94 - AGNUS DEI, I
IV Modo - Século
X - Clave de DÓ na 3ª linha - Fonte: L.C. p.37.
Veja a partitura para
acompanhamento por órgão -
Score for organ accompaniment: Agnus
Dei I
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NOTA:
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Seguramente
são muitas as perguntas que você se fez na dinâmica
de nosso curso. O I Ching ou "Livro das Mutações",
livro de sabedoria e verdadeiro oráculo chinês, diz
que o mais difícil é formular as perguntas das quais
se quer obter resposta. Isto se deve em parte à multidão
de interrogações que as pessoas se fazem em relação
com os temas tradicionais e com tudo aquilo que se quereria saber
de uma vez e para sempre. Desta forma, é exato que na pergunta
está implícita a resposta. Igualmente é comprovável
que se utilizamos o recurso da paciência, as respostas vão
se produzindo por si mesmas, sem necessidade de forçar as
situações. Já sabemos que a semente é a
potencialidade da árvore e que esta pode crescer sã e
vigorosa regando-a com constância e podando as maldades que
possam impedir seu desenvolvimento.
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Não falamos ainda
em nosso Programa de En Sof, (ainda que o tenhamos citado de
passagem) pois nos interessava apresentar primeiro o modelo da Árvore
da Vida e trabalhar com ele, para que o estudante se familiarizasse
com sua estrutura e ao mesmo tempo jogasse com as diferentes relações
a que dá lugar, o mesmo que com as letras e com outras imagens
propriamente cabalísticas. Queremos recordar que este modelo
da Árvore corresponde exatamente a Adam Kadmon,
o homem total, e nos referimos primeiro a ele para tratar de entender
certas proporções que nos levarão à idéia
do que é En Sof para os cabalistas. Estamos falando de
suas medidas, chamadas em hebraico Shiur Koma, pois a
Cabala identifica a Adam Kadmon com o cosmos. A "altura
dos calcanhares deste ser é de trinta milhões de parasangas",
afirma-se laconicamente. Mas depois se explica que "uma parasangae do
Criador tem três milhas, uma milha tem dez mil metros e um metro
três empans, e um empan contém o mundo inteiro".
Sem dúvida estas
medidas abarcam todas as possibilidades do Universo, quaisquer que
estas sejam. No entanto a idéia de En Sof supera, se
assim pode se dizer, todas estas possibilidades. Com relação
ao diagrama da Árvore da Vida, modelo do Cosmo, e a localização
de En Sof nele, remetemos o leitor ao Módulo I, N.º 18.
Como se verá, sua
posição é supra-cósmica, chama-se-lhe
o Antigo dos Antigos (Deus Ignotu). Não pode ser nem
sequer imaginado pelo homem. Expressa-se através do cosmos,
do homem celestial, do criador, que mal é um ponto residual
de seu nada infinito. A palavra Ayin (Nada), utilizada às
vezes pelos cabalistas e pelo Zohar como idêntica a En
Sof, entranha uma idéia de vazio absoluto.
