J.S.Bach:Oster Oratorium BWV 249 Münchinger - 48min.
A Teoria da Terra Oca e os Puranas
Dharmapada Dasa
Os Puranas fazem vários comentários em relação ao fato de a Terra ser oca que não deveriam ser considerados levianos. Ainda que sejam superficiais, deve-se reconhecer seu impacto. Um desses comentários, sobre o avatara Kalki, afirma que, no final da era de Kali, Kalki nascerá na melhor de todas as famílias brâmanes da cidade de Shambala e que aniquilará os seres humanos degradados que restarem na superfície do planeta. Em seguida, a versão geral dos Puranas diz que os seres humanos subirão à superfície do planeta para recolonizá-lo e reiniciar a cultura védica. Vale notar que os Puranas mencionam Shambala como sendo uma cidade localizada no interior do planeta. Shambala não é considerada uma cidade do interior da Terra apenas nos Puranas, mas também na memória coletiva do Tibete.
Outra narrativa dos Puranas que comenta diretamente sobre a porção oca da Terra se relaciona ao avatara Parashurama e se encontra nos versos de 19 a 21 do capítulo 16 do nono canto do Bhagavatam. O verso dezenove diz que Ele entrou em confronto com a casta dos guerreiros vinte e uma vezes e livrou a superfície da Terra de todos eles. A palavra usada para indicar a superfície da Terra foi prithivim.
Parashurama, o avatara de Vishnu conhecido
por extirpar a casta dos guerreiros da superfície da Terra.
Depois de mencionar os oito pontos cardeais e os rishis que obtiveram domínio sobre essas regiões, encontramos menção a “madhyatah”, ou seja, a região do meio (interior). O Bhagavata Purana diz que a região do meio foi conferida a Kashyapa Rishi. Assim, adotando uma narração descritiva, e depois de mencionar a superfície ou “face” do mundo, o Bhagavata Purana segue praticamente num só fôlego mencionando a porção do meio da Terra.
Tanto a terminologia usada como o roteiro da narrativa a respeito do avatara Parashurama favorecem diretamente a Teoria da Terra Oca.
Os Puranas contam ainda outra história famosa que menciona abertamente a porção oca da Terra. Trata-se da história dos filhos de Maharaja Sagara. Indra havia roubado o cavalo destinado ao sacrifício ashvamedha (um tipo de sacrifício de fogo). Segundo a história, seus filhos saíram em busca do cavalo e chegaram a um oceano ao norte, pelo qual navegaram até adentrar as “entranhas” da Terra. Lá dentro, no eremitério de Kapila Rishi, eles acabaram encontrando o cavalo. Ainda que o rishi tivesse jurado que não roubara o cavalo, os filhos de Sagara o maltrataram. O que podemos concluir desta história?
Bem, primeiro podemos concluir que os filhos de Maharaja Sagara eram verdadeiramente rudes por terem maltratado o rishi! Entretanto, observando mais seriamente, percebe-se a correspondência existente com as indicações a respeito da existência de aberturas próximo às áreas polares do nosso planeta obtidas pelos investigadores da Terra oca (sendo que estes suportam suas alegações com várias evidências). Isso explicaria ter de se atravessar um oceano ao norte para entrar no interior do planeta.
O Bhagavata Purana não se detém em descrições muito detalhadas como ocorre em outros Puranas; o Bhagavata apenas afirma que os filhos de Sagara seguiram no rumo nordeste. Porém, mesmo esta afirmativa parece confirmar a localização da abertura segundo os investigadores da Terra oca, que a situam a norte e leste da península russa de Severnaya Zemlya. É interessante notar que, para chegar a essa região a partir da Índia, a pessoa teria de viajar no rumo nordeste!
