domingo, 20 de maio de 2012

O SILÊNCIO



Silêncio

Por Anthony Strano

Anthony Strano é Diretor dos Centros da Brahma Kumaris na Grécia, Hungria e Turquia. Este artigo foi extraído de sua brochura “The Alpha Point” (O Ponto Alfa), publicado pela Brahma Kumaris Information Services Ltd., Londres, 1998.

Anthony Strano aponta o caminho para uma conversa com Deus.

Quando o silêncio é profundo, transbordante de plenitude, quando não há mais nenhum desejo de som, quando há concentração completa em Deus, então, o pensamento, como uma flecha, encontra e se funde com sua meta; lá, a alma humana não apenas vê Deus, mas é absorvida na pureza daquele Ser; absorvida totalmente, completamente, absolutamente. Preenchida com a luz pura que agora se tornou seu ser, a alma irradia essa energia como paz e amor pelos outros; um farol vivo.
 
O silêncio é a ponte 
de comunicação entre o Divino e o divino no humano. 
O silêncio é o lugar onde eu encontro
 o que é mais precioso.
O silêncio espiritual é o posicionamento do coração e da mente em prontidão para a comunicação com Deus. Nem a comunicação é baseada nas palavras repetitivas, nem nas teorias intelectuais nem em pedir a satisfação de desejos limitados.

A comunicação sagrada
 é a harmonização do “eu” original com O Eterno.
O silêncio espiritual me dá a energia pura e altruísta da Fonte Criadora, para sair do casulo da poeira e da rotina, abrindo os horizontes ilimitados de uma nova visão. Para me liberar da negatividade, preciso de silêncio. Absorto nas profundezas, eu me renovo.

Nessa renovação, 
a mente fica limpa, facilitando uma percepção
 diferente da realidade. A percepção mais profunda 
de todas é a minha própria eternidade.

O ato de silêncio 
é tão necessário para viver, 
quanto a respiração o é para a vida física.
 
 A força para viver precisa encontrar um ponto de tranqüilidade a partir do qual eu começo e para o qual eu retorno todos os dias: um oásis de paz interior. O silêncio leva minha energia mental e emocional para um ponto de concentração, no qual posso ficar tranqüilo. Sem essa tranqüilidade interior, transformo-me numa marionete, puxada para lá e para cá por muitos cordões das influências externas diferentes. Esse ponto interno de tranqüilidade é a semente da autonomia, que corta os cordões, e então interrompe a perda de energia.
O silêncio cura. 
O silêncio é como um espelho.
 Tudo é limpo.
 
 O espelho não culpa nem critica, mas me ajuda a ver as coisas como são, oferecendo um diagnóstico que me libera de todos os tipos de pensamentos errados. Como o silêncio faz isso?

O silêncio 
renova a paz original do “eu”; 
uma paz que é inata, divina e, quando invocada, 
flui através do próprio ser, harmonizando 
e curando cada desequilíbrio.

 O silêncio
é preenchido e preenche; 
gentil, poderosa e consistentemente ativo.
Para criar silêncio, dou um passo para dentro. Conecto-me com o meu “eu” eterno, a alma. Nesse espaço de perfeita tranqüilidade, como em um ventre eterno, o processo de renovação e reestruturação começa. Lá, um novo padrão de energia pura é tecido.

Nesse espaço introspectivo, eu reflito. Lembro-me do que foi esquecido há muito tempo. Concentro-me vagarosamente e gentilmente e, ao fazer isso, aquelas marcas espirituais originais de amor, verdade e paz emergem e são sentidas como realidades pessoais e eternas. Através disso, a qualidade começa a entrar na vida. A qualidade é a proximidade com algo mais puro e mais verdadeiro em nós mesmos. A qualidade é o princípio para um pensamento mais iluminado e para a integridade da ação. Nesse espaço, o silêncio me ensina a ouvir, a desenvolver uma abertura para Deus.

Ouvir me leva à minha posição correta, abrindo o canal de receptividade. A receptividade me alinha com a realidade de Deus; um alinhamento muito necessário, se eu quiser conhecer verdadeiramente e me unir a Ele. Para a receptividade, devo me limpar de mim mesmo. Devo ficar limpo, desnudado, simples, despido de artificialidade, então, a comunicação genuína começa.

Ao ouvir, recebo. Ao receber, sinto e reflito, entrando gradualmente na concentração. A concentração é quando estou completamente absorto num pensamento. Onde há amor, a concentração é natural e constante, como a chama parada de uma vela irradiando sua aura de luz. O pensamento no qual estou absorto se torna o próprio mundo. 

Quando a mente humana está absorta no pensamento de Deus, a pessoa se sente ressuscitada; a harmonia de reconciliação é profundamente sentida. Nessa conexão silenciosa de amor, a pessoa se torna plenamente reconciliada, não como um processo intelectual, mas como um estado do ser. Eu desperto. Esse despertar é o lugar onde estou completamente consciente da Verdade. Simultaneamente, torno-me consciente das ilusões em mim e ao meu redor, e do esforço necessário para removê-las.

Esse despertar me permite responder e receber o que eu não perceberia normalmente, em níveis naturais ou sobrenaturais. No despertar, nesse estado elevado de conhecimento, uma pessoa se espiritualiza; ele ou ela se torna um ser mais verdadeiro.

 Dentro do silêncio, 
os raios sutis invisíveis de pensamento 
concentrado se encontram com Deus 
– esse é o poder do silêncio;
 isso é freqüentemente chamado de meditação. 
 
O som não pode atingir esse encontro com Deus. O som só pode louvar e glorificar, através da música e do canto, a proximidade da união com o Divino; mas não pode criá-lo. Somente o silêncio cria a experiência prática da união.

O silêncio 
concentrado é o foco sem palavras 
da atenção pura em Deus. 
 
O amor por Ele torna o foco fácil e constante, preenchido. Essa proximidade do “eu” com o Supremo inevitavelmente inspira o desejo para a mudança em si; inspiração para melhorar-se, para tornar-se digno ao preencher o potencial original e, na medida do possível, compartilhar os frutos do potencial realizado com os outros. Essa partilha não é alcançada através de dizer muito, mas ao invés disso, através da integridade do exemplo pessoal.

