, então rogai a teu Senhor que cure minha mão e eu nunca mais farei algo assim."

O Profeta Abraão (A.S.) rogou a Deus para que curasse a mão do Faraó, e Deus, o Glorioso, assim o fez. O Faraó do Egito olhou com respeito para Abraão e sua esposa, e então deu a Sarah uma jovem para servi-la. Seu nome era Hajar.

A Palestina
Abraão foi para a terra da Palestina. Quando chegou à costa do Mar Morto, deixou seu primo Lot na terra de Sodoma para que convocasse o povo à fé em Deus e para a prática do bem. Quanto a Abraão, foi para a cidade de al-Khalil na Palestina. Viveu nesta cidade por muitos anos.

Ismail
Deus, o Exaltado, não tinha dado um filho a Abraão. Como Sarah, sua esposa, era estéril, ela decidiu dar sua serva a Abraão para que se casasse com ela e tivesse filhos. Nosso Profeta Abraão (A.S.) tinha setenta anos de idade, não obstante, ele a tomou como esposa e ela deu-lhe um filho.

Deus, o Altíssimo, ordenou a Abraão para que levasse Hajar à terra de Hijaz (atual Arábia Saudita). Nosso Profeta Abraão (A.S.) obedeceu a ordem de Deus. Ele pegou sua esposa Hajar e seu filho Ismail e se dirigiu para o sul. Ele atravessou os desertos áridos. Sempre olhando para o céu, mas o anjo avisou-o que não tinha ainda chegado a terra do Hijaz. Após muitos dias e noites, Abraão chegou a uma terra árida. A terra era um vale seco, não tinha árvores, nem água. Era cheio de areia e pedras. Solitárias montanhas rodeavam o vale. O anjo desceu até o Profeta Abraão (A.S.) e disse: "Tu chegaste a Terra Sagrada. Deves deixar Hajir e Ismail aqui. Retornai a Palestina."

Nosso Profeta Abraão não sabia senão obedecer a Deus. A visão de Hajar e Ismail sozinhos naquele lugar inóspito era comovente. Abraão se despediu de sua esposa. Em seguida beijou seu filho Ismail e foi embora. Hajar perguntou a seu marido: "Por que nos deixa neste lugar agreste?" Abraão respondeu com tristeza: "Em verdade, Deus ordenou-me fazer isso." Hajar acreditava em Deus e a Mensagem de seu marido, assim, ela disse para si mesma: "Já que Deus o ordenou fazer isso, Ele não esquecerá de nós." O Profeta Abraão (A.S.) foi embora. Voltou a Palestina. Quanto a Hajar e seu bebê, Ismail, ficaram sozinhos naquele vale agreste.

Isaac
Abraão e sua esposa Sarah envelheceram. Abraão não se agradava de comer sozinho. Como gostava de convidar as pessoas, ele mesmo as servia e oferecia a elas comida deliciosa. Um dia, três homens vieram até Abraão e o saudaram educadamente. Abraão foi rapidamente a seu rebanho e trouxe um gordo cordeiro. Ele o sacrificou e preparou uma boa refeição para seus hóspedes. Algo extraordinário aconteceu. Abraão viu que seus hóspedes não tocaram na comida. Quando eles perceberam que o Profeta Abraão ficara preocupado, disseram: "Nós somos mensageiros de Deus para a terra de Sodoma, somos anjos de Deus. Ele nos enviou para castigar o povo de Sodoma."Abraão se tranqüilizou. Porém, pensou no destino do povo de Sodoma e disse aos anjos: "Lot está na terra de Sodoma!" Os anjos esclareceram: "Conhecemos o povo de Sodoma. Deus nos ordenou destruir a cidade e seu povo, exceto Lot e suas filhas."

O Profeta Abraão (A.S.) queria guiar aquele povo a senda reta, assim, pediu aos anjos para que adiassem a punição, mas eles insistiram no cumprimento da ordem de Deus, posto que eram seus mensageiros.

O povo de Sodoma era descrente e se comportava mal. Eles atacavam os viajantes e ofendiam seu Profeta Lot (A.S.). Portanto, os anjos disseram: "Abraão, deves desistir disso, a ordem de teu Senhor chegou."

O Profeta Abraão perguntou-se: "Por que os anjos vieram aqui?" Os anjos deram uma boa nova a Abraão. Disseram: "Sua esposa idosa dará a luz a um filho ." Sarah ouviu a notícia dos anjos, então ela se surpreendeu com aquilo e disse: "Darei a luz a um filho, quando sou uma mulher idosa e meu marido é um homem idoso? Decerto que isto é algo extraordinário."