Mas este nada e este vazio não são "algo" no sentido da expressão moderna, a saber: algo que possa ser percebido ou se expresse como uma negação de outra coisa. Na verdade, En Sof não é nada do que pudesse ser algo, tal a Majestade Imensurável desta doutrina cabalística. Pelo que as três primeiras sefiroth correspondem à Triunidade dos Princípios do Ser Universal, e portanto também as do ser individual. Correspondem-se com os princípios celestes que, por sua vez, geram os terrestres, tal qual no simbolismo construtivo a cúpula e a base do templo. Trata-se da natureza de Deus, se convém utilizar esta forma de dizer, que se sintetiza na Unidade, à qual Deus se assemelha. Estes estados são supra-individuais e estão assinalados no diagrama da Árvore da Vida como supra-cósmicos, já que estão por cima das sefiroth de "construção" (cósmica). No entanto, ainda se encontram determinados pela numeração que se lhes atribui, começando pela Unidade. Efetivamente, a Unidade é a síntese onde se pode encontrar a essência e o sentido da totalidade da Criação; mas ao mesmo tempo esta assunção do Si (chamado também Bem e Só) é, por sua vez, o único meio de passagem a outros "espaços", estes sim, autênticos e verdadeiramente supra-individuais e supra-cósmicos (metafísicos), claramente assinalados na Cabala com o nome de En Sof, equivalentes ao Não-Ser, dos quais não se fala, já que por definição são inefáveis. Também esta simbolização de uma sucessão de graus de Conhecimento se acha implícita na própria planta do edifício do Templo, por meio da porta, do labirinto, do altar e do sancta-sanctorum, que delimitam zonas simbólicas específicas que se articulam, do menor ao maior, no percurso iniciático que a construção propõe. |
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O nível e o prumo
ocupam um lugar eminente no momento de se pôr "mãos à obra" e
de levantar os alicerces do labor construtivo. Com o nível se
comprova que a base do edifício está completamente plana,
evitando assim que possam existir desníveis e deformidades no
terreno. Trata-se de que a obra se erga com sua base perfeitamente
horizontal, e todas suas partes niveladas entre si, já que qualquer
descuido neste sentido acabaria, tarde ou cedo, com o desabamento de
toda a edificação. Por sua vez, o prumo desempenha um
papel fundamental, pois graças a ele o edifício se eleva
vertical e perpendicularmente.
Desta forma, nível e prumo se relacionam com a horizontal (energia passiva) e com a vertical (energia ativa), e tudo o que já se disse de ambos os símbolos pode ser aplicado aos ensinos que derivam destes dois instrumentos. (ver Módulo I, N.º 34). A união do nível e do prumo configura por isso o símbolo da cruz, que resulta do cruzamento de um eixo vertical e de outro horizontal, os quais durante a construção do edifício vão criando sua estrutura.
No templo universal, que é o
Cosmo visível, o extremo superior do eixo do prumo "cósmico" está situado
na estrela polar (o zênite do Mundo), desde a qual, efetivamente,
desce um eixo imaginário –mas não menos real– ao
redor do qual gira todo o universo. No templo propriamente dito,
esse prumo é o eixo perpendicular (representado, ou não,
visivelmente) que cai da extremidade da "chave de abóbada" até o
centro do retângulo da nave onde está situado o Altar
ou Ara, a "pedra fundamental".
É, pois, o prumo um símbolo do "Eixo do Mundo", aquele que, sustentado pela mão do Arquiteto construtor, atravessa os três mundos, o Céu, a Terra e o Inferno, ou Infra-mundo. No microcosmo sutil do homem também existe um eixo vertical (chamado sushumnâ na tradição indiana) que atravessa os diversos estados de consciência (simbolizados pelos chakras ou "rodas"), desde o inferior, situado simbolicamente na base da coluna vertebral, até o superior, localizado no topo da cabeça ou chave de abóbada craniana.
Isto está estreitamente
relacionado com o próprio processo do Conhecimento e da Iniciação,
pois esta trata, como já sabemos, de um recordar paulatino
desses estados de consciência, análogos aos do Ser Universal.
O prumo representa aqui o símbolo da busca da Verdade que
penetra até as profundidades mais recônditas de nosso
ser, com a ajuda naturalmente desse nível interno que nos
obriga a uma total submissão à Vontade Superior que
aflora em nós, e sem a qual toda tentativa de busca espiritual é uma
quimera.
"Se o Eterno não edifica a casa,
em vão trabalham
aqueles que a constroem".
Ou bem, recordando a fórmula hermético-alquímica
V.I.T.R.I.O.L.,
"Visita o Interior da Terra (de ti mesmo)
e Retificando
Encontrarás a Pedra Oculta".
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Existe uma natural e lógica
relação entre imagem e símbolo. Quando se tratam
de símbolos cujo marco de expressão é o espaço,
como por exemplo os geométricos, arquitetônicos e iconográficos,
sua vinculação com a imagem é óbvia. E
quando se desenvolvem no tempo, como a música ritual e sagrada,
a poesia e os relatos orais dos mitos, estes geram, simultaneamente
a sua audição, imagens e visões simbólicas.