Há outro ponto digno de menção que podemos garimpar nesta narrativa: a cultura védica floresceu na Terra oca a tal ponto que o próprio Kapila Rishi chegou a manter seu eremitério por lá. Isso vem ao encontro das descrições apresentadas por Olaf Jansen, o jovem norueguês que revelou ter passado pela abertura navegando com o pai no veleiro dele. Olaf descreveu ter encontrado uma sociedade humana que mostra correspondência com as descrições dos Puranas de antes do início da Kali-yuga. Ele descreveu seres humanos com cerca de quatro a cinco metros de altura que viviam por aproximadamente 1000 anos, tinham memória fotográfica, falavam sânscrito e adoravam o Sol interior.
Contudo, surge aqui uma pergunta óbvia: Por que, então, os Puranas não falam diretamente a respeito da Terra oca?
Lembremos que estes Puranas foram escritos no limiar de dois yugas, antes que o esquecimento e a ignorância característicos de Kali-yuga começassem a se manifestar. Talvez essa seja a razão pela qual os Puranas falam da Terra oca como se assumissem que as pessoas naturalmente compreendessem o assunto, daí não oferecerem nenhuma explicação especial a esse respeito. Do mesmo modo, se um escritor tivesse que contar a história da batalha decisiva da Revolução Americana, ele poderia explicar que os franceses bloquearam o recuo dos ingleses por mar, e assim o escritor provavelmente seguiria com a história. Ele presumiria que os leitores sabem quem são os franceses, que eles vieram do outro lado do Atlântico e que o oceano existe de verdade. O escritor obviamente nem pensaria em explicar e substanciar a existência dos franceses ou do oceano no decorrer de sua narrativa da Revolução Americana. Parece que, do mesmo modo, os Puranas simplesmente mencionam as “entranhas” da Terra e o eremitério de Kapila Rishi por lá, durante a narrativa, sem oferecer maiores explicações a respeito do assunto.
A evidência dos Puranas é de grande interesse para os adeptos da Teoria da Terra Oca; constitui um marco adicional ao corpo de evidências sobre a Terra oca. É interessante observar que as lendas tibetanas a respeito da Terra oca foram popularizadas entre os proponentes da teoria já há muito tempo, até mesmo culminando, na década de 30, na produção de um filme de longa metragem intitulado “Shangri-la”, o qual foi refilmado nos anos 70. Talvez isso tenha acontecido devido ao impacto do livro “Shambala”, escrito por Nicholas Roerich e publicado em 1930. Ele esteve no Tibete e relatou em seu livro o rico folclore relacionado à Terra oca, mencionando as cidades de Shambala, Shangri-la e o reino de Agharta. É muito provável que as lendas tibetanas sobre a Terra oca tenham se conservado melhor devido aos túneis que, segundo consta, ligam Agharta ao Tibete – é possível que seja por isso que os tibetanos tenham ficado sob a influência da Terra oca por um período de tempo mais longo.
Nicholas Roerich, escritor e arqueólogo russo.
Esses comentários a respeito da Terra oca devem ter passado despercebidos para eles, como aconteceu com vários outros comentários que encontramos na literatura védica. Quando os ingleses começaram a estudar a literatura védica depois de sua invasão à Índia 200 anos atrás, notaram a existência de textos descrevendo naves voadoras (vimanas), flechas e discos capazes de perseguir alvos em fuga, armas ativadas por mantras e ainda a respeito de seres de outros planetas com inacreditável longevidade e identificados como sendo os progenitores da humanidade. É claro que os ingleses naturalmente descartaram esses comentários, considerando que estavam diante de mera “história da carochinha”. Mas vemos que hoje em dia alguns desses mecanismos viraram realidade; testemunhamos o aparecimento da aviação, de mísseis teleguiados e de armas ativadas por voz. Por conseguinte, há razão para revermos as narrativas dos Puranas usando agora uma lente grande angular – e isso não apenas em relação aos comentários a respeito da Terra oca, mas em geral, ainda que os comentários a respeito das entranhas da Terra, do eremitério de Kapila Rishi, de Shambala e outros certamente mereçam um enfoque especial.