No silêncio,
 a orientação mais profunda da consciência
é o desejo de atingir a perfeição pessoal.
 
 Esse desejo é um resultado do fluxo divino de energia entrando na consciência humana e inspirando a crença no valor de si mesmo. A perfeição pessoal é aceita como possível. É a fé doada por Deus como um presente para a alma. A possibilidade da perfeição é aceita porque a alma sabe que não está só em seus esforços, ela tem constantemente o suporte do Amor Divino para chegar à sua meta.

Nessa conexão com Deus, a alma se preenche e se sente completa; ela encontrou o que estava procurando. O amor divino trabalha especialmente através do silêncio; a alma é desperta de seu sono da ignorância e recebe nova vida, como na história da Bela Adormecida.

 A alma é a Bela Adormecida, 
Deus é o príncipe e a ignorância é a bruxa 
que conjura sua maldição mágica de sono sobre a princesa.
 
 O amor de Deus pela alma é tal que ele não é barrado por nenhuma escuridão ou barreira, mas atinge a alma para despertá-la, trazendo-a de volta à vida, de volta à realidade.

 O amor quebra o feitiço de ferro.
É através do Amor que eu, como alma, sou despertado e reconheço minha eternidade. Minha realidade é muito mais do que minha aparência material. Minha eternidade é minha realidade. Essa é a verdade de minha existência. Em grego, a palavra para verdade é alithea, que significa “para não esquecer”. O ser humano está sob um esquecimento muito profundo; uma amnésia do espírito.
 Eu não posso 
atingir o estado desperto, 
o estado verdadeiro de mim mesmo 
com minhas próprias habilidades de intelecto. 
 
O alcance da Verdade não é uma questão de esperteza. Eu só posso despertar quando Deus me ajudar a me lembrar. Lembrar-se é um conhecimento verdadeiro; é a Verdade.

Para alcançar a mudança interior,
 o silêncio tem de ser preenchido com amor,
 não apenas com paz.
 
 Muitos pensam que é suficiente apenas experimentar paz no silêncio da meditação para atingir a transformação da consciência. A paz estabiliza; a paz harmoniza e silencia gentilmente. A paz coloca a fundação. Contudo, o amor inspira ativamente; o amor move o universo. O amor move todas as coisas em direção à sua liberdade e felicidade originais.

Ambos, paz e amor, são necessários e sua forma arquetípica vem de Deus, a Fonte Universal e Imutável. É esse silêncio pleno de Deus que restaura um ser humano e a terra para seu estado original.

No silêncio, nós realizamos que não é apenas um retorno às raízes; mas, até mais, é um retorno à Semente, ao Início; é um retorno para Deus, um retorno para mim mesmo, um retorno para um relacionamento correto.

Preparando-se para o Silêncio

Por BK Mohini Panjabi
(Sister Mohini Panjabi compartilhou essas idéias no Diálogo Chamado do Tempo, no Uruguai, em 2001, no momento em que os participantes do diálogo se preparavam para um dia de silêncio).

Um dos nossos verdadeiros presentes numa vida corrida é um longo período de silêncio, um momento em que intencionalmente voltamos nossa atenção para longe da pressa das conversas e compromissos, imagens e mensagens, listas e obrigações, e silenciosamente nos sintonizamos com um espaço interior.
  • Para alguns de nós, o silêncio imposto foi uma punição em nosso passado; por exemplo, um pai pode ter dito: “Cale-se e vá para o seu quarto”. O silêncio do qual tratamos aqui é uma escolha. Esse silêncio é uma oportunidade para a descoberta, para encontrarmos coisas novas e diferentes. A ausência de fala é bastante diferente quando escolhemos não falar. 
  • Silêncio não é falta de comunicação. Há uma linguagem sutil que nos conecta com os outros através dos olhos, com um sorriso, ou um gesto. A fluência nessa linguagem sutil demanda nossa habilidade de observar os pequenos detalhes da vida. Quando desenvolvemos nossa habilidade com essa linguagem sutil, descobrimos que somos menos dependentes dos instrumentos mecânicos que podem nos conectar, mas isso também pode fazer com que nos sintamos mais separados. 
  • Ao entrarmos num espaço interno de silêncio, estamos nos sintonizando com o espírito da natureza e abandonando a tendência de sermos críticos.
  • O silêncio oferece a oportunidade para que eu identifique em mim mesmo as qualidades que possuem a capacidade de me transformar. No silêncio, posso me conectar com a qualidade mais elevada do meu pensamento mais leve, mais claro. 
  • A ação nasce das sementes do pensamento. As ações são os frutos dessas sementes. O que será que existe no solo onde escolho plantar as sementes dos meus pensamentos? Violência ou paz? Raiva ou amor? Essas escolhas são transformadoras. 
  • O estado de consciência que atinjo no silêncio se conecta diretamente com a qualidade do meu entendimento. Entender “no som” é um processo cognitivo, enquanto que entender “no silêncio” é mais sutil, resultando nas realizações que surgem de dentro. Essas são experiências muito diferentes. 
  • No silêncio descubro minhas qualidades inatas, as qualidades que são intrínsecas de quem sou. Aqui no silêncio posso tocar em meu eu eterno e passo a confiar nessa essência mais profunda.
  • A experiência do reconhecimento de minhas qualidades intrínsecas e singulares aumenta meu poder de receber. No silêncio toco em minha força interna e sinto confiança, fé, segurança, beleza, dignidade. É a partir dessa base de força interna que minhas ações evoluem.
  • No silêncio posso escutar o chamado de Deus, o chamado da natureza, o chamado daqueles que precisam.
  • O silêncio é um espaço interno de aprendizagem. Quando não entendo algo, continuo a me prender a isso. Quando a aprendizagem acontece, posso me liberar e seguir adiante.
  • No silêncio descubro a verdade ao me conectar com meu eu verdadeiro. O silêncio aumenta minha capacidade de manter a fé internamente.
  • O silêncio é uma oportunidade de descansar no colo de minha própria grandeza. Lembre-se de cuidar de si com a atenção especial que você daria a qualquer grande alma.
  • O silêncio é uma disciplina, não do fazer, mas do ser.
Usem esses pensamentos sobre o silêncio como uma bandeja de petiscos de entrada, pegando o que quiserem para sustentá-los ao entrarem num espaço de silêncio interior.
 