E isso é assim porque, como dizia já Aristóteles,
o homem conhece por meio de imagens, ou seja que sua natureza anímica
e intelectual está especialmente capacitada para compreender
através das representações simbólicas.
Desta forma a linguagem sintética e universal das imagens simbólicas libera a psique da dualidade de toda dialética existencial, onde o puramente mental e cerebral prima sobre a verdadeira intuição intelectual que reside no coração, o que equivale a uma purificação regeneradora, cujo fim é nos devolver a pureza mental e a inocência virginal das origens; uma transmutação da consciência tal que harmonize perfeitamente com o ser do mundo e das coisas.
O homem tradicional vê também
no universo, e em tudo o que lhe rodeia, uma exteriorização
de si mesmo, uma imagem do mundo que habita em seu interior. Isto
se deve a que ambos, Cosmo e homem, estão feitos de igual
substância vivificada pelo mesmo Espírito. Esta certeza
conduz a uma identificação com as forças invisíveis
e as energias numinosas que animam a matéria, à que
imprimem uma forma ou estrutura inteligível, que devirá o
símbolo ou o signo dessas potências criadoras. Eis o
erro moderno de considerar o mundo como algo plano e homogêneo,
quando na verdade encerra dentro de si uma variedade inesgotável
de possibilidades de ser que constantemente manifestam a realidade
dos atributos divinos. De maneira velada ou evidente, tudo conserva
a impressão do sagrado, pois como diz o Zohar: "o mundo subsiste
pelo mistério".
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A escala ou a escada é,
junto à árvore, um dos símbolos mais notórios
do Eixo do Mundo, e também dos mais difundidos em todas as tradições.
Ainda que mais adiante trataremos este importante símbolo com
maior desenvolvimento, relacionando-o com o simbolismo de passagem,
baste-nos por agora dizer que a escala está unida sobretudo à idéia
de movimento de ascensão e descenso ao longo de dito Eixo, conectando
a terra (e o infra-mundo) com o céu, e vice-versa, através
dos diferentes níveis, mundos ou estados do ser que conformam
o conjunto da manifestação universal, níveis representados
pelos degraus horizontais que unem as duas traves laterais ou montantes
verticais, os quais se correspondem de maneira evidente com as duas
colunas laterais da Árvore Sefirótica, que pode ser visualizada
desta forma como uma escala. Dessas colunas, uma deve considerar-se
como ascendente e a outra como descendente, o que se realiza em torno
ao eixo central ou pilar do equilíbrio, que é o autenticamente
axial. Este último faz lembrar o símbolo da dupla espiral
(presente na escada de "caracol"), exemplificação das
duas correntes de energia cósmica que se enrolam ao redor do
eixo central, tal e como podemos observar no Caduceu de Hermes-Mercúrio.
Tem de se adicionar que
o número dos degraus é normalmente de sete, relacionados
com os sete céus planetários, e também com as
sete virtudes e as artes e ciências liberais, consideradas
como os degraus que permitem subir de forma "gradual" (efetiva) pelos
graus do Conhecimento. Neste sentido, recordaremos que entre os índios
de América do Norte e outros povos arcaicos ainda vivos, a
ascensão e descenso pelo eixo cósmico se realiza através
da árvore ou poste ritual, ao longo do qual se encontram uma
série de cisões que representam os diferentes mundos
ou estados que têm de ser atravessados até atingir a
cúspide ou sumidade, que por sua vez equivale ao "olho do
domo" no simbolismo construtivo, por onde se produz a saída
definitiva do Cosmo e a união com a Realidade transcendente.
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Entre as representações
simbólicas do Centro do Mundo, a da esvástica tem que
ser especialmente destacada, pois além de ser um equivalente
do símbolo da cruz e da roda, e participar, portanto, de suas
significações gerais, nela aparecem outras variantes
que nos confirmarão na certeza de que os símbolos constituem
autênticos veículos do Conhecimento.