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Bach: Oster Oratorium BWV 249 - 14min.
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Vestígios Interculturais da Civilização Védica
Sadaputa Dasa
O escritor grego da antiguidade Aratos conta a seguinte história sobre a constelação de Virgo, ou virgem. Virgo, ele diz, talvez tenha pertencido à raça estelar, os antepassados das estrelas antigas.
Em tempos primitivos, na era de ouro, ela viveu entre a humanidade como a Justiça personificada e exortava as pessoas a aderirem à verdade. Nesta época, as pessoas viviam pacificamente, sem hipocrisia ou discussões. Posteriormente, na era de prata, ela escondeu-se nas montanhas, mas, ocasionalmente, ela descia das montanhas para repreender severamente as pessoas por seus atos maléficos. Finalmente, chegou a era de bronze. As pessoas inventaram a espada e “provaram a carne das vacas, os primeiros a fazerem isso”. Neste momento, Virgo “voou para a esfera”; isto é, ela partiu para o reino celestial. [1]
Foto: Arato, poeta grego.
Se fazemos isso, contudo, talvez estejamos negligenciando importantes informações de algo que poderia lançar luz sobre o vasto e esquecido período que precede à curta extensão da história humana registrada. Certamente há muita evidência de contadores de histórias independentes na tradição de várias culturas, mas há também muitos temas em comum. Alguns desses temas se encontram de forma altamente desenvolvida na literatura védica. Sua presença em culturas ao longo do mundo é consistente com a ideia de que, no passado distante, a cultura védica exerceu influência mundial.
Neste artigo, daremos alguns exemplos de ideias védicas concernentes a tempo e longevidade humana que aparecem repetidamente em diferentes tradições. Primeiramente, examinaremos algumas dessas ideias e, então, discutiremos algumas questões relativas ao que elas implicam e como elas podem ser interpretadas.
Na literatura védica, o tempo é tratado como uma manifestação de Krishna, o Ser Supremo. Como tal, o tempo é uma força controladora que regula as vidas dos seres vivos de acordo com um plano cósmico. Tal plano envolve repetidos ciclos de criação e destruição de variadas durações. O menor e mais importante desses repetitivos ciclos consiste nas quatro yugas, ou eras, chamadas Satya, Treta, Dvapara e Kali. Em tais sucessivas eras, a humanidade gradualmente descende de uma plataforma espiritual elevada para um estado degenerado. Então, com o começo de uma nova Satya-yuga, o estado original de pureza é restaurado e o ciclo recomeça.
A história de Virgo ilustra que, no mundo mediterrâneo antigo, havia uma difundida crença em uma similar sucessão de quatro eras, conhecida por eles como as eras de ouro, prata, bronze e ferro. Nesse sistema, a humanidade também inicia na primeira era em um estado avançado de consciência e gradualmente se degrada. Também neste, os progressivos desenvolvimentos da sociedade humana não estão simplesmente evoluindo por processos físicos, mas são superintendidos por uma inteligência controladora superior.
É válido observar que a história de Aratos especifica o uso de vacas como alimento como um ato pecaminoso que desfaz o contato direto da humanidade com os seres celestiais. Tal detalhe é bastante condizente com a muito antiga tradição indiana de proteção à vaca, mas não é algo esperado no contexto da cultura grega ou europeia.
Uma explicação para similaridades entre ideias encontradas em diferentes culturas é que as pessoas têm, em toda parte, essencialmente a mesma estrutura psicológica e, portanto, tendem, de modo independente, a produzir noções similares. Não obstante, detalhes como o ponto concernente à matança de vacas sugerem que estamos lidando aqui com tradições comuns, e não invenções independentes.