Instrumentos de Paz

Por Dadi Janki - Diretora Mundial da Brahma Kumaris
O chamado deste momento é um chamado de paz. Em minhas meditações da manhã, posso ouvir o clamor por paz, num mundo sem paz – não apenas pelo fim do conflito, mas por uma tranqüilidade e calma interior profunda que todas as almas lembram como nosso estado original. 

Se quisermos encontrar a paz, devemos primeiramente ensinar a nós mesmos como nos tornarmos silenciosos e então podemos nos tornar pacíficos. Tornar-se pacífico significa controlar as rédeas da mente descontrolada e fazer com que os pensamentos fugidios parem. Quando tivermos a atenção da mente, poderemos começar a persuadi-la a nos levar para o silêncio, um silêncio verdadeiro; não o lugar sem som, mas o lugar no qual temos um profundo sentimento de paz e uma consciência total do nosso bem-estar.

Não é uma mente vazia que nos mostra esse estado de paz. Para entrarmos nesse estado de silêncio profundo, devemos treinar o intelecto para criar pensamentos puros e bons. Devemos treiná-lo a se concentrar. Nossos pensamentos inúteis são uma carga sobre nós. Nossos hábitos de criar pensamentos demais e palavras demais cansam o intelecto. Devemos nos perguntar: “Como posso cultivar o hábito do pensamento puro?”.

Quem é que deseja entrar no silêncio?
 Sou eu, o ser interior, a alma.
 
 Quando me desapego do meu corpo e das coisas físicas e me afasto das distrações do mundo, posso me voltar para dentro, para o ser interior. Como um lago perfeitamente calmo quando todos os sopros de vento param, o ser interior brilha, refletindo silenciosamente as qualidades intrínsecas da alma. Sentimentos de paz e de bem-estar atravessam minha mente e, com eles, pensamentos de benevolência.

Eu abandono todos os pensamentos de descontentamento e sou lembrado de meu estado mais antigo, mais intrínseco. Lembro-me dessa calma interior. Embora não tenha estado aqui recentemente, lembro-me disso como minha consciência mais fundamental, e um sentimento de felicidade e contentamento transbordam dentro de mim. Nesse estado sei que cada alma é minha amiga. Sou meu próprio amigo. Estou profundamente tranqüilo. Estou silencioso e completamente em paz.

Esse poço profundo de paz
 é o estado original da alma. 
 
Quando estou nesse estado, sinto a corrente de amor pela humanidade e sinto um estado mais elevado do que aquele que eu chamaria normalmente de felicidade, um estado de bênção. É quando atinjo esse estado que algo verdadeiramente miraculoso pode acontecer. 

Quando estou nesse estado de consciência de alma completa, torno-me consciente de que outra energia está começando a fluir dentro de mim. Sinto uma força e um poder tão expansivo que, nesse momento, sei que não há nada que não possa fazer, nenhum lugar que não possa alcançar.

Quando isso acontece, estou sentindo a conexão com a energia divina e a corrente do poder de Deus em meu ser interior. Se eu permanecer concentrado internamente, conectado com essa corrente de poder divino, até o modo de utilizar os sentidos físicos será diferente. Quando eu olhar para o mundo, verei através de minha natureza original de benevolência e sentirei compaixão pelo mundo. 

É nessa experiência que eu sei o que é o poder do silêncio. É esse poder que me transforma internamente, tornando-me puro e poderoso. Quando a alma e Deus estão juntos, há um poder que me atinge e então atinge os outros invisivelmente, realizando a transformação neles, na natureza, e no mundo.
O segredo desse poder do silêncio 
é que não tenho de fazer o trabalho da transformação. 

O poder divino 
transforma automaticamente. 
Deixe que eu/Ele faça o trabalho interno. 
 
Deixe que eu entre profundamente nessa experiência do estado original do eu, e que haja silêncio de modo que Deus possa fazer o Seu trabalho através de mim, Seu instrumento.
 

Pessoas Extremamente Ocupadas Aprendem a Meditar

por BK Sister Jayanti
Mais pessoas estão vivendo, mas menos estão escolhendo viver na passagem rápida. A necessidade de recuperar o equilíbrio, encontrar paz interior e recarregar o poder espiritual pode ser satisfeita por algumas formas de meditação diária. Sister Jayanti, uma pessoa extremamente ocupada, da sua maneira, apresenta o passo a passo da meditação e as formas através das quais a meditação pode ajudar a remover o estresse dos negócios.

Fico pensando o quão bem conheço a mim mesma. Às vezes, porém, quero saber por que me surpreendo com minhas próprias reações e respostas a certas situações. Gostaria de ter-me comportado um pouquinho diferente. É uma das indicações que me dizem que eu preciso me conhecer um pouco melhor.

 Em um mundo materialista, 
tudo carrega valores em termos de matéria. 

Freqüentemente, o valor que coloquei em mim mesma também foi associado a fatores externos, as posses que tenho, a propriedade que possuo, a posição e perfil que ocupo ou a posição que os outros me dão. Muito freqüentemente, vejo-me nesses compartimentos simplesmente da forma como os outros me vêem.

 O que vocês vêem quando olham para mim? Instantaneamente, o computador interno começa seus cálculos e nos conectamos um com o outro de acordo com nossa face, nossa cor, nossas peles, nossas feições, nossa idade, a profissão na qual trabalhamos e, ainda assim, quando começo a pensar nisso, questiono isso e me pergunto se os fatores externos me dizem qualquer coisa sobre mim ou sobre você. E começo a ficar consciente de coisas que, na verdade, não são, de qualquer forma, materiais, nada a ver com minha forma externa ou situações externas, e essas são as coisas que, na verdade, valorizo e aprecio sobre mim mesma. 