Por se encontrar na arte
de todos os povos tradicionais desde a mais remota Antigüidade,
a esvástica é um dos símbolos que remetem diretamente à Tradição
hiperbórea ou primordial. Ela é, efetivamente, uma
cruz, só que a essa cruz se lhe adicionam quatro linhas em
seus extremos, formando assim outros tantos ângulos retos ou
esquadrias, de tal maneira que ditas linhas sugerem ou levam implícito
o movimento de giro em torno a seu centro, gerando assim à circunferência.
Agora bem, devido a que essa circunferência (que, recordemos,
simboliza a manifestação universal) não está figurada
de forma expressa na esvástica, esta, mais do que um símbolo
do cosmos, aparece como um símbolo da ação vivificante
que sobre ele exerce o Princípio, considerado como o autêntico "Motor
imóvel". Efetivamente, o mais importante na esvástica é o
ponto fixo, símbolo do Centro, o qual permanece inalterável
e imutável, e no entanto é o que transmite sua energia à Roda
Cósmica, gerando-a e dando a vida a todas as coisas, seres
e mundos contidos nela, os quais depois de cumprir o desenvolvimento
completo de todas suas possibilidades retornam novamente a ele.
Como se vê, estas significações não têm absolutamente nenhuma relação com o uso político que se fez deste símbolo nos tempos modernos.
Adicionaremos que, aos
quatro ângulos ou esquadrias da esvástica, também
podemos observá-los nas quatro posições cardeais
que a constelação da Ursa Maior descreve em seu ciclo
diário em torno da estrela polar, a qual, devido à posição
central que ocupa no céu –pois todos os corpos estelares
rotacionam a seu redor– se considerou efetivamente como a morada
simbólica do Princípio, também chamado a Grande
Unidade em outras tradições.
Em nosso modelo da Árvore Sefirótica, a estrela polar se corresponde com Kether, como já sabemos (ver capítulo N.º 18), e não deixa de ser interessante recordar a este respeito que no Zohar a Ursa Maior recebe o nome de Balança (também na antiga tradição Chinesa recebia este nome), adicionando que esta se acha "suspensa num lugar que não existe", o que equivale a dizer no imanifestado, que é onde reside verdadeiramente o equilíbrio e harmonia de toda a manifestação. Na tradição indiana, ademais, a esvástica aparece como um dos signos distintivos dos brahmanes, e de fato nessa mesma tradição se afirma que as sete estrelas que compõem aquela constelação representam a cada um dos sábios (chamados rishis) que transmitem o Conhecimento de um ciclo a outro da humanidade. |
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O Tarô, origem do jogo
de naipes, é um oráculo, um livro sagrado escrito não
em palavras senão em setenta e oito páginas ou lâminas
desenhadas em cores, cada uma com suas múltiplas e precisas
correspondências e profundos significados, que ao serem primeiro
estudadas e depois "embaralhadas" ou colocadas de diferentes formas
simbólicas, atuarão magicamente no interior do aprendiz,
servindo como veículo despertador da consciência e computador
da inteligência; ou seja, como suporte simbólico do conhecimento
metafísico.
A cada carta se lhe denomina "arcano",
já que conecta com um mistério, com uma força
sobrenatural, com um arquétipo que se revela nela, tanto quanto
em qualquer símbolo sagrado, permitindo assim que esta energia
superior tome uma forma capaz de tocar os sentidos humanos e permitir
que o homem, partindo dessa base sensível, possa elevar-se
para o conhecimento do que está além do mundo material,
e inclusive além do mundo psíquico, ou seja, os planos
arquetípico e espiritual.
As setenta e oito lâminas
do Tarô se dividem em três grupos da seguinte maneira:
o primeiro grupo está constituído por quarenta cartas
denominadas "os arcanos menores"; o segundo está composto
de dezesseis lâminas chamadas "cartas da corte"; e o terceiro
por vinte e duas ilustrações conhecidas como "os arcanos
maiores". Costuma-se estudar em primeiro lugar estas últimas
vinte e duas.
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Fonte:
http://introduccionalsimbolismo.com/portugues/modulo2a.htm
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