Outro exemplo de similaridades entre culturas pode ser encontrado entre os nativos da América do Norte. Os índios Dacota dizem que seus ancestrais foram visitados por uma mulher celestial que lhes deu o sistema de religião deles. Ela lhes apontou que há quatro eras, e que há um búfalo sagrado que perde uma perna a cada era. No momento presente, estamos na última era, uma era de degradação, e o búfalo tem uma perna apenas. [2]
Esta história é um paralelo bastante próximo da narrativa do Srimad-Bhagavatam do encontro entre Maharaja Pariksit e o touro do Dharma. Ali, é dito que Dharma perde uma perna a cada yuga sucessiva, deixando-o com apenas uma perna na presente Era de Kali.
Foto: O touro da religião com três pernas quebradas.
É claro que esta ideia é deveras estranha dentro da moderna visão evolucionista do passado. No mundo mediterrâneo antigo, no entanto, era amplamente acreditado que a história humana se estendia por períodos de tempo muitíssimo longos. Por exemplo, de acordo com registros históricos antigos, Porfírio (aprox. 300 a.C.) disse que Clístenes, um companheiro de Alexandre na guerra persa, despachou para Aristóteles registros babilônicos de eclipses, e que tais registros cobriam 31.000 anos.
Similarmente, Jâmblico (século quarto) disse sob a autoridade do astrônomo grego da antiguidade Hiparco que os assírios haviam feito observações por 270.000 anos e que haviam mantido registros do retorno de todos os sete planetas à mesma posição. [3] Finalmente, o historiador babilônico Berosus especificou 432.000 anos para a duração total dos reinos dos reis babilônicos antes da Inundação. [4]
Não desejamos sugerir que tais afirmações sejam verdadeiras (ou que elas sejam falsas). O ponto aqui é que as pessoas na civilização mediterrânea antiga possuíam uma visão muito diferente do passado em relação à visão dominante da atualidade; e tal visão é amplamente consistente com a cronologia védica.
Embora a Bíblia seja bem conhecida por advogar um brevíssimo espaço de tempo para a história humana, é interessante notar que ela contém informações indicando que pessoas, em dado momento, viviam por cerca de 1.000 anos. No Antigo Testamento, as seguintes idades são atribuídas a pessoas vivendo antes da Inundação Bíblica: Adão, 930; Set, 912; Enos, 905; Matusalém, 969; Lemeque, 777; e Noé, 950. Se excluirmos Enós (que se diz ter sido levado para o céu em seu próprio corpo), essas pessoas viveram uma média de 912 anos. [5]
Foto: Noé, aos 600 anos de idade, segundo a Bíblia,
quando prestes a embarcar na arca que construíra.
Aqui, devemos mencionar de passagem que a Inundação Bíblica é aceita tradicionalmente como ocorrida no segundo ou terceiro milênio a.C., e a data tradicional na Índia para o começo de Kali-yuga é 18 de fevereiro de 3102 a.C. Esta mesma data é citada como o tempo da Inundação em vários escritos persas, islâmicos e europeus dos séculos VI a XIV d.C. [6]. Como a Inundação do oriente médio veio a se associar com o começo de Kali-yuga? O único comentário que podemos fazer é que esta história mostra quão pouco realmente sabemos sobre o passado.