Olho para dentro de mim e me torno consciente de coisas como meus sentimentos, minhas emoções, meus pensamentos e começo a me perguntar qual parte de mim é, realmente, o eu. É importante que eu aprenda a separar duas identidades, a identidade material, que é a forma física, e a realidade interna de meus pensamentos e sentimentos. 

É importante conhecer as coisas em termos externos, mas muito mais importante é conhecer aquilo que está sob a superfície, aquilo que está sob a pele, e, quando concentro minha atenção em meu ser interior, é aí que a nossa jornada começa. 

Vir para esse espaço interior e descobrir o que está acontecendo em meu próprio mundo interior é, na verdade, uma aventura tão maravilhosa quanto as aventuras do mundo externo. De onde é que meus pensamentos e sentimentos emanam? À medida que começo a permitir que minha mente esteja tranqüila, descubro que a fonte de vida, a fonte de energia que sou, é, na verdade, apenas uma centelha, um ser, um ponto. Eu não tenho um metro e meio, mas sou apenas um ponto de luz. 

Em nossa linguagem, nós usamos, às vezes, essa expressão 'minha alma', ou 'eu tenho uma alma' mas, ainda assim, isso não é, de forma alguma, verdade – a realidade é que eu sou uma alma, sou esse ponto de luz. E funcionar nessa consciência cria uma total transformação da minha percepção. Nessa consciência, sabendo quem eu sou, sou capaz de ir além de todos aqueles limites que o corpo físico impôs a mim. Freqüentemente tenho dito "Eu não posso fazer isso, aquilo e aquela outra coisa", e, ainda assim, nada disso é realidade.

 Eu sou esse ser eterno de luz. Sou um ser de luz, sou, na verdade, um ser de amor; essas são minhas qualidades naturais, e retornar a essa consciência significa que sou capaz de ir além de todas as barreiras, todas as prisões. Sou capaz de encontrar aquela liberdade interior do eu. Nessa consciência de saber quem verdadeiramente sou, sou capaz de me gerenciar. 

Às vezes, nós nos perguntamos se o estado original do ser é aquele de bondade. E a paz é o que é totalmente natural para mim e, portanto, sei que esse é um estado que pertence a mim. Eu não preciso alcançá-lo. Ele está lá, dentro de mim. Numa vida em que se é muito ocupado, se eu souber como voltar minha atenção, apenas por um momento, para esse ponto de luz que sou, a paz está, instantaneamente, acessível. 

Quando encontro essa paz interior, é como recarregar a bateria e, então, sou capaz de realizar tudo o que preciso realizar no nível externo. Se eu puder fazer isso, até mesmo por um minuto, dentro de cada hora, descobrirei que os outros 59 minutos serão capazes de fluir muito, muito suavemente. 

O fato de meu próprio ser interno ser de paz também significa que tenho poder interior. Sou capaz de encontrar minha própria força interior. Nós usamos bastante essa expressão 'empoderamento', e o poder não pode vir, para mim, de ninguém mais de fora, mas o empoderamento que vem de dentro, significa que é uma força que permanece comigo para sempre. Para onde quer que eu vá, o que quer que eu faça, esse poder é o que eu carrego dentro de meu próprio ser. 

Vamos experimentar alguns minutos nos quais usaremos esse conceito, para que vocês possam, verdadeiramente, ver por si próprios como ele trabalha.
Sente-se tranqüilamente, simplesmente deixando o corpo relaxado, de preferência com ambos os pés no chão e suas mãos cruzadas tranqüilamente. Deixe que sua respiração torne-se natural e lenta. Você pode manter seus olhos abertos. (Na verdade, é preferível fazer isso, para que essa consciência torne-se um estado de consciência natural para você.)

Eu me concentro no interior e observo o que está acontecendo em meu mundo interior.  Eu vejo muitos pensamentos tremeluzindo na tela da minha mente e, conscientemente, posso escolher quais pensamentos terei.          
                                                                               
Escolho o pensamento da paz.
Visualizo um ponto de luz e, 
nessa consciência de paz,
 sei que isso é o que eu sou.
Eu sou um ser de luz.
Eu sou um ser de paz.
 
Meus pensamentos desaceleram e saboreio a beleza da paz interior, conforme meu mundo interior é preenchido de paz.

Eu também sou preenchido com luz.
 
Eu posso sentir as nuvens da confusão recuando e, conforme essa luz torna-se brilhante, posso sentir meu próprio poder interior crescendo.
Meu próprio ser é luz, é poder, é paz.

Tendo me esquecido de mim mesmo, esqueci-me dessas minhas qualidades originais e naturais e, agora que sei quem sou, todas essas qualidades, naturalmente, pertencem a mim novamente e, nessa consciência, eu irradio luz, paz e poder. E, agora, deixo que meus pensamentos retornem para a percepção do corpo físico que ocupo e as situações na vida em que me encontro hoje, mas, agora, retorno com uma visão transformada, com uma atitude que é muito diferente.

Voltando para casa com essa consciência de eu, a alma, o mestre desse instrumento físico, esse meu precioso corpo, sei agora o que tenho de transmitir através de meus olhos, através de meus lábios, através de minhas ações, sei a direção na qual tenho de me mover. Minha visão dos outros também foi transformada. Eu não os coloco mais em caixas. 

Sou capaz de vê-los como seres exteriores, como almas. Ainda continuo com essas coisas que preciso fazer, mas, agora, tendo criado aquele mundo eterno e original, também, há clareza na maneira como penso; há entendimento e empatia na forma como me comporto com outros; há poder em minhas ações, de forma que minhas ações levam a conclusões corretas; e resultados positivos surgem em minha vida e, também, na vida dos outros ao meu redor.
Eu comparo isso com o estado em que estava antes, um estado de caos e confusão interior, e tão pouca reflexão sobre a existência de caos e confusão no mundo ao meu redor.

