MARCELO GLEISER
Quem teme a Singularidade?
A crença na imortalidade
por meio das máquinas lembra outra muito antiga,
no triunfo da alma humana
VOCÊ ESTÁ preparado para virar um deus?
"A Singularidade Está Próxima" é um documentário dirigido por Anthony Waller e codirigido pelo famoso inventor e autor Ray Kurzweil. No Brasil, existe a tradução do seu "A Era das Máquinas Espirituais", pela editora Aleph. Eis a sinopse do filme:
"No século 21, nossa espécie vai se libertar do seu legado genético e atingirá um nível inimaginável de inteligência, progresso material e longevidade; consequentemente, a definição de "ser humano" será enriquecida e transformada. O celebrado futurista Ray Kurzweil apresenta uma visão que é a culminação dramática de séculos de desenvolvimento tecnológico e que transformará o nosso destino".
De acordo com Kurzweil, o avanço tecnológico e, em particular, o avanço na velocidade de processamento e de memória de dados, é tão rápido que em breve atingiremos um ponto no qual máquinas serão capazes de superar o cérebro humano. Ele prevê que a humanidade atingirá um ponto final, a "Singularidade". De lá em diante, algo novo e imprevisível, talvez um híbrido de máquina e humano, talvez apenas máquina, existirá, matéria inanimada imitando a vida em estado de animação virtual.
A esperança de Kurzweil e outros entusiastas da Singularidade é que velocidades altas de processamento, mais o acesso ilimitado a dados, podem simular o cérebro: máquinas com altíssima complexidade computacional podem criar uma ultrainteligência emergente. Humanos, preparem-se, pois o seu fim está próximo! E a data foi marcada para 2045.
Kurzweil não é nem bobo nem louco. Apesar de ter vários críticos, é um inventor reconhecido, vencedor de vários prêmios. Stevie Wonder foi o primeiro a comprar a sua máquina de leitura para cegos; seus sintetizadores são famosos.
Ele fundou a Universidade da Singularidade, hospedada no Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, e parcialmente financiada pelo Google, na qual executivos fazem cursos para se preparar para a Singularidade. (Lembram os evangélicos se preparando para o Apocalipse.) Kurzweil quer mais do que máquinas ultrainteligentes; quer ser imortal também. Acredita que a morte é uma doença curável, e que os avanços da medicina e da genética permitirão estender a longevidade indefinidamente. Esses seres imortais não serão de carne e osso, mas máquinas espirituais dotadas de nossa consciência e memória. A felicidade, e outras qualidades e emoções, como a generosidade e o ódio, terão de ser repensadas.
Teremos de rever tudo, e o pior é que nem sabemos como começar.
"Singularidade" significa um ponto no qual nosso conhecimento deixa de funcionar, onde as leis deixam de ser leis. Será que devemos levar isso a sério? Sim, devemos.
Apesar de várias questões (a extrapolação de Kurzweil é baseada em dados passados; não há garantia que funcionará no futuro), nossa simbiose com as máquinas de silício é cada vez maior. Você vê isso na rua, com as pessoas e seus celulares e bluetooths como extensões de seus braços e ouvidos. Por outro lado, a crença na Singularidade me parece a versão moderna duma crença muito antiga, a do triunfo final da alma humana.
MARCELO GLEISER
é professor de física teórica no Dartmouth College,
em Hanover (EUA),
e autor do livro "Criação Imperfeita"
João Carlos Holland Barcellos
- "Jocax"-
Acho que mais um pouco de reflexão e começam a entender DEUX ( http://stoa.usp.br/deux/ files/-1/8794/deux.htm )
eles nao estao percebendo que mudando o ser humano,
eles nao estao percebendo que mudando o ser humano,
suas caracteristicas e personalidade, estarão criando um OUTRO ser
Dessa forma o que eles deverão perceber é que o sentimento do novo ser é que irá sobreviver e o que importa, e não o sentimento da consciência individual que o originou e que está fadada a morte.
A ideia está ligada ao EMPATISMO : Nao importa de onde a felicidade venha o importante é que ela exista o ser individual nao é importante no sentido de que quer egoisticamente permanecer existindo se a felicidade pode se ampliar com novos seres o ser egoista-individualista deve entender que poderia - e que talvez precise - dar lugar a outro que fará melhor uso da sua capacidade de sentir.
Pensem numa ultra sociedade ( ainda utópica ) hiper-avancada onde não exista mais problemas sociais e que a vida seria puro prazer e conhecimento. Para que esta sociedade mais feliz possa existir , os dinossauros ( que somos nós) precisam desaparecer para ceder espaço e oportunidade para esta evolução. Devido a limitação de recursos isto é , infelizmente, necessário.
Assim sendo, NÃO deveríamos buscar a nossa própria imortalidade pois estaríamos bloqueando a oportunidade de ocorrer a evolução para seres com mais capacidade de sentir e potencializar uma felicidade maior.
[]s
jocax
Fonte:
Folha de São Paulo, domingo, 27 de março de 2011
"GENISMO"
"Joao Carlos Holland de Barcellos" <jocaxx@gmail.com>
Genismo · Genismo - um novo paradigma
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