MARTIN HEIDEGGER
(1889-1976)
Filósofo alemão
Martin Heidegger nasceu em Messkirch no dia 26 de setembro de 1889, região de Baden (sul da Alemanha). Realizou sua formação filosófica na Universidade de Freiburg-im-Breisgau, onde estudou com Husserl (método fenomenológico) e Ricket (filosofia da Grécia Antiga). Despertou para a filosofia entrando em contato com o livro de Bretano "Sobre os diversos sentidos do ente segundo Aristóteles".
Entre 1910 e 1914 entra em contato com a obra de Nietzsche, Kierkegaard e Dostoiévski. Demonstra interesse por Hegel e Schelling, como também por poemas de Rilke e Tralk e as obras de Wilhelm Dilthey. Estas leituras levarão Heidegger a colocar em questão toda a orientação metafísica do pensamento ocidental. Em 1914 torna-se Doutor e publica "A Teoria do Juízo no Psicologismo - Contribuição Crítica Positiva à Lógica". Por volta de 1916 habilitou-se para o magistério na Universidade de Freiburg, ministrando aulas sobre "Conceito de Tempo nas Ciências Históricas".
Em 1919 Heidegger
passa a ser assistente de Husserl
e comenta semanalmente a obra
"Investigações Lógicas" de Husserl.
Assumiu, em 1923, uma das cátedras de filosofia da Universidade de Marburg, e projetou-se entre os especialistas através de interpretações pessoais de pensadores pré-socráticos como: Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia. Publicou "Ser E Tempo" (1927), seu mais conhecido trabalho, inacabado.
Através dele Heidegger projetou-se como o mais famoso representante da filosofia existencialista, qualificação esta que mais tarde repudiou. Substituí Husserl na Universidade de Freiburg em 1928, sendo nomeado 5 anos mais tarde reitor desta universidade, ano este de ascensão de Hitler ao cargo de Chanceler da Alemanha.
Em seu discurso de posse, deu boas vindas ao regime nazista, expressando suas esperanças numa "completa revolução da existência germânica". Nesta época afasta-se de Husserl, que era judeu.
Heidegger chega a convocar o povo alemão à recriar o grande começo do pensamento ocidental, pois acredita que a Alemanha esteja esmagada entre a União Soviética e Estados Unidos, chegando a afirmar que só é possível filosofar em duas línguas: o grego e o alemão. Demite-se do cargo em 1935, mas permanece na Universidade como professor até o final da Segunda Guerra Mundial. É licenciado temporariamente por supostas simpatias pelo o regime nazista.
Antes do término da Segunda Guerra Mundial vive em isolamento em sua casa nas montanhas da Floresta Negra. Após 1952, ao aposentar-se como professor da Universidade de Freiburg, mantinha contato com poucos amigos e alunos.
Falece em 1976 em Freiburg-im-Breisgau. Deve a Husserl o passo que o levou a fenomenologia, sofrendo também influência de Aristóteles, por ser o formulador da teoria do Ser enquanto Ser. Estudou ainda Kant, Fichte, Descartes, Schelling, etc.
Desde o início Heidegger difere de Husserl
pois não pretende seguir o seu caminho do transcedentismo,
intencionando desligar o método fenomenológico
do idealismo transcedental das idéias.
O pensamento heideggeriano surgiu em uma época em que devido a Primeira Guerra Mundial, os homens tem seus valores tradicionais e seu orgulho de sua civilização colocados em questão. Este pensamento pretende representar a recolocação dos problemas fundamentais da filosofia que é a questão do Ser. O filosofar heideggeriano é uma constante interrogação a este respeito.
Através de sua obra "Ser e Tempo", Heidegger aborda a questão do Ser através do método fenomenológico, fazendo da reflexão acerca do Ser seu ponto de partida.
Este autor aponta o fato de que,
através do próprio homem,
é que se dá o caminho para se conhecer o Ser.
O homem em sua solidão
interroga-se sobre sí mesmo,
colocando-se em questão e refletindo sobre ele mesmo,
e neste momento o Ser dá-se a conhecer.
O objetivo da reflexão filosófica encontra-se no fato de que o filósofo, partindo da existência humana (Dasein - ser-aí), procura desvendar o ser em sí-mesmo. Este pensador acredita que o Ser do homem não pode ser reduzido a filosofia ocidental, que o identifica através da objetividade.