 Gerenciar a mim mesmo significa saber que sou o criador do meu próprio mundo interior. Sou capaz de ser o criador do mundo ao meu redor. Gerenciar a mim mesmo significa encontrar minha própria dignidade, encontrar meu próprio estado de auto-respeito, de modo que sou capaz de permanecer, independentemente, sobre meus próprios pés. Nós nos cercamos com tantos suportes diferentes e somos incapazes de nos orientar sem esses suportes.

Mas  agora que sei quem sou, carrego meu próprio estado de auto-estima e, é claro, quando valorizo a mim mesma, valorizo os outros ao meu redor. Em um estado de auto-respeito, aquele respeito se estende para outros. Gerenciar a mim mesma significa que sou capaz de me mover com estabilidade, em que trago paz para o mundo de caos ao meu redor. 

A paz que tenho significa que posso começar a criar um pequeno oásis de paz ao meu redor. A luz que eu tenho significa que a ilusão e escuridão não mais me tocam. O poder que eu tenho significa que posso, verdadeiramente, estar livre.

Om Shanti. Om significa “eu sou”, shanti significa “paz”. Posso retornar a essa consciência a qualquer momento e, novamente, ser um mestre de mim mesmo. 

Sister Jayanti é a coordenadora da Brahma Kumaris em Londres. Esse artigo, originalmente publicado pela BK Publications (www.bkpublications.com) na Retreat Magazine #10, é um extrato de sua apresentação de abertura numa série de apresentações em áudio entitulada Meditação para Pessoas Extremamente Ocupadas.
“Muka é a Voz do Silêncio.

Quando você mergulha no abismo deste Silêncio,
escuta a si mesmo, isto é, o Pranava OM, o primevo, o cósmico, que emana do “prana”, da vibração vital que enche o Universo.

Para ouvir tal som, você deve se aproximar o mais
possível da profundidade do seu Ser”.

Sathya Sai Baba
O autoconhecimento é uma travessia das regiões áridas da ignorância e caminhos inóspitos do medo, para encontrar oásis interiores de revelações libertadoras; embora estejamos sempre sujeitos as miragens e enganos durante o caminho.

Conhecer quem somos verdadeiramente é caminhar em direção do Si mesmo, o Self.
Para isso devemos estar dispostos a questionar o conhecido e entrar no desconhecido.

No decorrer das descobertas vamos aprender a abrir mão, desatar vínculos e certezas, enfim, dissolver o que ficou cristalizado dentro de nós.

Se tomarmos a Bíblia como orientação veremos que o homem ao ser criado teve como nome uma incógnita e um convite.

“Adam” em hebraico significa “terra fértil”, “terra argilosa”, e segundo a exegese talmúdica ele carrega consigo um questionamento essencial.

Quem sou eu?

No oráculo de Delphos está escrito:
“Homem conhece-te a ti mesmo”.

A pergunta expressa a nossa perplexidade diante da existência e o convite incisivo nos incita para conhecer a maravilha de ser humano, usufruir o milagre da vida e provar dos suculentos frutos da expansão da consciência pelo autoconhecimento.

A auto indagação cotidiana requer respostas sempre renovadoras, que levam a novas indagações e constituem o processo dinâmico do autoconhecimento na busca da autorealização.

Em todas as culturas e tradições espirituais de todos os povos existe a busca da experiência transcendental, ou luminosa, como dizia Carl Gustav Yung.

Todos ansiamos por uma experiência que rompa couraças emocionais e que nos conecte com a pura expressão do amor, Deus.

Desde as mais remotas eras, o homem tem essa sede de se aproximar do Criador e Nele se perder e se encontrar.

Do Verbo nasce a sinfonia universal que se propaga e reverbera constantemente traduzindo os diversos nomes de Deus e recriando mundos.

O circuito sagrado da vida é formado de vibrações e ressonâncias. E os sons da vida se enraízam no Som Primordial e deste se originam todas as formas animadas e inanimadas.

Podemos dizer que somos luz e som em constante vibração e ressonância com tudo que se manifesta na Terra e no universo.

Por isso encontramos em todas as Tradições sons mantricos, nomes sagrados e orações a fim de auxiliar a mente a conectar-se com o sagrado som primevo.

No principio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”(João 1,1).

OS SONS SAGRADOS NAS TRADIÇÕES
Na Índia, a escolha e a repetição de um dos nomes de Deus é chamada pelos iogues “namasmarana” e segundo eles é uma pratica que acalma a mente e preenche o espírito de divina bem-aventurança.

Em todas as culturas existe o reconhecimento de uma dimensão essencial do ser humano e o nome de Deus falado ou cantado é o meio para atingir essa dimensão superior.

As escolas iniciáticas da antiguidade indicavam como exercício espiritual recitar diariamente os nomes e cantos sagrados como a linguagem adequada para o espírito falar com Deus.

E a antiga medicina sacerdotal do Egito e da Grécia considerava os cânticos, orações e mantras fontes curativas do corpo e da alma.
Mantra é uma palavra em sânscrito formada por “manas” (mente) e “tra” ( por meio de) que indica movimento.

Os sons mantricos conduzem a mente para a interioridade, e para o domínio do não-pensamento, da não dualidade onde não há seqüência lógica nem linearidade.

Desde tempos imemoriais o ser humano se vale da musica sagrada para curar o corpo e a mente e também para inspirar o desabrochar da beleza e da excelência humana.

Os egípcios, indianos, chineses, gregos, tibetanos, japoneses, caldeus e hebreus, assim como os indígenas norte americanos, os indígenas brasileiros e das Américas do Sul e Central, os aborígines da Austrália, Nova Zelândia, África e Polinésia sempre incluíram os sons sagrados nos seus rituais iniciáticos, e curativos e nas praticas espirituais em geral.

A mitologia Tupi na sua cosmogonia afirma que o homem é o som que ficou em pé. Tupã, o Grande Som cria o tupi (o homem) pelo som, e o som toma forma humana.