O anjo disse: "Vos surpreende a ordem de Deus? A misericórdia e as bênçãos de Deus estão sobre vós, ó povo da Casa . Em verdade Ele é Louvado e Glorioso."

Sarah e Abraão se alegraram com a boa nova dos anjos. Porém, o Profeta Abraão estava triste pelo povo de Lot. Desejava afastar deles a ira de Deus, mas os anjos avisaram-no que a ira de Deus sobreviria a Sodoma, pois seu povo era mal e rebelde. Ademais, ofendiam seu Profeta, Lot (A.S.). Os anjos deixaram a casa de Abraão e foram cumprir sua tarefa na terra de Sodoma.

Erigindo a Casa
O Profeta Abraão (A.S.) foi para a terra de Hijaz em visita a seu filho Ismail. Ismail já era um jovem e vivia com a tribo árabe de Juhrum na terra do Hijaz. Ali, o Profeta Abraão e Ismail erigiram a Casa Sagrada de Deus para que fosse a marca da Unicidade Divina no mundo.

A Ca`aba foi a primeiro templo a ser construído para os humanos de acordo com a ordem de Deus. Nela há os sinais evidentes como a estância do oratório de Abraão e quem quer que entre nela estará em segurança. O Profeta Abraão (A.S.) e Ismail terminaram a construção da Casa e em seguida disseram: "Ó Senhor Nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo". Deus o Altíssimo, escolheu uma terra inóspita para que sua Casa fosse construída. Quando a Casa tinha sido construída, Deus, o Glorioso, enviou a Pedra Negra do Paraíso para a Ca`aba, que tem sido o símbolo da Unicidade Divina desde então.

O Teste Final
O Profeta Abraão (A.S.) e seu filho Ismail realizaram o hajj (peregrinação). Quando Abraão estava correndo entre o Monte Safa e o Monte Marwa, ele relembrou o sofrimento de sua esposa Hajar, que havia corrido entre os dois montes procurando por água para seu bebê Ismail. Também recordou como a água tinha miraculosamente jorrado do solo para seu filho. Quando recordou todo esse sofrimento, ele ficou triste. Além disso, recordou o sonho que tinha tido poucos dias antes. Ele se via sacrificando seu filho e oferecendo-o em sacrifício a Deus, o Glorioso.

Como os sonhos dos profetas são verdadeiros, Abraão decidiu sacrificar seu filho como uma clara prova de sua virtuosa fé em Deus. Estaria Ismail pronto a sacrificar-se por Deus? Isto angustiava o Profeta Abraão (A.S.). Quando Ismail viu seu pai triste, perguntou: "Pai , por que estás triste?Abraão voltou-se para seu obediente, piedoso e bondoso filho e respondeu: "Estou triste porque vi num sonho que eu degolava a ti. Sabes o que isso significa." "Queres me matar ? perguntou Ismail. "Sim" disse Abraão.

Abraão não tinha tempo para pensar, pois Deus o ordenara sacrificar seu filho Ismail. Deus, o Glorioso, queria testá-lo outra vez. Queria saber a extensão da fidelidade e da submissão de Abraão a Ele.

O fiel jovem Ismail disse: "Pai, faça isso. Já que Deus assim o quer. Eu suportarei a dor de ser sacrificado.'

Nosso Profeta Abraão amava muito seu filho Ismail. Contudo, amava a Deus muito mais. Ele também amava muito seu avô Azar e o chamava de pai. Porém, renunciou a Azar quando ele não acreditou em Deus. Assim, Abraão amava bastante seu obediente e fiel filho Ismail, porém amava sobretudo a Deus. O profeta Abraão beijou seu filho Ismail. Ele havia preparado a faca. Ismail se submeteu as ordens de Deus. Ele era tão corajoso que estava pronto a sacrificar-se por seu Senhor. Apenas uma coisa preocupava a Ismail. Ele achava que a dor de ser sacrificado o faria resistir e lutar. Pensava que resistência e luta magoaria seu pai, que era um homem de idade avançada com um coração sensível.

Ismail disse a seu pai: "Pai, amarra minhas mãos e pernas com força! Sacrifica-me rápido!"

O Profeta Abraão (A.S.) chorava por seu filho. Ele o beijou como a se despedir dele pela última vez. Ismail estava pronto a ser morto naquele momento. O Profeta Abraão (A.S.) pegou a faca. Ismail ergueu sua cabeça para o céu, de modo que seu pescoço aparecia aos raios de sol. Naquele momento crítico, uma coisa maravilhosa ocorreu. Abraão ouviu um chamado celestial dizendo: "Abraão, teu sonho se realizou. Deus ordena que tu sacrifiques um carneiro no lugar de Ismail."

