terça-feira, 29 de novembro de 2011

LENNON, CHÊ E NOSSOS FLATOS JUVENIS


Lennon, Chê e nossos flatos juvenis

28/11/2011
 

Lennon 
era uma pessoa inteira,
Chê era uma pessoa fragmentada. 

Lenon queria vida boa para todos. 
Chê também, mas tinha o dedo no gatilho 
e não nas cordas. 

O gatilho matou ambos.

Deveríamos refletir 
sobre essa foto
do encontro Lenon-Chê. 
 
Mas, não deveríamos jogar fora as frases associadas a ela, que coloquei acima. Porque o uso do gatilho igualou Lenon e Chê. Ambos morreram pela … pela fama! Foram mortos não por pessoas que queriam barrar transformações, como poderia parecer. Foram eliminados por pessoas que os admiravam. O assassino de Lenon era obcecado por ele tanto quanto o chefe militar que ordenou a execução de Che era seu fã.

Após o gatilho ter feito sua obra, ambos, Lenon e Chê ganharam um lugar destacado na vitrine da sociedade de mercado, que venceu a todos, os que acreditavam e os que não acreditavam nela. Este lugar todos conhecem: as camisetas. 
O som da paz 
e o brado da guerra,
ambos fariam a revolução. 

Ora, foram engolidos por aquela multidão
das 25 de Março da vida,
em todos os cantos do mundo.
 
Lenon e Chê, só no vislumbre do mundo dos espetáculos puderam representar a mesma utopia. Porque guitarra não é revólver e pentagrama não é caderno de Lênin. Mas, naqueles idos dos anos sessenta, a idéia de que o mundo melhor teria de vir de qualquer maneira, fazia muitos acharem que terrorismo, guerrilha, drogas e rock and roll falavam a mesma língua. Pedia-se paz e amor do mesmo modo que se falava em tomada do poder pela força.

Nos anos setenta, essas coisas realmente começaram a se separar. O Exército Simbionês de Libertação não era popular. Nem as Brigadas Vermelhas. E a droga começou a ser coisa do Tráfico e não da diversão. As pessoas dos Estados Unidos e a Europa começaram a achar que havia outro rock além dos Beatles e que havia outro modo de fazer política além da tomada do poder pela força. Alguns acharam que a única coisa que era igual eram as drogas. Engano, elas também haviam mudado. Os jovens eram outros. Estranha característica essa da juventude: ela passa rápido!

Cada grupo que se auto-intitula “os jovens” deveria saber de tudo isso. Mas não vão saber enquanto não deixarem de ser “os jovens”.

A característica do que é mutante é não se saber assim, pois nenhum inseto que vive só 24 horas pode ter o mesmo relógio biológico da tartaruga ou mesmo o nosso. Nossas vidas todas possuem mais esperança que tempo. Mas, infelizmente, há os que, independentemente do tempo, não possuem esperança.

Foi o que sobrou de Chê e Lennon – a esperança? (*)

Uma vez ícones, nunca mais trouxeram senão símbolos de pseudo-esperança. É covardia fazer o que faço agora, mas, a tentação é grande demais: o herdeiro de Chê é o gordo e nada charmoso Chávez, um imbecil; o herdeiro dos Beatles é Paul MCartney, do qual não é necessário falar nada, apenas lembrar que ele ainda fuma maconha, embora agora com o título de “Sir”.

Com tudo isso contando contra, ser de esquerda, ainda, é estar do lado dos mocinhos. Tanto é verdade que ninguém, mesmo os fascistas, se dizem de direita. Queremos ser antes caricaturas que bandidos. Olha, pensando bem, isso não é pouco, se pensarmos em tantas outras coisas dos anos sessenta que se foram ou se tranformaram.

2011 Paulo Ghiraldelli Jr,
filósofo, escritor e professor da UFRRJ
*
E o que é a "Esperança"
senão a praga da espera infinita?

Quem espera
não realiza, faz-se omisso
recusa-se agir.

Odeio esperança 
dos  omissos ,os  eternos 
esperançosos!

Li
Fonte:
Paulo Ghuiraldelli Jr.Blog do Filosofo
http://ghiraldelli.pro.br/2011/11/28/lenon-che-e-nossos-flatos-juvenis/
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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