segunda-feira, 28 de novembro de 2011

BRICS E A PRIMAVERA ÁRABE




BRICS bloqueiam EUA no Oriente Médio


Comunicado divulgado após reunião de vice-ministros de Relações Exteriores anuncia posição conjunta dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) sobre situação no Oriente Médio e norte da África. Foco deve ser diálogo nacional pacífico, contra qualquer tipo de intervenção estrangeira; papel central nas decisões compete ao Conselho de Segurança da ONU.

 Interferência externa na Síria é rejeitada, assim como ameaça de uso da força contra o Irã.


A reunião dos vice-ministros de Relações Exteriores dos países BRICS em Moscou, quinta-feira (24), sobre a situação no Oriente Médio e Norte da África é um evento de grande importância, como se vê pelo Comunicado Conjunto. Os principais elementos do Comunicado são:

a) Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) assumiram posição comum sobre o que hoje se conhece como “Primavera Árabe”. Identificaram-se os princípios básicos dessa posição: o foco deve ser diálogo nacional pacífico; nada justifica qualquer tipo de intervenção estrangeira; o papel central nas decisões compete ao Conselho de Segurança da ONU.

b) Os BRICS adotaram posição comum sobre a Síria. A frase chave do Comunicado é “fica excluída qualquer tipo de interferência externa nos assuntos da Síria, que não esteja conforme o que determina a Carta das Nações Unidas.”

c) Os BRICS exigiram “revisão completa” para avaliar a adequação [orig. appropriateness] da intervenção da OTAN na Líbia; e sugeriram que se crie missão especial da ONU em Trípoli para conduzir o processo de transição em curso; dessa comissão deve participar, especificadamente, a União Africana.

d) Os BRICS rejeitaram a ameaça de força contra o Irã e exigiram negociações e diálogo continuados. Muito importante, os BRICS criticaram as ações de EUA e União Europeia de impor novas sanções ao Irã, chamando-as de medidas “contraproducentes” que só “exacerbarão” a situação.

e) Os BRICS saudaram a iniciativa do Conselho de Cooperação do Golfo, que encontrou saída negociada para o Iêmen, como exemplo a ser seguido.

É momento sumamente importante para os BRICS – e também para a diplomacia russa. Cresceu consideravelmente a credibilidade dos BRICS como voz influente no sistema internacional. Espera-se que, a partir da posição comum agora construída sobre as questões do Oriente Médio, os BRICS passem a construir posições comuns também em outras questões regionais e internacionais.

Parece evidente que a Rússia tomou a iniciativa para o encontro da quimnta-feira e o Comunicado Conjunto mais ou menos adota a posição que a Rússia já declarou sobre a Primavera Árabe. É vitória da diplomacia da Rússia, que ganha diplomaticamente, ter obtido o endosso dos países BRICS também no que diz respeito às graves preocupações russas quanto à situação síria, ante ao risco, cada dia maior, de o Irã sofrer ataque de intervenção ocidental semelhante ao que ao que a Líbia sofreu.

Recentemente, Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, manifestou vigorosamente as crescentes preocupações russas. Moscou mostrou-se frustrada com o ocidente e a Turquia, que têm interferido claramente no caso sírio, não só contrabandeando armas para o país e incitando confrontos que, cada vez mais, empurram o país para uma guerra civil, mas, também, sabotando ativamente todas as tentativas para iniciar um diálogo nacional entre o regime sírio e a oposição.

A posição dos BRICS também será bem recebida em Damasco e em Teerã. Mas, ao contrário, implica dificuldades para os EUA e seus aliados, que investem muito em fazer crescer a tensão contra a Síria e o Irã. A Índia ter participado da reunião em Moscou, e ter assinado o Comunicado conjunto também é notícia particularmente importante. Washington registrará. A Rússia, na prática, conseguiu que os BRICS assinassem um clara censura às políticas intervencionistas dos EUA no Oriente Médio.

Muito claramente, não há caminho aberto, agora, para que os EUA consigam arrancar autorização do Conselho de Segurança da ONU para qualquer tipo de intervenção na Síria. A Turquia, em relação à Síria, pode ter dado passo maior que as pernas. E Israel também recebeu uma reprimenda.

A formulação que se lê no Comunicado conjunto dos BRICS – “segurança igualitária e confiável” para os países do Golfo Pérsico, a partir de um “sistema de relações” – pode ser vista, sim, como repúdio ao advento da OTAN como provedor de segurança para a região. O Comunicado Conjunto dos países BRICS pode ser lido na página do Itamaraty.

