Há dois hinos que são geralmente chamados de Stabat Mater, o conhecido como Stabat Mater Dolorosa (sobre as Dores de Maria) e o Stabat Mater Speciosa (que, de maneira alegre, se refere ao Nascimento de Jesus)[1]. O termo, porém, é mais utilizado para o primeiro caso, um hino em honra a Maria do século XIII, atribuído ao franciscano Jacopone da Todi ou ao papa Inocêncio III[2][3][4].
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Dolorosa
O título do hino mais triste é um incipit da primeira linha, Stabat mater dolorosa (que significa "A mãe permaneceu cheia de tristeza")[5]. O hino chamado de Dolorosa, um dos mais pungentes e diretos poemas medievais, medita sobre o sofrimento de Maria, a mãe de Jesus, durante a crucificação. Ele é cantado em honra à Nossa Senhora das Dores.
O Dolorosa já recebeu diversas composições musicais por diversos artistas, principalmente Palestrina, Pergolesi, Scarlatti, Vivaldi, Haydn, Rossini e Dvořák.
O Dolorosa era bem conhecido já no final do século XIV e Georgius Stella escreveu sobre a sua utilização em 1388, com outros autores corroborando a afirmação mais para o final do século. Na Provença, por volta de 1399, ele era utilizado em procissões que duravam nove dias[1].
Como sequência litúrgica, o Dolorosa foi suprimido, juntamente com centenas de outras, pelo Concílio de Trento, mas retornou ao missal por ordem do papa Bento XIII, em 1727, na festa de Nossa Senhora das Dores[6].
Speciosa
O hino mais alegre, Stabat Mater Speciosa ("A mãe permaneceu, bela")[1][7] apareceu pela primeira vez numa edição de 1495 dos poemas de Jacopone da Todi contendo ambos os stabats. Porém, o Speciosa permaneceu praticamente esquecido até reaparecer no "Poètes Franciscains en Italie au Treizième siècle", em Paris[1]. O Speciosa desde então tem sido visto como um dos mais doces hinos em honra a Maria e um dos sete grandes hinos latinos[8][9].
Texto e tradução
A tradução a seguir, Ricardo Dias Neto, não é literal. Ao invés disso, ela se adequa à métrica do tetrâmetro trocaico, ao esquema rítmico e ao senso do texto original[10].
Stabat mater dolorosa juxta Crucem lacrimosa, dum pendebat Filius. Cuius animam gementem, contristatam et dolentem pertransivit gladius. O quam tristis et afflicta fuit illa benedicta, mater Unigeniti! Quae moerebat et dolebat, pia Mater, dum videbat nati poenas inclyti. Quis est homo qui non fleret, matrem Christi si videret in tanto supplicio? Quis non posset contristari Christi Matrem contemplari dolentem cum Filio? Pro peccatis suae gentis vidit Iesum in tormentis, et flagellis subditum. Vidit suum dulcem Natum moriendo desolatum, dum emisit spiritum. Eia, Mater, fons amoris me sentire vim doloris fac, ut tecum lugeam. Fac, ut ardeat cor meum in amando Christum Deum ut sibi complaceam. Sancta Mater, istud agas, crucifixi fige plagas cordi meo valide. Tui Nati vulnerati, tam dignati pro me pati, poenas mecum divide. Fac me tecum pie flere, crucifixo condolere, donec ego vixero. Juxta Crucem tecum stare, et me tibi sociare in planctu desidero. Virgo virginum praeclara, mihi iam non sis amara, fac me tecum plangere. Fac, ut portem Christi mortem, passionis fac consortem, et plagas recolere. Fac me plagis vulnerari, fac me Cruce inebriari, et cruore Filii. Flammis ne urar succensus, per te, Virgo, sim defensus in die iudicii. Christe, cum sit hinc exire, da per Matrem me venire ad palmam victoriae. Quando corpus morietur, fac, ut animae donetur paradisi gloria. Amen. | De pé, a mãe dolorosa junto da cruz, lacrimosa, via o filho que pendia. Na sua alma agoniada enterrou-se a dura espada de uma antiga profecia Oh! Quão triste e quão aflita entre todas, Mãe bendita, que só tinha aquele Filho. Quanta angústia não sentia, Mãe piedosa quando via as penas do Filho seu! Quem não chora vendo isso: contemplando a Mãe de Cristo num suplício tão enorme? Quem haverá que resista se a Mãe assim se contrista padecendo com seu Filho? Por culpa de sua gente Vira Jesus inocente Ao flagelo submetido: Vê agora o seu amado pelo Pai abandonado, entregando seu espírito. Faze, ó Mãe, fonte de amor que eu sinta o espinho da dor para contigo chorar: Faze arder meu coração do Cristo Deus na paixão para que o possa agradar. Ó Santa Mãe dá-me isto, trazer as chagas de Cristo gravadas no coração: Do teu filho que por mim entrega-se a morte assim, divide as penas comigo. Oh! Dá-me enquanto viver com Cristo compadecer chorando sempre contigo. Junto à cruz eu quero estar quero o meu pranto juntar Às lágrimas que derramas. Virgem, que às virgens aclara, não sejas comigo avara dá-me contigo chorar. Traga em mim do Cristo a morte, da Paixão seja consorte, suas chagas celebrando. Por elas seja eu rasgado, pela cruz inebriado, pelo sangue de teu Filho! No Julgamento consegue que às chamas não seja entregue quem por ti é defendido. Quando do mundo eu partir dai-me ó Cristo conseguir, por vossa Mãe a vitória. Quando meu corpo morrer possa a alma merecer do Reino Celeste, a glória. Amém. |
Pablo Picasso
Li
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Stabat_Mater
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