O que sustenta o homem em pé é a flauta criada por Tupã, e que produz os sete sons, sendo que o ultimo é o silencio.

Os guaranis também harmonizam a energia vital através dos sons vocálicos.

Para alguns povos nativos ainda hoje o tambor ressoando e se propagando pelo ar anuncia rituais de transmutações e momentos de louvor arrebatando as mentes para novas estâncias de aprendizado.

Os sinos das catedrais, e os gongos dos templos budistas sacralizam a atmosfera quando soam, assim como o som dos cilindros de oração dos templos tibetanos.

O Pneuma, o Sopro Divino, se apresenta e se reproduz nos instrumentos de sopro e se espalha no ar e no éter renovando a vida.

As flautas dos aborígines australianos, conhecidas como “digiridus”, quando soam parecem acordar as viceras da Terra.

Os xamãs australianos utilizam esse som mágico para equilibrar os chakras e promover saúde e harmonia.

Os monges tibetanos e os índios do Xingu também tocam flautas longas consideradas sagradas, cujo som vibra nas profundezas do útero ígneo da Mãe Terra.

Na mitologia grega o som da flauta de Pã irmanava e despertava o amor em todos os seres da natureza.

Os chineses usavam na antiguidade fragmentos finos de jade aos quais chamavam de “pedras cantoras”, para produzir sons específicos que promoviam curas por vibração quando eram tocadas pela mão do paciente.

Um desses tons curadores denomina-se “kung”, que significa grande natureza, e na escala musical ocidental corresponde a nota fá ou fá sustenido.

Dentre os árabes sufis o som supremo é “hu” que representa a essência de Deus, Alláh, presente no homem e na mulher e em tudo que existe.

Os tibetanos consideram sagrados o fá sustenido, o lá e o sol. Os hindus têm outra escala musical cujas notas são sagradas emissões do OM, AUM, que é considerado o som dos sons, o Pranava, o Som Primordial, de onde nascem todos os demais sons.

No hinduismo a nossa anatomia sutil é constituída de centros de força denominados chakras e cada um desses centros vibra em determinado tom e cor.

Esses centros estão distribuídos energeticamente ao longo da coluna vertebral e por ressonância atuam no nosso corpo físico.

Visualizar a cor do chakra e cantar o som que lhe corresponde cura o corpo e a mente. Os indígenas costumam usar as vogais para alinhar os centros energéticos que compõem o corpo sinestésico, que é a denominação cientifica ocidental do sistema de chakras.

Na Cabala mística esses centros são ativados e alinhados pela recitação dos nomes de Deus.

Nos Vedas, escrituras sagradas hindus, os versos obedecem a métrica e ritmo considerados sagrados, e quando cantados emitem diferentes vibrações e ressonâncias, algumas delas de cura corporal e espiritual e outras capazes de provocar manifestações físicas desde formas geométricas até mesmo materializações de objetos ou acionar a manifestação dos elementos da natureza.

Os antigos essênios sujo nome deriva de “asaya” que significa curador, medico, eram iniciados nos sons e nomes sagrados judaicos e nos segredos das energias da natureza e vibrações das correntes magnéticas, elétricas e telúricas.

Os caldeus usavam os Tumim, esculturas vazadas que serviam de oráculo sonoro. As mensagens do universo chegavam com a voz do vento atravessando as cavidades das esculturas e então o sacerdote traduzia as nuances dos sons e os seus significados.

Os judeus e cristãos conferem a palavra “Amem”, o poder de manifestar na matéria o poder de Deus.

No Egito antigo a palavra Amen ou Amon tinha o mesmo poder. Segundo alguns papiros, durante a construção das pirâmides um coral de vozes humanas acompanhado de instrumentos fazia da musica um tipo de alimento energético para o corpo e balsamo reconfortante para a alma dos trabalhadores.

Na Grécia, Orfeu, mestre, músico, poeta, e hierofante dos Mistérios de Dioniso era um interprete dos deuses e curava as pessoas cantando e tocando sua lira de ouro produzindo sons em sintonia vibracional com a música das esferas.

O sábio grego Pitágoras criou as oitavas da atual escala musical para comprovar a relação do som por elas emitido e os princípios matemáticos e geométricos do universo.

Aristóteles ofereceu a humanidade a teoria da propagação do som pelo ar.

Na antiguidade a educação dedicava muita atenção ao conhecimento musical e a iniciação nos sons sagrados. Nós sabemos que tudo na vida é ressonância e que educação é ressonância basicamente.

Atualmente algumas propostas pedagógicas retomam o caminho da musica e das artes em geral como a maneira de reencontrar a Verdade, a Beleza e o Bem.

A integração do conhecimento e a promoção de sabedoria trazem por ressonância Deus de volta ao mundo. Para demonstrar o princípio da ressonância basta um diapasão e um piano.

Qualquer um pode experimentar; basta tocar o dó maior central no diapasão e levantar a tampa do piano, depois tocar com suavidade as cordas e perceberá o dó central vibrando.

Os sistemas que constituem nosso organismo reagem da mesma maneira, as diversas freqüências sonoras atuam no nosso corpo e alteram a nossa bioenergia. Isso acontece pela ressonância vibratória.

Reagimos ao som e sua vibração de maneira positiva ou negativa.

Consonância ou dissonância. Um grupo de pessoas se afina por meio de ressonância harmoniosa e se repele por dissonância.

Objetivos comuns e freqüência equilibrada de pensamentos, e timbre de voz constituem o diapasão da emissão de energia bioelétrica e eletrônica que aproxima ou distancia as pessoas umas das outras.

Porém, a dissonância quando utilizada adequadamente é importante para a superação de problemas físicos e emocionais levando os órgãos dos diversos sistemas do organismo a reencontrar sua higidez e funcionar normalmente.

No acorde dissonante existe um espaço vazio, uma transição, é onde transformações podem acontecer.

Nosso corpo físico assim como o universo é o som que criou forma e como ele vibra, ressoa e se expande.

Denomina-se diapasão a altura do som determinada pela velocidade de sua vibração.