Em suporte à história bíblica de enorme duração da vida humana em tempos passados, o historiador romano Flávio Josefo citou muitos trabalhos históricos disponíveis em seu tempo:
Agora, quando Noé viveu 350 anos após a Inundação, e todo aquele tempo alegremente, ele morreu tendo o número de 950 anos, mas que ninguém, comparando a vida dos antigos com as nossas vidas, [...] usem a brevidade das nossas no presente como um argumento de que nenhum deles obteve tão longa duração de vida… Agora, tenho por testemunhas daquilo que eu disse todos aqueles que escreveram Antiguidades, tanto entre os Gregos quanto entre os bárbaros, pois mesmo Maneton, que escreveu a história egípcia, e Beroso, que coletou os monumentos caldeios, e Mochus, e Histeu, e, além desses; Hierônimo, o egípcio; e aqueles que compuseram a história fenícia, concordam com o que eu aqui digo: Também Hesíodo e Hecateu, Helanicus e Acusilau, além de Éforo e Nicolau, relatam que os povos antigos viviam mil anos: mas, quanto a essa questão, deixemos que cada um a olhe como considerar apropriado. [7]
Para nosso descontentamento, praticamente nenhuma das obras referidas a Josefo ainda existem, e isto novamente mostra o quão pouco sabemos do passado. Contudo, em existentes sagas nórdicas, diz-se que as pessoas, em tempos passados, viviam por muitos séculos. Além disso, as sagas nórdicas descrevem uma progressão de eras, incluindo uma era de paz, uma era quando diferentes ordens sociais são introduzidas, uma era de crescente violência, e uma degradada “era de punhais e machados com escudos bifendidos”. [8] A última era é seguida por um período de aniquilação, chamado Ragnarok, após o qual o mundo é restaurado à bondade.
O Ragnarok nórdico envolve a destruição da Terra e das moradas dos semideuses nórdicos (de nome Asgard), e, deste modo, corresponde, na cronologia védica, à aniquilação dos três mundos que sucede 1.000 ciclos de yuga, ou um dia de Brahma. É dito que, durante o Ragnarok, o mundo é destruído com chamas por um ser chamado Surt, que vive abaixo do mundo inferior (apropriadamente chamado Hel), e que esteve envolvido na criação do mundo. À guisa de comparação, o Srimad-Bhagavatam (3.11.30) afirma que, ao fim do dia de Brahma, “a devastação se dá devido ao fogo emanado da boca de Sankarshana”. Sankarshana é uma expansão plenária de Krishna que está “no fundo, na base do universo” (Srimad-Bhagavatam 3.8.3), abaixo dos sistemas planetários inferiores.
Foto: Sankarshana cuspindo fogo no momento da aniquilação.
Alguém talvez pergunte: Se temas védicos aparecem em várias sociedades diferentes, como alguém pode concluir que eles derivam de uma civilização védica? Talvez eles tenham sido criados em muitos lugares de modo independente, ou talvez eles descendam de uma cultura desconhecida que é também ancestral ao que chamamos de cultura védica. Assim, paralelos entre as narrativas de Surt e Sankarshana podem ser coincidências, ou talvez a narrativa védica derive de uma história similar àquela de Surt.
Nossa resposta a esta questão é que evidências empíricas disponíveis não serão suficientes para provar a hipótese de descendência de uma cultura védica antiga visto que toda evidência empírica é imperfeita e sujeita a várias interpretações, mas podemos decidir se as evidências são consistentes ou não em validar esta hipótese.
Se houve uma civilização védica mundial no passado, esperaríamos encontrar vestígios dela em várias culturas ao redor do mundo. Parece que de fato estamos encontrando tais vestígios, e muitos concordam com as narrativas védicas em detalhes específicos, como a localização da morada de Surt ou a perda de uma perna por era universal por parte do búfalo sagrado. Uma vez que esta civilização começou a perder sua influência milhares de anos atrás, no começo de Kali-yuga, esperaríamos que muitos de tais vestígios se encontrassem fragmentados e sobrepostos por muitas adições posteriores, e isso também vemos. Assim, as evidências disponíveis parecem consistentes com a hipótese de uma origem védica.
Óvnis e Vimanas
Sri Nandanandana Dasa
No que diz respeito aos tópicos abordados na ciência védica, o tópico dos aeroplanos védicos, ou vimanas, é muito interessante. Algumas destas informações são tão incríveis que, para algumas pessoas, beira a ficção científica. Contudo, à medida que expomos e explicamos a questão, temos bastante espaço para refletir.
