segunda-feira, 25 de julho de 2011

A SANTÍSSIMA TRINDADE


Artigo sobre o dogma da Santíssima Trindade. 

Primeiramente, cabe contar uma pequena história que nos ajudará a entender a posterior explicação. 

Conta-se que Santo Agostinho andava em uma praia meditando sobre o mistério da Santíssima Trindade: um Deus em três pessoas distintas... 
 
Enquanto caminhava, observou um menino que portava uma pequena tigela com água. A criança ia até o mar, trazia a água e derramava dentro de um pequeno buraco que havia feito.
Após ver repetidas vezes
o menino fazer a mesma coisa, resolveu interrogá-lo sobre o que pretendia.
O menino, olhando-o, respondeu com simplicidade: -"estou querendo colocar a água do mar neste buraco". 

Santo Agostinho sorriu e respondeu-lhe: -"mas você não percebe que é impossível?". 

Então, novamente olhando para Santo Agostinho, o menino respondeu-lhe: "ora, é mais fácil a água do mar caber nesse pequeno buraco do que o mistério da Santíssima Trindade ser entendido por um homem!". E continuou: "Quem fita o sol, deslumbra-se e quem persistisse em fitá-lo, cegaria. Assim sucede com os mistérios da religião: quem pretende compreendê-los deslumbra-se e quem se obstinasse em os perscrutar perderia totalmente a fé" (Sto. Agost).
Só poderíamos compreender perfeitamente a Santíssima Trindade se nós fossemos 'deus'. 
 
Podemos, contudo, por meio da razão iluminada pela fé, chegar a um conhecimento muito útil dos mistérios, considerando certas analogias da natureza. Citemos algumas: o raio branco de luz, sendo apenas um, pode ser decomposto em vermelho, amarelo e azul; a ametista brilha de três cores diferentes, segundo o lado em que se observa: é purpúrea, violeta e rósea, sem ser mais do que uma pedra. O fogo queima, ilumina e aquece, sendo apenas fogo, etc. 

Bem, a Santíssima Trindade é superior à capacidade humana de entendimento, mas não contraria a razão. Dizer que existe "um Deus em três pessoas" é superior à capacidade de compreensão humana, mas não é o mesmo que dizer que é "um Deus em três deuses", que seria contrariar a razão humana.
Ou seja, o mistério é conhecido, mas não é compreendido em sua totalidade.
Sabendo disso, a Igreja aconselha muita cautela na busca de conhecer certos mistérios superiores à nossa compreensão, conforme ensina o Catecismo Romano, transcrevendo a Bíblia:
 
"Quem quer sondar a majestade, 
será oprimido pelo peso de sua glória" 
(Prov. 25, 27). 

O Conhecimento através da Revelação
Portanto, a Santíssima Trindade só é conhecida através da Revelação, através das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, que era Deus e Homem verdadeiro.
Disse Nosso Senhor: "Ensinai todas as gentes, e batizai-as em nome do Padre, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28, 19). Na sua última prece, o Salvador pede que seus discípulos sejam um como seu Pai e Ele não são mais que um (S. Jo., 17, 21). Também afirma: "Meu Pai e eu somos um" (Jo., 10, 30), deixando clara a unidade de natureza entre o Pai e o Filho. 

Em diversas passagens, os apóstolos reconhecem Nosso Senhor como "Filho de Deus", que prometeu enviar o "Espírito Santo" sobre eles, que ressuscitou dos mortos ao terceiro dia pelo seu próprio poder, etc. 

Na promessa de enviar o Espírito Santo, Nosso Senhor, antes de se elevar ao Céu, anunciou aos Apóstolos que o Pai lhes enviará o Espírito Santo, que os ensinaria e os fortaleceria na fé: "Rogarei a meu Pai e Ele vos mandará outro consolador" (Jo 14, 16, 26), "o espírito da verdade" que "vos ensinará tudo" (Jo, 14, 26). Ora, como não há ninguém senão Deus (a verdade), capaz de ensinar tudo, resulta dessas palavras que tal consolador é Deus, como o Pai e o o Filho que hão de mandá-lo. S. Pedro repreende Ananias que procurou iludir o Espírito Santo, e acusa-o de ter assim mentido a "Deus", não aos homens (Act. 4, 5, 11) 
 
Na mesma passagem sobre o Espírito Santo,
fica claro que as pessoas são distintas:
O Pai que envia, o Filho que roga ao Pai, 
o Espírito Santo que será enviado. 