Descobrir o próprio diapasão e o tom, timbre, ritmo e melodia da nossa fala são fatores muito importantes para o autoconhecimento.

Nossa voz revela quem somos, quando falamos criamos som, ritmo, melodia e harmonia ou desarmonia onde antes só havia silencio.

É preciso ter consciência do poder das palavras e da intervenção energética causada por elas.

Além do mais as palavras são dotados de poderes energéticos criadores e podem nos ajudar a estabelecer um dialogo entre mentes e almas para transformar e ou recriar realidades.

O PODER DA PALAVRA
Falar é um parto sonoro que permite a manifestação do pensamento e do sentimento pela emissão de sons organizados, modulados e movidos pela vontade, direcionados pela intenção.

A intenção é a alma da vontade, e concede brilho e força construtiva ou destrutiva as palavras.

As consoantes e as vogais agem de maneira complementar na formação das palavras.

As vogais vibram e criam campos energéticos pelas emoções e as exprimem.

Isso é fácil de perceber, por exemplo: quando alguém se machuca diz: “Ai, ou Ui”, quando algo nos causa admiração dizemos OH!, AH!, etc.

As consoantes por sua vez agem no intelecto e concretizam idéias.

Quando unimos consoantes e vogais ativamos células germinativas das cordas vocais e dinamizamos o poder criador da palavra.

Nosso corpo musical é formado por vibrações que poderíamos denominar canto e dança das células. A escala musical é uma escada sonora e as oitavas são os degraus para ascender a dimensões mais elevadas de consciência. As mesmas notas quando tocadas uma oitava acima ficam muito mais intensas e definidas.

Os sons vocálicos harmonizam e curam. Mesmo os sons dissonantes, ou desafinados que inicialmente agridem nossos ouvidos, vibram em busca de um sistema de organização sonora que gere uma nova harmonia, um novo padrão.

O som tem poder harmonizador ou desarmonizador, e as palavras constroem ou destroem, por isso é tão importante saber sobre o poder da palavra.

É preciso aprender a falar consciente da intenção que orienta o que estamos dizendo e saber que muitas vezes uma palavra pode ferir alguém mortalmente, ou abrir feridas de difícil cicatrização, mas também pode ser um carinhoso meio de aquecer o coração com ternura, iluminar a inteligência e inspirar bons pensamentos e idéias claras que abrem possibilidades para o bem e a harmonia entre as criaturas.

A palavra certa, dita da forma certa, na hora certa, para a pessoa certa prepara e fertiliza o terreno para a semeadura de autotransformações.

A palavra traduz as variadas expressões da inteligência humana e quando ouvimos a voz do coração antes de falar construímos pontes e derrubamos muralhas entre pessoas e culturas, aproximamos as diferenças reconhecendo o que temos em comum e assim enriquecemos nossos relacionamentos interpessoais.

O SOM E A EXPERIÊNCIA MÍSTICA
Segundo algumas correntes iniciáticas do cristianismo a “porta estreita” a qual Jesus se referiu é a garganta, o portal estreito que conecta o intelecto ao coração, e o corpo é a base e a estrutura do templo.

O intelecto seria o observador e avaliador de tudo que é exterior no e ao templo e o coração o altar mor, o santo santorum no interior do templo, o lugar onde Deus se instala.

Cânticos, orações, mantras, musicas e palavras sagradas são formas de dialogar com a alma e unificar o corpo a mente e o espírito e atingir plenitude.

Os sons sagrados permitem o alinhamento da consciência com o padrão do Som das Esferas e criam novas conexões com aspectos mais sutis da inteligência pela sintonia com fontes de criatividade dos sistemas sonoros organizacionais da Fonte Primordial.

Existe diferença entre falar o nome sagrado e cantar o mantra, entre cantar simplesmente sem concentrar sentimento e intenção e cantar focando intenção e sentimento.

A intenção e o sentimento direcionam a energia porque determinam o foco e criam no corpo, na mente e na alma uma postura de alinhamento receptivo.

A razão então é fecundada por revelações.

Antes de assumirmos a forma física o universo nos acalenta e alimenta com os sons da eternidade e desde que somos concebidos, os sons que ouvimos no ventre de nossas mães, o ritmo do coração dela em consonância com o nosso compõem a melodia que harmoniza e integra criador e criatura.

Toda vida se manifesta basicamente como som.

No ventre materno ouvimos o primeiro mantra e percebemos nuances sonoras que nos sintonizam com o mundo interior e exterior.

No Mahabaratha, uma escritura sagrada do hinduismo está registrada numa passagem a interação sonora entre Arjuna e seu filho Abimaniu quando este ainda era um feto em formação.

Narra a escritura que o príncipe Arjuna explica uma tática de guerra diante de sua esposa grávida; e seu filho, muitos anos depois declara saber executar a estratégia que somente seu pai conhecia.

Quando lhe perguntaram como isso foi possível ele afirmou ter ouvido diretamente do pai enquanto ainda estava no ventre da mãe.

Não faz muito tempo a ciência moderna descobriu que o feto interage com a mãe e com o meio exterior e o quanto é importante a escolha dos lugares que a gestante freqüenta e do que ela ouve devido a capacidade do feto de registrar informações, ensinamentos e emoções.

É notório que um recém nascido se acalma ouvindo a voz da mãe e como se entrega inteiramente quando sua mãe o carrega no colo e aproxima sua cabeça do seio dela.

O som e o ritmo íntimo e acalentador dos batimentos cardíacos da mãe tranqüiliza o bebê e lhe confere segurança, comunhão e paz.

A criança reconhece o som e a consonância rítmica como maneira de dialogar amorosamente com a vida.

O som sagrado nos conduz naturalmente para a harmonia e nos induz a experiências místicas. Como o som está em tudo, os hamonicos atravessam o “vacuum” o vazio e o não-vazio, ele aproxima as diferenças e evidencia o que temos como afinidade.

Em todas as Tradições os sons sagrados estão ligados a experiência mística transformadora.