Antes de tudo, precisamos entender que a concepção védica do tempo universal é dividida em diferentes períodos. Por exemplo, um período chamado de um dia de Brahma equivale a 4.320.000.000 de nossos anos na Terra. A noite de Brahma tem a mesma duração, e há 360 de tais dias e noites em um ano de Brahma. Cada dia de Brahma é dividido em mil ciclos de quatro yugas, a saber, Satya-yuga, Treta-yuga, Dvapara-yuga e, por fim, Kali-yuga, que é o yuga em que estamos vivendo neste momento.
Satya-yuga dura 1.728.000 anos, e é uma era de pureza, na qual todos os residentes vivem vidas muito longas e podem ser completamente desenvolvidos em entendimento espiritual e habilidades místicas e poderes notáveis. Algumas dessas habilidades, ou siddhis místicos, incluem mudar a própria forma, tornar-se muito grande ou microscopicamente pequeno, tornar-se muito pesado ou mesmo sem peso, pegar qualquer objeto que se deseje, tornar-se livre de todos os desejos ou mesmo voar pelo céu para onde quer que se deseje ir pela mera vontade. Nesse tempo, portanto, não existia a necessidade de máquinas para voo mecânico.
Conforme os yuga avançam, a pureza das pessoas, bem como suas habilidades místicas, decrescem em 25% a cada era. A era de Treta-yuga dura 1.296.000 anos. Durante essa era, a mente da humanidade se torna mais densa, e a habilidade para entender os princípios espirituais superiores do caminho védico também é reduzida. Naturalmente, a habilidade para voar pelo céu através do próprio poder se perdeu. Depois de Treta-yuga, há Dvapara-yuga, que dura 864.000 anos, e, por fim, Kali-yuga, que dura 432.000 anos, dos quais 5.000 já passaram. Ao final de Kali-yuga, a era de Satya-yuga é reiniciada, e os yugas continuam em mais um ciclo. Mil de tais ciclos constituem um dia de Brahma. Agora que estamos em Kali-yuga, quase todo o entendimento espiritual desapareceu, e quaisquer habilidades místicas que permanecem são quase insignificantes.
Explica-se que somente com o início de Treta-yuga o desenvolvimento de vimanas aconteceu. Com efeito, descreve-se que o senhor Brahma, o principal semideus e engenheiro do universo, desenvolveu muitos vimanas para alguns dos outros semideuses. Esses tinham várias formas naturais, que incorporavam o uso de asas, como de pavões, águias, cisnes etc. Outros vimanas foram desenvolvidos para os seres humanos mais sábios pelos grandes videntes da sabedoria védica.
Foto: O avatara Rama, junto de Seus associados,
desembarca de um vimana de Treta-yuga.
Desses três tipos, são listadas 25 variações dos mantrika vimanas, 56 variações dos tantrica vimanas, e 25 variedades dos kritakah vimanas, aqueles vistos hoje em Kali-yuga. Todavia, quanto ao formato e à construção, explica-se que não há nenhuma diferença entre esses vimanas, mas apenas em relação a como eram abastecidos e propelidos, que seria por mantras, tantras ou motor mecânico.
Foto: Desenho de 1923 de um Tripura Vimana,
um dos vinte e cinco tipos de vimanas de Kali-yuga.
“Dentro da estrutura circular de ar, coloque o motor de mercúrio com sua caldeira elétrica/ultrassônica de mercúrio no centro inferior. Por meio do poder latente no mercúrio que coloca em movimento o redemoinho de condução, um homem sentado em seu interior pode viajar a uma grande distância no céu de maneira absolutamente maravilhosa. Quatro fortes estocadores de mercúrio têm que ser construídos no interior da estrutura. Uma vez que estes tenham sido aquecidos por fogo controlado a partir dos estocadores de ferro, o vimana desenvolve o poder de um raio através do mercúrio. Imediatamente, ele se torna como uma pérola no céu”.
Foto: Desenho de 1923 de um Sundara Vimana,
um dos vinte e cinco tipos de vimanas de Kali-yuga.