Em II Cor, 13, 13 está escrito: "Estejam com todos vós a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo"!.
No "batismo" de Nosso Senhor, ao sair da água, os céus se abriram e o "Espírito, como uma pomba", desceu sobre Nosso Senhor e uma voz "veio dos Céus: "Tu és o meu filho amado, em ti me comprazo". 

Em São Mateus, lemos: "Só o Pai conhece o Filho e o Filho conhece o Pai"(Mt 11, 27; Lc. 10, 22). Em S. João, está que o Espírito Santo "procede do Pai", que é "enviado pelo Filho" (Jo 15, 26; 16, 7). 

Respondendo a Felipe, que lhe havia pedido para ver o Pai: "Filipe, quem me viu, viu também o Pai. Como é que dizes: Mostra-nos o Pai? Então não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim" (Jo, 14, 9 e 10).
O mesmo que Jesus Cristo explica da sua união com o Pai, afirma-o igualmente do Espírito Santo. 
 
"Quando tiver vindo o Consolador que eu vos mandarei de junto de meu Pai, o Espírito de verdade que procede do Pai, Ele dará testemunho de mim" (Jo, 15, 26). Ora, o que procede de Deus tem, forçosamente, natureza idêntica à de Deus. 

Dessa forma, fica clara a distinção de três pessoas em um só Deus, ou seja, três pessoas de mesma natureza, poder e glória. 

Já no Antigo Testamento a Trindade estava implícita. Citemos algumas passagens: Os sacerdotes judeus deviam, ao abençoar o povo, invocar três vezes o nome de Deus (Num. 6, 23). Isaías diz-nos (6, 3) que os Serafins cantam nos céus: Santo, santo, santo é o Deus dos exércitos. 
 
Notemos sobretudo o estranho plural empregado por Deus na criação do homem: "façamos o homem à nossa imagem e semelhança"(Gen. 1, 26). No momento da confusão de Babel: 
 
"Vinde, diz o Senhor, confundamos a sua linguagem" (Gen. 11, 7).
 
Por que esse plural? 
 
Já, depois da culpa de Adão, o mesmo livro sagrado representa Deus dizendo ironicamente:
 
"Portanto eis Adão que se tornou com um de nós, 
vamos agora impedir-lhe que levante a mão 
à árvore da vida" 
(Gen. 3, 22). 
 
E David escrevia no Salmo CIX: "Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te à minha direita". 

Encontram-se, no Antigo Testamento, duas expressões para designar a divindade: uma é "Jehováh", outra é "Eloim". Pelo parecer de todos os hebraizantes, a primeira se aplica ao mesmo ser de Deus, à sua suprema essência: está sempre no singular. A segunda exprime a idéia da presença de Deus e do seu poder: vem sempre no plural e significa "os deuses"; mas, o que não deixa de surpreender é que esta palavra sempre no plural, rege sempre no singular o verbo que a segue. 
 
Assim o primeiro versículo da Bíblia traduzir-se-ia literalmente: "No princípio, "os deuses" fez o céu e a terra". Os sábios não duvidam em ver, nesta palavra "Eloim" e no modo de se usar dela, uma expressão que deixa entender a existência de várias pessoas em Deus. 

Na Tradição da Igreja 
encontramos várias provas
da Santíssima Trindade.
 
a) Testemunho dos Mártires.
Era para confessar a sua fé na divindade das três pessoas e particularmente em Nosso Senhor, que numerosos mártires sofriam os suplícios mais cruéis. Assim, para citarmos um exemplo apenas, S. Policarpo (166), discípulo de S. João, exclamava em frente da fogueira acesa: "Eu vos glorifico em todas as coisas, a vós, ó meu Deus, com vosso eterno e divino Filho, Jesus Cristo, a quem, com o Espírito Santo, seja honra, agora e para sempre". 