Tradução:
Coletivo Vila Vudu

O QUE É A PRIMAVERA ÁRABE?
Páises que fazem parte da Primavera Arabe

O que é?
 Os protestos no mundo árabe em 2010-2011, também conhecido como a Primavera Árabe, uma onda revolucionária de manifestações e protestos que vêm ocorrendo no Oriente Médio e no Norte da África desde 18 de dezembro de 2010. Até a data, tem havido revoluções na Tunísia e no Egito, uma guerra civil na Líbia; grandes protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Síria, Omã e Iémen e protestos menores no Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental. Os protestos têm compartilhado técnicas de resistência civil em campanhas sustentadas envolvendo greves, manifestações, passeatas e comícios, bem como o uso das mídias sociais, como Facebook, Twitter e Youtube, para organizar, comunicar e sensibilizar a população e a comunidade internacional em face de tentativas de repressão e censura na Internet por partes dos Estados.


PRIMAVERA ARABE - ESPECIAL TV CULTURA

 
Evolução
A Primavera Árabe, como o evento se tornou conhecido, apesar de várias nações afetadas não serem parte do "Mundo árabe", foi provocado pelos primeiros protestos que ocorreram na Tunísia em 18 de Dezembro de 2010, após a auto-imolação de Mohamed Bouazizi, em uma forma protesto contra a corrupção policial e maus tratos. Com o sucesso dos protestos na Tunísia, uma onda de instabilidade atingiu a Argélia, Jordânia, Egito e o Iêmen, com os maiores, mais organizadas manifestações que ocorrem em um "dia de fúria". Os protestos também têm provocado distúrbios semelhantes fora da região.

Até à data, as manifestações resultaram na derrubada de três chefes de Estado: o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, fugiu para a Arábia Saudita em 14 de janeiro, na sequência dos protestos da Revolução de Jasmim; no Egito, o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11 de Fevereiro de 2011, após 18 dias de protestos em massa, terminando seu mandato de 30 anos; e na Líbia, o presidente Muammar al-Gaddafi, morto em tiroteio após ser capturado no dia 20 de outubro e torturado por rebeldes, arrastado por uma carreta em público, morrendo com um tiro na cabeça.
 
Durante este período de instabilidade regional, vários líderes anunciaram sua intenção de renunciar: o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou que não iria tentar se reeleger em 2013, terminando seu mandato de 35 anos. 
 
O presidente do Sudão, Omar al-Bashir também anunciou que não iria tentar a reeleição em 2015, assim como o premiê iraquiano, Nouri al-Maliki, cujo mandato termina em 2014, embora tenha havido manifestações cada vez mais violentas exigindo a sua demissão imediata. Protestos na Jordânia também causaram a renúncia do governo, resultando na indicação do ex-primeiro-ministro e embaixador de Israel, Marouf Bakhit, como novo primeiro-ministro pelo rei Abdullah.

A volatilidade dos protestos e as suas implicações geopolíticas têm chamado a atenção global com a possibilidade de que alguns manifestantes possam ser nomeados para o Prêmio Nobel da Paz de 2011.

SITUAÇÃO POR PAIS
██ Revolução
██ Mudanças no governo
██ Conflito armado
██ Grandes protestos
██ Pequenos protestos

 A MORTE DE KADAFI

Oito meses de luta na Líbia deram a falsa impressão de que a Primavera Árabe estagnara. Mas o fim de Muamar Kadafi, dia 20, e as bem-sucedidas eleições na Tunísia, dia 23, além de outros desdobramentos, mostram a força dos movimentos em favor da liberdade e da democracia na região.
Kadafi - Rebeldes anti-Kadafi - Obama
A Primavera Árabe começou na Tunísia em janeiro, e o país foi o primeiro a realizar eleições democráticas: seus cidadãos já determinam o futuro. Um importante sinal de que a Líbia afinal será dos líbios foi a decisão do Conselho de Segurança da ONU de encerrar no dia 31 a missão da Otan no país. No Egito, que se livrou em fevereiro de 30 anos da ditadura de Mubarak, após 18 dias de protestos populares, o governo provisório tem diante de si a tarefa de realizar, em novembro, eleições para a Câmara Baixa do Parlamento. 
 
Agora que esses países começam a andar com as próprias pernas, para onde devem ir? Uma das grandes preocupações é que o Islã, por muitos anos reprimido por ditaduras laicas, irrompa agora em sua forma radical, cobrindo essas sociedades com um espesso manto de conservadorismo que, em algumas situações, contraria direitos humanos fundamentais. 
 