O Profeta Abraão (A.S.) viu um carneiro descendo a montanha. Ele sacrificou o carneiro. Em seguida, ele e seu filho Ismail completaram o hajj. Nos dias atuais, nós cortamos o cabelo e as unhas e circuncidamos nossos filhos varões. Fazemos tudo isso para seguir o exemplo de nosso pai Abraão. Foi nosso Profeta Abraão (A.S.) que nos ensinou a fazer todas essas coisas. Também nos ensinou a crer na Unicidade de Deus.

Agora, os judeus, os cristãos e os muçulmanos crêem em Deus. Este é um dos favores de nosso Profeta Abraão. Deus, o Glorioso, o escolheu por profeta, mensageiro e Imam. Nosso Profeta Moisés (A.S.) foi da descendência de Isaac (A.S.), filho de Abraão (A.S.). Nosso Profeta Jesus (A.S.), filho de Maria (A.S.) também foi da descendência de Isaac (A.S.). Nosso Profeta Mohammad (S.A.A.S.) foi da descendência de Ismail (A.S.), filho de Abraão (A.S.). Os Imames dos Ahlul Bait (A.S.) também pertenciam a descendência de Ismail (A.S.).

Por esta razão dizemos: Ó Deus, abençoa Mohammad e sua Família como abençoaste a Abraão e sua Família . Em Verdade Tu és Louvado e Glorioso!

O Amigo de Deus
Deus, o Glorificado, sabia que Abraão era fiel, obediente e submisso a suas ordens. Sabia também que Abraão não tinha medo de ninguém, senão Dele. Portanto, o escolheu como amigo. Desde então, Abraão tem sido conhecido como o amigo de Deus.

Nosso Profeta Abraão viveu por muitos anos. Talvez tenha vivido mais do que 120 anos. Então ele envelheceu. Não podia mais ir ao Hijaz para visitar a Casa de Deus e encontrar seu filho Ismail. Por esta razão, Ismail foi à Palestina para visitar seu pai Abraão, o Amigo de Deus. Durante este período, o Profeta Abraão adoeceu. Tendo devotado sua longa vida ao esforço na causa de Deus, e na convocação do povo a fé Nele, Abraão fechou seus olhos e descansou. Ele partiu desse mundo. Partiu para Deus, seu Amigo e Criador.

O Profeta Abraão (A.S.) ordenou a seus dois filhos Ismail e Isaac que convocassem o povo a crer em Deus, o Deus Único. Então, se juntou a seu Melhor Amigo.

"Ó Deus, abençoa Mohammad e sua Família como abençoaste Abraão e sua Família . Em verdade Tu és Louvado e Glorioso!"

"Não reparaste naquele que disputava com Abraão acerca de seu Senhor, por lhe haver Deus concedido o poder? Quando Abraão lhe disse: Meu Senhor é Quem dá a vida e a morte! retrucou: Eu também dou a vida e a morte. Abraão disse: Deus faz sair o sol do Oriente, faze-o tu sair do Ocidente. Então o incrédulo ficou confundido, porque Deus não ilumina os iníquos. Tampouco reparastes naquele que passou por uma cidade em ruínas e conjecturou: Como poderá Deus ressuscitá-la depois de sua morte? Deus o manteve morto durante cem anos; depois o ressuscitou e lhe perguntou: Quanto tempo permaneceste assim? Respondeu: Permaneci um dia ou parte dele. Disse-lhe: Qual! Permaneceste cem anos. Observa a tua comida e a tua bebida; constata que ainda não se deterioraram. Agora observa teu asno (não resta dele mais do que a ossada); isto é para fazer de ti um exemplo para os humanos. Observa como dispomos os seus ossos e em seguida os revestimos de carne. Diante da evidência, exclamou: Reconheço que Deus é Onipotente! E de quando Abraão implorou: Ó Senhor meu, mostra-me como ressuscitas os mortos; disse-lhe Deus: Acaso, ainda não crês? Afirmou: Sim, porém, faze-o, para a tranqüilidade do meu coração. Disse-lhe: Toma quatro pássaros, treina-os para que voltem a ti, e coloca uma parte deles sobre cada montanha; chama-os, em seguida, que virão, velozmente, até ti; e sabe que Deus é Poderoso, Prudentíssimo”. Alcorão Sagrado C.2 – V. 258 a 260.
   
   “Nada supera dois hábitos: o hábito da fé em Deus e o hábito de favorecer os irmãos”. Imam Al-Hassan “Al-Ascari” (as)

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Origem:
 Wikipédia, a enciclopédia livre. 
 http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/2000/documents/hf_jp-ii_hom_20000223_abraham_po.html
http://www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp?a=186&p=0
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