b) Testemunho dos Padres da Igreja.
Nos escritos de certos Padres, encontram-se testemunhos valiosíssimos desta nossa crença. Santo Inácio de Antioquia fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo como sendo três pessoas às quais devemos respeito igual. Santo Irineu diz que "a Igreja, espalhada pelos Apóstolos até os confins do universo, crê em Deus Pai todo-poderoso, em Jesus Cristo, seu Filho, encarnado por nossa salvação e no Espírito Santo que falou pelos profetas". Claríssimas são, também, na sua conclusão, as palavras de Tertuliano: "O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito-Santo é Deus e Deus é cada um deles". 

c) Prática da Igreja. De acordo com sua crença, a Igreja sempre administrou o batismo em nome das três pessoas. Ocupa o primeiro lugar na liturgia, o mistério da Santíssima Trindade. Dela fazem menção todas as bênçãos, todas as orações, todas as cerimônias, quer por meio do sinal da cruz, quer pela dexologia: "Glória ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo". 

Ademais, sem a divindade de Nosso Senhor, não haveria a redenção, que consiste na crucifixão e morte de Nosso Senhor sobre a Cruz. Se Cristo não fosse Deus, o "pecado original" e os nossos "pecados atuais" não poderiam ter sido remidos, visto terem um valor infinito (pois foram praticados contra Deus, que é infinito) e precisarem de um ser infinito para os expiar. 

Uma  pequena explicação filosófica
Para dar uma explicação mais simples, sendo Deus onipotente e sendo o existir próprio à eternidade de Deus e à sua natureza: "Eu sou aquele que é", a imagem que Deus tem de si mesmo é o seu Filho, o verbo de Deus.
A este pensamento vivo em que Deus se expressa perfeitamente a si mesmo chamamos Deus Filho. Deus Pai é Deus conhecendo-se a si mesmo; Deus filho é a expressão do conhecimento que Deus tem de si. Assim, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade é chamada Filho, precisamente porque é gerada desde toda a eternidade, engendrada na mente divina do Pai. Também a chamamos Verbo de Deus, porque é a "palavra mental" em que a mente divina expressa o pensamento sobre Si mesmo. 

Depois, Deus Pai (Deus conhecendo-se a Si mesmo) e Deus Filho (o conhecimento de Deus sobre Si mesmo) contemplam a natureza que ambos possuem em comum. Ao verem-se (falamos, naturalmente, em termos humanos), contemplam nessa natureza tudo o que é belo e bom - quer dizer, tudo o que produz amor - em grau infinito. E assim, a vontade divina origina um ato de amor infinito para com a bondade e a beleza divinas. Uma vez que o amor de Deus por Si mesmo, tal como o conhecimento de Deus sobre Si mesmo, é da própria natureza divina, tem que ser um amor vivo. 
 
Este amor, infinitamente intenso, 
que eternamente flui do Pai e do Filho, 
é o que chamamos Espírito Santo, 
que procede do Pai e do Filho. 
É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. 

Para deixar mais claro o assunto, ainda é necessário fazer uma distinção entre a pessoa (personalidade), e a natureza (que em Deus se confunde com a e essência e a substância). 

O Mistério da Santíssima Trindade consiste propriamente no fato de uma essência ou natureza única que subsiste em três pessoas.
Pessoa é a substância completa dotada de razão individual e autônoma. Na verdade, possuem todos os homens a mesma natureza: todos têm corpo e alma racional. Entretanto, esta natureza comum existe em cada um deles de modo diferente. Ora, o que distingue um homem de outro homem, o que cada um tem de especial, é que constitui sua autonomia, seu "eu" e chama-se "personalidade", a "pessoa". 

Desta forma, Deus Filho 
tinha a mesma natureza de Deus Pai,
mas não era a mesma Pessoa. 

Uma explicação mais acessível
Suponha que você se olha em um espelho de corpo inteiro. Você vê uma imagem perfeita de si mesmo, com uma exceção: não é senão um reflexo no espelho. Mas se a imagem saísse dele e se pusesse ao seu lado, viva e palpitante como você, então sim, seria a sua imagem perfeita. Porém, não haveria dois 'vocês', mas um só 'você', uma natureza humana. Haveria duas 'pessoas', mas só uma mente e uma vontade, compartilhando o mesmo conhecimento e os mesmos pensamentos. 