Mas há sinais animadores de que o Islã, força religiosa e cultural básica em países muçulmanos, possa conviver moderadamente com os novos rumos políticos. Na Tunísia, por exemplo, o partido islamista moderado Ennahda (Renascença) foi o grande vitorioso das eleições, mas seus dirigentes têm dado declarações tranquilizadoras. Além disso, os partidos seculares Congresso para a República (segundo mais votado) e Ettakatol almejam juntar-se aos islamitas numa coalizão nacional. 
 
Na Líbia, o governo provisório (CNT) antecipou que a sharia (lei islâmica) será sua fonte de inspiração legal. A declaração repercutiu e levou o presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, a negar que o país vá se transformar num regime radical. Seria muito frustrante, após a longa luta para livrar a Líbia de uma ditadura laica, vê-la cair em outra, de cunho religioso. A tendência no Oriente Médio, felizmente, parece ser diversos países terem no Islã a religião oficial e na sharia, a base da lei, mas com códigos civis e penais baseados em modelos europeus.

No Egito, o fato de a Irmandade Muçulmana aparecer como o grupo mais organizado e favorito para as eleições também inquieta muitos, que gostariam de ver o maior país árabe como uma democracia do tipo ocidental. Mas a Irmandade dá sinais de fragmentação e de ter-se distanciado do radicalismo de décadas anteriores. Oxalá isso se confirme. 
fora Mubarak! (o (?)povo (*)venceu)
Países que não estão no epicentro da Primavera Árabe, como a Jordânia, procuram antecipar reformas. O rei Abdullah assegurou que, a partir de 2012, dividirá com o Parlamento a tarefa de escolher o primeiro-ministro e o Gabinete. O objetivo final, segundo o rei, é um governo parlamentarista.

Há países em pleno processo de transição - violenta - para a abertura, como Síria e Iêmen. E tradicionais baluartes do conservadorismo islâmico - a monarquia wahabita da Arábia Saudita e a teocracia xiita radical do Irã. Todos, de uma forma ou de outra, já estão sendo ou serão alcançados pelos ventos que sopram de Túnis, do Cairo e de Trípoli.

Ban Ki-moon diz que primavera árabe é revolução da esperança
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou nesta quinta-feira em Sydney que a "revolução da esperança" no norte da África e na Costa do Marfim é uma mensagem para os outros países sobre o imperativo democrático e a vontade popular.
"Uma revolução da esperança se elevou na África do Norte e além", declarou Ban Ki-moon em um discurso na Universidade de Sydney, no qual mencionou Líbia, Síria e Costa do Marfim. 
 
"A Líbia é um exemplo (**)
da capacidade do mundo de chegar a um entendimento
para proteger um povo quando seus próprios dirigentes 
não podem ou não querem fazê-lo".

"Os líbios e os outros assumiram muitos riscos para defender as liberdades fundamentais e os direitos humanos. Agora precisam de nossa ajuda para apoiar as transições democráticas", disse.

"Do mesmo modo, quando o presidente da Costa do Marfim (Laurent Gbagbo) tentou roubar uma eleição com um banho de sangue este ano, a ONU atuou e impediu", recordou Ban.

"Com esta intervenção, enviamos uma mensagem clara aos países da região, a de que a democracia e a vontade popular devem ser respeitadas", concluiu.

NOBEL DA PAZ 2011
Iemenita Tawakkul Karman, ativista da chamada Primavera Árabe, a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf e sua compatriota e militante pela paz Leymah Gbowee (Foto: AFP)
 OSLO, Noruega, 7 Out 2011 (AFP) - O Prêmio Nobel da Paz foi concedido nesta sexta-feira a três mulheres: a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, sua compatriota e militante pela paz Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkul Karman, ativista da chamada Primavera Árabe.

A iemenita Tawakkul Karman, "tanto antes como durante a Primavera Árabe, teve um papel preponderante na luta a favor dos direitos das mulheres, da democracia e da paz no Iêmen", afirmou.
Karman, a primeira mulher árabe que recebe o Prêmio Nobel da Paz,numa primeira reação, declarou-se honrada e surpresa e dedicou seu prêmio à "Primavera Árabe".
"Trata-se de uma honra para todos os árabes, muçulmanos e mulheres. Eu dedico este prêmio a todos os ativistas da Primavera Árabe", declarou ao canal de televisão árabe Al-Arabiya.

Li
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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