Outros textos também apresentam instruções para evitar naves inimigas, como ver os ocupantes na nave inimiga e ouvir o que estão dizendo, como se tornar invisível e até mesmo quais táticas usar em caso de colisão com aves. Alguns desses vimanas não apenas voam no céu, mas também podem manobrar em terra e debaixo d’água.
Há muitos antigos textos védicos que descrevem ou contêm referências a esses vimanas, incluindo o Ramayana, o Mahabharata, o Rig Veda, o Yajur Veda, o Atharva Veda, o Yuktilkalpataru de Bhoja (século XII d.C.), o Mayamatam (atribuído ao arquiteto Maya), além de outros textos védicos clássicos, como Satapatha Brahmana, Markandeya Purana, Vishnu Purana, Bhagavata Purana, Harivamsha, Uttararamcharita, Harshacharita, o texto tamil Jivakachintamani e outros.
A partir das várias descrições desses escritos, encontramos vimanas em muitos diferentes formatos, incluindo formatos similares a longos charutos, zepelins, discos voadores, triângulos e até mesmo com dois andares, torres de vigia e um domo no topo de uma nave circular. Alguns são silenciosos, alguns cospem fogo e fazem barulho, alguns têm um barulho zunidor e alguns desaparecem por completo.
Tais variadas descrições não são distintas dos relatos de óvnis vistos na atualidade. Com efeito, David Childress, em seu livro Vimana Aircraft of Ancient India & Atlantis, apresenta muitos relatos, tanto recentes como de até cem anos atrás, que descrevem testemunhos oculares de encontros com óvnis que não são diferentes em tamanho e formato daqueles descritos nos textos védicos antigos.
Foto: Suposto disco voador fotografado em Nova Jersey, E.U.A., em julho de 1952.
Além disso, quando os pilotos são vistos próximo, quer fazendo reparos em suas naves, quer saindo da mesma para olhar ao redor, eles são humanoides, por vezes com aparência oriental, em vestes que são relativamente modernas em estilo. Em outros relatos, lemos descrições em que a nave tem seres de aparência alienígena como passageiros e os seres humanos estão pilotando a nave.
Isso significa que tais relatos são de antigos vimanas que existem ainda na atualidade? Estarão eles em alguma caverna subterrânea em algum lugar do planeta? Ou são máquinas construídas modernamente usando as descrições antigas dos textos védicos? Os óvnis vistos ao redor do mundo talvez não sejam de alguma galáxia distante, mas podem ser de uma sociedade humana secreta ou mesmo de alguma instalação militar.
Em todo caso, muitos dos mais antigos textos védicos descrevem viagens interplanetárias e os veículos capazes de fazer isso, o que fazem de maneiras não encontradas em nenhuma outra literatura, sobretudo em relação aos detalhes das descrições. Assim, certamente sabiam sobre máquinas voadoras, ou, então, como poderiam ter escrito sobre elas?
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.REFERÊNCIAS
[1] E. C. Sachau, trans., Alberuni’s India (Delhi: S. Chand & Co., 1964), pp. 383-4. [2] J. E. Brown, ed., The Sacred Pipe (Baltimore: Penguin Books, 1971), p. 9. [3] D. Neugebauer, History of Ancient Mathematical Astronomy (Berlin: Springer-Verlag, 1975), pp. 608-9. [4] J. D. North, “Chronology & the Age of the World,” in Cosmology, History & Theology, eds. Wolfgang Yourgrau and A. D. Breck (N. Y.: Plenum Press, 1977), p. 315. [5] D. W. Patten and P. A. Patten, “A Comprehensive Theory on Aging, Gigantism & Longevity,” Catastrophism & Ancient History, Vol. 2, Part 1 (Aug. 1979), p. 24. [6] J. D. North, Ibid., p. 316-7. [7] D. W. Patten, Ibid., p. 29. [8] V. Rydberg, Teutonic Mythology, R. B. Anderson, trans. (London: Swan Sonnenschein & Co., 1889), pp. 88,94. [9] Ibid., pp. 448-9.
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