O ser-aí não pode ser então uma simples presença, por que ele é aquele ente para o qual as coisas estão presentes. Não é uma simples presença, uma vez que o ser-aí é um ser-possível, é sempre aquilo que pode ser.
Na primeira parte de "Ser e Tempo", Heidegger descreve a vida cotidiana do homem, considerada por ele como uma forma de existência inautêntica constituída por três aspectos: facticidade, existencialidade e a ruína.
A inautenticidade
refere-se ao distanciamento do homem
de sua condição real, de como ele se ocupa do mundo
e distrai-se de sua condição enquanto um ser mortal.
A autenticidade
é justamente quando o homem pode
conviver com sua condição enquanto ser-para-a-morte.
O homem é
um ser de possibilidades infinitas,
as quais ele vai "escolhendo" realizar
enquanto vive, mas esta possibilidade da morte
é a única que lhe é dada como certa.
Na segunda seção de sua obra, surge a noção de angústia. Esta faz-se presente quando o homem passa a assumir-se nesta projeção futura da morte.
A angústia heideggeriana,
possibilita que o homem possa resgatar-se
do viver cotidiano indo ao encontro de sua totalidade.
Ela está sempre presente
tanto no distanciamento quanto na aproximação do eu,
podendo ser vivida como medo no distanciamento.
Outra questão importante que Heidegger apresenta neste livro é a questão do tempo. O autor encontra na temporalidade uma dimensão fundamental da existência humana, pois o ser-aí tem como condição realizar-se nas suas possibilidades no seu vir-a-ser. Este filósofo acredita que há sempre no Dasien a presença de uma tensão constante, de uma inquietação relativa ao tempo, entre aquilo que o Dasein é , o seu vir-a-ser e seu passado.
A vivência da temporalidade
pode dar-se na inautenticidade
assim como na autenticidade.
A autenticidade da temporalidade
dá-se através da inquietação, que possibilita
com que o homem ultrapasse o estágio da angústia
e retome o seu destino em suas próprias mãos.
A inautenticidade dá-se no distanciamento dele próprio, como se fosse levado pelo destino. É comum os estudiosos de Heidegger referirem-se a ele como o "Primeiro Heidegger" e o "Segundo Heidegger", pois as seções que seguiram esta teoria jamais foram publicadas, e suas colocações que seguem esta obra são diferentes das apresentadas até então.
O autor recusa a idéia de que sua suposta segunda fase tenha representado um abandono desta primeira. Simplesmente ocorre uma modificação, na qual Heidegger não considera mais a existência humana como ponto de partida de entrada para o Ser, mas sim o Ser passa a ser a abertura para a possível compreensão da existência humana.
Em suas últimas obras o Ser não é apresentado como ente algum, nem como princípio dos entes, nem como fundamento da realidade. Ele, de certa forma identifica-se com o nada, mas apesar disto ele é.
O Ser é visto como algo
que não pode ser compreendido
através de nenhum ente,
pois ele é a própria realidade.
Obras publicadas:
"A Doutrina das Categorias e das Significações de Duns Scott" (1916);
"Que é Metafísica? ",
"Kant e o Problema da Metafísica",
"Sobre a Essência do Fundamento" (1929);
"Holderlin e a Essência da Poesia" (1936);
"Sobre a Essência da Verdade" (1943);
"A Doutrina Platônica Da Verdade" (1947);
"Sobre o Humanismo" (1949);
"O Caminho do Campo",
"Introdução à Metafísica" (1953);
"Que Significa Pensar?",
"Sobre a Experiência do Pensar",
"Cursos e Conferências" (1954);
"Que é Isto - a Filosofia? ",
"Sobre a questão do Ser" (1956);
"Identidade e Diferença",
"O Princípio do Fundamento",
"Sendas Perdidas" (1957);
"Serenidade",
"Pelos Caminhos da Linguagem" (1959);
"Nietzsche" (1961);
"A Questão da Coisa",
"A Tese de Kant Sobre o Ser" (1963);
"A Questão do Pensar" (1969);
"Heráclito" (1970).
Fonte:
ANAXIMANDRO
Professor.Carlos A.Guzzo
Professor.Carlos A.Guzzo
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