A universalidade do poder do som e dos conteúdos das experiências místicas profundas demonstra que toda experiência espiritual transformadora resulta da comunhão com a totalidade e é concebida pela união do homem natural e intelectual com a divindade imanente, Deus.

OS PRINCÍPIOS SAGRADOS DO SOM
Existem três planos nos princípios sagrados dos sons.

O primeiro é o ritmo que provem dos movimentos do universo, depois a melodia que integra a mente ao mundo e ao universo , e nos integra na e com a natureza.

E por fim a harmonia, o poder espiritual universal que estabelece o relacionamento entre todos os seres da criação com o Criador.

O ritmo em especial sempre desempenhou papel de destaque nos rituais das diversas Tradições.

Marcações rítmicas específicas atuam diretamente no sistema nervoso, provocam alterações nas ondas cerebrais e conduzem a experiências de êxtase espiritual.

Os efeitos subjetivos dos sons mantricos se originam do “shabda” (som sagrado em sânscrito) e ao ouvir um mantra sagrado, não importa de qual tradição seja, sentiremos o seu poder unificador.

O ar é o veículo do “prana” para os hindus, “chi” para os chineses, ou “maná” para os judaico-cristãos, ou seja, a energia vital, e o espaço, (akasha) é o veículo do “shabda”, o poder da Musica das Esferas, o som sagrado.

A Musica das Esferas difunde seu poder pela ressonância de sons arquetípicos cujos matizes são reconhecidos por todos os seres vivos, animados e inanimados.

O anseio humano de transcendência revela que afinal a nossa união com Deus nunca foi interrompida, apenas a perdemos de vista devido a identificação com a matéria que tem os cinco sentidos como a fonte única de informação sobre nós e o mundo.

No entanto somos seres multissensoriais e não apenas penta sensoriais, e o som sagrado desperta e ativa os nossos sentidos interiores e nos conecta com a alma.

Para vivermos a plenitude do poder do som sagrado temos que reconhecer primeiro que temos alma, e procurar saber o que ela é e o que quer e o quanto o contato com ela influenciará nossa compreensão do sentido de estar vivo.

Quando descobrimos que a alma é o traço de ligação com o espírito imortal e que a limitação imposta pelos cinco sentidos gera carências e impede nosso contato consciente com ela, nos tornamos multissensoriais e começamos a receber intuições, premonições, e aprendemos a conhecer intenções ocultas por traz de gestos e palavras e compreender tudo isso como mensagens do espírito através da alma.

Os sons e seus princípios sagrados são veículos de aproximação entre a mente concreta fragmentada e a plenitude da mente superior abastecida pela inspiração divina.
 
OS INSTRUMENTOS E OS SONS CURADORES
Os instrumentos de percussão despertam energias adormecidas e alteram o estado de consciência.

No corpo físico o som e ritmo de instrumentos de percussão atuam no baço e nos chakras básico e esplênico.

Os sistemas circulatório e nervoso também são ativados, assim como as glândulas supra renais e a sexualidade.

O chocalho, ou maraca é um instrumento usado pelos xamãs siberianos e indígenas porque tem o poder de liberar energias negativas alojadas no corpo e na mente e é, portanto, portador de sons purificadores.

Já a melodia estimula o relacionamento entre diferentes campos energéticos, pois é em si um conjunto de relações sonoras.

Os instrumentos de cordas atuam nas emoções e os instrumentos de sopro despertam energias espirituais.

Nós sabemos por experiência quanto uma melodia atua subjetivamente e causa oscilações de animo.

A melodia pode nos irritar, excitar, trazer memórias à tona, comover, entristecer ou nos alegrar, ajudar a relaxar, refletir e superar problemas, etc.

Uma melodia suave e estruturada de maneira harmoniosa acalma, acolhe e embala homens, animais e plantas num berço sonoro de paz.

A harmonia nos oferece o caminho das transformações porque por meio dela alteramos configurações, elevamos ou diminuímos, adaptamos e diferenciamos tanto condições orgânicas quanto estados de espírito.

A harmonia espiritual e física vai se estabelecendo através de uma sintonia fina com a natureza e seus sons e nos conectamos com níveis mais elevados de percepção consciente e inconsciente.

Os sons do silencio permeiam todos os espaços porque são os sons inerentes a vida.

A música revela e altera campos e impulsos eletromagnéticos tanto de pessoas quanto de ambientes.

Os sons sagrados emitidos com amor e reverência reverberam no ambiente e na atmosfera curando pessoas, pela sintonia plena com a natureza, o planeta e o universo.

Sabemos o quanto a poluição sonora nas grandes cidades e a tagarelice interior dos nossos pensamentos e impulsos desorganizam nossas emoções e causam desequilíbrio energético que resultam em doenças.

Cantar orações e mantras, repetir os nomes sagrados de Deus nas diversas tradições espirituais ajuda a construir ilhas de paz e cura no espaço tempo.

O mantra tem o poder universal de ultrapassar fronteiras da razão e permite a comunicação com nosso ser profundo porque nos liga diretamente com o sagrado ilimitado, ultrapassa barreiras racionais e psíquicas, e nos aproxima do Divino independente do nome que cada religião adote para nominar o que é Inominável.

Sobre a autora:
MariluMartinelli: Atriz. Jornalista.Escritora.
- Conferencista Internacional. Educadora Especialista em Educação em Valores Humanos. Professora de Mitologia Universal e Filosofia Oriental.
-Especialista em e Universidade Católica de Arequipa-Perú.
-Consultora Educacional e Empresarial para Desenvolvimento Humano. Professora Convidada da UNIBEM, UNIPAZ, Universidade Federal de Lima e Universidade Católica de Arequipa-Perú.
-Consultora Empresarial para Formação de Lideranças em Valores Humanos.
                                         Site: http://www.marilu.martinelli.nom.br
Pablo Picasso

Li-Sol-30
Brahma KumarisEmail: gayatriml@hotmail.com
Site: http://www.marilu.martinelli.nom.br
Fonte: http://institutoseva.blogspot.com.br
Solange Christtine Ventura
http://www.curaeascensao.com.br
 

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