Depois, já que o amor de si (o amor de si bom) é natural em todo ser inteligente, haveria uma corrente de amor ardente e mútuo entre você e a sua imagem. Agora, dê asas à sua fantasia e pense na existência desse amor como uma parte tão de você mesmo, tão profundamente enraizado na sua própria natureza, que chegasse a ser uma reprodução viva e palpitante de você mesmo. Este amor seria uma 'terceira pessoa' (mas, mesmo assim, nada mais que um 'você', lembre-se; uma só natureza humana), uma terceira pessoa que estaria entre você e a sua imagem, e os três, de mãos dadas: três pessoas numa só natureza humana. 

Esse exemplo, muito imperfeito, pode nos ajudar um pouco a entender a relação entre as três Pessoas da Santíssima Trindade: Deus Pai "olhando-se" a Si mesmo em sua mente divina (criadora) e mostrando ali a Imagem de Si, tão infinitamente perfeita que é uma imagem viva: Deus Filho; e Deus Pai e Deus Filho amando como amor vivo a natureza divina que ambos possuem em comum: Deus Espírito Santo. Três pessoas divinas, uma natureza divina. 

É claro, é só um exemplo, muito imperfeito, mas que nos ajuda a compreender o grande mistério que é a Santíssima Trindade, base de nossa Fé, fundamento de nossa Redenção, sustentáculo de nossas vidas e no qual, todos os dias, através do sinal da Cruz, nós afirmamos a nossa fé: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Extraído, com adaptações, de vários livros.

Fale Conosco e nos envie suas opiniões!
Voltar a seção Apologética Católica
Voltar à página inicial da Frente Universitária Lepanto


Artigos Relacionados:
    Espiritismo e os seus erros
Pertenece a: BDTD Ibict   BDTD Ibict   NDLTD Union Catalog  

Descripción: O estudo do tempo tem revelado duas situações de natureza antagônicas. A primeira é a simplicidade que envolve o tema. Sabemos sobre o tempo, sentimos o tempo. Quem não seria capaz de entender uma conversa que envolvesse tal assunto? Até mesmo as crianças falam do tempo com certa naturalidade. 

O tempo faz parte de nossa realidade e com ele convivemos bem, até que nos peçam para explicá-lo; até que se nos perguntem: o que é o tempo? De fato, essa pergunta tem sido o limite entre o conhecimento total e o desconhecimento total do tempo.

A segunda situação, decorrente do estudo do tempo, trata da complexidade que envolve esse tema. O tempo é, certamente, um dos enigmas mais antigos da humanidade. O problema ocupa posição de destaque na ciência, mas é no campo da investigação filosófica que alcança o ápice de sua complexidade. Desde os pré-socráticos, perpassando pela antiguidade clássica, pela filosofia medieval, moderna e, finalmente, na contemporânea, o tempo tem sido tema de destaque nas produções filosóficas.

Esse problema tem sido historicamente discutido em duas direções: sob o ponto de vista ontológico e sob o ponto de vista epistemológico. É o tempo um ser objetivo, isto é, existente independentemente do homem ou, ao contrário, tem sua existência decretada pela consciência humana? O presente trabalho tem o objetivo de responder a essa questão a partir de Agostinho de Hipona e de Henri Bergson. Um medieval, o outro contemporâneo.

Ambos de reconhecida autoridade no assunto. Abordaremos, em primeiro lugar, a natureza subjetiva do tempo. Em seguida, destacaremos uma das modalidades de tempo: o presente, com a finalidade de reforçar a tese da existência apenas subjetiva do tempo. Em terceiro e último lugar, abordaremos a questão da eternidade em Agostinho e a continuidade da duração da consciência em Bergson. 

Somando-se ao objetivo inicial, demonstraremos também que, em muitos aspectos, o pensamento bergsoniano se assemelha ao pensamento agostiniano do tempo






Fale Conosco e nos envie suas opiniões!
Voltar a seção Apologética Católica
Voltar à página inicial da Frente Universitária Lepanto
Frente Universitária Lepanto
http://www.lepanto.com.br/dados/ApSSTr.html
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Que tal comentar agora?